ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do nono episódio da sexta temporada de The Walking Dead, S06E09 – “No Way Out” (Sem Saída). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.
A sexta temporada de The Walking Dead retornou no último domingo com muito drama, arrepios na espinha e choques que a maioria das séries deixaria pra um final de temporada. De volta para a segunda parte de sua sexta temporada, a série de sucesso da AMC finalmente soltou uma das reviravoltas mais angustiantes vinda dos quadrinhos de Robert Kirkman em que a série se baseia – e não estamos falando sobre a chegada de Negan (interpretado por Jeffrey Dean Morgan) com seu taco de basebol enrolado com arame farpado.
Com resultados explosivos e com grande custo, o diretor do episódio “No Way Out”, Greg Nicotero, começou o episódio na continuação da cena pós-créditos do episódio 8, quando a gangue de Negan ameaça Daryl, Abraham e Sasha, que quase não conseguem escapar da morte. O núcleo de sobreviventes continua espalhado, mas Rick Grimes, alguns de seu grupo e uns residentes de Alexandria tentaram sem sucesso ultrapassar uma horda de zumbis que invadiram o já sujo santuário.
Entre a morte de personagens como Jessie, seu filho Sam e o armado Ron, um enredo conhecido pelos fãs dos quadrinhos veio às telas nesse domingo com o tiro quase fatal no rosto de Carl Grimes. Ao mesmo tempo, Glenn e a desobediente Enid tentavam salvar Maggie do muro da fortaleza suburbana que estava quase desmoronando e cercado por walkers famintos, enquanto Carol confrontava Morgan sobre sua escolha de poupar o membro capturado dos Lobos que agora tinha escapado. Sendo The Walking Dead, tudo terminou com desgosto, muito sangue, vários perigos eminentes e um aperto de mão de esperança com o Carl desfigurado que foi salvo pela médica em formação, Denise Cloyd, interpretada pela atriz Merritt Wever de “Nurse Jackie”.
Atualmente produzindo a segunda temporada de 15 episódios da série paralela, Fear the Walking Dead, na península do México, a produtora executiva Gale Anne Hurd falou sobre esse episódio brutal. Olhando como o maior drama da TV chegou até aqui, a mulher de poucas palavras também deu uma luz do que pode acontecer com os Grimes e os outros em uma temporada que claramente ainda não enfrentou cara a cara seu maior inimigo até agora.
DEADLINE: O tiro em Carl e sua perda de um olho tem sido uma reviravolta icônica e crítica nos quadrinhos, por que demorou tanto para acontecer na série?
Gale Anne Hurd: Acho que os leitores dos quadrinhos sempre esperam pelos momentos icônicos. Momentos como o Carl perdendo seu olho, a introdução de Negan, você escolhe. Mas ao mesmo tempo, não gostamos de fazer as coisas muito rápidas em detrimento ao personagem. Acho que vamos construindo esses momentos para termos oportunidades de conhecer mais dos personagens. Assim, temos um enorme elenco e queremos ter certeza que todos eles tenham histórias que contemplem totalmente suas características.
DEADLINE: Tendo Ron como atirador na série ao invés do líder de Alexandria, Douglas, como nos quadrinhos, e tendo Michonne tentando proteger Carl fazendo com que Ron acidentalmente apertasse o gatilho, que tipo de reação você espera dos fãs?
Gale Anne Hurd: Eles sabem e você sabe que eventualmente fazemos as coisas um pouco diferente dos quadrinhos. Digo, fazemos coisas similares, como o Carl levando um tiro. Mas foi um daqueles momentos, porque muita coisa está acontecendo, não é só Carl levando um tiro no olho, é Sam sendo morto, não é só Jessie sendo mordida, mas Rick arrancando seu braço porque está prendendo Carl. Você não consegue ter um drama maior do que tudo que está acontecendo na mesma hora no meio de uma horda de zumbis.
DEADLINE: Você fez isso parecer bem sensível e, como nos quadrinhos, Denise foi tentar salvá-lo…
Gale Anne Hurd: Era importante que Denise, sendo uma médica treinada, estivesse em Alexandria naquela hora e pudesse certamente trabalhar em salvar Carl. Então, todos esses elementos precisavam se juntar para ter realmente o impacto que queríamos.
DEADLINE: Aquela cena com sangue e entranhas cobrindo Rick em cima de um suposto corpo morto de Carl parecia que vocês estavam puxando o personagem para lugares de perda que ele já teve antes – e Rick já viu esposas, potenciais amores, amigos e mentores morrerem nesse mundo. Ele ainda tem alguma esperança?
