ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do décimo terceiro episódio da sexta temporada de The Walking Dead, S06E13 – “The Same Boat” (O Mesmo Barco). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.
Ela era capaz. Estava confiante. Era esperta, durona e cruel. Mas tudo isso não a ajudou muito quando ela foi colocada contra Carol e Maggie.
Conhecemos Paula dos Salvadores no último domingo, quando ela levou as duas cativas. No entanto, no fim, Carol e Maggie viraram o jogo, e Paula não apenas teve seu grupo inteiro morto, mas foi baleada, empalada e teve o rosto comido por um zumbi. (Jeito brutal de ir.)
A Entertainment Weekly conversou com Alicia Witt, que interpretou Paula, sobre dar vida a uma vilã feminina, totalmente não-clarificada, numa posição de poder no show. Ela também contou sobre o que não vimos, incluindo uma mordaça zumbi que deu errado durante a cena da sua grande morte.
ENTERTAINMENT WEEKLY: Então eu acho que esse é o tipo de situação oi/tchau, em termos do seu tempo em The Walking Dead?
ALICIA WITT: É sim, mas eu sou uma grande fã do show desde o início, e estive esperando pra fazer qualquer coisa nele, tipo um pequeno papel. Quando eu consegui esse papel, eu não tinha ideia o que eu iria interpretar, se seriam uma ou duas cenas ou sei lá. E tudo surgiu porque [showrunner] Scott Gimple entrou em contato comigo pelo Twitter. Ele ouviu um podcast que participei falando sobre minha música, e ele entrou em contato e disse que ele tinha ouvido, e eu estava tipo, “wow, isso é adorável, porque sou uma fã sua!” E uma semana depois, essa audição surgiu para um papel que não era a Paula. Era uma mulher que estava roubando um banco, e não tinha nada a ver com o apocalipse, ou zumbis, ou qualquer coisa tipo.
E então eu descobri na noite seguinte enquanto estava jantando que eu iria pegar um avião para Geórgia na manhã seguinte, ainda sem script, sem ideia do que estaria fazendo. Então eu estava literalmente entrando no avião quando recebi esse script, e não era apenas um papel de arrebentar, mas também contracenava com minha atriz favorita no show, a Melissa, e eu estou apenas tão feliz que eu tive a oportunidade. Foi uma das melhores experiências que tive na vida.
Para uma personagem que durou apenas um episódio, você teve uma história de fundo bem completa para recorrer, como vemos Paula contando sua história sobre ser uma secretária presa ao trabalho quando o apocalipse aconteceu, separada de sua família, e como seu chefe foi a primeira pessoa que ela matou. Deve ter sido útil ter todos esses espaços preenchidos.
Alicia Witt: Eu a acho uma personagem muito difícil de abalar no final do dia porque, como você disse, sou eu falando e falando e falando em toda cena. Então eu termino um dia muito intenso no trabalho, vou pra casa, pego um tailandês pra viagem, caio na cama, e trabalho nas cenas do dia seguinte, acordo às 5h da manhã e repito, entende?
Foi interessante. Assim que a cena final foi filmada – aquele último dia onde eu fui mordida e morri – eu senti como se ela tivesse me deixado lá completamente. Não restou nenhum rastro dela, mas eu acho que isso é parcialmente porque a experiência de estar no lugar dela foi tudo tão abrangente, em grande parte graças a incrível escrita do show.
Paula tem aquela cena em que ela diz a Carol, “Eu não sou como você. Eu ainda sou eu, mas melhor. Eu perdi tudo e isso me fez mais forte.” Nós vimos alguns exemplos disso antes, onde certas pessoas são bem sucedidas no apocalipse de modos horríveis, porque eles usam como uma forma de adquirir poder que não seria deles de outra forma. Paula foi assim?
