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David Morrissey fala sobre a quarta temporada de The Walking Dead, O Governador e mais…

O desempenho de David Morrisey como o coordenador de Woodbury se destacou fortemente em uma série onde todos são “top de linha” no que fazem e seu personagem, mais do que muitos, provou ser tão fascinante quanto desprezível.

A beleza do Governador esteve em esconder grande parte da motivação de seu personagem. Apesar de compreendermos que a perda traumática de sua filha o afetou profundamente, isso ainda não explicou a visão tenebrosa de seu aquário cheio de cabeças de zumbis – uma obsessão sobre o que move os zumbis é uma coisa, mas usá-los como abajur é outra. Certamente ainda há muito para se descobrir sobre ele na quarta temporada, mas conversando sobre episódios de “flashbacks”, há chances de que iremos descobrir mais sobre sua ascensão ao poder e como ele abraçou essa jornada.

O site Den Of Geek! conversou com David sobre a quarta temporada, o retorno do Governador e muito mais. Confira abaixo:

Primeiramente, parabéns pelo desempenho como O Governador, ele se mostrou uma parte incrivelmente poderosa da terceira temporada de The Walking Dead – quando você entrou para esse papel, você tinha ideia de quão complexo esse personagem se tornaria?

Não, eu não sabia. Eu sabia da ambição em torno dele e tinha uma ideia de para onde iríamos como um personagem e certamente sabia o primeiro episódio em que participaria, o terceiro episódio, mas não, não tinha os detalhes de como ele evoluiria. Eu tinha muitas vontades e ambições para isso e elas foram realizadas, ou seja, os roteiristas acertaram e isso foi satisfatório para mim de verdade, eu fiquei muito feliz com o resultado e como as pessoas escutaram – há um esforço colaborativo nisso também – portanto eu fiquei satisfeito, mas não sabia dos detalhes que vinham sendo elaborados e eu não havia lido os quadrinhos, portanto não sabia de nada.

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Eu acho que normalmente o gênero terror traz muitos tons de cinza, personagens normalmente são bons ou malvados, mas O Governador tem uma construção mais carnal como vilão e é fácil se identificar com alguns aspectos, isso foi algo que teve apelo para você?

Sim, acho que algo que pesou foi o meu desconhecimento dos quadrinhos, mas uma coisa que eu li foi – Robert Kirkman escreveu um ótimo livro chamado A Ascensão do Governador – e o que eu queria mesmo fazer na terceira temporada era mostrar de onde esse homem veio. Nos quadrinhos, você começa com ele sendo malvado desde o começo, você sabe que ele está fazendo coisas horríveis e eu quis mostrar um pouco mais de complexidade, mostrar um homem e seu desvio psicopático e como isso surge.

E há dicas o tempo todo – há um homem antes da sua filha ser levada dele e há um homem depois de ter sua filha levada e que ainda quer ouvir o lado bom dentro dele, ao invés do lado ruim, e eu sinto isso mesmo na última atitude mostrada na terceira temporada – não é um homem que está contente com aquilo, não é um homem que lida com esse tipo de massacre de forma muito fria, calculada, meio sádica, é um homem que pirou, pirou de verdade.

E agora, indo para a quarta temporada, poderemos ver que impacto isso teve nele e onde ele está agora?

Posso dizer que vai ser bem difícil promover (a nova temporada) de Walking Dead, porque eu posso falar por horas sobre o que está acontecendo, mas não posso falar sobre o que está por vir. Acho que o importante para mim é que no final da terceira temporada vimos um homem que não está feliz, você sabe que ele fez algo terrível e isso vai ter seu preço, não é algo que ele pode deixar para trás, ele não é sádico e psicótico dessa maneira, é uma forma diferente de psicose nisso. Então vai ser interessante na quarta temporada para as pessoas verem como ele lida com esse ato terrível e isso pode afetá-lo em muitos, muitos aspectos, então será interessante para as pessoas verem como ele se modifica… mas é difícil, pois não quero revelar nada ainda!

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E nós agradecemos por isso! Na terceira temporada, muitas das suas cenas chave foram com Laurie Holden (Andrea), é estranho quando você atua com alguém de forma tão intensa e você descobre que seu personagem vai matar o dela?

Ah, é horrível [pequeno corte na ligação]… como um grupo em que nunca sabemos o que vai acontecer no início de uma temporada, porque não recebemos esse tipo de aviso, sabemos quando recebemos o script que alguns dos seus melhores amigos vão embora. Igualmente, Michael Rooker, ele é um grande amigo e eu senti muito ao vê-lo ir também e Dallas Roberts que fazia Milton, essas são pessoas com quem criei muita afinidade.

