Chegamos ao penúltimo personagem vivo atualmente desde Atlanta. Ele, Daryl Dixon, é uma surpresa estando no grupo dos cinco. É o único destes que é personagem totalmente original da série de TV, não possuindo contraparte nos quadrinhos. Sigamos para a análise do último Dixon da face da Terra.
Daryl Dixon, na primeira temporada, é apenas o irmão de Merle Dixon. Os dois perderam a mãe num incêndio, causado pelo cigarro que ela fumava e tinham um pai alcoólatra. Antes do fim do mundo ter inicio os dois Dixon já eram sobreviventes, viviam do que caçavam. Essas qualidades colocam Daryl um passo a frente no quesito sobrevivência, ele já era acostumado a sobreviver com o pouco e a encarar uma realidade dura.
O vemos sendo uma pessoa dura e irritadiça com Rick e T-Dog ao descobrir sobre a decisão que tomaram quanto a Merle na capital de Atlanta. O Daryl que descrevemos aqui é totalmente preconceituoso, um reflexo do que via no irmão.
Após a busca frustrada por Merle, Daryl segue sendo personagem de fundo, demonstrando sempre uma forma hostil de tratamento com todos os outros. Presumivelmente é alguém que não se enquadra no grupo e tenta manter a maior distância possível de todos.
Na segunda temporada temos um Daryl mais protagonista do que outrora. O caso Sophia Peletier desperta nele um instinto de caçador. Ele compreende que talvez seja o único capaz de fazer algo pela menina. Nesse ponto ele começa a desenvolver um forte vínculo com Carol, que ao longo das temporadas vai se aprofundando e se fundamentando. Ele se dedica em tempo integral ao serviço de busca pela garota e tenta apoiar Carol em sua angústia.
Quando descobre junto com os demais membros do grupo o real destino de Sophia, Daryl acaba caindo em um poço de frustrações. O acontecido com Sophia demonstra para ele que nada mais é válido, que por mais que haja empenho em cumprir algo, não há mais o que se fazer. Daryl, por mais que não fosse um homem de muita esperança, acaba perdendo toda a que tem com o fato. Torna novamente ao estado de hostilidade e trata Carol com desdém.
O tempo vai passando e Daryl vai sentindo as feridas emocionais cicatrizarem. Começa a se empenhar em ser mais útil para o bem comum e tenta encontrar o seu lugar entre o grupo. Quando, em uma noite, uma horda grandiosa invade a fazenda Greene, os membros do grupo acabam necessitando fugir do local. Daryl socorre Carol e os dois seguem juntos ao encontro do restante dos sobreviventes. Numa reunião improvisada, Daryl ouve de Rick que não há mais democracia no grupo, e que ele – Rick -, agora é o detentor do poder. Há um forte indicio de um novo Daryl Dixon, isto porque, ele anuiu sem qualquer contrariedade à posição de Rick.
Essa nova personificação de Daryl reflete na terceira temporada. Ele, já na primeira cena, aparece sendo o braço direito de Rick. Em toda essa temporada, Daryl se dedica de forma completa a ajudar o líder do grupo. Torna-se a pessoa que Rick pode mais confiar e lidera algumas situações. Contudo, numa situação totalmente desesperadora, Daryl é sequestrado por um homem autodenominado Governador. Quando se dá por si, está numa arena frente a frente com seu irmão, Merle. Depois de cenas assustadoras, os dois acabam abandonando Woodbury e seguem para a prisão.
O grande problema é que, Merle já não era bem aceito no começo – em Atlanta -, e após os enfrentamentos com Woodbury e sabendo que Merle é o responsável por entregar Glenn e Maggie nas mãos do Governador, Rick se posiciona como líder e diz que a prisão não é um local para Merle. Daryl toma uma importante decisão: irá deixar o grupo para seguir com o desvairado consanguíneo.
Em meio ao caminho – para lugar algum – as emoções estão à flor da pele. Merle, de forma rude, vai revelando o irmão para o espectador. Explica-se de modo explícito o porquê Daryl era tão hostil e tinha dificuldade em se abrir aos sentimentos. Daryl possuí cicatrizes na pele resultantes da infância difícil que tivera. Após perceber o quanto ele perderia estando com o irmão, Daryl decide retornar a prisão. Merle acaba o seguindo e por fim, Rick concorda em manter Merle no local, mas como um prisioneiro perpétuo.
Merle é capturado pelo Governador e numa tentativa de um único ato heroico pelo grupo da prisão, acaba morrendo. Daryl o encontra já em forma de mordedor e dá o passo mais duro da sua vida, dá fim ao sofrimento do irmão.
