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4ª Temporada

Danai Gurira fala sobre escravizar novos zumbis e sobre o pesadelo de Michonne

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The Walking Dead retornou com a segunda parte da 4ª temporada com um episódio chamado “After”, que mostra Rick, Carl e Michonne tentando se recuperar do ataque à prisão, seu antigo lar que é agora inabitável, que obrigou a todos os que sobreviveram a se separarem e caírem na estrada mais uma vez.

Escrito por Robert Kirkman e dirigido por Greg Nicotero, o episódio mostra uma virada memorável na vida da guerreira Michonne, e também na forma de interpretar de Danai Gurira. O comportamento estranho da personagem serviu como uma armadura emocional, ajudando-a a lidar com a perda dolorosa e profunda que ela teve e a sobreviver no cenário brutal de um apocalipse. Mas, no mais recente pedaço do popular seriado, Michonne se encontra lutando para esquecer memórias doloridas, memórias de quando os mortos ainda eram mortos, e pensando se ela deve continuar a luta pela sobrevivência em um mundo onde é tão difícil de viver.

O Hero Complex conversou com a aclamada atriz e dramaturga para discutir sobre os detalhes do recente episódio mais profundamente – se você ainda não assistiu ao episódio “After”, pare de ler agora, pois há spoilers nessa matéria.

Hero Complex: Você conseguiu revelar tantas camadas de Michonne esse ano – a real ênfase dos personagens tem sido um dos focos principais do showrunner Scott Gimple, e tem sido realmente fascinante assistir!

Danai Gurira: Há muitas coisas sobre as quais eu tive que refletir para interpretar Michonne, porque ela está se transformando. Ela não quer revelar nada sobre si. Não é a forma na qual ela foi construída. Não é sobre ela. Quando ela se transformou em “alguém do apocalipse”, certamente ela não mais era alguém que queria falar sobre seus sentimentos. É muito para se refletir. Muito de sua intensidade vem do fato de que há coisas que estão dentro dela que ela não compartilha. Isso faz dela um alguém muito intenso. Tem sido ótimo abri-la e mostrar essas coisas. Nós começamos a mostrar um pouco dela ao longo da temporada, e foi muito bom conseguir interpretar certos aspectos internos e vê-la rachar com alguns acontecimentos. Foi muito gratificante fazer isso, por ela, já que ela tem sido misteriosa por tanto tempo.

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HC: Nós a vimos sorrir, mostrar senso de humor. Ela ainda é uma guerreira, mas se transformou em alguém mais complexo.

DG: Faz total sentido o fato de ela não rir/sorrir com frequência. Ela não é esse tipo de pessoa, e às vezes é meio desconcertante ter contato com alguém que é assim… Mas pra mim fazia total sentido que ela não fosse uma pessoa sorridente. Esse é um caminho por onde essa mulher está internalizando que ela está fora da sociedade como ela costumava ser. A ideia disso fez sentido pra mim, mas ser capaz de tomar ciência de pequenos momentos pelos quais ela já passou nessa temporada – momentos de alegria – foi prazeroso, claro. Mas ela não é mais aquela mulher. Ela não está tentando fazer ninguém ficar confortável. Não está tentando fazer amigos. Se ela fizer amigos, será uma amizade genuína. Não é algo que ela precisa fazer. Ela designou sua vida pós-apocalíptica para não precisar de ninguém, e então ela percebeu que não dá pra ser assim.

HC: As cenas sem falas são mais desafiadoras?

DG: Não, enquanto eu souber o destino aos quais as cenas levam. Foi um episódio tão bonito! Eu curti de verdade trabalhar com Greg. Eu e ele somos muito próximos, então trabalhar e colaborar com ele é muito fácil pra mim. Claro que trabalhar com Gimple também é ótimo, então desvendar um pouco do que estava por baixo dos panos nesse episódio foi muito bom. Quando estávamos filmando, ficou claro pra mim o que ela estava fazendo e porque de ela estar fazendo. E uma vez que fica claro pra você o que seu personagem está fazendo, não é mais tão desafiador assim. Você só vive o que ela está vivendo naquele momento, ela é uma manteiga derretida por dentro devido a tudo o que ela já experimentou. Há várias formas pelas quais ela tenta dar um ponto final ao que sente, ela vem tentando sufocar muitas coisas, muitas memórias. Ela está tentando mortificar a si mesma, e então não está mais. Logo, esses momentos em que ela só caminha em silêncio têm dois significados. Tem o momento em que ela tenta se mortificar e o momento em que ela está tentando voltar à vida. Foram dois aspectos bem claros em termos do que ela é. O todo – a razão inicial–, a ideia de se relacionar com pessoas e o resultado constante disso – e então a percepção de que há uma boa razão para essa relação. Há uma razão para se comprometer. Há alegria a ser encontrada nas conexões humanas e agora é o que ela quer. Ela não quer ficar isolada para sempre. Ela poderia andar por aí feito um zumbi, poderia literalmente se transformar em um zumbi a qualquer momento. Ela está no reino da verdade, permitindo que essas conexões aconteçam porque a ideia de se isolar está deixando de fazer sentido, ela está começando a escolher viver. Essa confusão faz sentido para quem ela é, ela é uma guerreira. Ela não é alguém que vai desistir, ela apenas revive experiências que talvez a façam pensar em desistir. Mas ela é forte demais pra isso. Sua natureza real retorna.

