Série

Review The Walking Dead S09E07 – “Stradivarius”: Laços rompidos

Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do sétimo episódio, S09E07 – “Stradivarius”, da nona temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!

Julgo esse como o episódio mais distante da qualidade dos demais, mas, não tão longe. Acontece que Stradivarius, assim como o nome complicado, foi muito mais poético do que repleto de ação. A boa história e a construção de questões mais uma vez demonstram o quão gratificante a nona temporada tem sido. Com erros e acertos, o sétimo episódio traz uma demonstração de rompimentos de laços e, ao mesmo tempo, o quanto todos precisarão reatar o mais rápido possível para lutar com um inimigo grandiosamente perigoso e iminente. Ademais, é bom salientar que Stradivarius teve direção de Michael Cudlitz, intérprete de Abraham até o sétimo ano da série.

Rosita corre atordoada pela floresta, ouvindo sussurros de todos os lados. Talvez justamente essa cena introdutória tenha sido a que mais elevou as emoções no episódio, já que era repleta de temor e ansiedade. Surpreendentemente, depois de um desmaio por exaustão – bem executado e não reproduzindo a cena vexatória de Alicia em Fear the Walking Dead – Espinosa consegue se apossar de um sinalizador e chamar atenção de Jesus e Aaron que, por sorte – e muita sorte -, estavam nas redondezas. Ela é encontrada e arrastada para Hilltop.

Rosita protagonizou uma cena bastante angustiante em meio à sussurros vindos de todos os lados.

Falando na cidadela, antes liderada por Maggie, o próprio Jesus é eleito e releito administrador do local. Enquanto houve um álbum de Jesus & Mary Chain, Tara é quem realmente faz o trabalho pesado, ouvindo os pedidos de todos os moradores, resolvendo conflitos e efetuando passos administrativos. A pouca explicação que nos é dada é que Maggie foi auxiliar Georgie a iniciar uma nova comunidade e, subsidiariamente, abandonou a antiga morada. Paul não está nada confortável na função de liderança e acaba sobrecarregando Chambler com sua função. Mas, Hilltop está longe de ser um caos, é autossustentável suficientemente. Com a chegada de Rosita, mais um indício de que os seis anos foram determinantes: Tara diz que sente algo estranho ao rever a amiga depois de tantos anos.

Noutro ponto temos Carol que junto de Henry acompanha Daryl até o seu acampamento. No local somos apresentados ao Cão – obrigado, Dixon por ser tão criativo – que já alarmou a audiência com um medo incontrolável: matem qualquer personagem, mas deixem o cachorro em paz.

Descobrimos que Carol foi até o amigo para lhe pedir um favor: que ele siga com Henry até Hilltop e se torne um supervisor do garoto. Entretanto, o motoqueiro não parece disposto a abrir mão de seu isolamento para retornar à civilização. E, é numa conversa com o próprio Henry – depois de uma cena desesperadora em que Cão quase foi morto – que Dixon demonstra seus receios, mas o garoto consegue rebuscar o quão importante ambos são para Carol e o quanto ela sente saudades de poder ver o amigo bem. Com as poucas palavras, Henry consegue convencer Daryl a se juntar com eles na excursão à Hilltop, não sem antes notar uma cicatriz em formato de X nas costas dele (qualquer dia desses eu prometo apresentar para vocês minha teoria sobre as cicatrizes recorrentes nesse pós salto).

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Carol e Daryl parecem ainda nutrir uma amizade profunda.

No caminho inverso, Michonne segue com o grupo de novos sobreviventes em caminho a comunidade do morro. Entretanto, antes de tudo, eles vão em busca de pertences próprios em sua carruagem improvisada que tombou e os expôs ao perigo – o que lhes ligou à Judith. No local, eles relembram do amigo morto, Bernie e são confrontados pela samurai, que exige que eles entreguem todas as armas que possuírem se quiserem ir até Hilltop. O grupo de Magna entra em discussão sobre o quão válido é se sujeitar às regras impostas por Michonne, mas acabam concordando que ou se submetem e se apossam da chance de estar em um local seguro, ou se rebelam e acabam avulsos pelas ruas novamente.

O grupo encontra um local para repousar durante a noite. Michonne, que está de vigia, ouve ruídos e percebe que Luke está mexendo nos pertences reunidos mais cedo por ela. Achando se tratar de uma ameaça, ela não pensa duas vezes e defere golpes de espada no objeto que ele segura. Luke lamenta que ela tenha partido ao meio seu violino stradivarius. Após o ocorrido, ela tenta se desculpar, mas Luke a chama atenção para o quanto aquilo significa. A arte, segundo ele, é a responsável por diferenciar o ser humano dos animais e é ela que atraiu o homem para a ideia de comunidade. A arte e a cultura, intimamente ligadas identificaram homens com os mesmos interesses e gostos e os fizeram querer estar juntos.

