Série

A morte de Carl foi realmente necessária para o futuro de The Walking Dead?

Esse artigo tem aquele ar de polêmica que este relator ama assumir. Por um lado, estarão lendo esse artigo fãs totalmente compreensíveis com os argumentos aqui descritos e que talvez meçam com a mesma balança os lados da história. Doutro lado, há aqueles ferrenhos e ávidos fãs da HQ que não abrirão mão de defender a necessidade dos impressos serem reproduzidos fielmente na TV. Já na outra ala totalmente oposta ao último tipo de leitor, estão aqueles que não se importam com o distanciamento de série e quadrinhos e que optam pelo total desprendimento de um do outro. A polêmica que relaciona esses três tipos de leitores não poderia ser outra: qual a importância ou necessidade da morte de Carl Grimes para a trama televisiva?

Vamos então aqui explorar três pontos de partida: a morte de Carl é totalmente desrespeitosa com os fãs do mundo de Kirkman; a morte de Carl é totalmente necessária para que a série tome rumos totalmente inovadores e, por fim, não há qualquer problema em Carl estar morto desde que o enredo seguinte se justifique.

1. A MORTE DE CARL É TOTALMENTE DESRESPEITOSA COM OS FÃS DO MUNDO DE KIRKMAN

Não é tão simples aceitar que Carl – o menino que todos nós vimos crescer – está morto. Sua história sempre foi o centro de todo o enredo. Rick Grimes só saiu do hospital na primeira temporada e abandonou Morgan e Duane porque Carl era sua única motivação de vida. Foi por ele que Rick abriu mão de princípios e passou a ser quem precisava ser pelo grupo. Foi através de Carl que o protagonista entendeu que era necessário que fosse um líder, pois não havia quem pudesse manter seu filho tão protegido quanto ele. Não há outra razão que possa ter impulsionado um xerife a se tornar o maior destruidor de vidas que se propunham a atrapalhar suas sobrevivências do que o amor de Rick por Carl. E tudo isso para que no ápice da história o garoto morra de forma precária e desnecessária.

Indo mais longe, todos os fãs da HQ sabem que Robert Kirkman sempre deixou totalmente claro que Carl é o verdadeiro protagonista da trama e que toda a história gira ao seu entorno. Então, matar Carl é teoricamente acabar com o futuro da série, ao menos aquele que se expressará nos quadrinhos.

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Como a série será capaz de lidar com a morte de um de seus protagonistas e seguir em frente? Será como a morte dos demais personagens que depois de dois ou três episódios, já não fazem qualquer diferença no enredo?

Há outros fatos não explorados ainda nesse argumento. O fato de Carl morrer dessa forma parece ter simplesmente colocado todos esses anos no lixo. Praticamente todos os fãs da história esperavam pelo momento em que Rick passaria seu manto como líder para o filho. Os fãs possuíam expectativas de que a história se manteria no seu eixo quando Carl finalmente passaria do membro mais jovem do grupo, para o líder de todos.

Claro que nenhum fã de The Walking Dead espera por um conto de fadas. Entretanto, porque nos fizeram crer no centro da história ser Carl para no meio de tudo ele sucumbir? É como se subjugassem a inteligência de quem assiste ao seriado. Não havia outro porquê tão grandioso se não fosse Carl. A maioria de nós sempre julgou que Carl seria a motivação de todo o esforço de Rick ter valido a pena. E agora? Vão simplesmente dividir sua história entre dois ou três personagens e fazer de conta que sua ausência nem é tão notável?

Mais afundo, Chandler como ator foi totalmente desrespeitado quando lhe garantiram ao menos mais duas temporadas e no outro dia na hora das gravações o informaram que seu personagem morreria. O que The Walking Dead vem se tornando além desse anseio desesperado pelo lucro? Mortes fazem parte do show, mas precisam ser plausíveis e enriquecer o enredo e não destruí-lo.

2. A MORTE DE CARL É TOTALMENTE NECESSÁRIA PARA QUE A SÉRIE TOME RUMOS TOTALMENTE INOVADORES

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Vamos lá, a morte de Carl não possui nada demais. Faz temporadas que o garoto não passa de mero figurante, com pouca importância na história. Onde está o problema de ele morrer? Nós não havíamos sido avisados que qualquer personagem estava suscetível à morte (com exceção de Carol, e ninguém sabe o porquê exatamente de ela ser a escolhida)?

É engraçado de ver que cerca de 80% dos fãs de The Walking Dead são espectadores de “Game of Thrones”, e que naquela série a morte pode ser explorada de qualquer forma e com pouca importância para o enredo e mesmo assim eles aplaudem de em pé, mas agora quando se trata do universo zumbi, cobram coerência e peso dramático. Enfim, porque tanto desespero pela morte de um personagem?

Fora que com a morte de Carl, podemos ter uma mudança drástica em Rick vendo o mundo sem o filho. Será a primeira vez que ele não terá Carl como motivação de vencer. Vai ser inovador a exploração do personagem de Andrew quando esse já não possui mais as mesmas ambições. E digamos que ele ainda tem um grande porquê de se manter vivo. Judith ainda está lá e ela depende de Rick muito mais do que Carl dependia.

Judith poderá ganhar um enredo extremamente repleto de histórias próprias e finalmente dirá a que veio. Vamos passar a ver a garota longe da sombra do irmão mais velho e vivenciar todo o drama de seu crescimento e de Rick querendo que ela se desenvolva de forma diferente de Carl, para que não tenha o mesmo fim.

