Série

Samantha Morton fala pela primeira vez sobre a introdução de Alpha e The Walking Dead

“A trilha acaba aqui.” Essas foram as primeiras palavras proferidas pela mais nova grande vilã de The Walking Dead, Alpha, como cena final da estreia da mid season em 10 de Fevereiro. E quando se trata do silêncio de Samantha Morton sobre como é interpretar a personagem, ele também acaba aqui.

Morton ligou para Entertainment Weekly da Inglaterra durante uma pausa nas filmagens de sua outra série – da emissora Hulu -, Harlots, para dar sua primeira e exclusiva entrevista sobre sua introdução no universo de The Walking Dead e sobre trazer um dos mais icônicos vilões dos quadrinhos para as telas. Uma renomada atriz britânica, Morton tem duas indicações ao Oscar (por “Poucas e Boas”, e “Terra dos Sonhos”) em seu nome, enquanto também ganhou um Golden Globe por seu trabalho em Longford. Ela também estreou em grandes sucessos de bilheteria como “Minority Report – A Nova Lei” e “Animais Fantásticos e Onde Habitam”.

Enquanto o currículo de Morton inclui diversos programas de televisão britânicos (incluindo Harlots), The Walking Dead é sua primeira escalação para a TV americana. É um trabalho que Morton contou que levou seus agentes a encenarem reuniões secretas na esperança de conseguir que ela assinasse. Ela também descreveu seu primeiro dia no set, sua inicial hesitação em ter que raspar sua cabeça, usar uma máscara de pele de zumbi no calor intenso da Georgia, e o porquê de ela não estar interpretando uma vilã mas sim uma “mulher incrivelmente poderosa e inspiradora, com muita coragem, força e amor.” Espera, amor? Leia abaixo em sua entrevista completa.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Como você veio parar nesse papel em The Walking Dead? Como foi todo o processo?

SAMANTHA MORTON: Veio do nada, mesmo, mas acho que meus incríveis agentes deviam estar conversando entre si provavelmente sabendo que esse papel estava para ser escalado. Então acho que foi diálogo que eles estavam tendo sem eu saber. E então teve essa conversa comigo, porque eu sou muito particular como atriz. Eu sou muito, muito particular sobre quais personagens eu interpreto, em quais projetos eu estou envolvida e porquê – então eles são muito cuidadosos comigo.

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Eles não sabiam como eu me sentiria sobre esse gênero. A conversa inicial foi tipo “Como você se sente em relação a esse gênero,” antes mesmo de discutir sobre o papel. Eles são muito, muito respeitosos e maravilhosos. Eu então compartilhei com eles minha paixão por George Romero, sobre minha infância assistindo vários filmes de terror e o que eles representam para mim, e então foi um pouco como um casamento perfeito. Era o papel dos sonhos. Um papel de uma vida. Então funcionou, e eu estou interpretando o papel de uma vida.

Alpha e Lydia em flashback.

O quanto você sabia sobre The Walking Dead, e com o que da história você teve que se familiarizar?

Samantha Morton: Eu preciso dizer, eu não sabia nada além de ter visto anúncios sobre a série. Eu vivo em uma fazenda em um parque nacional no meio do nada na Inglaterra, então não tem nenhuma propaganda que é permitida no parque nacional. Você não pode colocar pôsteres lá, mas eu já tinha visto alguns na rodovia e coisas do tipo. E eu era uma grande fã de Andrew Lincoln, e eu sabia que um monte de atores que eu admirava tinham ido para a América para fazer parte dessa série. Então eu sabia sobre, mas na fazenda eu não tinha televisão nem nada do tipo. Eu tenho um projetor, então eu fico um pouco fora da sociedade. Eu nunca tinha visto, mas eu conhecia.

Então eu conversei com a showrunner Angela Kang, e ela me contou tudo sobre, e então eu assisti um pouco. Minha mente explodiu. Eu fiquei tipo, “Isso é simplesmente incrível”. E aí eu fiquei um pouco nervosa porque eu tinha meio que me apaixonado pela série, então você tem uma grande responsabilidade nas costas. Não é como se você estivesse indo fazer um filme independente onde você está coletivamente criando algo. A série já existe. Eu só estou entrando no barco. Então eu fiquei bem nervosa, porque eu realmente queria fazer jus à serie porque ela significa muito para muitas pessoas. E até para mim me juntando ao show, eu me apaixonei. Então eu sinto muita responsabilidade e paixão.

Me fala sobre o processo de descobrir a personagem, porque eu conversei com a Angela um tempo atrás, e ela estava me contando sobre como você teve algumas ideias para Alpha e como algumas de suas escolhas não eram exatamente as que ela tinha em mente originalmente, mas acabaram sendo as escolhas certas – que você estava trazendo para personagem coisas sobre as quais ela não tinha nem pensado.

