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FANFIC | Seus Ossos e Cicatrizes – Capítulo 17: Atormentados

Seus Ossos e Cicatrizes é uma fanfic inspirada no Universo The Walking Dead e focada em Daryl Dixon. Confira abaixo o capítulo 17.

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Pôster do Capítulo 17 - "Atormentados" da fanfic Seus Ossos e Cicatrizes.

Neste capítulo de Seus Ossos e Cicatrizes… Após a descoberta de gravidez de Maggie, Tris se ve mais reclusa do que antes. E as coisas começam a atormenta-la quando os segredos caem a tona.

Os capítulos de Seus Ossos e Cicatrizes, uma fanfic focada especialmente em Daryl Dixon, são lançados semanalmente, às sextas-feiras, 19h, aqui no The Walking Dead Brasil. E, por favor, utilizem a seção de comentários abaixo para deixar opiniões e encontrar/debater/teorizar com outros leitores. Boa leitura! 😉

17. Atormentados

Quando a noite caiu por completo e nenhum barulho mais se fez presente, eu me convenci que não conseguiria mais dormir de fato. As palavras de Daryl ainda atormentavam minha mente profundamente. Me fazendo revirar sobre a cama em busca de paz, mas foi em vão. Sua reação sob minhas palavras ainda se repetiam constantemente e claramente em minha consciência. Suas mãos nervosas e os suspiros pesados, como se tivessem sido descarregados sobre mim. Me sentia mole, sem ânimo. Desejando – em parte – que minha imunidade nunca tivesse existido. Assim vidas seriam poupadas de tanto peso.

Olhando para o teto, de barriga para cima e então me perguntando o porquê de Daryl ficar tão atormentado sobre a vacina. Me perguntando se o mesmo tinha medo da ideia de eu morrer por causa disso ou não. Temia que o mesmo havia se convencido de que eu diria que não pensava em me servir para a cura, e que teve um choque com as palavras contrárias que o próprio desejava. Não queria ter confessado aquilo para ele, mas também não conseguiria mentir para o mesmo. Meu corpo e alma sabia de que eu faria aquilo se pudesse. Mas temia que minha vida valesse por tudo isso.

Com minha mão trêmula, eu retiro a coberta por cima de mim. Me sentando pra fora da cama. Afogo minha cabeça sobre minhas mãos apoiadas sobre o joelho.

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– Que porra. – Sussurro contra minhas mãos. Esfrego as mesmas pelo rosto, tentando me acalmar.

Olho para frente, para a janela. Caminho até a mesma, retirando a cortina fina que cobria a mesma. Agora observando lado de fora. Tudo estava quieto, calmo. Podia apenas ouvir, naquele momento, meu coração pulsando e ecoando por todo o meu corpo. Vasculhei todos os cantos lá fora que podia com o olhos, parando agora em quem eu mais temia. Glenn.

O mesmo estava sentado sobre uma cadeira na cobertura e com os pés apoiados por cima do muro que se estendia por toda Alexandria. Encaro o mesmo por vários minutos, vendo-o tocar um violão qualquer. Uma arma grande estava logo abaixo de seus pés, mas Glenn não parecia ligar para ela. Sinto minha mão direita tremer, enquanto a outra aperta fortemente a cortina. Fecho minha mão trêmula com força. Tentando regular minha ansiedade.

Lembro-me de Daryl, de suas palavras. E então volto minha atenção a Glenn. Eu teria que contar pra ele mais cedo ou mais tarde. Se não, Daryl faria isso por mim, e eu sabia disso.

Fecho a cortina novamente, agora pegando meus sapatos ao lado da cama. Visto os dois, e então saio do quarto. Fecho a porta atrás de mim enquanto encaro a portaria de entrada logo ao fim da escada. Engulo seco, e então começo a descer os degraus lentamente. Pego uma jaqueta grossa pendurada no cabideiro e então abro a porta. Saindo de casa, sentindo o ar gélido da noite. Visto a jaqueta em minhas mãos, agora indo em direção a Glenn.

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À medida que meus passos tardios chegavam até o mesmo, a melodia do violão se tornava cada vez mais notável. Encaro as escadas logo a minha frente, pensando seriamente em dar meia volta daquele lugar. Ouço Glenn errar uma nota e então voltar a música desde o começo.

“Você tem que acabar com isso logo.” Penso, me convencendo de continuar.

