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Review The Walking Dead S09E08 – “Evolution”: Assustadoramente empolgante

Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do oitavo episódio, S09E08 – “Evolution”, da nona temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!

Estou com um grito preso na garganta. O grito que não pude dar visto o horário avançado em que o episódio era exibido. Grito que mistura terror, medo, excitação, ansiedade e animação. Um mix de sentimentos que muitas vezes não são tão homogêneos, mas que The Walking Dead conseguiu rebuscar em seus fãs. Evolution, o oitavo episódio do nono ano, conseguiu surpreender os fãs e provar que, talvez, a série está começando a retornar a sua época de ouro. Nesse episódio tivemos três grandes núcleos concorrendo: os rastreadores de Eugene, Hilltop e Alexandria. A tríplice foi equilibrada e acertou em quase todos os seus pontos.

Em Alexandria, sob os cuidados do Padre Gabriel, o antigo líder dos Salvadores parece estar acostumado com a ideia de que sua pena perpétua se cumprirá. Gabriel parece tentar desenvolver um método de meditação avançada com Negan, mas a prática não traz grandes resultados e o antigo antagonista principal parece estar mais preocupado em sua monótona brincadeira com a bola de baseball. O grande plot twist, no entanto, se dá ao momento em que chegam informações à Alexandria de Hilltop sobre Rosita.  O Padre aparentemente perde a cabeça e resolve descontar sua frustração em Negan. Com palavras duras, ele demonstra o quão desprezível o esposo de Lucille ainda é e que sua prisão corroborada com o tempo passado não alteram em nada o asco que todos sentem por ele. É nesse mar de desabafos que Gabriel se descuida e acaba deixando a cela aberta. Negan demora a perceber, mas quando descobre, não perde a oportunidade dada e foge do local.

A grande questão aqui envolve algo vindo do futuro. A direção em que o enredo se desenvolve demonstra que as cenas apenas foram adicionadas para colaborarem com um grande arco para o personagem na segunda metade da temporada. Afinal de contas, quem é Negan após esses sete anos e meio de aprisionamento? Seu humor ácido ainda existe, mas será que algo mudou em seu interior e ele conseguiu se tornar uma pessoa melhor?

Negan conseguiu sair de sua cela. Como o personagem utilizará sua liberdade?

Em Hilltop, temos a chegada de Michonne e o restante do grupo. Mais uma vez temos a confirmação de que as coisas não foram nada amigáveis durante os seis anos que procederam o desaparecimento de Rick. Há hostilidade no tratamento em ambos os lados, tanto vindo da samurai como do povo da comunidade rural. Uma das falas mais marcantes vem de Tara, quando essa afirma que aparentemente o antigo bando está se reunindo. Ou seja, todos podem lutar contra, mas a atração magnética que carregam acaba sempre os unindo em algum ponto da história.

A cena mais relevante e marcante fica por conta de Michonne e Carol. É fácil ver a ternura e o esfriamento se envolverem e se tornarem uma emulsão de sentimentos entre ambas. Parte por causa da exímia atuação das atrizes envolvidas, parte por causa de toda a história que as personagens representam. Como Carol lembra, as duas perderam filhos, passaram por momentos terrivelmente dolorosos e não deveriam se render a uma separação emocional como tem sido. Também é notável que o Reino, entre todas as comunidades, talvez seja a que está enfrentando as maiores dificuldades de subsistência. Peletier parece implorar para que Michonne coopere com a feira entre as comunidades, mas essa lhe nega o direito sendo sucinta em afirmar que “o Reino é o Reino; Hilltop está aqui e Alexandria é Alexandria”. É dolorido ver ela afirmar que não se importa se Carol e Ezekiel irão sucumbir e morrer em meio a necessidades de sua comunidade.

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Eu realmente não sei o que aconteceu, mas em algum momento Michonne se transformou em um ser bastante desprezível, mesclando um mar de mágoas e remorsos – que até agora não sabemos exatamente do que se trata – com uma personalidade prepotente e indiferente aos bons e longos anos de vínculo com seus companheiros de ruas. Ela tomou um caminho eternamente oposto ao que vinha sendo e se Rick muitas vezes era responsável por deixá-la apagada em cena, agora ela brilha, mas de uma forma não muito atraente para quem leva em consideração um mínimo de bons sentimentos e amizade. Se Maggie em poucos episódios no começo da temporada se tornou uma pessoa obstinada e saiu como uma personagem intolerante e irritante para parcela do público, parece que Michonne vem se esforçando para tomar o pódio para si e ocupar o posto de sobrevivente birrenta da vez. Espero piamente que não a  afundem.

