ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do décimo terceiro episódio da sexta temporada de The Walking Dead, S06E13 – “The Same Boat” (O Mesmo Barco). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.
The Walking Dead utilizou a captura de Maggie e Carol pelos Salvadores para explorar o que o mundo pós apocalíptico pode ser para as mulheres durante o episódio “feminino” do último domingo.
O raptor de Carol (Melissa McBride) e Maggie (Lauren Cohan) foi revelado como sendo a Salvadora durona chamada Paula (interpretada por Alicia Witt, em uma participação especial inesquecível) – que essencialmente serviu para espelhar a personagem de Carol, ainda que inconscientemente. Ameaçada e amordaçada por Paula e outras duas Salvadoras, Carol se transforma em um camaleão novamente – desta vez se tornando uma mulher obstinadamente religiosa, que consegue fazer com que todos acreditem que ela seja incapaz de se proteger neste mundo. Ela manipula os Salvadores segurando as contas de um rosário – abrindo The Walking Dead para mais uma análise da religião. Por fim, Carol usa o rosário para se libertar, resgatar Maggie e, juntas, matar as três Salvadoras e fugir da área do matadouro abandonado.
O episódio termina com Maggie reencontrando Glenn (Steven Yeun) e confessando que “ela não consegue mais”, enquanto Carol admite a Daryl (Norman Reedus) que ela não está bem. A experiência parece ter deixado Maggie e Carol fora de ação, enquanto elas contabilizam o número de vidas humanas que elas tiraram neste novo mundo, à medida em que a grande batalha contra os Salvadores se aproxima. A história é parte de um tema maior que o showrunner Scott M. Gimple está explorando na sexta temporada: o preço de se ter poder e sobreviver neste novo mundo.
Aqui, McBride fala com o Hollywood Reporter a respeito deste episódio centrado nas mulheres, o peso sobre os ombros de Carol e como a religião tem um papel definido para a personagem.
THR: A segunda metade desta temporada foi sobre as responsabilidades de quem tem poder neste mundo. Carol estaria se dando por conta do peso de tudo o que ela precisou fazer para sobreviver?
Melissa McBride: Sim. Ela carregou este peso consigo o tempo todo. Não é uma novidade; é apenas trazer a superfície o que ela deliberadamente empurrou para longe para conseguir fazer o que era necessário. A experiência do ataque dos Lobos, o ponto de vista de Morgan (Lennie James) sobre não matar e Denise (Merritt Wever) com o Lobo – além de Sam, Sophia, Lizzie – ela está ainda guardando tudo isso para si. Apesar do perdão de Tyreese por ter matado Karen e David ter sido algo muito importante para ela, e a compreensão de que o que aconteceu com Lizzie, o fato de ela ter conseguido compartilhar isso com outro ser humano foi algo muito importante, mas agora ele morreu e ela precisa carregar isso sozinha. Manter aquela lista, fazer a contagem e pensar em cada uma das circunstâncias em que aquilo aconteceu – ela lembrar de tudo isso é muito significativo. Ela carregou tudo consigo e agora parece que tudo entrou em ebulição. Agora ela precisa encarar.
THR: Carol efetivamente identificou-se com a versão dela mesmo sob a forma da Paula de Alicia Witts — que, aparentemente, perdeu a sua consciência. O que ela tirou deste encontro? Paula era uma forte lutadora, escolada em brigar neste mundo, mas sem recursos. Carol tem medo de se tornar parecida com Paula?
Melissa McBride: Sim, ela pensa que está sendo levada a isso. Carol é uma pessoa com consciência, e tem tudo isso com ela. Para refletir a respeito do que Morgan diz e o ponto de vista dela, isso a torna aquilo que Carol disse a Sam – “A única maneira que você tem para evitar se tornar um monstro é matar.”- e ela se sente um monstro. Para Carol, se ela não gostar deste sentimento, ela irá colocar uma máscara e evitar sentir-se assim. Neste ponto, sim, isso é tudo a respeito de evitar se transformar no cara mau. Eu amo aquela cena com a Maggie em que o Salvador diz “você não é o mocinho.” Aquilo foi pesado. Foi tipo “como isso aconteceu?”