Samantha Morton: Eu penso quando eu leio as coisas, eu vejo na minha cabeça. É por isso que às vezes quando me ofereciam filmes e papeis na TV no passado, eu dizia, “Não, obrigada,” porque eu não conseguia ver na minha cabeça. Eu não consigo sentir o cheiro, ou provar, ou visualizar a pessoa que eu vou estar interpretando. E com isso, eu a senti muito rapidamente enquanto lia. Eu senti seus instintos e, obviamente, muitas dessas coisas estão ligadas. Quando você começa a interpretar um personagem, se é um filme, você tem todo o conteúdo ali e sabe o que você vai estar fazendo do início ao fim, ao contrário do momento que você está no set. Eu acho que a diferença aqui é que obviamente é episódico, então eu pego outro episódio, leio o que vai acontecer, e vai se formando.

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Então eu tenho que realmente adaptar como eu normalmente faço as coisas, porque eu faço muitos filmes, e isso é tipo, ok, se eu construir essa personagem, em qualquer situação que ela seja posta, eu vou conseguir partir dali. Então, sim, eu espero que meus instintos estejam bons. Eu acho que você pode ter uma ideia de uma coisa baseado no que está acontecendo com eles ou que decisões eles estão tomando, mas até que você esteja lá no set com os outros atores e você está fazendo, isso toma vida própria.

Frank e Alpha conversam de forma aparentemente efusiva.

Você foi lá atrás e deu uma olhada nos quadrinhos?

Samantha Morton: Sim, eu dei uma olhada, e isso é realmente por respeito e pela trama. Eu já fiz adaptações de romances, como Jane Eyere e todo tipo de coisa. Eu interpretei Myra Hindley, que é uma pessoa real, e eu tive que escutar às gravações de sua voz. Isso foi para o filme Longford, que eu fiz anos atrás com o Tom Hopper, e eu estava interpretando uma pessoa real. Eu tenho que pesquisar e tenho que ser o mais respeitosa possível. Mas no passado quando eu fiz adaptações, eu fico atolada de um jeito inspirador, mas eu volto para os quadrinhos o tempo todo, dizendo para os escritores e produtores, “Mas olha, é assim, assim e assado!”. Isso pode na verdade te prejudicar. Não te dá liberdade quando você está no set.

Então o que eu decidi fazer com isso foi obviamente colocar na minha cabeça o que os quadrinhos estavam contando, mas também perceber e respeitar que é diferente. A fonte de material está ali, e é tipo seu DNA. Eu vejo isso como um núcleo, e aí posso partir disso baseada nos roteiros que chegam.

Houve alguma hesitação sobre ter que raspar a cabeça?

Samantha Morton: (Risos) Sim. Um pouco. Um pouco porque, eu acho, quando eu era mais nova e fiz Minority Report, eu tinha 22 anos, e eu me sentia impetuosa ou algo do tipo. Eu sentia essa coisa espiritual, sabe? Agora eu estou com 41 anos, tenho três filhos, e foi como se minha identidade pessoal como Samantha estivesse tipo, “Ah, você vai ficar careca”. Então foi um pouco desafiador no início, mas uma vez que foi feito, ficou tudo bem. É um pouco libertador.

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Nós vimos sua primeira grande cena na estreia da mid-season, onde você está segurando aquela espingarda e vestindo sua máscara de zumbi. Como foi quando você chegou no set? Eu sei que foi sua primeira vez realmente fazendo televisão americana. Você está em Georgia e, como você disse, é uma experiência diferente chegar em um show que já estava estabelecido, então me conta como foi quando você começou.

Samantha Morton: Bom, em primeiro lugar, todos são muito receptivos e amigáveis. Tem alguns filmes que eu faço, que quando você não está lá o tempo todo, quando você chega às vezes tem essa atmosfera de que você não está lá inteiramente. Isso foi muito diferente. As pessoas não poderiam ter sido mais amigáveis, e receptivos e generosos, e eu me senti como parte da família. Obviamente eles estão lá há muito tempo, e estão fazendo isso há muito tempo, e tem um tipo real de segurança para mim nisso porque eu sinto que minha esperança era de que todos soubessem o que estavam fazendo.

Eu fiz televisão britânica quando eu era jovem, e eu aprendi muito fazendo muita, muita televisão no Reino Unido. E então fui para os filmes, e 19, 20 anos depois eu voltei para a televisão, então eu tenho uma boa base de longas horas, e é difícil, é diferente dos filmes que eu fiz, como as coisas são filmadas.

Entretanto, no Reino Unido, eu às vezes achava a televisão meio caótica se eles não tivessem as coisas em ordem, e eu cheguei na Georgia com as coisas todas sendo tipo, “Meu Deus, isso é incrível. Eles pensaram nisso”, não tinha nenhuma emenda. E eu não consigo expressar como eu estou feliz de estar lá, e eles basicamente sabem o que estão fazendo. É como se eu sentisse que estou em boas mãos.