O dia amanhece, o grupo está se arrumando para partir, quando acontece uma infestação de walkers na área. Michonne acaba cedendo e liberando as armas para o grupo de Magna e os vemos lutando com estilingues e flechas, o que monta um cenário inovador e inimaginável. Quando estão quase vencendo a horda, ligando os pontos sobre uma história de camisas que Bernie usava – que antes parecia sem sentido – contada por Yumiko com um walker que se aproxima, Michonne alerta Magna que ao ver o amigo zumbificado se vê incapaz de fazer algo. Assim, a samurai, num ato de honra, fere a cabeça de Bernie.

Michonne e o grupo de Magna precisam enfrentar uma horda.

No caminho para Hilltop, Michonne revela para todos que não irá até a comunidade e que iria lhes acompanhar até um ponto determinado. Mas, quando guardas do local cruzam seu caminho lhe revelando que Rosita está sendo cuidada por Enid e está muito ferida, Michonne se vê obrigada a seguir o trajeto, não sem antes descobrir que Maggie já não reside mais lá.

No fim do episódio, acompanhamos a chegada de Daryl e Carol à comunidade mais rurícola de todas. Entretanto, a estadia de Daryl é curta, já que Jesus e Aaron solicitam seu apoio como farejador na busca por Eugene, que continua escondido em um celeiro correndo risco de morte pelos walkers que sussurram.

O ponto mais relevante de todo o episódio é justamente as entrelinhas deixadas por diversos personagens que nos revelam que de fato houve algum tipo de estranhamento entre Michonne e Maggie. Alexandria parece ser uma comunidade independente e viver alheia a todas as outras, como se jamais tivesse sido parte de uma teia de cooperação. A rixa parece ter sido tão significativa que a samurai afirma que Maggie provavelmente não conseguiria olhar em seu rosto caso voltassem a se ver.

Michonne e Siddiq lideram a ida até Hilltop.

A participação de Jesus nesse episódio seguiu tom de despedida do personagem – espero estar enganado – já que aparentemente ele confessou se sentir inútil e não se achar suficientemente capaz de liderar Hilltop, passando para Tara todo o encargo da função. É como se Chambler já estivesse sendo preparada para assumir a chefia. Jesus é um dos personagens vindos da HQ que mais ficou à parte de seu homônimo dos impressos. Foi mal aproveitado, visto o pouco espaço que teve em tela e, justamente agora que está tendo possibilidade de crescimento, parece seguir caminho oposto e se minimizar, caminhando para uma missão que pode lhe levar a uma morte certa.

Dos erros notáveis, Stardivarius foi mais um episódio de adiamento. Já tivemos um preâmbulo dos Sussurradores em “Who Are You Now?” e me pergunto se era realmente necessário seguirmos na incógnita por mais um episódio inteiro. Tudo bem que a estreia dos antagonistas mais temidos dos quadrinhos é evento para um episódio de midseason, mas então que não tivessem os suscitado já no sexto episódio, deixando para os preambular diretamente no dessa semana.

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Tenho que elogiar Cudlitz como diretor, já que pela primeira vez vejo um jogo de câmeras bem executado e posicionamentos bastante enriquecedores. A forma como a câmera se movimentava nas cenas de tensões – principalmente na abertura do episódio – foi grande responsável por fazer o público sentir a angústia. Cudlitz que não é um diretor de profissão conseguiu superar e muito grande parte dos profissionais que já se envolveram com a franquia do mundo de Kirkman.

Carol visitou Daryl em Stradivarius.

Enfim, o episódio construiu uma história bastante coesa, despertou curiosidade no público e só pecou em acabar justamente no momento que mais interessava para a audiência, foi um modo de maquiar um cliffhanger para deixar para semana que vem o clímax dos eventos iniciados já ao fim do sexto episódio. Outra grande questão é: quando teremos revelada a história por detrás do “X” e da rixa entre as comunidades? Realmente irão nos deixar confusos em meio ao arco dos Sussurradores e nos revelarão só nos oito episódios finais da temporada? Não me decepcione Angela!

Embora tudo isso, The Walking Dead segue conseguindo suscitar nos fãs a ansiedade para a próxima semana, conquista da própria Kang nesse nono ano, já que tal sentimento era escasso desde a sexta temporada. Se continuar em tal ritmo, a série tem tudo para sobreviver muito bem sem um dos seus pulmões principais e seguir divertindo e entretendo seu público alvo.

E antes de acabar, deixo um aviso: Não ousem matar o Cão nessa midseason!

E você, o que achou do episódio? Qual sua teoria para a rixa entre as comunidades? Vote em nossa enquete e comente abaixo quanto a sua opinião.

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Carlos Knewitz

Gaúcho, nascido na primeira metade dos anos 90 e com memória fotográfica. Estudante de Direito e extremamente viciado em escrever. Aficionado pelos quadrinhos de Robert Kirkman, fã de The Walking Dead e Fear the Walking Dead. Apaixonado por Carol Peletier e Alicia Clark e, sucessivamente, por suas intérpretes.

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