Alicia Witt: Sim, eu acho que essa é uma das maiores diferenças entre Paula e Carol, e Paula descobre isso no final. Eu tenho uma teoria que a Carol realmente entrou na cabeça dela. Digo, foi por isso que ela acabou falando tanto, porque, porque ela falaria? Digo, parcialmente, é porque ela está realmente orgulhosa do que ela conseguiu, e ela quer deixar essa mulher patética que está chorando e se tremendo no canto com o crucifixo, saber que esse é o jeito que as coisas são realmente feitas agora. Mas havia algo a mais acontecendo também. É como se alguma coisa a estivesse comendo por dentro sobre essa mulher, e ela não conseguia dizer o que era.
E então, naquele momento final, ela ficou tipo, “Oh, você era ela, mas não é. Você sou eu na verdade.” Eu acho que ela não se sente muito como a regra, contudo. É como se essa fosse a grande diferença e o porque nós torcemos por Rick e o grupo no show e o porquê exista tanta humanidade nessa situação sombria, é pelo grupo que ele montou. Eles têm um coração imenso, e eles se importam, e eles não querem matar outras pessoas, e eu acho que Paula processou a perda do marido e das quatro filhas como “F— o mundo. Eu vou mostrar a eles do que realmente sou feita, porque nada mais me restou.”
Eu adoro quando um dos seus colegas Salvadores diz pra Maggie e Carol “Vocês não são os caras bons. Vocês deveriam saber disso.” Você acha que Paula se vê como boa, ruim, ou não existe mais bom e ruim?
Alicia Witt: Eu acho que ela meio que manifestou esse dia apocalíptico e era como: o modo como você é uma heroína é você parar de sentir, e encontrar um jeito de fazer as coisas se resolverem para você. Isso faz de você o cara bom. Se essas pessoas querem viver, elas precisam jogar pelas regras que nós cuidadosamente estabelecemos.
Existem algumas coisas que filmamos que não apareceram no show, mas eu achei muito interessante como espectadora que nós não sabemos necessariamente a reação de Paula, se ela sabe com certeza que todos no complexo estão mortos. Eu acho que ela assume que eles estão, mas nós tínhamos uma fala originalmente onde ela reconhece que não tem sinal de mais ninguém, ou então eles mataram todos.
Além de, talvez, Dawn do hospital, nós não tivemos muitas vilãs femininas em posição de poder no show. Nós tivemos o Governador, que era homem. Tivemos Gareth em Terminus, também homem. Tivemos o líder dos Lobos, que era homem. E nos quadrinhos, nenhum dos Salvadores em posição de poder são mulheres. Então Paula realmente foi diferente nesse sentido.
Alicia Witt: Eu pensei que, a essa altura no show, o personagem que ela mais lembra foi o Governador. Eu acho que ela gostaria dele. Ela se daria bem com ele. Mas, é claro, vocês ainda não conheceram o Negan. Mas com esse episódio, é o fim do meu conhecimento do show. E eu não quero saber. Eu não quero que ninguém me diga o que vai acontecer porque esse é um daqueles shows que te aterrorizam e te encanta. É louco.
Então eu não posso esperar para conhecer Negan, e uma coisa que eu sei por ter conversado brevemente com o Sr. Gimple antes de filmar essa personagem, é que ela não é uma das esposas de Negan, como eu vi que foi altamente discutido online. Mas ela definitivamente trabalha pra ele de alguma forma. É como se eles tivessem essas pequenas facções de pessoas, e então ela é líder do grupo dela, mas eles definitivamente reportam a Negan.
Você também disse minha frase favorita no episódio, quando diz, “Ele está com dor. Homens não sabem lidar com dor.” E como homem, deixe-me dizer, Alicia, isso é tão verdade.
Alicia Witt: [Risos] Eu amei aquela fala porque, como mulher que esteve em relacionamentos com homens, eu definitivamente posso confirmar isso. Você tem uma mulher que faz uma cirurgia no dente e um homem que faz cirurgia no dente, são dois tipos completamente diferentes de período de recuperação, por exemplo… Eu achei essa uma fala brilhante.
Você disse antes que você estava super animada em trabalhar com a Melissa, sua atriz predileta no show. Como foi quando você chegou lá e vocês duas fizeram essas cenas super intensas juntas?