A morte do primogênito Dixon acaba sendo uma espécie de libertação para Daryl. Alimentado pela vingança, ajuda Rick a investir e derrubar Woodbury e a partir disso, torna-se mais forte, mas ao mesmo tempo, mais aberto para os sentimentos.
A amizade e companheirismo com Carol se desenvolve desenfreadamente. Ao mesmo tempo, com Rick passando por fortes problemas emocionais, Daryl se torna membro do Conselho – formado por Hershel, Glenn, Carol, Sasha e ele – e passa a fazer às vezes de líder. Quando uma doença letal atinge a prisão, Daryl presencia fatos estranhos ocorrerem: o assassinato de dois infectados que haviam sido isolados pelo Conselho.
Visto a facilidade com que a doença se espalha no interior da prisão, ele lidera um grupo em busca de antibióticos e demais remédios numa Universidade próxima. Ao retornar para o local, Daryl descobre algo que o deixa inconformado: Rick expulsou Carol do abrigo por ter descoberto ser ela a responsável pelas mortes dos infectados.
Daryl é o único que discorda de Rick e não parece lidar bem com a situação. Diz que ele não possuía esse direito, visto que não era mais o líder e que a decisão deveria ter passado pelo conselho. Daryl chega a dizer que provavelmente Carol irá morrer sozinha, pois a acha fraca. No intuito de poder ir atrás da melhor amiga, Daryl propõe a Rick que conversem com Tyreese e expliquem a situação. Contudo, toda a conversa é frustrada pelo ataque do Governador ao local.
Em meio à guerra solta contra o Governador e seus seguidores, Daryl acaba ficando junto de Beth, o que os leva a fugirem juntos do local quando a prisão já não é mais apta para abrigo. Os dois acabam se aproximando de maneira bem rápida e Beth é responsável por “descascar” mais camadas de Daryl. Delicadamente, ela vai o ajudando a trabalhar questões de sua vida passada e isso vai desenvolvendo um vínculo de afeto entre eles.
Discute-se muito quanto aos sentimentos que Daryl manteve por ela, não há um veredito se ele teve uma paixão, se a sentiu como uma irmã mais nova (bem mais nova, diga-se de passagem) ou se tinha por ela a mesma ligação de responsabilidade que teve por Sophia. O fato é que, quando a perdeu para desconhecidos, Daryl ficou devastado.
No caminho pela busca a Beth, ele acaba se atrelando a um grupo de desconhecidos que agem de forma brutal e se assemelham em muito com a personalidade do irmão. Daryl parece se conformar novamente com o destino de viver uma situação daquelas e segue junto com o grupo para um local chamado Terminus.
O grupo em que Daryl está acaba em um embate com Rick, Michonne e Carl. Daryl ajuda Rick a exterminá-los e após isso se junta a Rick. Rick revela para Daryl que ele não precisa mais viver a sombra dos outros como vivia com Merle, pois agora, o irmão que Daryl tinha era ele. Eles se direcionam para o Terminus e acabam sendo cercados pelos canibais no local. Lá, Daryl perde sua significativa crossbow e acaba quase sendo morto, mas é salvo quando um estrondo gera confusão nos residentes do local e permite que o grupo de Rick inicie um embate com os canibais.
Já do lado de fora, temos a cena mais emocionante – na opinião do que escreve esse artigo – até então: Carol reaparece com a crossbow de Daryl e os dois partem para um abraço apertado. Daryl se surpreende com o fato dela estar viva e ser a responsável por todo o grupo estar vivo.
Daryl se mantem firme no propósito de buscar por Beth e numa noite, junto de Carol (que estava tentando fugir do grupo), acabam vendo um carro semelhante ao que Beth foi levada. Eles o perseguem e chegam a capital Atlanta.
Procurando pelo paradeiro de Beth, Daryl acaba se envolvendo em mais uma frustração: perde Carol para os mesmos homens que sequestraram Beth. Junto a um rapaz – Noah – que esteve com Beth no hospital onde estava sendo mantida presa, Daryl retorna para avisar o resto do grupo. Após vários problemas, conseguem executar uma troca (dariam Noah a líder do hospital em troca de Beth e Carol). Tudo parece funcionar de forma genuína, contudo, em sua imaturidade, Beth tenta se vingar de Dawn e acaba sendo morta.
A partir desse momento, Daryl se fecha novamente para o mundo dos sentimentos. Torna-se apático e se alimenta da própria dor. A pessoa que o auxilia a sair disso dessa vez é a própria Carol. Ela pede que ele se permita sofrer, chorar e ser fraco. Ela sabe que ele necessita disso.