Piso sobre o primeiro degrau, e então continuo a subir até finalmente ver o mesmo. Finjo um sorriso falso para o mesmo.

– Não sabia que podia tocar violão. – Falo para o mesmo, que me segue com os olhos.
– É, o pai da Maggie me ensinou a muitos anos atrás. – Ele coloca o violão no chão, apoiado na madeira da cobertura. – Quem sabe eu não te ensino um dia também.

Nós dois sorrimos um pro outro.

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Me viro de costas para ele, me curvando sobre o muro e então apoiando meus braços ali.

– Aconteceu alguma coisa? – Ouço o mesmo perguntar, se levantando da cadeira.

Agarro minhas mãos umas nas outras, tentando disfarçar meu tremor.

– Não consigo dormir. – Falo, abaixando minha cabeça. Sentindo o olhar ardente de meu irmão sobre mim.
– Por que? – Ele questiona.

Sinto toda a ansiedade surgindo, me fazendo tremer mais ainda. Encaro meus pés sobre a madeira da cobertura. Eu não iria levantar minha cabeça, por que ainda sentia o mesmo me encarando. Não somente isso, me analisando. Por que por mais que eu tentasse disfarçar, estava nítido que eu tremia de nervoso e pavor. Até minha voz naquele momento me entregava.

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Porra, por que isso era tão difícil?

– Não sei. – Minto.

Empurro meu corpo pra frente, agora olhando o chão fora de Alexandria.

– Por que? – Ele pergunta novamente. Sabendo da minha mentira.

Ele leva o corpo para mais perto de mim, agarrando minha mão. Eu estava ao ponto de chorar naquele momento. Engulo a amargura que se formou em minha garganta, tentando afastar as lágrimas.

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Sinto-me sobre uma fogueira, e seus olhos eram as chamas que queimavam sobre minha pele.

– Não posso. – Falo com a voz embargada. – Não consigo.

Retiro sua mão de mim, levando agora até meu rosto. O mesmo se afasta, suspirando.

– Tudo bem. – Escuto o mesmo dizer. – Não precisa falar agora.

Preciso sim, e como preciso.

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– Glenn… – Chamo o mesmo, assim que retiro minhas mãos do rosto. Com os olhos úmidos pelas lagrimas que recusei.

O mesmo olha para mim. Com aquele seu olhar de sempre. Com aquele olhar que sempre me acolhia em todas as ocasiões, não importasse meus motivos.

– Eu te amo. – Falo. Sentindo corpo esquentar.

Ele ri.

– Eu também te amo, desgraçada. – Ele me puxa para o mesmo, nos unindo num abraço.

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Rio com o mesmo, sentindo meu corpo se acalmar com seu toque.

– Não importa o que tenha acontecido, eu tô com você. E vou te entender quando decidir falar. – Sinto a mão delicada dele passar pelo meu cabelo levemente. Me fazendo ali, um carinho. Fecho meus olhos, apenas aproveitando.

Hoje não. Hoje eu ainda não contaria para ele.

– Então… – O mesmo fala logo após nosso laço quebrar. Glenn se encosta sobre o muro, com um sorriso malicioso.
– Ai meu deus, lá vem. – Falo já me preparando para o que ele iria falar.
– Você gosta dele?

Eu gelo olhando para ele. Agora rezando a qualquer tipo de deuses que poderiam existir. Desejando que o mesmo não esteja se referindo a quem eu pensava agora.

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– O que? – Me faço de desentendida, arrancando assim um riso do mesmo.
– Daryl. Você gosta dele, não é? – Ele pergunta.

E então eu paraliso, sem saber o que fazer. Apenas minhas bochechas queimando fortemente enquanto eu busco as palavras novamente.

– O que? Não. Do que você tá falando? – Minto, tentando disfarçar meu nervosismo novamente.

Glenn ri mais ainda.

– A qual é. Eu reparei na forma como vocês vem se olhado desde que voltaram. – Ele fala, provocativo. Enquanto eu penso em todas as vezes em que nós deixamos na cara que gostávamos um do outro. – O Daryl mesmo sempre fica te seguindo com o olhar quando tá próxima dele.

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Então, uma pontinha de esperança se ascende novamente sobre meu peito. Se fosse verdade mesmo, então o mesmo sempre estava de olho em mim.

