ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do oitavo episódio da quarta temporada, “Too Far Gone” (Indo Longe Demais).
A terceira temporada de The Walking Dead foi sobrecarregada por um frenesi de evasivas e matança de zumbis, mas alguns fãs ficaram chateados por causa de toda aquela ação, e nem todos os personagens receberam o que lhes era de direito. Isso mudou na primeira parte desta temporada, com mais uma das trocas de showrunner do show; o novo showrunner, Scott M. Gimple, rapidamente cumpriu a promessa de satisfazer a todos com algo substancial, de Tyreese (ainda procurando pelo assassino de sua namorada) a Carol (treinando um exército de crianças e matando moradores doentes para proteger o resto do grupo do vírus). No episódio sangrento da mid-season finale (PARE AQUI SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU), o Governador tentou outro ataque para tomar a prisão, mas não antes de decapitar o gentil Hershel e colocar o grupo de Rick em debandada.
Na segunda-feira à tarde, o site Vulture conversou com Gimple a respeito da transformação contínua do show e por que o excepcional episódio da terceira temporada, “Clear” (no qual Rick, Carl e Michonne encontram o abrigo de um paranoide Morgan, escrito por Gimple), foi o modelo para ser seguido. Ele também nos deu algumas dicas de por que o Governador ficou na série pelo tempo que pudesse, bem como o desafio de dar destaque a um personagem antes de eles serem vitimados por um walker (ou um lunático).
Ser capaz (ou não) de recuperar-se das coisas horríveis que você fez foi um dos grandes tema nesses primeiros oito episódios. Ainda assim, trazer o Governador de volta foi uma escolha controversa. O que tornou isso interessante para você?
Scott Gimple: Eu acredito, por vários motivos, que a escolha foi inspirada na HQ. O Governador foi à prisão algumas vezes, com diferentes resultados. Mas até onde foi a história do Governador nesta temporada, eu gostaria realmente de mergulhar no personagem e em quem ele era. Eu realmente queria que a mid-season finale fosse o fim da sua história o fim de sua luta contra quem ele estava se tornando. A decisão de quem ele seria foi tomada bem ali, na frente da prisão, quando Rick deu a ele uma escolha. Eu sei que há muita gente falando que Rick era o único que tinha uma escolha – mas o Governador também poderia escolher entre abandonar o monstro que ele sentia que precisava ser para manter as pessoas que ele amava seguras, ou simplesmente abraça-lo.
Algumas das resenhas sobre o episódio o classificaram como repetitivo, trazendo de volta ele e Rick frente a frente, ainda que as motivações do Governador para tomar a prisão fossem diferentes naquele momento.
Scott Gimple: É incrivelmente diferente. No final da terceira temporada, o Governador estava indo lá para matar a todos. Você sabe, uma vez que um episódio vai ao ar, ele é do público. Eu não posso dizer se eles estão certos ou errados. Mas eu diria, na minha perspectiva, que o Governador não queria matar ninguém. No melhor cenário, ele aparece com um tanque e o grupo de Rick vai embora, incluindo Hershel, incluindo Michonne. Eles entram naquele ônibus e vão embora. Isso é muito importante. O Governador poderia pensar: “Wow, eles poderiam voltar e nos matar. Eu deveria matar todos eles. Não, não, eu não quero. Esse é quem eu sou.” Há uma grande diferença a respeito de quem ele era, no final da temporada passada.
Se você estivesse encarregado do show na temporada passada, você acha que o teria matado?
Scott Gimple: Acho que havia mais histórias para ser contadas sobre o Governador, mais definição acerca de quem ele era. Então, se você se refere a mata-lo no final da temporada, sem nada diferente [sobre o que levou a isso], eu não acho que teria. Eu queria ver mais dele e, francamente, eu gostei de ver como os eventos da temporada o transformaram. Ele mudou para aquela pessoa que um dia foi, antes do Governador. Aqueles dois episódios, é engraçado, eu não imaginei eles sendo tão polarizadores como foram. Eu acho que algumas pessoas ficaram loucos por eles, amaram, mas outras não gostaram. Eu realmente os vejo como parte da finale e de toda a temporada.
Eu realmente gostei de “Indifference”, que se pareceu muito com “Clear”, por ser basicamente uma história em que Rick e Carol saem sozinho, ela expõe sua nova filosofia “custe o que custar”, e Rick a expulsa do grupo. Carol tem sido um personagem secundário por muito tempo. Quando e como você decidiu trazê-la aos holofotes?