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HC: Na cena em que Michonne caminha no meio da floresta e acaba matando todos os walkers que a cercam, como é a experiência de filmar uma sequência dessas tanto fisicamente quanto emocionalmente?

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DG: Aquele foi provavelmente um dos dias que eu mais curti enquanto artista. Eu estava muito consciente naquela cena. Eu me preparei para ela. Eu pensei em como ela iria se desencadear. No total, acabei matando 23 walkers, mas o plano era matar só 8 – o resto era só pra ser deixado pra lá, mas o Nicotero não falou “corta!”. Nós continuamos gravando, e não sabíamos qual seria o resultado, e ainda assim foi uma das minhas melhores experiências em um set de gravação. Não foi combinado. Foi um dia muito emocionante para mim em termos de deixar este personagem ter essa versão. Eu tive que sair de seu caminho e deixá-la ter sua libertação.

HC: Você ficou surpresa em ver um sonho no script? Como você se familiarizou com essa cena?

DG: Eu realmente tive que pensar sobre o porquê dessa sequência e sobre o porquê de ela estar ali. Eu me aprofundei nisso, pensei sobre, e então pesquisei online sobre interpretações de sonho e como elas eram feitas, e era exatamente como eu pensava: o subconsciente faz você metabolizar e te aflige de maneiras que não são possíveis de afligir quando você está acordado. E era isso o que ela estava fazendo. Ela estava metabolizando aflições. Quando ela está acordada, ela ignora a própria mente. Depois de “matar” Hershel, ela volta a ser o que era antes de conhecer Andrea. Somente no sono o subconsciente dela pode fazê-la sentir essas perdas. Isso a faz cair em depressão, mas é também o começo de um processo do tipo “você vai viver ou morrer?”; e eu acho que essa é a grande questão desse episódio em relação à Michonne. Ela tem passado por muita coisa, mas ela vai seguir ou parar? Nós tivemos excelentes momentos na montagem da cena, mas foi dolorido lembrar quem ela era e realmente reviver aquele momento, sendo mãe e estando apaixonada. Essas coisas foram arrancadas dela. Nós nos divertimos porque tínhamos que ser limpos e bonitos. Foi tipo “Ai meu Deus, estamos do lado de dentro e é limpo aqui!”, todos sorrindo, eletricidade… Foi divertidíssimo de certa forma, mas muito trágico ao mesmo tempo. Eu fui muito grata pelo que eles fizeram.

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HC: Eu tenho uma teoria sobre Michonne: ela é um daqueles personagens tipo Daryl e Rick, que não podem morrer.

DG: [Risos] Deixo essa questão pra vocês pensarem sobre. Não é o que passa na minha cabeça de qualquer forma.

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HC: Por favor, responda a essa pergunta com o maior grau de sinceridade possível: o que os fãs podem esperar do resto da 4ª temporada?

DG: O que vocês têm visto são momentos de real degradação dos sonhos das pessoas, de suas experiências, suas mentes e de seus corações, juntamente com o deslocamento pelo qual eles estão passando. Há também um deslocamento psíquico, emocional e físico que está acontecendo devido à divisão dos grupos, e algumas pessoas estão perdidas umas das outras, pessoas que são muito próximas. O que vocês viram no episódio 9 é só o começo de como essas experiências serão mostradas, de formas que vocês nunca imaginariam. Vai ser uma metade muito excitante, com uma alteração na forma de mostrar as coisas e um tom alucinante, rico e que mostra cada personagem, nos fazendo conhecer cada um deles. Em quem cada um se transforma do lado de fora da prisão? É isso que vocês começam a ver no episódio 9, com Carl e Michonne. E vocês verão cada vez mais.

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Fonte: Hero Complex
Tradução: Lucília Costa / Staff Walking Dead Brasil

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