– Eu… – Começo a falar, mas meu corpo se recusa a confessar.
– Sabia, você gosta dele sim. – Ele diz animado, me empurrando levemente para trás.
– Cala essa boca. – Esbravejo.
– Calma, não vou te julgar por isso. Só achei legal. – O mesmo volta a se sentar na cadeira. – Mas quero tenha cuidado também. Você sabe, Daryl não é muito bom com sentimentos. E isso pode te machucar alguma hora.

Eu penso sobre as palavras do próprio.

– Eu sei. – Falo.
– Mas é só dar um tempo pra ele, pra ele pensar. E depois ele vai vir correndo pra você. – Concordo com a cabeça, enquanto o mesmo ajeita as cordas do violão no seu colo.
– Então… como foi? Vocês se beijaram? – Ele pergunta, com o sorriso malicioso de antes. Eu sorrio.
– Também. – Falo, olhando para ele. Que me olha com o rosto surpreso.
– Calma, é isso mesmo que eu tô pensando? – Ele indaga sem acreditar.
– Não sei, depende do que você tá pensando.
– Vocês… – Ele para, pensando se realmente falaria aquilo. – Vocês fuderam né?
– Cala a boca filho duma puta. – Bato no mesmo, logo após o mesmo quase gritar sua última fala.
– Meu deus, eu vou arrebentar a cara daquele merda. – Ele fala, colocando a mão fingindo estar bravo.
– Ah, fecha a matraca. Se for assim eu também devo bater na Maggie.
– Ou ou. Que isso? A Maggie é preciosa. Não pode. – Ele fala bravo. Eu rio.
– Então ninguém aqui vai bater no parceiro um do outro. – Estendo minha mão para o mesmo, que agarra enquanto espreme os olhos sobre mim.
– Feito.
– Ok, falando nisso. Como tá a Maggie? – Pergunto fingindo não saber de nada.

Ele suspira.

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– Ah, a mesma coisa. Ela continua estranha comigo, e vomitando também. Tá tendo bastante mal estar. Mandei ela pro Siddiq, mas ela se recusa.

Eu assinto com a cabeça escutando o mesmo.

– Entendo. – Falo.

Glenn levanta as mãos para o alto ao mesmo tempo que boceja.

– Certo. Você quer aprender a tocar violão então? – O mesmo vira a cabeça para mim.
– Beleza, não tô com sono ainda.
– Ótimo. – Ele se levanta da cadeira. – Senta aí então.

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O mesmo aponta para a cadeira. Eu o faço. E então o mesmo me entrega o violão. O colocando sobre meu colo e assim me mostrando como eu devo segura-lo.

(…)

Uma semana havia se passado desde a minha conversa com Glenn. Uma semana sem ainda contar para o mesmo sobre a vacina. E uma semana que eu passei com os dias contados por causa de Daryl. Eu sabia que se continuasse sem falar a verdade para meu irmão, ele mesmo o faria. Não o culpava por pensar assim, afinal não envolvia só a mim. Se os Louva-Deuses me queriam, eles passariam por cima de cada um que tentassem impedir isso. Era um fato!

Tinha passado o resto daquela noite sendo instruída a como tocar um violão, até que o sol se pôs a aparecer. E então nós dois fomos cada um para sua respectiva casa. Mesmo estando cansada naquele dia, não tinha conseguido dormir pelo resto da manhã. Minha mente parecia se recusar a fazer isso, e sempre que eu conseguia dormir de fato, ela me atormentava com pesadelos. Pesadelos esses que sempre eram relacionados a Glenn e a vacina. A qual era sempre ele surtando em saber toda a verdade em que eu havia escondido do mesmo.

E cá estou eu agora, saindo de casa depois que dias haviam se passado. Não havia mais saído de Alexandria desde o ocorrido com Maggie. Assim, fiquei apenas encarregada de ajudar nos muros, ficando de vigia por algumas noites.

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Ainda estava em frente à minha casa quando pude ver Daryl, Rick e Glenn entrando dentro da casa de reunião de Rick, logo ao centro de Alexandria. Michonne e Maggie chegam logo depois e então fecham as portas da casa.

Respiro fundo, tentando me acalmar. Aperto minha mão, as sentindo suar frio. E então começo a andar entre as ruas. Passo por todo o trajeto até chegar em Carol.

Há alguns dias atrás, a mesma havia pedido minha ajuda para preparar algumas coisas de uma festa que teria em Alexandria. Eu não recusei, já que preferia ocupar minha mente com alguma durante esses dias.