Scott Gimple: No começo da temporada, antes mesmo dos roteiristas começarem, eu estava trabalhando na estrutura da temporada. Comecei observando cada um dos personagens e vendo o que a história foi para cada um deles. A história de Carol fluiu muito naturalmente na sua evolução através da série. Mesmo antes deste ano, houve uma grande evolução em relação a ela. Na minha cabeça, começou com algo que Rick falou na season première ano passado. Ele diz a ela: “Você se tornou uma boa atiradora.” Vimos que era verdade, e então eu escrevi um pouco sobre ela no episodio 15 (“The Sorrowful Life”) especialmente, a cena entre ela e Merle (quando ela diz a ele para escolher um lado). Por causa de toda as coisas pelas quais ela passou, a maneira como ela falou com Merle, de igual para igual, como alguém igualmente formidável, fez parecer que a história dela nesta temporada foi uma evolução do que aconteceu lá. Pareceu muito natural que ela tenha desempenhado o papel que ela teve nesta temporada, como uma determinada protetora da prisão, e especialmente das crianças da prisão. E, apesar de ela não estar na season finale, nós sentimos a sua presença.
Você quer dizer quando Lizzie atirou no rosto da namorada de Tara.
Scott Gimple: [Risos] Sim. Eu gosto de dizer que aquela cena, por mais sensacional que fosse na hora, estava lá para servir à história de Carol. Voltaremos a isso no futuro. Tudo é parte de uma história maior. É importante saber que aquilo não foi apenas um grandioso momento sensacional.
Parece que você estabeleceu que veremos mais episódios centrados em personagens, como “Clear” e “Indifference” na segunda metade da temporada, especialmente agora que todos estão dispersos em mini grupos, então você pode focar em poucos, de cada vez.
Scott Gimple: Eu planejava ser muito mais indireto a respeito disso, mas sim, os sobreviventes são separados no final desta primeira parte da temporada, e isso não se resolverá imediatamente, então você pode estar certo. Eu gosto de contar historias assim. Não apenas histórias que se aprofundam nos personagens, mas histórias completas em um único episódio, que servirão a uma arco maior. Isso é algo que foi feito com “Clear”, e sim, eu quero contar mais histórias assim, e você provavelmente verá mais histórias com aquela estrutura: poucos personagens, uma história, começo, meio e fim. Também há algumas estruturas pouco usuais por vir. No episódio dez [vai ao ar em 16 de fevereiro] – eu sei que é algo que já foi feito antes na televisão, mas não consigo lembrar quando, e eu tenho certeza que alguém apontará imediatamente que isso foi visto em um dos seus shows favoritos – mas o episódio dez tem uma estrutura muito legal, que estou realmente entusiasmado em mostrar para as pessoas. Esta segunda parte da temporada, por si, é tão diferente dos primeiros episódios em vários aspectos: no seu ambiente, na sua estrutura, no conceito.
Carol, Hershel, e o Governador tiveram as histórias mais carniceiras da temporada. Agora Carol foi embora, e Hershel e o Governador estão mortos. Como você irá evitar que isso se torne padrão de eliminação de personagem, à medida em que você continuará a desenvolver os personagens secundários?
Scott Gimple: Acho essa uma excelente pergunta, e é uma armadilha fácil de se cair. Independente de tudo o que aconteceu na mid season finale, eu teria adorado contar a história de Hershel durante o começo do surto. Com Carol, sempre foi parte da mesma história. Ela estava a caminho daquilo. Com Hershel, ele não tinha necessariamente que morrer, por causa dos acontecimentos em “Internment”, mas eu quero dizer que estaremos vendo estes personagens interpretando a sua história. Seria ótimo se as pessoas dissessem “Oh não, eles estão contando a sua história, eles irão morrer!” Eu não me importo com isso. Com sorte, podemos surpreender, com histórias de carnificina para todos os personagens. Com sorte, as pessoas ficarão preocupadas com a morte de todos eles. Mas isso é um padrão no qual não cairei, e estou ciente disso. Também é importante em relação ao numero de episódios que temos. Eu espero que, após a próxima metade da temporada, isso não seja mais um problema, pois estamos tentando mostrar todos esses personagens e, espero, todos sejam explorados.
