Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo primeiro episódio, S09E11 – “Bounty”, da nona temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
O episódio desta semana de The Walking Dead, “Recompensa”, que mostra o primeiro conflito aberto entre Hilltop e os Sussurradores, é também o episódio mais romântico do salto temporal da nona temporada, com diversos casais em destaque: Ezekiel (Khary Payton) e Carol (Melissa McBride), Henry (Matt Lintz) e Lydia (Cassady McClincy) e – dependendo da sua interpretação da cena final – talvez até Daryl e Connie (Lauren Ridloff, atriz nomeada ao Tony), a sobrevivente surda que foi introduzida pela primeira vez no episódio final de Andrew Lincoln.
As cenas mais tensas do episódio “Recompensa” focam em Daryl enfrentando Alpha (Samantha Morton), líder dos Sussurradores, que chegou à Hilltop para recuperar sua filha, Lydia. Ela é acompanhada de seu bando de feras sobreviventes, sendo um deles mãe de um bebê. Quando o choro do bebê chama a atenção dos zumbis, Alpha permite que a criança seja sacrificada, um testamento do que ela vê como a ordem natural das coisas. Escondida ali perto está Connie, que arrisca sua vida para salvar o bebê, conduzindo uma tensa cena de ação construída em torno de sua incapacidade de ouvir em ambientes visivelmente difíceis.
Connie quase perde sua vida quando um zumbi chega por trás dela, somente para ser salva no último minuto por Daryl. Horas depois, após os Sussurradores terem ido embora, eles têm uma conversa muito mais impactante: Daryl, que decidiu sair de Hilltop em busca de Alpha e seu bando, encontra com Connie, que decidiu a mesma coisa. Eles então se comunicam por meio de bilhetes, enquanto a balada emocional “All My Dreaming”, de Emma Russack, fornece o ambiente.
A conversa em sua maioria escrita, se dá assim:
Connie: “Onde você está indo?”
Daryl: “Não poderia viver com isso. Vou sair pra achar Lydia.”
Connie: “Eu vou com você.”
Daryl, falando alto: “Não”
Connie aponta para seu bilhete anterior: “Eu vou com você.”
Daryl, falando alto: “Por quê?”
Connie: “Não poderia viver com isso, também.”
Os dois seguem para fora de Hilltop (acompanhados de Cachorro, fiel amigo de Daryl), fechando o episódio com uma inegável carga elétrica.
Ok, talvez. Admitindo, é difícil transmitir o peso emocional da cena nas palavras escritas, o que é irônico, considerando o quanto é dito na cena através de palavras escritas. É um pouco como uma coisa sensorial. Mas também tem muito de linguagem corporal, o jeito como Connie interrompe Daryl e não o deixa prosseguir sozinho, o jeito que ele se abre a essa possibilidade depois de passar os últimos anos sozinho.
Existe um fator por trás, também, mesmo que não esteja relacionado a Daryl e Connie especificamente. A música de Russack toca ao fundo de várias cenas de The Walking Dead que mostra casais apaixonados: Ezekiel e Carol, Alden (Callan McAuliffe) e Enid (Katelyn Nacon), Henry indo atrás de Lydia depois que eles se beijaram nas cenas anteriores… até o bebê que Connie resgatou acha o amor na forma de seus novos cuidadores, Earl (John Finn) e Tammy (Brett Butler) que perderam seu filho Kenneth no início da temporada.
Realmente o amor é o tema central de “Recompensa”, não somente no final; o fato de que termina com Daryl e Connie juntos no auge de uma balada emocional não parece ser uma coincidência. Até a letra de “All My Dreaming” parece se referir aos pouco falados sentimentos de Daryl:
Todos os meus sonhos
Todos os meus desejos
Não vieram,
Mas a vida é assim mesmo.
E eu não sei o que
Estou procurando,
Mas quando eu achar,
Vai parecer certo.
Eu sonhei com o amor e
Eu desejei controle.
Não vieram,
Mas eu não vou forçar isso.
Talvez tudo o que
Eu sempre quis
É o que eu tenho e
Está tudo bem.
Vamos olhar além do sentimento. Existe um precedente no quadrinhos que mostra Daryl e Connie juntos? À primeira vista, parece que não, já que Daryl não existe nos quadrinhos. Mas Connie existe, e quando escrita por Robert Kirkman, ela entra em cena em um relacionamento. No processo de adaptação, o namorado de Connie nos quadrinhos, Kelly, vira a irmã de Connie, Kelly, interpretada por Angel Theory. Connie não é uma personagem principal na fonte original, mas existe sim um precedente para ela estar romanticamente envolvida com um dos sobreviventes.
Para além dos quadrinhos, claro, a vida romântica de Daryl tem sido o assunto de diversas conversas nos círculos de The Walking Dead por anos e anos até hoje. Muitos personagens foram colocados como possíveis parceiros, de Beth Greene (Emily Kinney) até Aaron (Ross Marquand) e até mais além. Dos mencionados, a parceira mais esperada, sem dúvidas é Carol.
Em relação a isso, os recentes comentários de Reedus sobre o assunto deixam claro que se Daryl embarcar em um relacionamento, este será um grande momento para o show.
“Eu acho que quando acontecer, vai ser uma grande coisa,” ele disse em uma entrevista. “Estou grato de que o fizemos do modo como fizemos. Eu acho que se tivéssemos tido um sexo quente em algum celeiro, tudo estaria acabado agora. Eu não acho que ele seja esse tipo de cara. Eu acho que ele é o tipo de cara que, quando fizer, ele estará apaixonado. Ele irá se apaixonar. Ele demonstra todos os seus sentimentos. Tudo que ele sente, ele fala. Se ele se importa com alguém, ele realmente se importa. Ir nessa direção é melhor do que ter um episódio ou uma cena com isso de uma vez só. Eu acho que significa mais do que isso pra ele.”
Se Daryl vai algum dia encontrar esse significado, não há melhor momento do que agora. Com tanto vai e vem acontecendo no universo de The Walking Dead, Daryl Dixon permanece uma constante. A ideia de colocá-lo junto com alguém parecido – uma pessoa tão complexa quanto Connie, corajosa e resistente moralmente o suficiente para encarar a morte para salvar uma criança de um inimigo – parece o movimento certo para o personagem. Quando Michonne partir, potencialmente (e provavelmente) em busca de Rick, será difícil para o show explicar a contínua dedicação de Daryl em relação à Zona Segura de Alexandria. Uma nova pessoa com quem se importar, uma pessoa por quem ele se apaixone e lute por ela – alguém como Connie – poderá ser o que o faz permanecer lá.
Além do que é certo para Daryl como um personagem, parece o momento certo para The Walking Dead como franquia. À medida que a audiência começa a cair, a showrunner Angela Kang e sua força de parceiros criativos estão incentivados a fazer de tudo ao seu alcance para que a audiência invista em novos personagens. Eles já estão fazendo um trabalho admirável transformando Connie em uma das personagens mais complexas no momento.
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