Até mesmo o Grammy não impediu o retorno de The Walking Dead no domingo passado. A famosa série pós-apocalíptica voltou de seu hiato com mais um episódio dirigido por Greg Nicotero, que também atua como co-produtor executivo e designer de maquiagem especial para a série. Nicotero falou com John Horn, apresentador do programa de novas artes e entretenimento da Rádio Pública de Southern California “The Frame” enquanto estava no set durante as gravações da série. Eles falaram sobre escola zumbi, uma cena que nunca foi ao ar, e como The Walking Dead se parece com “The Cosby Show”. Confira:
Para onde você está indo nesse momento, Greg?
Greg Nicotero: Estou em um cidade amável chamada Senoia, que fica a mais ou menos 45 minutos no sul de Atlanta, Georgia. Estamos filmado nesses estúdios daqui pelas últimas três temporadas.
E você já voltou da floresta? Por onde esteve nessa manhã?
Greg Nicotero: Estive na floresta ontem filmando zumbis e algumas cenas para alguns episódios. É sempre divertido nos sets de The Walking Dead.
Diversão em meio a tanta confusão. A estreia da quinta temporada bateu todos os recordes da televisão, incluindo o Sunday Night Football. Você é o responsável por isso, certo?
Greg Nicotero: Não diria que sou o único responsável. Eu dirigi o episódio. Nosso ilustre showrunner, Scott Gimple, o escreveu e fez um trabalho incrível, incrível mesmo no roteiro. Então somos gratos por ter ótimas histórias e ótimos atores, além de muita ação e emoção.
Se vocês estivessem reunidos em uma mesa e dissessem, “Não acredito que essa série esteja indo tão bem” – talvez vocês não digam isso, mas se vocês estivessem numa mesa e dissessem, “O que tem nessa série? Por que as pessoas estão respondendo tão bem a ela?”, quais seriam suas teorias para a popularidade da série?
Greg Nicotero: Bem, você sabe, semana passada houve uma convenção aqui toda montada em cima do universo de The Walking Dead e cerca de 20.000 fãs vieram celebrar a série. E além disso temos outros motivos óbvios como Andy Licoln, Norman Reedus e Steven Yeun, são coisas que todos se sentem parte. Eles amam os personagens. Cada personagem é relacionável em um nível diferente. As histórias de sobrevivência são impactantes. Podemos brincar com esse mundo de terror com nossos zumbis e fazer monstros nojentos toda semana, então a série tem diferentes coisas para diferentes pessoas. O que sempre me fascina é as pessoas chegarem para mim dizendo, “The Walking Dead reuniu minha família.”
Mais ou menos como acontecia em The Cosby Show?
Greg Nicotero: Sim! Aqui é The Cosby Show sem zumbis, ou com zumbis. É fascinante para mim o fato de ter virado uma experiência comunal. As pessoas amam assistir à série juntas. Fico sabendo de avós e pais e crianças que passam a noite de domingo juntas para assistir e experienciar à série juntos. Os avós gostam por causa das ótimas histórias, os pais gostam porque amam os personagens, e as crianças gostam dos sustos. Então é uma daquelas séries que conseguiu transgredir as barreiras da idade.
Você trabalha com maquiagem quando vários cineastas e alguns diretores de TV usam efeitos visuais e computação gráfica para criar os efeitos de maquiagem. O quão importante para você é o o chamado trabalho “in-camera”, onde não há truques, só a maquiagem pura e prática, em tempos onde os trabalhos digitais são mais usados para criar as mesmas impressões?
Greg Nicotero: Bem, meu posicionamento é esse: Você fornece o seu diretor e os seus produtores com as ferramentas que eles precisam para contar a história, e Frank Darabont e Gale Anne Hurd foram bem precisos quando disseram como queriam que os zumbis fossem retratados. E sempre deixamos tudo prático porque achamos que seria mais realístico. Sem desmerecer a equipe de efeitos visuais que temos, porque eles também fazem um trabalho extraordinário, mas The Walking Dead celebra o trabalho mais prático de maquiagem e o coloca na frente da cultura pop atual.
A grande pergunta sempre é, como eles fizeram aquilo? Então o fato de The Walking Dead continuar a transformar pessoas em cadáveres ambulantes todo domingo a noite perpetua o desejo de se aprender mais sobre nosso negócio em termos de contadores de histórias, em termos de roteiro e direção. E isso é algo empolgante que amamos fazer.
Então digamos que eu não sou apresentador de rádio. Sou um aspirante a ator e quero fazer um zumbi na sua série. Qual o tipo de treinamento devo ter para conseguir a vaga?