Alpha ao lado de um cartaz que ensina a correta utilização de máscaras.

Como é usar uma máscara de zumbi, especialmente no calor da Georgia?

Samantha Morton: Assim, eu sou um pouco estranha, porque eu sou uma atriz de personagens de coração, e eu amo isso tudo. Sim, eu sou uma grande fã de Chris Cunningham, e eu trabalhei com ele. Eu fiz um vídeo com ele, então para mim, eu estava muito animada com a ideia de usar uma máscara. Muito animada da Alpha ter essa vibe de monge zen careca. Eu estava entusiasmada.

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E eu vou te falar, eu não imaginava como era a Georgia. Eu não sabia. Eu passei um tempo nas Filipinas, no Marrocos. Eu não conhecia esse tipo de calor. Foi difícil, mas eu acho que uma coisa boa sobre isso é que eles não medem esforços, então tem cuidado e tempo para fazer tudo ser individual e pessoal, e fazendo perguntas tipo: “Isso arranha? Está confortável? Você consegue respirar direito?” Eles são simplesmente muito atenciosos. Então está tudo certo.

Você teve algum carrapato ou mordida de ácaro na Geórgia? Porque esse é um outro problema com o qual você tem que lidar.

Samantha Morton: Eu sou forte, estou muito bem. Mas eu acho que a coisa com a qual eu fiquei mais impressionada na verdade foi olhar todos aqueles zumbis, e a primeira vez vendo todos eles, eu passei um tempão só andando por ali perguntando, “Posso falar com você? Posso olhar pra você? Você se importa?” Porque a maquiagem é incrível, e eu acho que o cuidado e a atenção que eles têm com os detalhes, até de perto. As horas que são dedicadas a essas pessoas, tornando-as zumbis únicos, eles nunca são iguais! Eu só penso, uau. E o fato de que tudo é gravado em filme, e eu sendo um tipo de tradicionalista que meio que começou no cinema, tem algo muito bonito nisso. Então por mais que estejamos fazendo algo que é muito difícil e nada prazeroso, tem algo de puro nisso também.

O que você quer transmitir sobre essa personagem através da sua performance? Quer dizer, obviamente ela é a nova vilã, mas o que tem nela que a torna tão única e o que vamos descobrir sobre Alpha e a mulher por trás da máscara, por assim dizer, durante essa temporada?

Samantha Morton: Para mim, eu não vejo como se estivesse interpretando uma vilã de nenhuma maneira. Eu estou interpretando uma pessoa com uma determinação absoluta e uma convicção em suas crenças, e de um jeito, quase que evangélico. E eu acho que suas opiniões e seus valores sobre como a sociedade deveria ser – para ela, eles são acéfalos. Não faz sentido voltar a ser como era antes. Não faz sentido, sabe? O futuro que temos deveria ser do jeito que ela vê, então eu vejo ela como uma mulher incrivelmente poderosa e inspiradora, com muita coragem, força e amor, estranhamente. Mas é como ela mostra esse amor que não é da maneira que nós esperamos que alguém faça.

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Mas na minha cabeça ela não é uma vilã. Ela não acha que é uma vilã. Só não mexa com ela. Sabe? Você vê um monte de políticos ao redor do mundo agora, e guerra, e como as coisas acontecem, e como as coisas podem evoluir, e eu acho que ela é incrivelmente determinada. Eu não fiz nenhuma cena que seja sobre prazer, e eu acho que quando olhamos para psicopatas, eles sentem prazer em suas ações, enquanto Alpha, é só disso que se trata. Ela está liderando um exército e é inteligente, e se alguém cruza seu caminho, então é diferente.

Qual a melhor coisa para você sobre interpretar a Alpha?

Samantha Morton: Quantas mulheres têm oportunidade de interpretar uma durona assim? Quantas mulheres conseguem interpretar esses papeis? Elas simplesmente não existem. Então você pensa sobre os quadrinhos, e o que Robert Kirkman fez em criar essa personagem, é um sonho se tornando real. Eu frequentemente olho para os filmes, alguns bons filmes nas partes masculinas e fico, “Ah, o Perseguidor Implacável. Eu adoraria interpretar o Perseguidor Implacável,” mas obviamente ele é maravilhoso, e esses filmes são o que são, mas é muito raro que as mulheres consigam fazer isso. Que elas tenham essa responsabilidade.

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Natália Tavares

24 anos com cara de 16. Carioca, sagitariana e completamente fissurada por The Walking Dead. Glenn Rhee e Daryl Dixon são meus cristais lapidados. Não sei falar de mim, mas se me pedir pra falar de The Walking Dead eu já tenho um TED Talk preparado no PowerPoint.

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