Post destinado a comentários do episódio “Evolution” da nona temporada de The Walking Dead. Muitos spoilers poderão (e serão) encontrados por aqui. Se você ainda não assistiu e não gostaria de ter as surpresas do episódio “estragadas”, não prossiga. Você foi alertado!
Este post está destinado à exposição de ideias sobre tudo o que pode estar acontecendo na série. Utilize os comentários abaixo para compartilhar conosco suas teorias.
SINOPSE: Uma pequena missão de resgate desafia um corajoso grupo que está em busca de seu companheiro desaparecido. Eles descobrem uma ameaça surpreendente que poderia ser a ruína de todos.
Escrito por: David Leslie Johnson-McGoldrick
Dirigido por: Michael E. Satrazemis
Gostaria de abrir a discussão deixando bem claro que a decepção em relação aos eventos em torno de Jesus nas últimas temporadas sempre foi gigante. Do arco de Negan ao fim da guerra, o rumo do personagem de Tom Payne em relação à sua contraparte dos quadrinhos sempre foi um tanto quanto decepcionante. Não irei abordar isso no texto. Dito isso, vamos lá.
Esta é a melhor temporada de The Walking Dead em anos. Ponto final.
“Evolution” chegou com a grande tarefa de sobreviver tanto ao hype como um dos mais aterrorizantes capítulos da história de TWD, como preparar terreno para que os fãs voltassem em 2019, quando Angela Kang e seu time terão a difícil tarefa de sobreviver oito episódios contínuos sem Rick Grimes e Maggie Rhee. O resultado alcançado, ao contrário do pessimismo de muitos, foi de um sucesso tremendo.
Em termos de narrativa, o capítulo continua evocando mistérios em relação às desavenças entre as comunidades (nada sobre X ou o salto temporal é explicado) ao mesmo tempo em que carrega tramas paralelas de forma eficaz e aos poucos alimenta aquilo que todos já esperam há um bom tempo: a introdução dos Sussurradores.
PADRE GABRIEL E NEGAN
Em uma das tramas paralelas do episódio, vemos Negan e Gabriel em terapia. Apesar da “redenção” do antigo vilão da série ser explorada aos poucos, muito de sua antiga identidade ainda prevalece, com diálogos bem escritos que inteligentemente vivem alfinetando o quanto a vida atrás das grades é parecida com aquela vivida entre os muros de Alexandria.
Como a cereja do bolo, ainda temos o ex(?)-psicopata finalmente saindo da cela. Mesmo sem mais respostas em relação a isso – teria sido intencional ou acidental? -, somente a idéia de ter o ex-líder dos Salvadores solto novamente por aí chega a ser arrepiante.
HENRY
Apesar de ainda desejar que Carl estivesse tomando a história que era sua por direito, Henry tem sido uma ótima adição ao time dos mocinhos. Seja pelo carisma de Matt Lintz ou pelos desvios que a escrita tem feito para que o personagem crie sua própria personalidade (um meio-termo entre Carol e Morgan), toda a narrativa em torno do filho de Ezekiel, embora pareça um tanto quanto desconexa no começo, passa a fazer mais sentido no momento em que o garoto é preso e o real propósito disso tudo é apontado – fãs das HQs sabem o que isso significa.
HILLTOP, MICHONNE E MAGNA
Como visto na semana passada, após saber da situação de Rosita, Michonne aceitou a condição de acompanhar Magna e seu grupo até Hilltop em busca de moradia.
No Alto do Morro, todavia, o desconforto permeia todas as interações. Da entrada nos portões às conversas outros membros da “família”, há um feeling de tensão crescente no ar que, aparentemente, só pode ser desfeito com o que os personagens têm se referido como “a feira”. Esta trama, embora relevante, apenas anda em círculos no tempo de tela que toma.
Como era de se esperar, Tara aceita o grupo de Magna sem delongas, expondo regras e novamente mostrando um contraste muito diferente em relação à primeira visita do grupo de Rick à comunidade, ainda na sexta temporada, quando esta era governada por Gregory.
Mas como o propósito da ida de Michonne à comunidade era realmente saber o que havia acontecido com Rosita, o episódio não perde tempo em explorar tudo isso. Com a garota acordando, logo sabemos que as coisas escondidas no meio da mata não são apenas zumbis e que os homens em missão podem não retornar.
JESUS, DARYL, AARON, EUGENE E OS SUSSURRADORES
Eis que chegamos ao pequeno filme de terror escondido em um episódio de The Walking Dead.
Após notarem o estranho comportamento dos zumbis, Daryl, Aaron, Jesus e o cachorro decidem fazer um novo trajeto na busca por Eugene. Seguindo caminho na noite tempestuosa, os sobreviventes chegam ao destino e encontram o homem em pânico, machucado, alegando que as criaturas estavam evoluindo – o que, como justificado mais tarde, nunca foi impossível de acontecer.
Mas acontece que as coisas não são bem assim. Com uma horda na cola, o quarteto (e doggo) novamente decide arriscar um plano para desviar os mortos-vivos. O que não funciona.
Tentando cortar caminho por um cemitério, Eugene, Aaron e Jesus acabam de cara com a horda, que aparenta novamente ter encontrado táticas mais inteligentes de ataque às suas presas.
E é aí que uma das melhores sequências da história do show acontecem.
Em um casamento perfeito de direção, coreografia, trilha sonora, edição e cinematografia, Aaron e Jesus entram em meio aos zumbis e começam o “trabalho”. Sangue, vísceras e membros voam para todos os lados. Michonne, Magna e Yumiko chegam para ajudar. Quando tudo parece normal, o nosso querido Paul Rovia é atacado por um dos caminhantes, que o atinge fatalmente com uma facada no peito.
É um momento rápido. Poderoso. O gatilho para a retaliação.
Conforme a tempestade continua, os personagens seguem na luta contra os zumbis “evoluídos”. Até que as coisas acalmam, e os telespectadores, ainda se recuperando do choque do momento, descobrem a verdade: são humanos usando “rostos” dos mortos para que possam se camuflar e usar os andarilhos a seu favor.
E é praticamente assim que a primeira parte da temporada se encerra.
É legal abrir espaço para que o diretor Michael Satrazemis e o roteirista David-Leslie Johnson (o mesmo cara que escreveu os filmes “Invocação do Mal”) possam ser ovacionados, afinal, trazer um frescor visual e narrativo para uma série que está há nove anos no ar não é uma tarefa fácil.
É complicado dar um veredito quando ainda há tanto para acontecer, mas uma coisa é certa: Angela Kang conseguiu fazer o seu melhor para trazer The Walking Dead aos seus estágios iniciais de recepção, tanto de público, quanto de crítica.
Embora os números da audiência passem longe dos 17 milhões (ao vivo) que um dia já alcançou, a nona temporada trouxe de volta a aclamação pela crítica especializada (a temporada se encontra com 96% de aprovação no Rotten Tomatoes), o hype geral (a série foi o programa mais comentado no Brasil em 2018) e até mesmo o domínio das plataformas digitais (o drama zumbi é a terceira série mais maratonada na Netflix).
É muito bom ter orgulho de ser fã de The Walking Dead novamente. E machuca ter que esperar até fevereiro para saber mais.
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