The Walking Dead é uma das séries mais assistidas e amadas na TV, e fãs podem ficar ansiosos para o retorno da quarta temporada no dia 13 de Outubro. Acompanhando o painel de TWD na Comic-Con, Greg Nicotero e Norman Reedus falaram a imprensa sobre o que podemos esperar da próxima temporada. Durante a entrevista, eles discutiram sobre Nicotero ser diretor da série, o estado mental de Daryl, se ele irá se tornar o novo líder, a nova ameaça que o grupo enfrentará, o tom da quarta temporada e mais. Veja abaixo o que eles disseram e esteja ciente que há alguns spoilers.
Greg, como você acabou dirigindo o episódio de estreia, como foi essa experiência para você?
GREG NICOTERO: Foi uma história engraçada. Estávamos fazendo uma ligação para produção e eu estava no meu quarto do hotel. Estava no telefone com Gale Anne Hurd, Scott Gimple, Robert Kirkman e David Alpert, e a conversa chegou nesse ótimo momento, onde eles queriam me pedir para dirigir o episódio de estreia. Eu estava no telefone, eles falavam sobre os diretores, eu cheguei no elevador e a ligação caiu. Cheguei até o hall e estava tentando retornar a ligação. Finalmente consegui retornar e eles falaram, “Seu idiota, nós acabamos de ter um discurso apaixonado e falamos que seria uma honra se você dirigisse a estreia. E ficamos perguntando o que você achava da ideia, e houve um silêncio mortal.” Porque a ligação tinha caído. Gale falou, “Eu tinha esse discurso perfeito planejado e você estragou tudo.” Mas esse foi meu quinto episódio. Eu tenho sido muito abençoado. Trabalhar com Jeff DeMunn – o primeiro episódio de televisão que eu dirigi foi esse episódio [Judge, Jury, Executioner], e eu senti que realmente precisava explorar o personagem de Daryl em termos de ele se tornar a mão direita de Rick, já que Shane estava quase se tornando insano. Então foi realmente empolgante. Dirigir o episódio de estreia foi muito bom, contando com a morte de Merle e explorando o personagem de Norman nesse episódio. Eu sinto que fui realmente abençoado. Tive alguns momentos dramáticos, e esses caras fizeram que eu não me importasse toda vez.
Falando nisso, Norman tem pensando nos traumas da terceira temporada e como isso afetará diretamente os personagens na quarta temporada. Como Daryl está lidando com a perda de Merle?
NORMAN REEDUS: Não sei se ele já superou, mas a questão é que ele já havia pensado que seu irmão tinha morrido antes de encontra-lo em Woodbury. Ele tinha meio que aceitado isso antes, sem mesmo querer. Naquela cena que estamos invadindo Woodbury com granadas de luz e todas as coisas, e ele diz que viu seu irmão e disse “Eu vou ali falar com ele.” Ele ainda acha que pode sair assim de uma briga de fogo. “Ele é meu irmão, vou corrigir isso.” E Rick disse “Eu preciso de você aqui.” Porque com Merle longe, Daryl meio que se tornou dono de si próprio em várias maneiras. Em vez de se tornar um mini-Merle, ele criou sua própria identidade. Perder o irmão novamente dói, mas estar nesse mundo por tanto tempo significa perder pessoas o tempo todo. Então isso é compreensível. Acho que ainda dói, mas ele cresceu bastante naquela cena.
NICOTERO: Há um ótimo momento da cena, em que Merle e Daryl estão tendo uma conversa na sala da caldeira. Acho que essa foi uma das últimas cenas que filmamos Norman junto ao Michael. E a fala de Daryl é, “Cara, você não pode mais fazer coisas sem ajuda de outros.” E houve esse momento fantástico que não estava no roteiro, em que Norman somente estende a mão e toca no irmão. E Michael só diz, “Chega pra lá, cara,” e tira seu braço dele. O fato é que houve esse momento de ternura, onde Daryl se aproximou de seu irmão e Merle não soube lidar com essa intimidade naquele momento. Foi bastante poderoso, o que fez com que a perda do irmão no final do episódio fosse muito pior, porque você sentiu aquele momento que Daryl encosta no irmão. Depois, Daryl percebe o que aconteceu e toda aquela emoção aflora – Eu amei aquilo. E não estava no roteiro. Isso aconteceu somente porque esses estavam pesquisando e falaram, “Isso é maneiro pra porra.” E foi realmente ótimo. Eu amei o que esses caras fizeram com os personagens, e eles sabem dos personagens melhor que qualquer um desse planeta. Norman e eu conversamos muito sobre as pequenas nuances que ele jogou para Daryl e essas coisas que pessoas respondem, e ele realmente adicionou essas camadas. Aquele momento com ele e Rooker foi tão poderoso e configurado para literalmente só ocorrer um toque de ombro.
