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REVIEW THE WALKING DEAD S08E14 – “Still Gotta Mean Something”: Palavras ainda tem algum valor?

Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo quarto episódio, S08E14 – “Still Gotta Mean Something” (Ainda tem que significar algo), da oitava temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!

Fazia um bom tempo que eu não tinha tantos sentimentos por um episódio. A segunda metade da temporada tem sido um mar de referências as temporadas passadas, que se encaixam em minuciosas cenas em forma de homenagem a personagens deixados para trás ou a momentos vividos pelos nossos “heróis”. Contudo, esse episódio foi construído sobre os marcos da linha temporal de The Walking Dead, senão, vejamos mais em frente.

Finalmente descobrimos um pouco mais de Jadis. O episódio começa trazendo entendimento sobre como ela pôde sobreviver à investida de Simon. Eu já havia falado isso antes em outra review, mas Jadis talvez seja uma personagem subestimada pela audiência, dado sua posição de vilania inicial. No quesito sobrevivência ela realmente é inteligente e rápida na forma de pensar. Passando-se por morta, a líder do extinto grupo do lixão é poupada de forma não intencional pelos Salvadores. A cena mixa entre passado – momentos antes de Rick e Michonne a verem pela última vez – e presente. Uma das coisas que mais atiçou minha curiosidade foi o quarto de Jadis. Um lugar limpo e de padrão elevado para um apocalipse zumbi, levando-se ainda mais em consideração o fato de estar localizado dentro de um lixão. Algo de muito misterioso prende Jadis a um enredo mais elevado do que pensávamos.

Nada ficou mais bonito em tela do que a rainha da sucata empunhando Lucille. O taco de Negan deu uma imponência grandiosa à personagem. Aliás, eu preciso deixar registrado um elogio à atuação de Pollyanna McIntosh que está conseguindo multifacetar muito bem Jadis. Em poucos episódios ela se alterou de uma personagem rasa e sem falas coesas para alguém com profundidade e lotada de sentimentos.

Sua relação com Negan foi um dos pontos chaves do episódio. A forma como os dois dialogam entre o silêncio dela e as inúmeras palavras dele para tentar se livrar de um destino final trouxeram um peso grandioso à trama. Negan consegue um acordo com a negociadora Jadis sem que ela perceba. Aliás, ele é astuto nesse ponto. O vilão sabe que ela é uma negociadora nata e usa como artificio para se livrar da morte iminente um acordo: suas fotos intactas e uma promessa de vingar o que foi feito com ela.

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Negan por uma das poucas vezes é totalmente aberto nesse episódio. Ele finalmente revela quem é Lucille de verdade e porque um taco de baseball tem tanta sua atenção. A profundidade estudada para o grande rival de Rick nessa semana mais uma vez sintoniza com as palavras de Carl: não há vilão no apocalipse zumbi, assim como não existem heróis. Apenas existem lados que lutam por interesses próprios num coletivo, mas que – conforme Carl – podem muito bem convergir a uma unidade a fim do bem de todos.

Negan é liberado por Jadis, mas não antes de atiçar mais ainda nossa curiosidade. Sim, o grande astro voltou mais uma vez. Novamente ao céu surge o helicóptero que já vem sendo demonstrado oportunamente na trama. Cada vez fica mais evidente a ligação de Jadis com quem quer que seja dentro daquele helicóptero e de onde ele vem. Contudo, ela infelizmente não revela ao antagonista o que aquilo significa. O que será que Jadis esconde?

Quando Negan já está na rua, aparentemente ele tem um encontro surpreendente. Os redatores escolheram nos esconder quem seria a pessoa em questão, mas pela forma como ele reage, trata-se de um(a) velho(a) conhecido(a). Se eu tivesse que apostar todas as minhas fichas, apostaria em Laura. Por quê? Negan já está ciente sobre Simon e agora está na hora de descobrir sobre Dwight. E tudo se confirma quando ele pede para que ninguém saiba que ele está vivo quando retorna ao Santuário. O portador oficial de Lucille têm surpresas desagradáveis para fazer aos seus capangas infiéis.

