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Andrew Lincoln fala sobre a reviravolta cruel e revela a verdade por trás da fala “cale a boca” no S05E08 – “Coda”

Mas o que diabos aconteceu com Rick Grimes? O cara que foi de recusar-se a carregar uma arma de fogo a atirar em qualquer coisa ou pessoa que cruzasse seu caminho. E aí, após atirar nelas – nas pessoas -, ele as manda calar a boca. Isso faz algum sentido? O Entertainment Weekly conversou com Andrew Lincoln para falar sobre a grande midseason finale de The Walking Dead, e o protagonista ficou mais do que contente em “deixar escapar” alguns segredos. “Mas que tipo de segredos?”, você deve estar pensando. Segredos do tipo para quem na verdade Rick diz para calar a boca quando se dirige a Bob e diz a frase (dica: não é pro Bob morto…). Segredos como os que a estranha história Beth-Rick deu a entender que Lincoln propôs algumas temporadas atrás, que pareceram ser esquecidos mas que acabou morrendo (com o perdão do trocadilho). E também segredos que nos darão alguma ideia sobre o que está por vir nos próximos episódios e sobre em quem ficar de olho. Confira:

E.W.: Conte-me sobre as emoções em ter que se despedir de Emily Kinney, que fez a Beth na série.

Andrew Lincoln: É, cara. Foi um soco no estômago. Eu realmente não imaginei que isso aconteceria. Não tinha a menor ideia, e acho que todos estavam sofrendo com isso. Sempre que há uma sequência de 3 episódios sem mortes, é um mau presságio. Todo mundo começa a ficar meio nervoso. Emily é uma pessoa muito querida no set e também uma atriz incrível. Eu entendo isso. Você acaba fazendo uma retrospectiva e vê que se ela não tivesse feito um trabalho tão magnífico ao interpretar essa personagem, ela provavelmente não estaria na linha de fogo, entende? É uma sintoma de uma excelente performance, que precisávamos de um impacto emocional, e infelizmente Beth era o personagem que precisava fazer isso nessa temporada. E foi penetrante.

Toda a experiência de gravar essas cenas foi, como sempre, doloroso. Inclusive me senti roubado, porque não tive tempo o suficiente com ela. Eu me lembro de fazer uma cena com Emily durante a execução de Hershel, em que ela foi tão talentosa! Eu estava no meio da cena e caminhei em direção à cerca, tendo aquela conversa com o Governador, e me recordo de colocar minha mão para baixo enquanto ele estava colocando Michonne e Hershel de joelhos; e ela segurou minha mão. Ela já sabia que era pra fazer isso. Foi uma intuição incrível a dela. Eu me arrependo de verdade de não ter tido mais tempo com ela. Eu até apareci com uma ideia na 3ª temporada, eu disse “Acho que Beth tinha que ter uma queda por Rick, sem ele fazer e ele não teria a menor ideia sobre como lidar com aquilo. E Carl devia ficar com raiva da situação. E então Hershel devia se envolver também.” E todos me ignoraram, como sempre. Mas eu acho que essa foi uma ideia realmente boa.

Eu já te vi antes no set e percebi que você é um cara intenso e que aquela era uma sequência intensa no hospital. O que você fez para se preparar para aquela cena?

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Andrew Lincoln: Todos nós saímos e fazemos nossas próprias coisas malucas, e eu acho que toda a equipe está acostumada com nós sermos assim. Certamente quando faço cenas como aquela, que são meio perturbadoras e esquisitas, eu apenas ouço música e fico meio introspectivo antes de gravar. E então, se for uma cena física, preciso me agitar e fazer preparação física. Mas naquela cena, tudo era em um ambiente novo, com pessoas novas, fazendo o que deveria ser uma troca de reféns que dá errado. Foi desconfortável. Eu não gostei de fazer essa cena. Não foi uma cena agradável de fazer. E também, perder alguém tão importante no grupo, pela qual estávamos lutando para encontrar, foi insuportável.

E é engraçado porque há uma cena onde nós saímos do hospital depois da confusão e Norman está carregando Emily e eu estou meio que mostrando o caminho. E eu tomei uma decisão consciente em que Rick é conduzido a isso, e está cheio disso. Ele guiará as pessoas para frente e não se envolverá emocionalmente. Eu tentei fazer isso. E então ver a reação de Lauren Cohan e de Steven ao ver o corpo ser carregado por Norman foi insuportável. Eu precisei ficar desviando da câmera porque meus olhos estavam cheios d’água. As lágrimas rolavam pelo meu rosto. Ver as performances de Lauren e de Steven naquela cena, minha mente explodiu reconstruindo aquilo, e permaneceu assim, então explodiu de novo. Eles foram muito bons. Foi apenas um mau dia no escritório, cara. Eu odeio dizer adeus às pessoas nas melhores partes. Mas quando Emily Kinney, que é uma ótima atriz e um dos seres mais doces que já conheci… foi um episódio terrivelmente triste. E ainda estamos sofrendo. Ela era família. É um saco.