Alicia Witt: Eu não posso nem descrever o sonho que foi. Digo, ela é uma daquelas atrizes que coloco na mesma categoria de Joan Allen e Al Pacino, com quem fui extremamente sortuda em poder trabalhar. Ela está lá junto com eles em termos de fazer você se perder na cena. É por isso que ela tem uma química tão incrível com todo mundo que ela contracena, porque você não sabe dizer se ela está interpretando, porque ela não está. Ela é apenas Carol quando está fazendo aquele papel, e quando alguém faz isso tão sem esforço na pele do personagem, você também tem que estar.
Você não pode evitar. Você é atraído aquilo, e eu achei uma das experiências mais satisfatórias que eu tive na minha vida como atriz, poder fazer aquilo com ela e poder interagir no nível que interagimos. E então, fora isso, a hora do almoço chega, e nós duas todos os dias no almoço ríamos de chorar. Lágrimas saindo dos meus olhos de tanto rir a qualquer m— aleatória que estava acontecendo.
Eu acho que isso é mais provável de acontecer bastante no set porque você trabalha sobre circunstâncias tão sombrias. Não existe muita leveza pra se encontrar quando você está gravando, mas ela é uma das pessoas mais engraçadas que eu conheci na vida, e nós apenas nos divertimos absolutamente na hora do almoço e em todos esses outros momentos aleatórios. É como se você encontrasse leveza onde pode, e sem isso, eu acho que seria ainda mais sombrio do que é fazer essas coisas, mas o intervalo de almoço traz uma alegria imensa de um ponto de vista feliz e leve também.
Então, como foi ser empalada e ter seu rosto comido por um walker?
Alicia Witt: Eu tive que ir naquele grande e chique trailer de maquiagem dos efeitos especiais, e eles me equiparam, e esse foi o único desapontamento do show: é o último dia. Nós filmamos a grande cena, gravando a morte e as cenas que levam ao empalamento, e aquilo foi muito intenso, muito emocionante de se fazer para todo mundo. E então eu fui para o trailer, e eles me equiparam, e a mordida no rosto era pra ser a precursora dessa coisa incrível que eles colocaram no meu pescoço.
Eles tinham a bomba e tudo, e os rapazes estavam atrás de mim, e levaram horas para colocar aquela coisa incrível no meu pescoço, mas você não conseguia ver com toda a maquiagem e as camadas que eles fizeram por cima. Eu estava trabalhando com um dos walkers mais experientes em mordida, e ele estava usando o próprio dente para rasgar o látex.
Então ele mordeu meu rosto, e então ele deveria morder meu pescoço, e o sangue espirrou em todo lugar, mas não funcionou. Acontece algumas vezes, eu acho, mas é claro que eu não conseguia ver porque eu estava gritando e gritando, e eu não consigo ver nada, e estou tipo, “P— m—, esse cara vai morder meu pescoço agora com o dente de verdade.” E eu estava banhada em sangue. Tipo, estou falando em galões de sangue nas minhas calças, nas minhas botas e na minha camisa.
Estava ensopada e encharcada com sangue, e então nós terminamos, e eles falam. “Bom, não funcionou muito bem.” Mas o rosto ficou bom, e obviamente, eles tinham apenas uma chance naquilo. Essa foi minha cena final, e a Melissa estava lá, e eu encharcada de sangue, e nós meio que olhamos uma pra outra. E ficamos tipo, “Hum, abraços?” Tivemos que nos dar abraços falsos porque eu estava ensopada quando sai de lá, e me levou uma hora pra limpar o sangue de lugares que eu nem sabia que existiam.
Creme de barbear é bom pra isso. Foi o que me deram quando eu fui um zumbi. Eles me deram creme de barbear para tirar toda a maquiagem e o sangue.
Alicia Witt: Me deram creme de barbear também! Me mandaram pra casa com isso.
Bom, nós não vimos o pescoço, e isso é decepcionante. Mas a mordida no rosto foi incrível, porque você vê a pele lentamente saindo do seu rosto.
Alicia Witt: É, isso foi bem legal. Eu fiquei tipo, se eu tiver que morrer depois um episódio em The Walking Dead, é melhor ser uma morte épica, e foi.
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Fonte: Entertainment Weekly
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