Abandonemos o laço Negan e Jadis e migremos para Hilltop. Enquanto Carol leva uma prensa de Ezekiel sobre a sua ausência de esperança quanto à vida de Henry (aliás, eu apenas não entendi porque o Rei cobra dela responsabilidades sobre o garoto, sendo que ele poderia muito bem ter se dedicado a procura-lo se tanto lhe importa), Rick e Morgan possuem planejamentos semelhantes: encontrarem os prisioneiros fugitivos.

Morgan procura vingança por Benjamin e por Henry. O que lhe move é o desejo por sangue. Doutro lado, Rick parece simplesmente querer resolver seus conflitos internos e mal resolvidos com Negan, prova disso é que ele veste o casaco do Leon de Resident Evil e todos nós sabemos que quando isso acontece, sangue correrá.

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A dupla Rick e Morgan está de volta a ativa e os dois do mesmo lado no pensamento por exterminar os inimigos. O que poderia dar errado, não é mesmo? O descuido de ambos que acabam sendo capturados pelos Salvadores fugitivos.

Nas mãos dos Salvadores, tudo está contra Rick e Morgan. Até que o xerife consegue alimentar uma divisão entre os inimigos prometendo disposição médica aos feridos e residência em Hilltop, uma vez que Simon já os havia descartado dos Salvadores. Aliás, aqui existe uma referência legal sobre a posição dúbia de Rick. Quando ele faz a promessa, diz “O que vale mais que a palavra de um homem?”, frase imediatamente igual ao episódio em que Rick e Daryl encontram Morales. Nesse episódio em questão, Rick e Daryl estão na mira de um Salvador. Rick então lhe promete suprimentos e o carro se ele deixa-los irem embora. Quando o Salvador o questiona no quão confiável isso seria, Rick fala “Afinal, o que vale mais que a palavra de um homem?”. Com o trato feito, o Salvador finalmente os tira de mira, mas imediatamente Daryl dispara contra ele, deixando Rick desconfortável com a situação. Algo semelhante com esse episódio.

Quando Rick cita suas próprias palavras, ele rebusca a ação de Daryl e já premedita o que irá fazer com os fugitivos. Com uma horda enorme invadindo o local de refúgio deles, Rick e Morgan são soltos para ajuda-los, mas os dois acabam por facilitar a ação dos walkers e exterminar com o grupo de ex-prisioneiros. Essa cena causou alvoroço nas redes sociais, havendo muitas acusações contra Rick. Mais uma vez eu repito que isso tudo se encaixa no que Carl tanto fala, não há lado bom e ruim num mundo apocalíptico e essa temporada tem tentado desmistificar tudo isso. Várias vezes vemos Negan sendo um bom homem e considerar os sentimentos humanos, enquanto que várias vezes vemos Rick sendo totalmente insensível. Entretanto, é necessário um adendo sobre essa situação: quando Daryl matou o Salvador que tratava com Rick, os fãs acharam maravilhosa sua ação. Então, o que os diferencia nesse mesmo ponto e mesma forma de agir?

A cena entre os dois termina com Rick questionando Morgan de o porquê dele o ter salvado lá no inicio. Morgan tenta desviar da pergunta, mas Rick insiste. Por fim, Morgan deixa evidente que a única coisa que o fez ser bom com Rick foi o fato de Duane ter lhe pedido. Ou seja, Rick só está vivo porque Morgan honrou os desejos do filho. Rick se depara com um espelho e se vê. Resta-lhe o questionamento: eu tenho honrado o desejo de meu filho?