REEDUS: Também foi como quando você acha que nós dois iremos morrer, e o Governador arrasta Daryl e tira o capuz de sua cabeça. Eu não percebi que fiz isso, mas quando ele puxou o capuz, eu caí no Governador porque vi meu irmão lá. O foco estava apenas nele. Eu não tinha percebido isso, mas fizeram um desses gifs em que eu caía no peito do Governador, o cara malvado. Todos os personagens envolvidos nisso, a equipe inteira… Eu consigo olhar para Greg e falar que aquela cena é ótima sem nenhuma fala. Há uma abreviatura entre nós.
No trailer, parece que Daryl está liderando a missão. Ele está assumindo o papel de líder?
REEDUS: É diferente, porque as coisas precisam ser feitas, e Daryl irá certificar que serão feitas. Ele vai agarrar-se, levantar-se e ir embora. Ele é esse cara. Ele não quer só ficar sentado, olhando para seus olhos e conversar sobre seus sentimentos. Ele não é o cara que falará “tudo ficará bem”, então não é a mesma coisa que ser líder.
NICOTERO: E o personagem de Rick… meio que definimos o fato que ele percebe em seu mundo – o fato que a última vez que vimos Carl, ele atirou em um cara na face, e esse momento de horror abjeto foi quando ele viu de que seu filho é capaz. Ele percebeu isso, “Ouça, minha responsabilidade é certificar que nesse mundo, onde não há regras a serem aplicadas, meu filho cresça como seres humanos que não são completamente desprovidos de qualquer emoção ou sentimento.” Então Rick faz a decisão sensata de que Carl e Judith são suas prioridades. Isso dá a oportunidade de Daryl assumir essa posição única no grupo, e é algo que definitivamente será explorado nos primeiros episódios da quarta temporada.
Todos vem falando sobre a terceira ameaça, que não são os zumbis, nem humanos, e não sabemos o que é ainda. Você pode dar alguma dica? Ou talvez como seu personagem será afetado por isso, e qual a direção essa história vai tomar?
REEDUS: Sharknado.
NICOTERO: Norman e eu estamos competindo para fazer a sequência de Sharknado.
REEDUS: Como posso dizer isso sem ser afastado?
NICOTERO: Posso dar uma pequena dica, porque muito disso vem de uma conversa que eu e Scott Gimple tivemos ano passado. Nosso grupo sobrevive na estrada por tanto tempo que eles se tornaram profissionais em matar zumbis, e sentimos que a ameaça deles tem que estar sempre presente, e a ideia é que nosso grupo poderia se encontrar no meio de uma situação que eles não conseguem lidar. É uma coisa andar pelo quintal da prisão e falar “Ok, tem 60 walkers e nós vamos mata-los, vá até a próxima área e mate-os, e depois vamos tomar essa prisão,” ao passo que era importante para mim que sempre mataríamos essa ameaça viável. E os escritores vieram com várias opiniões, até mesmo histórias inteligentes, que levariam isso para o próximo nível. É meio que uma metamorfose do que aprendemos nessas últimas três temporadas. Você descobrirá no final do primeiro episódio.
REEDUS: E também Sharknado.
NICOTERO: É, e o Governador aparece e joga tubarões em todo mundo.
E o Tyreese? Ter 3 machos-alfa no grupo irá afetar Daryl?
REEDUS: Não é tipo aqueles acampamentos onde todos tentam lutar para ser o líder. Não é isso. Depois de tudo que aconteceu e tudo que estamos passando, a questão é como continuaremos? Não é como o lado do Governador, onde ele é O Governador. Há força em números, mas há também força nos pequenos. Todos do elenco, todo mundo da prisão, consegue chutar uns traseiros. Então não acho que ninguém está tentando pisar em ninguém… de propósito, pelo menos.
E a relação de Daryl e Rick? Ele culpa Rick por não confiar em Merle e expulsar ele?
REEDUS: Depois de tudo que Daryl e Rick passaram… Rick meio que se tornou o irmão que Merle nunca foi. E Daryl conhece seu irmão. Se Merle tem certeza que quer fazer algo, ele vai e faz isso. Não dá para impedi-lo. Eu não acho que Daryl culpa ninguém por isso. Ele é meu irmão e se isso era o que ele queria fazer, ele irá fazer isso acontecer.
NICOTERO: Houveram algumas cenas deletadas nesse episódio, onde Merle está rasgando colchões a procura de drogas, pois está procurando uma fuga, e Rick chega e eles precisam conversar. No final da conversa, num corte anterior, Merle encontra um isqueiro. É ás de espadas, e ele meio que fixa nessas imagens e no poder disso. Isso meio que solidifica na cabeça dele, pensando em qual será seu papel no grupo. Ele será o cara que faz o que Rick não consegue, porque tudo que ele se importa em fazer é salvar seu irmão.