É algo bem difícil e é complicado para explicar sem soar petulante, você sabe que isso tem seu preço porque há circunstâncias dos lugares em que filmamos e as condições em que filmamos, com muita amizade e cuidado um com o outro, e confiança um no outro, então, quando um de nós vai embora, é um momento terrível.

O elenco é ótimo também, com atuações uniformemente fortes o ambiente de trabalho tem que ser excelente…

Acho que o elenco da série é escolhido de forma brilhante, acho que isso é feito muito bem, mas também, o roteiro é muito bem feito, por isso, o material que você recebe para fazer é bem desafiante e bonito. Eu também digo que isso vem de cima, então o número um na lista é Andrew Lincoln e ele marca o passo da série, e ele não faz isso somente no nível da atuação e no que é preciso fazer, você sabe com Andrew que ele vai aparecer no set e ele sabe o que está fazendo e ele está preparado para qualquer que seja a cena dele, ele sabe as falas, ele está com tudo em ordem e se doa cento e dez por cento – se bem que essa é uma expressão que eu detesto pra caralho! [risos] – mas ele se doa cem por cento o tempo todo e ele sabe de tudo ali.

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E não somente outros atores, mas a equipe, olhando para o Andrew – ele define um padrão bem, bem alto e você tem que se adequar, então você sabe que deve dar o seu melhor e cuidar da sua parte em um todo, que aquela é sua responsabilidade do dia e Andrew faz isso o tempo todo, então ele define o limiar para todos nós de verdade, no seu profissionalismo e talento. Então ele é o cara em quem devemos nos espelhar e é por isso que eu acho que a série anda tão bem.

Acho que é por isso que ótimos atores querem trabalhar na série, porque eles sabem que terão uma chance de se mostrar e é um programa que leva a atuação muito a sério e que sabe o tipo de artistas necessários.

Você conhece o Andrew há muitos anos, então deve ter sido ótimo no final da terceira temporada quando vocês tiveram finalmente o encontro e a chance de terem seus personagens se encarando?

É, sabe, outra coisa boa a respeito da terceira temporada foi que nós tivemos aquele única cena grande, no episódio treze, em que estávamos ao redor da mesa – tivemos pequenas cenas assim, mas aquela foi a grande cena e foi ótimo ter a chance de trabalhar com ele naquilo, fazer o que precisava ser feito na cena – mas nós socializamos o tempo todo e nossas famílias são grandes amigas, então estamos sempre visitando a casa um do outro.

Mas o trabalho é algo diferente. Nos dias em que tivemos que trabalhar juntos e fazer as cenas juntos, não socializávamos muito nesses dias, eu ficava no meu trailer, e ele no dele, nós íamos lá e fazíamos o trabalho e, sabe, ficávamos um pouco distantes um do outro.

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Acho que o investimento como espectador, em se voltar contra O Governador, especialmente quando suas ações resultavam na morte de personagens queridos e conhecidos, tornou a decisão de não mata-lo ao final da terceira temporada ainda mais ousada – deve ser ótimo se envolver em algo que desafia as convenções e expectativas?

É sim, acho que é uma série que tem a tradição de matar grandes personagens e acho que o brilho disso é que tem seu frisson com o público nesse aspecto delicado, em que o público sabe que eles nunca estão a salvo e da mesma forma eu fiquei muito feliz [em sobreviver]. Acho que é o caso de todos nós em que quando pegamos o roteiro, todos, silenciosamente – nem todos lemos o roteiro em público – os levamos para o nosso trailer e lemos em silêncio só pra ver se sobreviveremos, só pra ver se a aventura vai continuar por mais oito dias, pois esse é o tempo que levamos para a filmagem de um episódio.

Todos da série querem estar na série e nem sempre acontece, sabe? Trabalhei em séries em que as pessoas diziam “tenho que sair daqui!” e esse não é o caso em The Walking Dead, todos ali querem estar cem por cento e eles amam a série de verdade. Acho que isso inclui a equipe também, existe uma atmosfera de família bem forte e somos tratados muito bem e é uma série legal de se participar e os valores de produção e de padrões do set são enormes, então é uma viagem muito boa.

Andrew, eu e os outros atores, frequentemente nos olhamos e dizemos “Nem acredito que fazemos isso de verdade!” [risos] e é bem legal. Você pode se encontrar parado em um campo cheio de zumbis e pensando [de forma apressada] ‘não pode ser melhor que isso!’ [eu rio e ele diz] É verdade, eu penso isso o tempo todo, todo dia que vou para o trabalho eu penso assim, porque temos a chance de fazer coisas incríveis.


Fonte: Den of Geek
Tradução: @Felipe Tolentino / Staff Walking Dead Brasil

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Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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