Gale Anne Hurd: Acho que também vemos naquele momento seu amor por Carl e que ele fará de tudo para salvá-lo. Ele não vai se acalmar até ter certeza que Carl sobreviva, certeza que ele pode lutar para manter Carl vivo e tentar criar uma sociedade que ele gostaria que Carl crescesse.
Ele quase nunca esteve com esse pensamento, mas agora está, porque ele viu que há algo em Alexandria, no sonho de Alexandria e o potencial futuro de Alexandria que é um lugar onde ele gostaria que Carl continuasse a crescer, e ter a vida mais normal possível. Obviamente, vimos isso acontecendo não como uma ameaça, mas ver Rick tendo que aceitar o fato de que não podemos manter ninguém a salvo. Mas ao mesmo tempo, pode manter Carl vivo.
DEADLINE: Tenho que perguntar, com Negan obviamente chegando, para onde as coisas vão agora?
Gale Anne Hurd: Bem, encontramos um grupo com Os Salvadores, que são incrivelmente formidáveis. Com sorte, como vimos nesse episódio, ainda temos alguns truques na manga. Mas ao mesmo tempo, nosso grupo continua separado e eles sempre são mais fortes quando estão juntos. Então, teremos que ver o que acontecerá com nossos desesperados sobreviventes, já que estão separados e esperando se reunir.
DEADLINE: Com Alexandria tomada, a gangue de Negan procurando vingança por Daryl ter incinerado um monte deles e com Tom Payne se juntando ao elenco como Paul Monroe (vulgo: Jesus), esse mundo está realmente se tornando “maior” fazendo referência às fotos de divulgação do retorno da temporada, não é mesmo?
Gale Anne Hurd: No passado, podemos dizer que o mundo era limitado, um mundo onde eles podem encontrar um grupo de sobreviventes, pode ser na fazenda ou no hospital em Atlanta, ou canibais no Terminal. Uma das razões da referência da arte da metade da temporada ser sobre um mundo maior é que vamos para um mundo maior agora. Então, sim, vamos expandir os horizontes de pessoas e a sociedade que nosso grupo vai encontrar.
DEADLINE: Então, com seu nome na boca de todo o mundo, quando que vamos realmente ver Jeffrey Dean Morgan como Negan aparecer na série?
Gale Anne Hurd: Agora não posso dizer exatamente. Vou dizer que a espera vale a pena.
DEADLINE: Sem dúvidas, mas vamos vê-lo antes do final dessa temporada?
Gale Anne Hurd: Não posso dizer quando veremos, vamos dizer que ele já trabalhou no set.
DEADLINE: Da morte do Sam a mutilação do braço de Jessie, a ferida no rosto de Carl, tudo foi muito gráfico nesse retorno da temporada. Você se preocupa que isso pode ser muito gráfico até mesmo para o público da TV a cabo?
Gale Anne Hurd: Nossa inspiração vem dos quadrinhos, e terá um bando de coisa que será gráfica, e coisas que não sentimos a necessidade de por nas telas. Parece que às vezes a série é muito gráfica para alguns e outras vezes não é gráfica o suficiente. Esse mundo é feito de escolhas.
Assim, olhe para todas essas escolhas que tiveram que ser feitas naquele momento do episódio. Com Jessie se recusando a soltar Carl e Rick, que claramente possui sentimentos fortes por Jessie, percebendo que o único jeito que salvá-lo seria cortando o braço dela agora que ela já foi mordida, desse jeito você pode ver quem são os personagens de um jeito bem mais amplo. Você vê quem é Rick, quem é Jessie, vê quem é Sam e obviamente quem é Ron. O fato é que Carl essencialmente levou um tiro por seu pai, o homem que matou o pai de Ron e o marido de Jessie. Então, acho que é bem importante manter integridade interna onde temos que fazer essas escolhas do que queremos ver e o que não escolhemos para ver.
DEADLINE: Não que vocês não tenham uma grande audiência, mas eu sei que o sangue, o gore e os zumbis são algo que impede potenciais fãs de se aprofundarem no mundo de The Walking Dead.
Gale Anne Hurd: Acho que se você conversar com qualquer um que está tentando convencer seus amigos ou familiares a assistir a série, o que eles vão dizer é “Sim, há zumbis na série, mas não é sobre os zumbis.” É porque os fãs, eu acho, apreciam a série e são tão comprometidos a ela porque eles se identificam com os personagens e com a situação que foi criada.
DEADLINE: Com isso, a sexta temporada foi até agora a que menos teve audiência nessa trajetória incrível de The Walking Dead, o quanto que isso é uma preocupação para você?