Gradativamente ele vai se recuperando do acontecimento em Atlanta e acaba seguindo junto do grupo em direção a uma nova promessa: Alexandria. No local com energia elétrica, água quente e toda pompa que a vida anterior ao apocalipse proporcionava a um ser humano comum, Daryl se demonstra desconfortável. Aquela nunca havia sido a vida dele. Ele sempre viveu perdido e solitário nas florestas e isso se manteve no pós-apocalipse.
Ultimamente temos visto Daryl batalhando para se encaixar a nova vida no novo mundo. Ele tenta provar seu valor para a comunidade e já teve alguns enfrentamentos com Rick desde que chegaram ao local. Até mesmo com Carol, que aparentemente sempre foi sua confidente em tudo, há certo ar de distância.
Daryl era o homem independente de grupo, durão, ranzinza e rebelde na primeira temporada. Não precisava de ninguém para sobreviver e lutava por ele mesmo, se precisava comer, caçava e se aventurava sozinho. Na segunda temporada ele acaba se integrando melhor ao grupo, depois do que aconteceu com Sophia e se torna alguém mais aberto para relacionamentos.
A terceira temporada parece ser o ápice de Daryl, ele é alguém totalmente participativo no grupo, aliado fiel de Rick e disposto a tudo. Contudo – por favor, fãs do grande Dixon, não me matem, também adoro o personagem – a partir disso parece que ele estaciona.
Daryl parece estar sobrevivendo no enredo de outros personagens, se atrela a história de Carol um pouco, depois Rick, com Beth. Mesmo quando parecem querer criar uma história inovadora para ele, no fim ele acaba sendo sempre o coadjuvante ou apresentando mais do mesmo.
Vi dias atrás um comentário bastante inteligente de uma possível fã do personagem: “Daryl (por mais que me doa) tem sido um par de bíceps lindo para atrair a atenção do público mais fervoroso. Já faz tempo que não tem algo próprio seu.”
Infelizmente parece ser real, Daryl é uma espécie de galinha dos ovos de ouro na série, já que é o personagem do merchandising, isso é, os produtos relacionados a ele se esgotam rapidamente e as pessoas realmente o veneram. Isso gera um grande problema para os redatores: como lidar com um personagem que parece não ter muito para oferecer em questão de desenvolvimento sendo que esse é a maior fonte de lucros do canal?
Bem, há esperanças que Daryl possa ter uma nova chance a partir dessa sexta temporada e ter uma história que de fato seja própria sua.
Na semana passada, falando de Glenn o apontamos como mais provável a ser o primeiro dos cinco a morrer, contudo, Daryl nunca é carta fora do baralho. Esse enredo cansado e lento que o personagem vem levando acaba por fazê-lo um personagem de peso para a morte.
No ponto em que estamos não há mais muita perspectiva de história. Ou você é um personagem e tem um bom enredo e continuará vivo por muito tempo, ou será descartado. O arco que está chegando fará exatamente isso, uma espécie de varredura nos sobreviventes. Uma espécie de: quem se desenvolveu tudo bem, quem só está preenchendo cena, adeus.
Visto isso, você fã de Daryl, deve se preocupar com o personagem. Ele precisa urgentemente de reformulação, ou corre o risco de se encontrar com Beth no mundo do além.
– Daryl é um exímio caçador e rastreador;
– É (pelo ponto de cima) ótimo com armas e mira;
– É fiel;
– Ama Rick e considera o grupo como sua família;
– Lida muito bem com a exposição as dificuldades e se adapta rapidamente a falta de algo;
– Continua a ser birrento. Se algo lhe irrita, chuta o balde e sai fazendo beicinho;
– É péssimo no combate corpo a corpo (várias cenas comprovam isso);
– Se você está sozinho com ele em uma missão, desconfie. Algum problema vai acontecer e você sairá ferido (Beth e Carol mandam lembranças);
– Precisa urgentemente de uma história sua, um desenvolvimento seu. Até então ele apenas adentra as histórias dos demais ou é utilizado para o desenvolvimento de outros.
A série de textos está chegando ao fim. Comente conosco logo abaixo sobre essa análise de Daryl ao longo das temporadas. Você acha que ele está um pouco deslocado na história ou isso é loucura do escritor desse artigo? O que se poderia fazer para que Daryl se desenvolvesse de forma melhor? Bethyl ou Caryl, qual o seu lado da batalha? Na semana que vem: Carol Peletier, a única mulher que terá seu espaço nos Cinco de Atlanta.
The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com a segunda parte da sexta temporada no dia 14 de Fevereiro de 2016 no AMC (EUA) e na FOX Brasil. Confira todas as informações sobre a sexta temporada e fique por dentro das notícias.
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