É um tema que retomamos sempre. O que você estaria disposto a fazer para manter alguém a salvo? O que você estaria disposto a sacrificar? E entramos bastante nesse tema na quarta temporada. A motivação maior de Merle é “Eu só quero manter meu irmão a salvo. Se isso significa entregar Michonne ao Governador, irei manter meu irmão a salvo entregando-a.” E o ponto dela é, “Cara, ele irá me matar, irá te matar, ele irá matar a todos.” E quando Merle percebe isso, é aí que ele deixa Michonne escapar e fica com o problema só para ele. Nunca vi Daryl ser grosseiro com Rick porque Merle tomou a decisão que tomou. E realmente foi tudo visando a segurança de seu irmão. Foi por isso que aquele momento emocionante no final do episódio foi tão poderoso. Porque Merle não pensou que ele iria morrer, não era uma missão suicida. Ele foi com a intensão de matar o Governador. E se não fosse aquele um segundo antes (e Michael vai discutir comigo pra sempre) ele teria acertado o tiro. Ele disse, “Você sabe que eu atiro bem, e a bala vai a 1500 metros por segundo, e eu teria tirado a vida do Governador num piscar de olhos.” E eu disse “Eu entendo.” Você verá no DVD da terceira temporada onde Michael e eu fizemos os comentários desse episódio.
REEDUS: Vocês discutiram?
NICOTERO: [risadas] Discutimos sobre isso. Porque ele disse, “Eu nunca perderia esse tiro. Odeio o jeito que editaram.” Enquanto isso, o roteiro dizia, “Quando ele está quase atirando, Ben entra na frente e leva o tiro.” E Michael disse, “Eu nunca teria perdido esse tiro. O Governador estaria morto e a série terminaria.”
O que você e a equipe de efeitos estão fazendo para manter os walkers interessantes e assustadores? Você está fazendo algo diferente para a quarta temporada?
NICOTERO: Sempre tentamos brincar com a ideia que walkers ficaram sentados no sol e começaram a ficar com a pele coriácea, em decomposição, e eles são muito nojentos. Então toda temporada fazemos dúzias de novas esculturas. Estamos sempre modificando as lentes de contato e as dentaduras. Temos um bando de fantoches que fazemos para ter movimento labial, para que possa abrir a boca e mover os lábios. Até mesmo no primeiro episódio intercalamos os walkers da grade da prisão com fantoches. Estamos tentando manter o paladar visual sempre diferente e em constante mudança.
REEDUS: Tem um zumbi que está no vídeo de teaser da quarta temporada que deveria estar exposto no Louvre. É o zumbi mais lindo que você já viu na vida.
É o zumbi da árvore?
REEDUS: É esse mesmo, e ele é insano.
NICOTERO: É, e Robert Kirkman escreveu isso. Eles enxergam um zumbi na floresta e a árvore tinha caído e quebrou no meio, mas ainda estava lá. O que eu amei foi que eu li a descrição no roteiro, e depois fizemos alguns trabalhos de consulta e depois esculturas e coisas a mais. Enterramos o cara na terra e fizemos pernas falsas, e elaboramos muito o trabalho, e se tornou um ótimo visual. Mas é a mordaça que conta a história. Carl e Hershel estão na floresta e eles veem um walker, e é tipo como se eles pudessem vir de qualquer lugar. A ameaça pode vir de todos os lados e eles nunca estão a salvo. O que eu amo é que os escritores realmente fizeram as mordaças intrínsecas à história. Como Frank Darabont fez no episódio piloto, onde você vê aquela zumbi no parque. Isso explica muito sobre como o mundo é agora. Você sente compaixão, e quando Rick se ajoelha e diz, “Lamento que isso tenha acontecido com você,” e as coisas meio que chegam a ela fracamente. Isso mudou o rumo dos zumbis para mim.
REEDUS: É, para sempre.
Qual tom você acha que a quarta temporada tem?
REEDUS: Não sei, cara. É uma perda simpática. Como você descreveria isso? Há muita coisa acontecendo?
NICOTERO: O que é interessante é que todos tem que fazer coisas terríveis para sobreviver nesse mundo. Carl atirou no rosto de alguém… Pessoas têm feito coisas que fazem eles se questionarem de sua própria humanidade, e na verdade a questão é, você pode voltar? Você pode fazer coisas que precisa para sobreviver? Como Merle fazendo aquele sacrifício. E isso é nosso tema – as coisas terríveis que têm que fazer para sobreviverem, elas os tornam menos humano? Isso é muito importante para todos nossos personagens.
The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com dezesseis episódios na quarta temporada, em 13 de Outubro de 2013 na AMC e 15 de Outubro de 2013 na FOX Brasil. Confira o trailer oficial da temporada.
Fiquem ligados aqui no Walking Dead Brasil e em nossas redes sociais @TWDBrasil no twitter e Walking Dead Br no facebook para mais informações sobre a quarta temporada.
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Fonte: Collider
Tradução: @LaisYes / Staff Walking Dead Brasil
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