Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do quarto episódio, S09E04 – “The Obliged”, da nona temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Você conhece aquela expressão “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”? Pois então, The Obliged, quarto episódio do nono ano de The Walking Dead reproduziu cordialmente o dito popular. Digo isso pelo fato do episódio inteiro ter sido trabalhado em cima de questões que já eram cobradas nas outras temporadas: finalmente vemos que Rick e Carol nutrem um respeito enorme um pelo outro; vimos o xerife e Daryl – que falou e se emocionou em cena – resolvendo suas diferenças e tivemos Michonne muito além de uma samurai de cara amarrada. Mas no final, todo esse carinho por parte dos roteiristas se transformou em uma gama de lágrimas quando pudemos enfim ter a ciência de que Rick estava tendo seus últimos momentos na história.
Carol e Rick constroem uma cena emocionante no inicio do episódio. Quando ele percebe que ela abandonará o acampamento junto com os residentes do Reino e diz que não acredita em uma mudança por parte dos Salvadores, ele confessa que ela sempre foi o seu termômetro de que as coisas estavam ou não dando certo. É repleta de emoção a cena justamente pelo fato de que ela significa não apenas aquele momento, mas as nove temporadas, junto com Daryl, os três são os últimos que estão desde o começo lutando lado a lado. Não sabemos filtrar se as lágrimas de Andrew Lincoln e Melissa McBride eram apenas parte do roteiro ou uma despedida solene entre familiares obrigados a se separarem.
Maggie segue sua jornada em busca de justiça e se prepara para adentrar Alexandria. Jesus percebe que ela fará se cumprir suas palavras do final do oitavo ano e tenta abrir seus olhos, mas ela é irredutível. A Maggie ponderada e racional dos últimos episódios foi tomada por alguém totalmente diversa daquilo. Será que ela conseguirá cumprir o seu plano, ou será impedida por outros eventos?
Enquanto tudo acontece, também somos expostos a nova vida de Michonne que dentro de suas tarefas está incumbida de cuidar de Judith, acompanhar as obras internas em Alexandria, resolver conflitos, projetar o desenvolvimento e, quando a insônia lhe alcança, matar walkers nas ruas. A cena finalmente nos revela que o sangue visto no braço dela no episódio anterior provavelmente venha daí.
É nessa temática que também somos levados a relação dela com Negan. quando ele estabelece uma espécie de greve de fome. Em primeira mão, a atitude do presidiário parece ser a de alguém disposto a estabelecer a implicância, mas, ao longo do desenvolver das cenas percebemos que na verdade ele está tentando apenas não ficar louco no silêncio e na escuridão de sua prisão. Uma conversa repleta de referência aos quadrinhos, que nos revela um pouco mais do que era Negan no pré-apocalipse, no mesmo modo que lida com questões importantes para Michonne. Foi bonito de ver a posição dela de assumir Carl e Judith como filhos dela tanto quanto Andre.
No Lixão, Anne trata Gabriel como Rick e Negan, o colocando perto da boca de um walker, mas desistindo logo em seguida. A cena levanta mais questionamentos sobre a trama da personagem e do helicóptero, já que vai contra a tudo aquilo que conseguimos teorizar sobre A e B. Aparentemente, Anne ia deixar que o walker mordesse Gabriel antes de lhe entregar para o helicóptero. O que isso significa? Qual os segredos escondidos nessa comunidade?
No acampamento, Carol reúne os objetos pertencentes aos moradores do Reino quando é surpreendida por Salvadores que lhe apontam um revólver. Sem pestanejar, ela lhes devolve o gesto e lhes coloca sob a mira de sua pistola. Jed, que confessa ter rendido Alden – a quem Peletier havia confiado a missão de guiá-los até o Santuário. Jed reduz Carol a uma mulher fraca que tenta se esconder atrás da figura de uma mulher dura. Coitado! Com um golpe só ela rende o Salvador e então a cena muda e, longe dali, acabamos ouvindo tiros.
E então chegamos ao único ponto que nos resta debater: a combinação Daryl e Rick e o desfecho dessa amizade. Quando Rick descobre que Maggie está partindo para Alexandria, ele se vê obrigado a abandonar o acampamento para, o quanto antes, chegar em sua casa. Daryl o observa de longe e lhe oferece uma carona de moto. O que o xerife não esperava é que a carona de Dixon se revelasse parte do plano da líder de Hilltop para mantê-lo afastado de Alexandria enquanto ela cumpria sua missão. Os dois se engalfinham e acabam despencando dentro de um grande poço.
