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2ª Temporada

Jon Fala das Cenas Desafiadoras e o Fim que Ninguém Viu

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Jon Bernthal, de The Walking Dead, sempre soube que seus dias como Shane estavam contados. Desde a audição com o ex-produtor Frank Darabont, Bernthal disse que se apaixonou pelo personagem depois de ler o roteiro e recusou não apenas um, mas dois papéis – incluindo um papel no elenco regular de NCIS:LA – só para ter a chance de fazer a audição para o drama zumbi da AMC.

Agora, duas temporadas depois, o personagem de Bernthal conheceu o criador (duas vezes!) depois de um dos melhores confrontos dessa temporada de séries, que deixou Shane morto e Rick com uma reformulação massiva de personalidade que terá um importante papel na terceira temporada do drama baseado na HQ de Robert Kirkman.

Nós nos encontramos com Bernthal para discutir a épica morte de Shane, o final que ele e o colega Andrew Lincoln sugeriram aos produtores e como seu personagem no piloto de Darabont para a TNT – L.A. Noir – se compara à duplicidade de Shane.

Como você descobriu que Shane (finalmente!) morreria?

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Desde o começo, esse era um trabalho que eu queria desesperadamente. Foi o primeiro piloto para o qual fiz o teste e já estava pronto pra ir pro ar, já tinha um acordo de distribuição. Eu peguei um papel no elenco regular e tinha pego outro papel no piloto de uma outra série. Eu li o piloto de Walking Dead que Frank Darabont tinha escrito e me deixou sem fôlego. Eu tinha outras duas ofertas em aberto e, para choque e espanto de meu representante, eu disse “Olha, até eu fazer o teste pra Walking Dead, eu não vou aceitar nada.” Esse é um conselho que eu nunca daria a um jovem ator, mas fui com minha coragem e foi uma daquelas raras vezes em que deu certo.

Quais eram as outras duas ofertas?

Uma era pra elenco regular de NCIS:LA, o outro pra um piloto que não vingou. Foi uma dessas coisas que eu simplesmente soube. O processo de testes era muito longo e todo muito se inscreveu para ambos, Rick e Shane. Havia algo sobre esse personagem que eu achei que não era incrivelmente convincente. Eu sabia que ele se tornaria aquele cara que perderia a cabeça e se voltaria contra seu amigo e, se estivéssemos seguindo a HQ, ele chegaria a um ponto em que estaria devastado por ciúmes e vergonha. Eu olhei a cena em que Frank apresentava Shane e você tinha esses dois amigos sentados lá e dividindo alguns hambúrgueres, e você vê esse cara bem humorado, charmoso e com falhas e ele está sentado ali sendo o melhor amigo. Um amigo que realmente estava ajudando o outro a se comunicar melhor diante de seu problema conjugal. E eu pensei, sabendo qual seria o fim de Shane, “que bela introdução”.

Frank disse, durante o teste, que os dias de Shane estavam contados?

Quando eu disse que queria o papel de Shane, os produtores disseram “Ele não vai durar muito nesse mundo, isso é baseado no material original.” Não há nada como conseguir o emprego dos seus sonhos, sentar com o material de onde ele foi tirado e, ao terminar de comer seu sanduíche, seu personagem morreu. Foi um choque e tanto.

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Quando você pegou o roteiro com a morte de Shane das mãos do novo produtor, Glen Mazzara, e de Robert Kirkman, eles te chamaram pra te avisar?

Eu sabia desde o início da segunda temporada que seria no último ou no antepenúltimo episódio; era um dos arcos da segunda temporada. Eu tive a oportunidade de montar uma estratégia de que cores mostrar e quando mostrar. Minha maior preocupação, com a perda de Frank, que não ia ressoar da mesma maneira. Houve muita discussão entre Andy [Lincoln, que interpreta Rick Grimes], Glen, Robert e eu sobre como essa morte devia ser, como devia acontecer e como tinha de ter um grande impacto em Rick. Eu vou dizer que Andy e eu não necessariamente conseguimos que fosse do nosso jeito, mas o que acabou na tela foi uma combinação das ideis de todos.

Qual era sua ideia com Andy?

Nós realmente acreditávamos que Shane não era o tipo de cara que levaria Rick pra floresta, não teria um plano e voltaria e diria: “Droga, o prisioneiro matou Rick e, me desculpem, mas matei o prisioneiro.”. Ele voltaria para o grupo e diria que Rick estava morto? Achávamos que não soava verdadeiro. Então uma das ideias que tivemos foi que a arma de Shane não estaria carregada. Que no fim, quando Shane levou Rick para a floresta para fazer com que o matasse, Rick descobriria quando Shane virasse zumbi, ele pegaria a arma de Shane para matar o Zumbi Shane e veria que não estava carregada. Os produtores sabiamente decidiram que era demais. Andy adorou, porque seria um peso enorme no personagem dele.

Houve algum momento em que você foi até os caras e disse “Traga Shane de volta para a terceira temporada”?

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Eu acredito que Shane tinha que ir mesmo, é essencial para a história. Com certeza, as vezes que penso “Cara, queria que eles pudessem me manter para a terceira temporada”, mas ao mesmo tempo, eu entendo. A única coisa pra qual eu ligo – e eu acho que a prova estará na próxima temporada – é que essa morte realmente ressoe e que isso afete Rick e coloque outras coisas em movimento. Só de ver a atuação de Andy no 13º episódio, acho que podemos deduzir que surtiu efeito; ele já tomou um pouco mais da energia de Shane. Esse é o real objetivo: Rick Grimes precisa endurecer e se tornar mais audaz, se tornar mais decisivo e ser balançado por essa morte e eu espero que tenhamos conseguido.