Gale Anne Hurd: Bom, continua sendo a maior série da televisão, e eu acho que se você conversasse com qualquer comentarista durante nossa primeira temporada, eles não teriam previsto que se tornaria a série mais popular da televisão. E certamente, nossa sexta temporada mantém isso. Então, nós continuamos a desafiar todos os especialistas, e é um verdadeiro tributo aos fãs que temos, e aos novos espectadores que se juntaram a nós.
Você sabe que começar a assistir essa série é um grande compromisso. Assim, você não pode ver só 6 episódios, você tem que ver mais de 60 episódios para entrar no ritmo. Em termos de avaliações recentes, nós conseguindo esses espectadores de volta porque eles veem o episódio depois da estreia. The Walking Dead é uma das poucas séries atuais que continua a manter esse nível tão alto de espectadores.
DEADLINE: Falando sobre audiência grande ao vivo, aquela sua outra série que se passa no apocalipse zumbi alcançou recordes incríveis quando estreou no último agosto. O que está rolando com Fear the Walking Dead agora que está indo para sua segunda temporada, que estreia no dia 10 de abril?
Gale Anne Hurd: Bom, estou no set aqui em Rosarito Beach no Baja Studios em México, e eu acho que a melhor coisa de olhar para trás, nos primeiros seis episódios, é perceber que o mundo do entretenimento pode acomodar duas séries diferentes que se passam no apocalipse zumbi. E eu acho que é importante deixá-las diferentes, mas ao mesmo tempo ter certeza que as duas séries são fundamentadas nos personagens, e isso esclarecerá algo diferente. Como você provavelmente já ouviu, essa temporada é uma das razões do por que estamos gravando aqui é que estamos na Abigail, o barco de Strand.
DEADLINE: Que é basicamente onde o episódio final da primeira temporada indiciou para onde iam as coisas…
Gale Anne Hurd: Muitas pessoas nas mídias sociais disseram “Eu sei o que faria se estivesse num apocalipse zumbi, eu entraria num barco e fugiria.” Bem, finalmente veremos se isso seria uma solução viável.
DEADLINE: Então a segunda temporada de Fear se passará dentro de um barco no mar?
Gale Anne Hurd: (Risadas) Te garanto que você verá um barco.
DEADLINE: Uma coisa que senti que era quase uma garantia em si mesmo foi quando o Zika vírus explodiu recentemente, e teria referencias de The Walking Dead. Como esse amplo e profundo marco essencial que a série se tornou no mundo real da ciência e da doença tem impacto sobre vocês por trás das câmeras?
Gale Anne Hurd: Acho que isso volta aos zumbis como um subgênero para começo de conversa, e que estamos em 120 países agora, então acho que The Walking Dead se tornou um ponto de referencia, um ponto marcante, para qualquer tipo de ameaça. Especialmente quando essa ameaça é uma doença que parece ter impactos tão devastadores em mulheres grávidas e em bebês. É algo que ninguém poderia prever e nesse caso, o Zika vírus esteve por aí durante anos, talvez tenha sofrido mutação, quem sabe o que aconteceu.
Acho que esse medo do desconhecido, esse medo de lidar com algo que pode mudar sua vida e de sua família para sempre, que reverbera com as pessoas que assistem The Walking Dead.
DEADLINE: Atualmente você está trabalhando na segunda temporada de Fear, você trabalhou em Falling Water por uma temporada inteira nos EUA, Hunters vai estrear no SyFy em abril, mais The Walking Dead em Georgia mais tarde nesse ano – como você consegue conciliar tudo isso?
Gale Anne Hurd: Por sorte, o tempo tem funcionado perfeitamente. Eu estive em Georgia no final de abril e maio do ano passado para The Walking Dead, aí eu fui para a Austrália para começar Hunters em julho/agosto, fui para Nova York para o piloto de Falling Water em agosto/setembro, voltei para Georgia depois disso, daí fui para Austrália terminar Hunters. Nós começamos a nos preparar para Fear aqui no México em novembro. Tenho jet leg e estou acumulando milhas de passageiro frequente, é possível, mas tenho que admitir que não tenho tempo livre!
DEADLINE: Posso apostar que sim, mas The Walking Dead é o primeiro no seu coração?
Gale Anne Hurd: Amo todas as minhas ‘crianças’ igualmente, mas depois de seis anos com pessoas tão fantásticas como as de The Walking Dead, tenho que dizer que nós somos uma família de verdade a esse ponto.
Fiquem ligados aqui no Walking Dead Brasil e em nossas redes sociais @TWDBrasil no twitter e Walking Dead Br no facebook para ficar por dentro de tudo que rola no universo de The Walking Dead.
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Fonte: Deadline
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