– Bom dia, Tris. – A mesma me cumprimenta. Sorrio para a mesma que retribui.
– Oi, Carol. – Ouço o choro familiar de criança, me virando até a mesma.

De longe, pude ver Carl balançar Judith em seus braços enquanto a mesma chorava minimamente. Observo Carl colocar Judith em seu ombro, acariciando suas costas agora, fazendo assim ela finalmente se acalmar.

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– Carl é praticamente uma mãe pra essa criança. Consegue acalmar ela muito bem. – Carol diz ao meu lado, assim que me percebe os observando.

Eu sorrio.

– Fiquei sabendo que você e Glenn são gêmeos, é verdade Tris? – Carl questiona, assim que chega mais próximo de nós duas.
– Não, mas ficamos na barriga da nossa mãe ao mesmo tempo. – Falo, logo após rindo da expressão confusa que tomou seu rosto.
– E isso pode acontecer? – Ele pergunta.
– Pode, é um caso raro que se chama gravidez heterotópica. Eu nasci 7 meses depois de Glenn. – O respondo.
– Tris, pode desenrolar isso pra mim? – Carol me entrega uma longa extensão de fios.
– Pra que isso vai ser usado? – Eu pergunto, logo após um tempo retirando os nós entrelaçados no fio.

Carol me responde do outro lado de uma grande barraca que nos dividia:

– Vamos pendurar algumas luzes com esse fio no salão. Preciso que seja cuidadosa pra não estragar a tessitura. – Ela fala apontando para minhas mãos.

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Eu assinto com a cabeça.

– Pode deixar, senhora.

Continuo o dever, até que finalmente a fiação não está mais entrelaçada uma as outras.

– Assim que você quer? – Mostro para ela, que sorri ao ver o resultado.
– É, obrigada querida. – Ela os tira da minha mão, colocando do outro lado da barraca.

Então vejo sua expressão mudar aos poucos.

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– Sabe, Tris. Preciso te contar uma coisas… sobre o Daryl. – Ela diz.

Me aproximo mais da mesma, esperando-a continuar.

– Tris. – Ouço alguém me chamar, alto. Quase gritando comigo.

Me viro, me deparando com Glenn andando rapidamente até mim. Eu paraliso assim que vejo sua expressão. Não era nada como antes, não parecia Glenn.

– Quando você iria me contar? – O mesmo agarra meu braço direito, me puxando para mais perto do mesmo.

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Fico sem reação para o mesmo.

– Do que você tá falando? – Rebato.

Sinto meu coração bater na boca, almejando de que o mesmo não esteja se referindo a vacina.

– A vacina, Tris. Eu tô falando da porra da vacina.

Olho por cima do ombro de Glenn, vendo Daryl logo atrás. Fecho os olhos fortemente.

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Que porra, ele fez. Ele contou. Não havia pra onde fugir. Eu sabia que o mesmo faria isso se eu não tomasse a iniciativa. Mas saber isso, não significava que eu estava preparada para sua reação.

– Glenn…
– Fala que é tudo mentira, Tris. Por favor. – Não preciso encarar seus olhos pra saber que o mesmo desejava chorar naquele momento, se não já estava chorando a esse ponto.
– Eu… – Me perco. Sem conseguir pensar no que falar para o mesmo.

Sinto sua mão soltar meu braço levemente.

– Que porra, Tris. Só fala que isso é uma história de mau gosto. Que não é verdade. – Ele implora.
– Não, não é mentira, Glenn.
– Cala boca. – Ele diz, se virando de costas. Passando suas mãos pelo cabelo.
– Eles me querem, Glenn. Querem minha imunidade. – Eu paro por um momento o escutando novamente pedir para eu parar de falar. – Eles querem uma cura.
– É isso? Tão atrás da minha irmã esse tempo todo? – Ele se vira pra mim, com o rosto molhado e os olhos avermelhados, como eu já esperava.
– Sabe o que é pior Tris? O pior é que minha irmã escondeu isso de mim por todo esse tempo. E eu nem sei quando ela iria me contar isso. Se é que pretendia contar mesmo.
– Eu fiquei com medo.
– Medo de quê? – Ele pergunta duramente. Como se sua raiva estivesse voltando à tona novamente.
– Medo de que reagisse assim como tá fazendo agora. – Falo com a voz embargada, sentindo um peso de alojar em meu peito.
– Glenn, para. Vamo conversar lá dentro. – Maggie o puxa pra trás, antes que o mesmo explodisse ainda mais.