Greg Nicotero: Bem, antes de todas as temporadas nós abrimos audições para futuros zumbis, e nós carinhosamente a batizamos de Escola Zumbi. Então eles virão a Escola Zumbi e farão um teste para mim. Eu geralmente trabalho com 20 ou 30 pessoas por aula e passo um dia inteiro vendo testes, colocando-os para fazer exercícios em termos de quão rápido eles andam, qual personagem eles são, quais suas personalidades, explico a eles as várias instâncias, as atuações deles podem ser o sucesso ou o fracasso de uma cena. Se você ver um zumbi que não parece estar comprometido com a cena ele pode tirar a atenção do espectador.
Agora vou ter que perguntar: Como você sabe o que um autêntico zumbi deve fazer ou como se comportar?
Greg Nicotero: Autêntico às regras do nosso universo. Tipo, se algum deles estiver andando como o Frankenstein não é o que queremos retratar em nosso universo.
Então o que separa um ganhador de um perdedor na sua escola zumbi?
Greg Nicotero: Eu diria que um ganhador é alguém que traz muito de um personagem em sua atuação. Existe cerca de uma dúzia de atores que usamos regularmente em nossa série que fazemos diferentes maquiagens e eles sempre surgem com personagem diferentes. Digo, isso tudo passa por Boris Karloff e Frankenstein. Sabe, você sente o personagem por baixo da maquiagem e foi isso que fez Lon Chaney, Boris Karloff e Bela Lugosi famosos, porque eles foram capazes de retratar aqueles personagens com empatia e com raiva, e isso é algo que todo grande monstro precisa.
Quando filmamos a primeira temporada e Rick vai ao parque e vê a metade daquela zumbi se arrastando, se ajoelha perto dela, puxa a arma e diz “Sinto muito isso ter acontecido com você.” Tem emoção ali. Não é só um monstro, mas ele olha para ela e sentimos empatia. Sentimos uma perda. Também temos que sentir o terror e o medo, então não é algo tão simples. Digo, todo mundo pensa, “Oh, eu quero ser um zumbi na série”, mas existem habilidades de atuação envolvidas. Não é apenas alguém que decide um dia que quer ser zumbi na série. Não funciona assim.
Com o passar das temporadas você não pode necessariamente reinventar a roda, mas o que você tenta fazer com seus designs a cada nova fase?
Greg Nicotero: Bem, estou sempre atento a continuar deixando os zumbis visualmente diferentes a cada nova temporada. Com o passar do tempo, os elementos assumem seus papéis – sol, chuva, clima. Sempre levo em consideração uma abóbora de Halloween que você deixa na frente de casa e dentro de dois meses ela vai derreter e vira aquela coisa gosmenta e disforme. Então pensamos nisso a cada nova temporada onde mais e mais peles estão em decomposição, e mais e mais esqueletos e estruturas ósseas são visíveis. Algumas vezes os dentes estão quebrados e outras vezes usamos barbas e cabelos um pouco maiores. Então cada temporada tentamos deixá-los visualmente empolgantes e interessantes.
Quando vocês estão se preparando para começar uma temporada, você pede alguns materiais para trabalhar, e eu suspeito que alguns desses materiais seja sangue falso. Quantos galões de sangue falso você tem em mãos antes de começar a filma uma temporada?
Greg Nicotero: Bem, nós fazemos nosso próprio sangue falso, e também fornecemos esse sangue para o departamento de arte, para o figurino, e para a maquiagem, então temos centenas de galões. Porque mesmo vendo sangue de zumbi no chão, se você for filmar uma cena onde terá 20 zumbis mortos no chão você deve colocar um pouco de sangue neles.
Deixe-me perguntar essa última: Você já criou alguma maquiagem ou prótese que você chegou a ficar com nojo ou algum diretor olhou e disse, “Sem chances. Isso não vai poder.”
Greg Nicotero: Não. Temos que passar pelos diretores primeiro. Ano passado o Scott Gimple achou que fomos longe demais em uma cena que envolvia zumbis e uma cerca. Era o segundo episódio da quarta temporada e a pressão atrás dessa pessoa na cerca era tão grande que basicamente o zumbi atravessou os espaços da cerca, então o rosto se dividiu entre os espacinhos e a cabeça explodiu. Isso não foi ao ar. Nós mostramos as cenas em uma festa de lançamento e todos aplaudiram e vibraram e eu amei e disse, “Viu, Scott, não deveríamos ter cortado isso. Todo mundo ia se agradar.”
E alguma vez alguém já tentou te assustar jogando alguma parte de um corpo falso em sua mala ou na sua comida?
Greg Nicotero: Não, geralmente eu faço as brincadeiras.
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Fonte: Vulture
Tradução: @OAvilaSouza / Staff Walking Dead Brasil
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