Como foi filmar o confronto final entre Rick e Shane?

Jeff DeMunn (Dale) veio de Nova Iorque pra estar no set naquela noite e o elenco todo ficou acordado a noite inteira, sentado naquele campo, enquanto filmávamos a última cena. 90% do que foi dito naquela última cena não estava no roteiro – estávamos improvisando e criando enquanto gravávamos. Foi emocionante para Andy e eu estarmos sozinhos na floresta filmando esta cena juntos. Eu lembro que depois de um take eu fui até ele e disse “Você acha que é ruim não dizermos nenhuma das palavras do roteiro?”. E Andy disse “Somos só eu e você, cara. Vamos terminar isso, eu e você.” O que foi estranho foi sair disso e interpretar um zumbi. Eu sou um cara doente por preparação e planejo minha vida segundo meu personagem e fico nele o máximo possível e fugiu completamente da minha mente que eu precisava me preparar pra ser um zumbi. Eu não fui pra escola de zumbis, e de repente eu estava com a maquiagem e as lentes, e eu disse pro [co-produtor executivo e maquiador] Greg Nicotero, “Eu não interpreto um monstro desde que era criança.” Mas no fim do dia, foi um exercício muito legal, porque interpretação é sobre ir atrás do que você quer. Zumbis só querem comer, então foi uma coisa bem fácil de fazer.

Na última temporada, qual foi sua cena mais desafiadora?

A coisa toda na escola com Otis e ter de atirar na perna dele e a luta que tivemos. Foram cenas difíceis e de muita ação. Não só ficamos sujos, suados e comidos de insetos, mas quando lutamos, realmente lutamos. Pessoas realmente se machucam e realmente vão pra cima, e não direi que há um completo desprezo pela segurança, mas sou um boxeador, costumava jogar na faculdade. Eu já estou por aí faz um tempo, e essa é uma série realmente intensa. É engraçado porque eu fiz The Pacific e todo o treino de campo da Marinha e isso não é nada comparado ao que fazemos em The Walking Dead. Então aquilo na escola foi difícil porque foi diferente: nós tínhamos um novo diretor e um novo ator convidado (Pruitt Taylor Vince, que interpretou Otis), que se sairam maravilhosamente bem, mas foi difícil manter o mesmo nível de intensidade.

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Quais cenas eram mais difíceis: as conas emocionais com Rick e Lori ou as cenas mais físicas, matando zumbis?

Com certeza as mais emocionais. Depois que Carl leva o tiro, Andy e eu estamos na casa da fazenda e parecia que ele ia perder seu filho – isso foi difícil pra mim. Eu recebi uma ligação da minha mulher quando estava a caminho do set, me contado que estava entrando em trabalho de parto e Andy disse que me dava cobertura, Sarah pegou meus cães e eu pulei num avião e cruzei o país e cheguei lá bem a tempo de ver meu filho nascer. Eu fiquei com ele por 3 dias, mas daí tinha de voltar e logo depois disso tivemos de interpretar todas as cenas em que Rick pensa que seu filho vai morrer. Eu lembro de tentar interpretar essas cenas com Andy, e nós dois somos jovens pais. Depois de filmar uma dessas, nós saímos andando da casa para a estrada e nós dois ficamos sentados lá, chorando. Coloquei meu braço envolta dele e disse “Cara, se alguém pudesse nos ver agora, pensariam que somos completamente doidos”.

O que você acha de tantas séries se arricando e matando seus personagens centrais nos episódios finais – com certeza Shane e Dale, mais Boardwalk Empire, com Michael Pitt, e quase todo mundo em American Horror Story?

Eu vi acontecer em Game of Thrones e fiquei devastado. Mesmo quando a espada já estava descendo, eu estava pensando “Não vai acontecer”. Há uma real fome por histórias inovadoras, chocantes, criativas e ricas, é por isso que as pessoas estão se afastando da televisão formulada que assistimos desde sempre. Há uma ânsia pelo choque. Contanto que sirva à história, ilumine um novo personagem, levante questões de alguma forma, é incrível e intenso. Demonstra que não há limites no que pode acontecer. Não permite que a audiência relaxe por um segundo, o que é uma maneira ótima de se contar uma história.

Depois de The Walking Dead, você se reunirá a Frank e Jeff DeMunn para L.A. Noir, da TNT. Como seu novo personagem, Joe Teague, se compara a Shane?

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Joe Teague é um cara que, como Shane, opera sob seu próprio código e é muito específico em relação a ele. Ele não acredita em “status quo”, em termos de certo e errado. O que era muito interessante sobre Shane era seu senso de certo e errado e do que precisamos para nos manter vivos muda conforme ele se torna uma parte maior nesse mundo. É interessante ver Joe, que já passou por esse mundo. Ele é um marinheiro veterano de Guadalcanal, que foi um capítulo incrivelmente sangrento da história americana; os marinheiros de Guadalcanal foram quase todos mortos. Ele já passou por seu próprio apocalipse e agora se estabeleceu em Los Angeles. Ele é um policial no meio da máfia, da corrupta Polícia de Los Angeles, do sistema de estúdios de Hollywood, e cada um navega por seu próprio código. Ele é um cara que age primeiro e pensa depois. É bem parecido com onde chegamos com The Walking Dead.


Fontes: The Hollywood Reporter
Tradução: Victória Rodrigues / Staff WalkingDeadBr

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