THR: Carol se tornou a mestre dos disfarces e usou isso em seu favor tanto ao chegarem em Alexandria e aqui novamente. Será a última vez que veremos isso?
Melissa McBride: (Risos) Ainda há muita história para contar.
THR: No final deste episódio, Carol está se agarrando com tanta força ao rosário que a sua mão está sangrando. É parte da conversão religiosa dela, numa tentativa de lidar com estas coisas que ela precisa fazer?
Melissa McBride: Isso é algo que eu amo neste episódio. Acaba levantando várias questões por causa desta linha que separa a verdadeira Carol do que é ficção. Há uma fala de Paula, em que ela diz “você realmente acredita nessa porcaria?” E Carol olha para ela, com lágrimas nos olhos, e diz “Minha fé me trouxe de volta da morte de minha filha Sophia”. Eu acho que aquelas foram lágrimas de arrependimento, porque aquele momento foi quando ela perdeu a sua fé. Há tanto simbolismo naquele rosário aparecendo quando ele apareceu e da maneira como apareceu – que ela tenha conseguido usá-lo para escapar em mais de um sentido, talvez. Mas há uma parte dela que é arrependimento. Foi uma redenção? Agora é hora de morrer? Há mais perguntas do que respostas. Mas há ainda muita história a ser contada.
THR: Carol diz a Daryl que não está bem. Eles irão compartilhar deste sentimento ou a briga contra os Salvadores é um fardo muito pesado para que eles pensem nisso agora? O momento não poderia ser pior.
Melissa McBride: Há muito por vir. Carol e Daryl irão conversar novamente. Isso é algo bastante apaixonante em se interpretar este personagem – mesmo diante da luta, Carol está tentando fazer o que é certo, encontrar a verdade. Mas o que é a verdade? Em face de não saber o que é certo, Carol está fazendo o que ela precisa fazer e está consciente destes sentimentos.
THR: Carol e Maggie estão em um mesmo momento – e se deram por conta de que elas não conseguem mais ser assim. O que acontecerá daqui por diante? Elas poderão continuar lutando?
Melissa McBride: Esta é a história que contaremos. Teremos que ver.
THR: Em Alexandria, Carol está engatilhando um romance com Tobin (Jason Douglas), que parece ter saído do nada…
Melissa McBride: Foi surpreendente! Eu fiquei surpresa quando li o roteiro, mas eu entendo. Carol gostou de conhecê-lo melhor. Com a luta de Carol contra tudo o que está acontecendo, para alguém como Tobin – que é doce, gentil e diferente de todos do grupo de Rick – é mais fácil para ela sentir-se de uma certa maneira a respeito de si e tirar a pele de monstro. Sabendo que eles terão que sair e lutar no dia seguinte, aquele beijo foi doce. Por outro lado, nós não vimos Carol e Daryl juntos muitas vezes nesta temporada. Então, para Carol vestir aquela máscara e não sentir-se daquela maneira, a separação foi necessária. E ela não se sentiria confortável com Daryl vendo-a daquele jeito – é esquisito para ele vê-la usando suéteres e assando biscoitos. Cada um está lidando com suas próprias coisas.
THR: Este foi um episódio quase todo de mulheres. Coloca os holofotes nas várias maneiras como elas se adaptaram neste novo mundo. Como foi filmá-lo?
Melissa McBride: Foi incrível. Filmamos todos em cenários confinados naquele espaço, e eu realmente queria sair da li de vez em quando. Mas foi excelente trabalhar com estas mulheres. Eu fiquei tão feliz por finalmente ter tempo de cena com Lauren Cohan, e a Alicia Witt é hilária; nós rimos um bocado. Alguém me perguntou o que eu acharia se Paula e Michelle fossem homens – que tipo de episódio teria sido? E teria sido completamente diferente. Não daria para fazê-lo, na verdade. Foi um episódio incrível, e vê-las lutando, e também defendendo umas às outras. Paula atingindo seu namorado Donny na cabeça para “apagá-lo” quando ele chutava Carol – eu não sei o quão ligadas uma na outra Paula e Carol estavam quando elas estavam defendendo uma à outra, e ao mesmo tempo ainda tentando dizer “ei, o inimigo é você!”
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Fonte: Hollywood Reporter
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