Eu sei que é difícil pra vocês fora das telas, mas o que a perda de Beth causa para Rick e para o grupo na série?

Andrew Lincoln: Eu acho que Rick é uma dessas pessoas que divide o sofrimento e o deixa de lado, ao mesmo tempo em que o usa como combustível para mantê-lo e ao resto do grupo sempre em frente. Ele precisa fazer isso, porque todos estão novamente perdidos. Nós nos reunimos e estamos juntos novamente, mas perdidos. E ainda, de novo, estamos em uma posição desesperada e no meio de Atlanta, que está tomada. Estamos comprometidos, mas ainda assim, é uma situação onde ele precisa dar um passo a frente como líder. Não há espaço para sofrer com isso. Ele precisa manter suas tropas em frente. Mas se isso está acontecendo também ou não com os outros personagens, é outra história.

Vamos falar sobre aquela primeira cena. Você persegue o policial que está fugindo, o atinge com seu carro, quebra seu pescoço e então atira nele e o manda calar a boca, o que parece meio fora de ordem. Geralmente, você manda a pessoa calar a boca e depois se atira nela!

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Andrew Lincoln: [Risos] Sua reação é igual a minha quando li o script. Eu falei “Deixe-me entender, Scott. Eu falo o ‘cala a boca’ depois de atirar no cara?”, e ele disse “Sim” e aí eu falei “Ok. Encontrarei um jeito de fazer isso.” e ri. Às vezes há momentos nesse papel em que eu só vou e faço, sabe por quê? No último episódio eu estava furioso. Eu fiquei dizendo “Por que não atiro no cara careca? Por que não posso atirar nele, Scott? Me deixe atirar nele! Eu quero atirar nele!” e ele respondeu “Você está sendo controlado por Daryl. Ele é sua âncora emocional. Você ainda está se apoiando nas pessoas – suas amizades e sua família.” e eu fiquei tipo “Uuuughhh. Eu ainda quero matá-lo, Scott. Digo, o plano era cortar suas gargantas! Me ajuda aqui.” e E ele disse que não. E aí fiquei aliviado quando li o episódio 8, por causa da maldição cotidiana porque como sempre acontece com Scott Gimple, e ele é sempre “Espere, chegaremos lá. Não se preocupe.” Então li o teaser e fiquei tipo “Ai meu Deus! Está além de malvado. Está ridículo!”

Mas a parte do “cala a boca” foi realmente interessante porque do jeito que eu justifiquei isso foi quando eu imitei Gareth dizendo “Não tem volta, Bob” – acho que parte disso foi ele falando “cala a boca” pro Gareth. Porque por outro lado se fosse diferente, sério? Eu dizer “cala a boca” depois de atirar no cara? Isso me fez rir… E para o crédito deles (roteiristas), Angela e Scott estavam rindo quando me contaram. Eles estavam tipo “é, achamos que seria bem bacana.” e eu estava tipo “Não está bom o bastante! Vocês tem que me ajudar aqui!” Então foi assim que justifiquei, foi para Gareth. Foi extraordinário gravar aquela cena!

Isso é interessante porque quando Rick diz a mesma coisa que Gareth disse com o “Não tem volta, Bob” – isso me fez ficar preocupado com Rick e esse cara indo para o mesmo lugar e longe demais que nem assim como Gareth.

Andrew Lincoln: É isso que eu amo nessa série e na escrita nos últimos anos: as repetições. É quase como se houvesse certos momentos e coisas que fazemos que se comparam aos Reivindicadores. Como se estivéssemos assoviando bastante nessa temporada, como eles fizeram. Há uma cena na cobertura onde eu faço um sinal para a família que o acordo está de pé, que é aquela mão que fechada, que Gareth fez também. Há várias consequências repetições que fazem com que você perguntem: o quão longe essas pessoas foram? E o quão longe foi Rick? Longe demais? Ele está se transformando em uma dessas pessoas? E isso é o que entusiasma nessa jornada. Os escritores continuam mandando esses momentos estranhos onde você se pergunta: Por quem estamos torcendo? Que limites foram cruzados? E então, Dalton… ele devia ter parado! Eu disse pra parar! Fala sério! Eu avisei. E ele estava voltando pro hospital… Ele mereceu!