Michonne tem se tornado intolerante e insurgente, principalmente com seus amigos de longa data.

Carol se despede de Henry e as lembranças de Sophia são assombrosas nesse ponto, dado o envolvimento de Matt Lintz  – que é irmão de Madison, intérprete da própria filha biológica de Peletier – com Melissa McBride e a grande significância que o silêncio de um abraço diz na cena. No abraço é fácil notar que Carol ainda está lidando com o peso de perder a filha e que não se perdoaria se Henry fosse exposto a um perigo irremediável com sua ausência. A cena vem diretamente dos quadrinhos quando Rick deixa Carl em Hilltop para aprender a profissão de ferreiro e é velada da mesma emoção. É o momento em que os pais precisam compreender que seus filhos não são mais as crianças que necessitam de atenção e proteção e sabem colocar em prática os ensinamentos recebidos durante os anos – e isso será explorado mais pra frente.

Henry lida rapidamente com uma decepção amorosa, que me fez rapidamente esquecer a tensão que todo o episódio envolvia e lembrar dos dramas adolescentes. Enid e Alden são um casal agora e ele se perde em seu mar de esperanças com a garota. E é nesse ínterim que ele conhece novos amigos: Addy, Rodney e Gage. Os três são totalmente cordiais com o garoto e o convidam para explorar o lado exterior de Hilltop durante a noite.

Na noite, os garotos estão no interior de uma cabana abandonada e se embebedam como forma de divertimento. A cena é totalmente uma reprodução do terceiro episódio, “TEOTWAWKI“, da terceira temporada de Fear the Walking Dead (série derivada da franquia). As duas cenas exploram adolescentes se envolvendo com as descobertas da bebedeira e explorando um lado arruaceiro, se divertindo com mortos vivos. A diferença se instaura justamente no ponto suscitado anteriormente, ao perceber o desrespeito com a pessoa que foi o walker usado por Rodney e Gage para se divertir, Henry – mesmo embriagado – salta em direção ao morto e lhe dá o ferimento cerebral necessário para honrar sua memória. É uma expressão exata da educação dada por Carol ao garoto. Um marco de caráter. Mas toda a sua condolência e boa fé não o eximem de acabar sendo colocado atrás das grades de Hilltop por Tara, havendo a promessa de tomarem uma decisão quanto a sua permanência na comunidade quando Jesus voltar da busca por Eugene.  Henry assume que precisa ficar e promete se redimir, pois sabe da importância que seu trabalho tem para a sustentação do Reino e assume que uma das cenas mais difíceis que ele teve que encarar foi ver sua mãe chorar, já que sempre a teve como uma mulher forte e inabalável.

Carol e Henry protagonizam um momento de separação.

Nos campos, Jesus, Aaron, Daryl e o novo protagonista da história, Cão, observam uma horda com uma movimentação totalmente inovadora: andar em círculos. A câmera se aproxima da horda e um walker que trilhava oposto a imagem estatiza e gira o pescoço em direção aos sobreviventes, como se quisesse os observar sem ser notado. Uma curta cena que consegue trazer o grande número de arrepios que a sequência demonstrará.

Os rastreadores acabam se deparando com o celeiro indicado por Rosita anteriormente e encontram Eugene que aparentemente está afetado pelo tempo em que ficou trancafiado, já que para eles, o cientista fala coisas sem sentido, afirmando que os walkers agora falam e pensam. No entanto, a horda que Daryl acreditava ter conseguido desviar dali, retorna e mantém o ritmo incomum. Aaron e Jesus se responsabilizam em levar Eugene de volta para Hilltop, enquanto Daryl fica incumbido de, junto com Cão, desviar os mortos para longe da comunidade.

Daryl tenta atrair a horda com rojões na estrada e o plano parece funcionar, enquanto Cão o auxilia latindo para amplificar ainda mais o chamariz. Entretanto, sorrateiramente, a horda é conduzida a dar meia-volta, o que causa grande estranhamento no motoqueiro solitário.

