Entrevista
Robert Kirkman fala sobre o livro “The Walking Dead – The Road to Woodbury”
Até quem não acompanha os quadrinhos já deve saber que a terceira temporada da série The Walking Dead apresentará o personagem Governador, líder temido da cidade Woodbury. Mas como ele se tornou o ditador dessa cidade? Boa pergunta! E a resposta o roteirista dos quadrinhos e produtor executivo da série, Robert Kirman, vem respondendo em uma série de romances que antecedem os fatos de The Walking Dead, com a ajuda do co-autor Jay Bonansinga.
Ano passado foi publicado A Ascensão do Governador e agora sai a sequência The Road to Woodbury (O Caminho para Woodbury em tradução livre), que continua a história antes dos fatos presentes em The Walking Dead. O novo romance chega ao mercado americano dia 16 de outubro e, além de mostrar o passado do Governador, completará as biografias de alguns personagens dos quadrinhos.
Em entrevista ao site Inside Tv, do Entertainment Weekly, Kirkman fala sobre The Road to Woodbury, ninjas, e uma recente morte chocante nos quadrinhos.
ENTERTAINMENT WEEKLY: Você pode descrever como é colaborar com o Jay?
ROBERT KIRKMAN: A maneira mais fácil de dizer é que eu escrevo um esqueleto e ele o torna um corpo humano. Eu escrevo um documento que diz basicamente “Aqui são os personagens, aqui é a jornada, e aqui são os eventos que acontecem com eles”. Eu escrevo um grande esboço da romance que contém a história e aí ele entra e milagrosamente o transforma em prosa e adiciona todo o vocabulário que não entendo e resulta em um romance bem desenvolvido. Então eu seleciono um pouco e estamos prontos.
Você pode dar um exemplo de uma palavra que ele usou que você pensou “não faço ideia do que significa”?
Não acontece tanto assim. Falei isso para dar um efeito cômico. Mas de vez em quando enquanto estou olhando o livro eu penso “É um romance em meu nome com palavras que eu nunca usaria!”
Quando você está planejando um desses romances que antecedem os fatos de The Walking Dead você alguma vez se frustrou por algum aspecto da narrativa do quadrinho que escolheu usar a oito anos atrás? Você já pensou “Oh, eu deveria ter feito esse personagem um ninja”?
[Risadas] Não! Se eu pudesse voltar no tempo eu teria feito um bolo para aquele cara. Eu devo um pouco a esse. Mas, não, eu sinceramente não tenho arrependimentos. Digo, de verdade, seria muito melhor se mais personagens fossem ninjas, não vou mentir. Mas estou bem feliz com a maneira como as coisas estão e acho que o livro está bem legal.
Gosto de ter o Governador como um dos maiores vilões do universo de The Walking Dead. Mas houve momentos enquanto lia The Road to Woodbury que senti pena dele. É, ele alimenta seus zumbis de estimação com pessoas. Mas, de uma maneira geral, ele só quer que as pessoas progridam.
Uma das coisas que mais me interessam em Walking Dead é que aqui nesse mundo nós lemos as histórias e pensamos, “Ok, esse personagem é mal, essa pessoa está fazendo coisas más, esse tá na cara que é vilão”. Mas quando você tenta criar empatia com o motivo pelo qual essas pessoas estão vivendo, pelo que estão passado, e como suas visões de mundo estão mudando… olha, muitas das coisas que o Governador faz são indefensíveis e basicamente más. Mas, numa maioria, boa parte de suas decisões e ações são coisas que você teria que fazer para ser líder naquele mundo. É assustador e desconfortável, mas, você sabe, há muito em jogo na vida dessas pessoas.
O quanto você imaginou, se imaginou, desenvolver a história passada do Governador enquanto estava escrevendo primeiramente para os quadrinhos?
Bem, não quero revelar a reviravolta do primeiro romance – mas isso é de alguma maneira uma revelação. Existiam pequenos fragmentos e pequenas notas que tinha em mente enquanto escrevia os quadrinhos que agora estou expandindo e mexendo e transformando na medida em que trabalhamos nos romances. Sou tão meticuloso ao trabalhar com o Jay que cada coisinha que acontece nos romances resulta respeitosamente no você já sabe nos quadrinhos. Mas, sim, tem uma história acontecendo! Não estou só despejando notas que escrevi 10 anos atrás.
Você planeja escrever pelo menos mais um romance?
Sim. Não quero revelar, mas estou bem animado para o terceiro porque o roteiro vai… Ah, vou dizer logo: O segundo livro adianta ainda mais a história do Governador e deixa o leitor cada vez mais perto dos eventos que ocorrem nos quadrinhos. E alguns dos eventos que aparecem nos quadrinhos vão estar no terceiro livro. O terceiro romance será toda uma nova história, mas você verá Rick Grimes, Michonne e mais alguns personagens que ainda não apareceram nos outros livros. Por isso estou bem animado pelo terceiro. Mas não tão animado quanto pelo segundo que todos deveriam correr para comprar!
Na edição 100 dos quadrinhos vimos a morte de um importante personagem. Obviamente o que acontece nos quadrinhos não necessariamente acontece no seriado. Mas me perguntei se o ator que faz o personagem na adaptação da AMC ligou para você perguntando, “Ei, cara, o que está havendo?”
Ele não me ligou, mas eu o vi recentemente em alguns eventos porque a edição saiu na semana da Comic-Con. Então tivemos alguns jantares com pessoas da AMC e fomos a alguns painéis juntos, e coletivas de imprensa e outras coisas. Até passamos por alguns obstáculos juntos! E foi muito estranho para mim. É muito difícil para eu dizer isso sem revelar quem é, mas essa é a primeira vez em que mato um personagem dos quadrinhos e tenho que encontrar o ator depois de fazê-lo. Então foi um pouco estranho. Eu meio que fui à direção dele e perguntei “Então… Me perdoa?”
A coisa mais estranha em relação a isso é que foi uma morte bem violenta. Então, se eu tivesse tido alguma discussão com o ator, teria parecido que eu estava descontando minhas frustrações ou que não gostava do cara ou algo do tipo. Então foi bem divertido para mim, pensar como ele aceitaria e qual seria sua reação. Ele achou incrível. E é isso que conforta.
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Fonte: MTV
Tradução:@OAvilaSouza / Staff Walking Dead Brasil