Glenn dá as costas para nós duas, seguido por Daryl logo depois. Agarro meu braço fortemente, sentindo a cicatriz por debaixo de minha mão. Sinto a mão de Maggie por cima do meu ombro, assim me pedindo para nós irmos para dentro. Eu sigo por onde a mesma me levava, olhando para baixo e recusando ao máximo as lágrimas que insistiam em querer sair.

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Lá dentro, pude ver Rick e Michonne conversar em um tom baixo, logo atrás de uma mesa a frente deles. Abraham estava logo atrás, encostado na parede e de cabeça baixa. Glenn estava sentado em uma cadeira do outro lado da sala, juntamente com Daryl.

– Tá tudo bem, ele não vai ficar bravo pra sempre. – Maggie sussurra ao pé do meu ouvido. Tentando me acalmar.

Logo após um grande silêncio preencher a sala, Rick apenas pede para eu explicar como eu soube sobre a vacina. Eu o faço. Explico para o mesmo que foi durante o tempo que eu e Daryl ficamos perdidos. Digo que não sabia como eles souberam da minha imunidade e nem se pra fazer a cura teriam que me matar.

– Então a culpa é dela dos cara estar atacando a gente. – Abraham fala, tendo os olhos de todo mundo sobre ele, inclusive a minha.
– Ou. – Michonne chama a atenção do mesmo, parecendo brava pelo o que o mesmo falará.
– Abraham, aqui ninguém tem culpa de nada. – Rick fala, deixando o ruivo mais bravo.
– A qual é Rick… – O mesmo começa a falar. Querendo questionar sobre o assunto.

Culpada? E se talvez eu fosse? E se atacarem Alexandria de volta por me querer pra eles?

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Abaixo a cabeça, sem prestar a atenção na conversa agitada que tomou a sala. Pelo canto do olho, eu vejo Glenn apoiar a cabeça dentro das mãos. Como se não suportasse tudo aquilo que estava acontecendo.

E era por isso que eu me odiava naquele momento. Por ter escondido do mesmo, por ter medo dele quando não deveria e assim o machucar. Me odiava por que agora Glenn estava atormentado pelo assunto. Assim como eu estava. Sabia estar com medo da minha vida estar em risco com aqueles caras atrás de mim, como eu estava com medo também. Glenn nunca mentiria daquele jeito pra mim, e eu me sentia péssima por isso.

Observo sua perna ganhar velocidade à medida que o mesmo ficava mais nervoso. Ouço a porta atrás de mim bater, indicando assim que Daryl havia saído.

– Tudo bem, Tris… – Volto minha concentração a voz de Rick me chamando. – Nós vamos cuidar disso, ninguém vai levar você daqui. Obrigada por contar pra gente.

Não espero mais, saindo do lugar rapidamente. Sei que Glenn olha para mim uma última vez, porque nossos olhos se encontram no mesmo caminho. O mesmo desvia quase que imediatamente de mim, fazendo uma onda ruim e desagradável passar por mim.

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Sinto a vergonha tomar conta do meu corpo. O repúdio e remorso amargar minha boca. E a culpa ecoar por toda a minha extensão, me fazendo tremer sem controle.

Eu apenas vou para casa, me trancando lá dentro pelo resto do dia. Chorando compulsivamente durante as próximas horas. É assim que eu fico. Permitindo meu corpo infeliz transbordar o que sentia pra fora.

(…)

Era noite. Mais especificamente de madrugada. Ainda no mesmo dia em que tudo aconteceu. E essa era mais uma das noites em que não havia conseguido dormir. Era como se eu estivesse revivendo aquele momento várias e várias vezes. Eu não podia dormir depois daquilo. Porque o pesadelo que teria, seria 3 vezes pior do que havia sido.

Me sentia vazia naquela hora, sem saber o que fazer diante da situação. Assim, eu me levanto da cama. Afogando minha cabeça sobre minhas mãos apoiadas sobre meu joelho. Sinto todos meus sentimentos se misturarem novamente, fazendo o choro aglomerar-se dentro da minha garganta. Engulo seco, tentando afastar aquilo.