Você foi bem claro em suas instruções, sir.

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Andrew Lincoln: Eu fui bem claro! Bem claro! Não tinha como ter sido mais claro. Ele devia ter parado!

É interessante, no entanto, que Rick convide qualquer pessoa do hospital para se juntar ao seu grupo. Por que fazer isso, considerando que a essa altura ele desconfia de qualquer pessoa?

Andrew Lincoln: É um ótimo ponto, e eu acho que aquilo foi muito mais direcionado às pessoas atrás dos policiais. Era uma coisa mais, vocês pegaram um dos nossos então eu vou pegar o que eu quiser. Era uma jogada de poder. Além disso, eu interpretei aquilo como – vamos acabar com isso. Vamos terminar isso agora mesmo. Eu estava furioso e eu queria levar mais pessoas. Eu queria provocar. Era assim que eu queria isso. Eu não estava terminado com a situação, eu estava sofrendo muito e queria dar vazão àquilo.

Você precisou interpretar Rick em muitos estados emocionais diferentes. Ele é um cara de extremos. Não existe meio termo. Nós o vimos louco e vendo fantasmas, nós o vimos se recusar a recorrer a qualquer violência, e nós o vimos agora sendo super violento. Eu imagino que seja no mínimo divertido interpretar ele dessa forma.

Andrew Lincoln: Assim, tem uma irresponsabilidade e uma liberdade nesse Rick que eu não experimentei antes e que é muito empolgante. Como ator, você sente que pode forçar mais as coisas. Há muito mais liberdade para interpretar muitas emoções diferentes. E quando você lê um teaser como esse com “cale a boca” – é uma delícia. Eu simplesmente vou, eu mal posso acreditar que esse é o meu emprego. É o emprego mais legal. E certamente vale a pena dizer que o episódio 9 é um dos melhores episódios que já fizemos. E o 10 é o episódio que eu sempre quis fazer. E então nós fazemos uma coisa muito, muito diferente nessa metade, mas acredite quando eu digo que tudo faz parte de algo maior e eu acho que esses oito episódios são uma das histórias mais interessantes que já fizemos no show. É muito empolgante de se fazer. Foi assustador, mas também empolgante porque é tão diferente.

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Eu estava conversando com Norman Reedus e mencionei que sinto como se tivéssemos temporadas de The Walking Dead com muita ação e outras com muito desenvolvimento dos personagens, mas esta parece que fez o melhor trabalho até agora de combinar os dois elementos. Você concorda com isso?

Andrew Lincoln: Eu acho que você está absolutamente correto. E é por isso que quando nós terminamos esta temporada, quatro dias atrás, a equipe e o elenco estavam mais leves do que jamais estivemos, porque sentíamos que tínhamos passado por essa incrível montanha russa de temporada que teve de tudo – as partes grandes, as voltas emocionantes, os momentos intensos de personagens, o horror. Mas também apenas em ambição e escala, você está certo. A sensação, certamente pra mim ao olhar as interpretações ao meu redor, é que não é mais um conjunto – é um elenco de atores principais. Preste atenção em Steven Yeun nos próximos oito. Preste atenção nesse jovem rapaz. Eu acho que ele é um talento raro, entre outras pessoas.

Nós também introduzimos muitos personagens novos nos últimos oito episódios, e Scott e os roteiristas fizeram um ótimo trabalho com talvez 24 personagens principais. Foi um feito extraordinário da parte deles também. Mas eu tenho que dizer que perder Emily – isso foi muito doloroso em muitos níveis. Eu adoro a garota. Eu acho que ela é incrível. Nós perdemos a voz, a música dela. E depois que ela teve um episódio tão incrível, que ela fez no episódio 4, não ter sequer a chance… quero dizer, eu tive três ou quatro segundos para atuar com ela e então ela foi tirada de nós. É apenas cruel esse trabalho, cara. É cruel.

The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com a segunda parte da quinta temporada no dia 08 de Fevereiro de 2015 na AMC e no dia 10 de Fevereiro de 2015 na FOX Brasil. Confira todas as informações sobre o midseason premiere (S05E09) e fique por dentro das notícias.

Fiquem ligados aqui no Walking Dead Brasil e em nossas redes sociais @TWDBrasil no twitter e Walking Dead Br no facebook para mais informações sobre a quinta temporada.

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Fonte: Entertainment Weekly
Tradução: Lucília Costa & @Ivyleca / Staff Walking Dead Brasil

Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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