No fim, qual a importância se a história de TV assumir personalidade própria e distinta daquela dos impressos? É surpreendente, é inovador e totalmente justificável se tudo for alterado.

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3. NÃO HÁ QUALQUER PROBLEMA EM CARL ESTAR MORTO DESDE QUE O ENREDO SEGUINTE SE JUSTIFIQUE

Bem, Carl é um grande personagem. Ele é o centro da história e apenas boas justificativas podem tornar sua morte um grande evento. Diferente de Glenn que era um personagem central, mas que a medida dos episódios posteriores a sua morte se tornou irrelevante, Carl precisa ter uma morte marcante para o futuro de todos os personagens.

É verdade que Abraham e Glenn foram os motivos iniciais para que a Guerra atual se desencadeasse, mas suas ausências nem mesmo fazem diferença na história. Pelo contrário, há momentos que chega a parecer que os dois jamais fizeram parte da série. Só que com Carl tudo precisa ser diferente.

A morte do jovem Grimes precisa mudar a forma de Rick agir e interferir em todo o desencadear da guerra. O fim de sua vida deverá gerar uma nova visão em todos os personagens. Trazer um novo posicionamento em Rick, Michonne, Carol, Daryl e Maggie que são pessoas que o acompanham há mais tempo.

Se o fim de Carl é necessário para a paz, que seja uma paz bem construída e desenvolvida. Se for para afundar mais ainda Rick na sede por vingança, que o afunde de forma real e efetiva. Com o fim da trajetória de um grande personagem, não há como aceitar transições más feitas ou incompletas.

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OPINIÃO DO REDATOR

Na verdade os três posicionamentos acima estão corretos e coerentes. Em minha visão, a grande verdade é que um não se sustenta sem o outro. Passo a expor minha visão sobre a situação:
Sempre fui daqueles que tentou defender The Walking Dead dos diversos ataques que sofria desde sua estreia. Nunca gostei de lidar com fãs extremamente críticos e que em todos os episódios ameaçavam deixar de assistir a série. Sempre entendi a necessidade de episódios explosivos, cheios de ação e de impactos na história e dos episódios monótonos, cheios de diálogos e sem tanto diferencial nas temporadas.

Ocorre que nos últimos tempos tem sido difícil se manter um ávido defensor da trama. Em parte porque a história se perdeu tentando fazer grandes eventos que no fim ficaram frustrantes, noutro ponto, pois o ritmo desacelerado anexo ao grande número de núcleos secundários acabou por trazer um clima de desanimo ao enredo. É tanto personagem para pouca história e tanta história para pouco orçamento.

Confesso que dentro de tudo isso ainda há o meu sentimento pelo fato que discutimos nesse artigo. Eu ainda não sei muito bem o que está acontecendo. Quando eu vi a iminente morte de Carl se contextualizando na TV, eu me dividi nos três argumentos acima elencados. Parte de mim tornava tudo àquilo compreensível e aceitável porque a morte daria um novo ar distante dos quadrinhos. Outra parte ficava revoltada como fã pelo fato de ver os anos que passei assistindo e crendo em um destino de enredo sendo totalmente amassados e colocados fora. Por fim, respirei fundo e pesei as duas medidas numa balança e entendi que, eu só posso considerar esse evento após a conclusão de toda a série. Somente com o fim de The Walking Dead é que poderei dizer o quanto à morte de Carl valeu a pena.

Eu já havia previsto faz muito tempo (no ataque do Governador a prisão, quando Judith saiu ilesa), que Carl não duraria até o fim da história. O fato de deixarem a filha mais nova de Rick viver podia nos prever algo. Ela era um tipo de válvula de escape para quando Chandler (com quatro anos a mais do que Carl) não fosse mais compatível com o papel de um pré-adolescente. Os roteiristas sabiam que iria chegar o momento que a estrutura biológica do ator não seria mais crível para o seu personagem. A linha do tempo da série já não era mais coerente quando na história na passagem de poucos dias, Carl parecia ter envelhecido dois anos.

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Tudo isso me leva a afixar minhas esperanças no futuro. Acredito que de alguma forma há uma recompensa para outros personagens com a morte de Carl. Veja bem, Carol é uma das personagens mais amada da série hoje, mas enquanto Andrea vivia, ela era mero figurante. Com a morte de Andrea e com a necessidade de um personagem feminino de presença marcante, Carol cresceu e se tornou um grande nome. Talvez, a partir disso, podemos saber que a morte do jovem Grimes poderá nos trazer grandes surpresas. Na morte de Glenn, como mais um exemplo, vemos o desenvolvimento desenfreado de Maggie na série.

Como diz o ditado “O futuro a Deus pertence”, nesse caso, pertence a Scott Gimple e a Angela Kang, que assumirá o posto de showrunner. Espero que esse futuro tenha grande valia e que Carl não se torne mais um personagem com morte indiferente para a trama.

Comente abaixo seu posicionamento quanto aos últimos acontecimentos de The Walking Dead para que possamos criar uma discussão saudável sobre o futuro da trama.

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Carlos Knewitz

Gaúcho, nascido na primeira metade dos anos 90 e com memória fotográfica. Estudante de Direito e extremamente viciado em escrever. Aficionado pelos quadrinhos de Robert Kirkman, fã de The Walking Dead e Fear the Walking Dead. Apaixonado por Carol Peletier e Alicia Clark e, sucessivamente, por suas intérpretes.

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