Continuaremos acompanhando a nova família do Governador, Lilly e Tara, ou vimos elas pela última vez com o fim da história dele?
Scott Gimple: Definitivamente não quero responder isso. Mas talvez…
Michael Cudlitz e Josh McDermitt também foram anunciados como regulares na série nesta temporada. Para aqueles que não conhecem a HQ, o que você pode dizer sobre seus personagens, Abraham e Dr. Eugene Porter, e como eles se inserem na história?
Scott Gimple: Vamos conhece-los um pouco. Eles afetam bastante a história dos personagens, mas não vamos aprofundá-los até a próxima temporada.
The Walking Dead parece ser um show difícil de equilibrar: você tem que ter grandes ações e cenas com zumbis, você sempre tem que matar alguém, você tem que ter histórias depois de histórias sobre sobrevivência, que pareçam diferentes e novas. Eu estou curioso, os últimos acontecimentos limitaram um pouco você como contador de histórias. Por que toda situação, mais cedo ou mais tarde, terminará mal. Todos estão, enfim, ferrados.
Scott Gimple: Sendo leitor da HQ, eu continuo entusiasmado em lê-la todos os meses. Isso me dá esperança [risos]. Fazemos coisas diferentes. Eu acho que mostrar seres humanos tentando manter sua humanidade apesar das possibilidades de que eles morrerão horrivelmente algum dia, e que encararão coisas horríveis ao longo do caminho, eu não sei. Eu acho isso bonito. É maravilhoso. É um desafio incrivelmente difícil, mas para mim, isso reflete a vida, que seres humanos tentem manter a sua humanidade. Nem todos. Nem todos podem. Que essa força interior conosco, que ao menos faz com que saibamos que existam coisas certas e erradas, e que estamos cientes disso, que elas interferem em nosso comportamento nas mais pronunciadas circunstâncias. É um lugar espetacular para se estar, coerente e, além de tudo, há a insanidade dos zumbis, o apocalipse e todo aquele horror sci-fi, e ainda as aventuras que eu adoro. Eu amo isso tudo.
Mas o quão mais sombrio você conseguirá ser? Você teve uma criança comida por um zumbi enterrado na lama em frente à sua mãe. Lizzie, assim como Carl, se tornou uma assassina. O bebê Judith está potencialmente morto. E são apenas as crianças.
Scott Gimple: Sim, coisas difíceis. Não estamos ativamente tentando ser mais sombrios. Esta temporada tem muito a ver com crescimento, de várias maneiras, tanto as crianças como os adultos. As coisas, na verdade, ficam sombrias de várias maneiras, mas isso é uma parte de toda a história. Há muito ainda para acontecer. Todas essas coisas estão servindo a uma finalidade.
Como você se sente diante do fato de a temporada ir ao ar em duas metades com oito episódios cada? Justo quando as coisas esquentam – hiato!
Scott Gimple: É legal ficar ansioso por algo. Transforma em um acontecimento. Será estranho ter novos filmes de Star Wars todos os anos, começando em 2015. Eu não sei como será ter um filme todos os anos. Talvez seja perfeito. Talvez seja exatamente o tempo que precisamos para ficar ansiosos. Talvez seja muito. Eu acho que temos algo legal, já que temos estes filmes de oito horas de duração que surgem intermitentemente durante o ano.
Alguns telespectadores certamente perceberam Clara (Kerry Condon), a mulher irlandesa que se mata após tentar, sem sucesso, entregar Rick para alimentar seu marido zumbi na season première, nos momentos finais do episodio. Claro, agora ela é uma walker.
Scott Gimple: Sim, nós estávamos falando sobre fechar um ciclo. Tivemos a peça de xadrez no final, fechando a história do Governador, e então falamos sobre um dos zumbis que as crianças tinham dado um nome na season première. Aquele “Nick”. Nick acabou sendo morto. Então um dos escritores, Curtis Gwinn perguntou “E a Clara?” e eu respondi “Lá vamos nós!” Há muita tristeza naquele episódio.
The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com os oito últimos episódios da quarta temporada no dia 09 de Fevereiro de 2014 na AMC e 11 de Fevereiro de 2014 na FOX Brasil.
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Fonte: Vulture
Tradução: @BinaPic / Staff Walking Dead Brasil
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