Ali, impossibilitados de sair e distantes de qualquer ajuda de terceiros, os dois começam uma acalorada conversa. Mas no fim, aquilo que parecia uma disputa de ódio se torna em marcas de uma amizade profunda, de um amor incondicional que está disposto a entregar a si mesmo para a morte em favor do outro. Ao mesmo tempo que tudo isso acontece, é difícil ver Rick sendo contrariado por todos os seus. Uma das primeiras vezes que vemos o herói sem o apoio de nenhum de seus companheiros de estrada.
Os tiros dados no acampamento acabam atraindo walkers que começam a despencar para dentro do poço. Daryl e Rick conseguem escalar as paredes do local utilizando raízes para isso. No lado de fora, Rick vê uma imensa horda indo na direção das pessoas que trabalham na ponte e, se vê obrigado a desviá-la. E é liderando os walkers – sozinho, já que Daryl se incumbiu de descobrir o que estava havendo no acampamento – que ele acaba encurralado. O cavalo pinoteia e Rick despenca sobre um vergalhão que lhe traspassa o abdômen. O episódio termina com duas hordas chegando perto do herói desmaiado.
É óbvio que essa não é a morte de Rick, mas é o inicio dela. O herói das oito temporadas anteriores não irá morrer devorado por walkers enquanto se vê preso em destroços e empalado por uma barra de aço. Entretanto, a cena nos liga a caminhada do personagem para seu fim e é isso que choca. Todos nós sabíamos que ele partiria da trama, mas aparentemente a ideia ainda não fazia parte da aceitação total de nossas mentes e sermos confrontados com ela nos fez paralisar por alguns segundos. Há uma impotência da nossa parte que só percebemos agora. Rick está morrendo e nós não podemos fazer absolutamente nada para mudar isso.
Mas talvez esse não seja o inicio da morte de Rick. Talvez a morte de Rick seja uma sucessão de atos, seus e de terceiros desde o final da oitava temporada. A morte de Rick só acontecerá porque ele decidiu poupar Negan. A despedida dele só virá à tona porque Maggie e Daryl resolveram problematizar seus planos. Só veremos o desfecho do personagem porque os Salvadores não entenderam o que ele estava tentando fazer por eles. E assim, num somatório de ações e omissões, somos levados à marcha de Rick para a morte.
Tivemos momentos nesse episódio que ficaram confusos entre atuação e realidade. Os olhos cheios de lágrimas de Andrew e Melissa, bem como os de Norman quando seu personagem olha para Rick e diz “se cuide” jamais nos darão certeza se aquilo era parte do roteiro ou uma ação involuntária de corações humanos que trabalham juntos desde o inicio e deixaram a emoção pessoal transpassar frente às câmeras. As palavras dita por cada um dos três últimos sobreviventes da primeira temporada na série foram ambíguas. É como se a audiência pudesse ver um pouco de Andrew, Norman e Melissa fora de seus personagens.
Possuímos, até onde notei, um único desleixo de roteiro nessa vez. Como Jed e os Salvadores descobriram que eram as mulheres de Oceanside que estavam matando seus companheiros? Ninguém além de Daryl e Maggie sabiam dos fatos, os dois não haviam contado para ninguém até então. De onde (ou como) eles chegaram a conclusão de que elas foram as responsáveis?
A cena final do episódio é uma homenagem clássica ao piloto da série, quando Rick é encurralado em duas vias por walkers e seu cavalo, agitado, acaba o derrubando no chão. A diferença é que ao invés de haver um tanque de guerra para ele se esconder embaixo, ele acaba sendo empalado pelo vergão. A citação de Daryl, relembrando o momento em que Rick é salvo por Glenn em Atlanta também traz uma nostalgia de toda a trajetória.
Quando Negan conversa com Michonne, ele a interpela contando a verdadeira história de Lucille, sua esposa, que morreu com câncer antes de tudo começar. A convergência de os dois estarem ali conversando é totalmente paralela a história que se desenrola com Rick, longe dali. Negan tenta convencer Michonne que talvez ela seja igual a ele. Será que veremos Michonne se perdendo e deixando de lado a fome pelo futuro após a partida de Rick?
Enfim, esse episódio é mais uma prova de que não precisamos ir muito longe para termos bons – e tristes – momentos em The Walking Dead. The Obliged é um episódio focado em pequenos enredos, mas consegue ser orgânico e fluir para um ponto em comum, atando as histórias. A fórmula de Angela tem dado certo, passo por passo ela constrói uma história bem fundamentada. Teremos que ver como será o desfecho de Rick na próxima semana para concluirmos se a história terá condições de seguir sem o seu herói principal.
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