Em Carol está grande essência do episódio e mais uma vez – quando achamos que ela talvez já tenha sido uma personagem muito explorada – ela cresce. Carol sempre possuiu tramas ligadas às crianças. De uma forma ou de outra, ela sempre estava enlaçada com a infância. Carol é uma mãe nata e a morte de Sophia não a fez deixar de ser mãe, quando se é mãe, se é pra sempre. E aí está um grande centro desse episódio: lidar com sentimentos obscuros em Carol não tratados desde a morte de Sophia.

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Quando ela sai com Morgan, demonstra ter o intuito de estar com ele para evitar que algo lhe aconteça. Mas de fato, mesmo que a todo tempo tente comprovar o contrário, Carol está ali porque precisa de uma resposta sobre ela mesma e sobre Henry. Morgan repete no mínimo três vezes que Carol é diferente dele e ela existe para salvar pessoas. O quão maternal isso é? Carol pode tentar apagar esse seu instinto, mas ele acaba sendo preponderante sobre todos os outros e é ele que a mantém viva e mantém todos os que ela ama vivos.

Melissa McBride como de costume não vem para os episódios para passar despercebida e novamente dá show de interpretação. Seu olhar de desespero ao tentar convencer Morgan que eles precisam procurar pelo pequeno irmão de Benjamin toca o mais profundo sentimento.

Na busca solitária pelo garoto, Carol o ouve gritar e então vem à cena que talvez mais tenha me arrepiado em toda The Walking Dead: Henry preso num pequeno abrigo nas raízes de uma árvore na margem de um rio. A cena repete a morte de Sophia que foi deixada num local idêntico por Rick enquanto ele dava fim em alguns walkers. A garota nunca mais foi vista viva depois dali.
Dessa vez Carol é capaz de salvá-lo. Ela não é mais a frágil mãe de Sophia. Ela é destemida e não depende de Rick para salvar sua prole. O mais chocante disso tudo é quando você compara os sobrenomes dos atores de Henry e Sophia: Lintz. Exatamente. Os atores são irmãos na vida real e isso enriquece ainda mais a relação de Carol com Henry.

Carol finalmente assume sua posição de mãe. E quando se desculpa com Henry, está também se desculpando com Sophia. Ela se sentia culpada até hoje pelo ocorrido com a filha. Ela acredita que por ter sido frágil até ali, Sophia morreu. Carol assume que entende que Sophia não dependia de Rick ou qualquer outro do grupo. Sophia dependia de uma mãe que talvez tenha falhado em ser forte no momento que houve necessidade.

Carol com toda a certeza é o personagem mais rico de toda a trama. Quando se acredita que ela já tenha crescido o máximo possível, ela é capaz de se desenvolver mais. Todos os seus mistos de sentimento trazem grandeza para a história e talvez seja compreensível a adoração que Kirkman tenha pela personagem. No meio de tantos desperdícios que tivemos até hoje, Carol foi à personagem mais bem aproveitada e estruturada.

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Por fim, temo que deva comentar sobre Daryl. Tudo indica que após perder sua companheira de realizar atos inconsequentes, Tara, ele irá buscar em Rosita uma companhia. Até Tara conseguiu amadurecer, mas Daryl não. E está lá, prestes a cometer um – ou mais um – ato impensado ao lado de Espinosa. Todas as vezes que Daryl agiu por conta própria nos últimos tempos, se arrependeu e ocasionou grande problema para o grupo. Vamos torcer pra que ele acerte ao menos dessa vez.

Enfim. Comente abaixo o que você achou desse episódio e suas expectativa para o término dessa temporada.

SUA OPINIÃO SOBRE O EPISÓDIO:

The Walking Dead vai ao ar todo domingo, legendado, às 22h30 e toda segunda-feira, dublado, às 22h30, na Fox.

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Carlos Knewitz

Gaúcho, nascido na primeira metade dos anos 90 e com memória fotográfica. Estudante de Direito e extremamente viciado em escrever. Aficionado pelos quadrinhos de Robert Kirkman, fã de The Walking Dead e Fear the Walking Dead. Apaixonado por Carol Peletier e Alicia Clark e, sucessivamente, por suas intérpretes.

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