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No maior clima Silent Hill, os três sobreviventes que tentam voltar à Hilltop encontram um cemitério e optam por atalhar por ele, já que a pequena passagem conseguiria diminuir o ritmo dos mortos e lhes abrir pequena vantagem. Entretanto, o portão que lhes daria oportunidade de fuga está emperrado. Aaron e Jesus entram em ação lutando por suas vidas e demonstrando um bom desempenho de combate. Michonne, Magna e Yumiko – as duas últimas estão ali apenas para provarem seu valor e lealdade a eles – aparecem do lado oposto ao portão e conseguem desemperrá-lo. Jesus fica para trás para diminuir o número de mortos. Quando vai golpear um dos últimos walkers que a câmera foca, esse se esquiva o prendendo em uma chave de braço e lhe ferindo com uma faca, enquanto sussurra em seu ouvido “Você está num local ao qual não pertence”. A sequência gera um terror que talvez The Walking Dead tenha conseguido instaurar somente no episódio de estreia da sétima temporada com a morte de Glenn e Abraham.

Jesus cai morto, Aaron se desespera e corre ao seu encontro, o que obriga Michonne, Magna e Yumiko entrarem no embate. Daryl ao longe dispara sua crossbow e acerta a cabeça do walker portador da arma branca. Ele se aproxima e percebe uma espécie de costura na nuca do morto que assassinou o amigo. Todos ficam perplexos ao perceber que se tratava de um homem disfarçado de zumbi. Eles são cercados, enquanto a audiência ouve “Mantenha-os juntos!”. Fim do episódio! Inicio de uma ansiedade que fez muito fã da série rolar na cama durante a madrugada.

Os Sussurradores chegaram.

É uma imersão em tantos sentimentos que The Walking Dead não nos fazia ter há tanto tempo que parece ser inovador. Mais uma vez nesse ano tivemos a oportunidade de nos depararmos com surpresa, medo, aflição e ansiedade pelo que virá. Um cliffhanger angustiante, mas ao mesmo tempo prazeroso.

Michael Satrazemis, diretor desse oitavo episódio, conseguiu jogar com as câmeras e extrair o melhor dos ângulos. Novamente conseguimos ver o combo de atuação e direção formar um pacote capaz de transpassar o roteiro para a audiência. É a prova de que, por mais que o ator se esforce em cena, se o diretor não souber extrair de sua atuação o melhor, não será possível se construir uma boa sequência.

Eu preciso voltar a falar de Angela Kang. Eu consigo imaginar a AMC e os envolvidos no universo da série lhe anunciando em uma sala que ela viria a ser promovida a showrunner da série e em meio ao ser ar de alegria pela conquista, ela é advertida que teria que lidar com uma série em decadência e que perderia seu protagonista, tendo a incumbência de reestruturar toda a história em pouco tempo. O tamanho da bomba relógio que estava em suas mãos e o estrago que poderia fazer era imensurável – forte o histórico dela em alguns episódios questionáveis no passado da trama. Entretanto, Kang revolucionou e conseguiu cumprir seu papel, trazendo um ar inovador e sendo exímia em praticamente tudo o que fez. A introdução dos Sussurradores foi digna de ser classificada como a melhor inserção de um arco dos quadrinhos na série. Fora a ótima forma com que ela tem conseguido equilibrar a história sem a presença de Rick e como tem cumprido a promessa de estruturar um enredo que consiga dar destaque para todos os seus personagens.

Para vermos os desdobramentos dessa espetacular história, teremos que esperar até o dia 10 de Fevereiro, data anunciada para o retorno do nono ano da série. E como lidar com essa ansiedade que já estávamos desacostumados? Onde guardar todas as teorias e ideias miraculosas que brotam em nossas mentes – geralmente no momento em que estamos tentando pegar no sono – enquanto os materiais vão vagarosamente sendo divulgados? Não tem jeito, pedimos que The Walking Dead voltasse a sua qualidade original e agora teremos que lidar com todos esses sentimentos conflitantes no nosso interior. Tivemos o que pedimos!

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E você? O que achou de Evolution? O que pensa sobre os oito primeiros episódios da temporada? Concorda com o redator dessa crítica? Discorda? Deixe um comentário abaixo e vote na nossa enquete.

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Carlos Knewitz

Gaúcho, nascido na primeira metade dos anos 90 e com memória fotográfica. Estudante de Direito e extremamente viciado em escrever. Aficionado pelos quadrinhos de Robert Kirkman, fã de The Walking Dead e Fear the Walking Dead. Apaixonado por Carol Peletier e Alicia Clark e, sucessivamente, por suas intérpretes.

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