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Olho para fora da janela aberta, visando o vento fazer voar a cortina suavemente. Por um momento concentro toda a minha atenção na janela. Então, minha mente encontra a imagem de Daryl. Fazendo todo o peso cair novamente sobre meu peito. Lembro-me então de que hoje o mesmo estaria de guarda nos muros. Sinto a vontade de falar com o mesmo surgir como uma fogueira quente. A qual eu não poderia resistir.

Me levanto da cama, pegando meus sapatos logo em seguida. Os visto rapidamente, saindo do quarto posteriormente. Desço as escadas rapidamente, pegando um casaco qualquer que estivesse sobre o cabideiro. Paro em frente a porta, encarando a mesma. Me perguntando se eu realmente deveria fazer aqui. Encarar o mesmo depois de um longo tempo.

Antes que eu pudesse dar meia volta, meu corpo reage. Abrindo a porta quase de imediato. Assim, ficando do lado de fora agora. Demoro alguns instantes até finalmente dar o primeiro passo para fora. Olho para cima, para a cobertura. Vendo o mesmo de pé sobre os muros, fumando um cigarro qualquer.

Apresso meus passos até a escadaria, subindo a mesma e então sentindo o cheiro do cigarro a medida que chegava perto do mesmo.

Observo o mesmo por alguns segundos. O vendo ali, apoiado sobre o muro enquanto fumigava a cigarrilha.

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– O que você quer? – O mesmo pergunta assim que me sente por perto. Sem olhar para mim.
– Posso conversar com você? – Pergunto a ele.
– Não tenho outra escolha né? – Ele diz irônico. Me fazendo revirar os olhos.

Sinceramente eu já estava ficando sem paciência para o jeito em que o mesmo me tratava ultimamente.

– Tá brava comigo? – Ele pergunta em um tom baixo, como se temesse de que eu realmente pudesse estar irritada com o mesmo.
– Não, você me avisou que contaria se eu não fizesse. – Me aproximo do mesmo, o olhando.

O mesmo assente.

– Então por que tá aqui?
– Porque eu quero entender o que tá acontecendo. – Eu o respondo.
– Não tá acontecendo nada. – Ele diz simplista.
– Ah, cala boca, Daryl. Você sabe que tá errado. – Falo, dessa vez realmente irritada com o mesmo.
– Me diz onde eu estou errado, Tris? – O mesmo finalmente me olha, chegando mais perto de mim.
– Tá agindo feito um completo estranho comigo. Como se a gente não tivesse tido nada. – Falo.
– Se eu tô agindo como se não tivéssemos tido nada, é porque nós realmente não tivemos nada. – Ele fala, apagando o cigarro no muro.

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Olho para ele confusa.

– Que porra cê tá falando?
– Escuta Tris. A gente tava drogado, ok? Não foi nada de mais. Vamo só esquecer isso.

Olho para ele, incrédula, negando com a cabeça.

– Puta merda, você é um escroto. – Falo baixo, olhando pra baixo.

O mesmo se vira pra mim.

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– O quê? – Ele pergunta.

Levanto meu olhar para ele, o encarando com raiva.

– Vai se fuder, Daryl. Vai real se fuder seu bostinha. – O empurro no peito. O deixando confuso.
– Tris. – O mesmo agarra meu braço, antes que eu posso me livrar dele.
– Me solta porra. – Me debato, na esperança do mesmo me largar. Mas o mesmo apenas me aperta mais.

De repente, nós dois paramos simultaneamente. Olhando para o lado de fora de Alexandria. Ainda presa nos braços de Daryl, ouvimos alguém gritar próximo aos muros.

– TEM ALGUÉM CHEGANDO. – O outro vigia do outro lado da cobertura grita. Posicionando a arma na direção do grito.

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Daryl me solta rapidamente, pegando sua arma largada sobre o chão e então mirando na direção da voz.

– Não atirem. – A voz grita de volta. Agora finalmente aparecendo.

Eu paraliso assim que o reconheço.

– Puta merda… Daryl, abaixa a arma. – Peço para o mesmo, ainda de olho na pessoa.

Daryl intercala seu olhar entre mim e a pessoa.

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– O quê? Por quê? – Ele pergunta.
– Abaixa, eu conheço ele… – Olho para o mesmo ao meu lado. – É o Ezekiel.

Volto minha atenção a Ezekiel, que agora se encontrava ofegante. O mesmo me encara de volta, me fazendo reparar o quanto ele estava sujo com sangue que estava espalhado em todo seu corpo.

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RIFA – Daryl Dixon