Danai Gurira fala sobre a evolução de Michonne, brincar com o Governador, perder seus pets e mais

Conversar com Danai Gurira sobre a Michonne nesse ponto da quarta temporada de The Walking Dead foi um absoluto presente. Enquanto ela se tornou uma adição indispensável para o grupo da prisão no final da terceira temporada, o atual curso do seriado revelou mais sobre sua personagem do que eu imagino que muitas pessoas, inclusive eu, esperavam.

É uma recompensa que valeu muito esperar, especialmente quando a sequência traumática do sonho revelou que ela tinha perdido um filho e sugeriu, horrivelmente, que os culpados pela morte dele, que foram posteriormente mutilados e transformados nos walkers pessoais dela, fizeram parte da sua vida normal antes do início do apocalipse zumbi. A revelação permitiu que a audiência abraçasse Michonne plenamente, dado o entendimento da hostilidade inicial dela com as pessoas, não só como um núcleo do grupo, mas como uma personagem favorita.

O Den of Geek conversou com a entusiasta Danai Gurira para discutir tudo sobre os aspectos da jornada da Michonne que, como seus amigos do elenco, ficaram apaixonados por cada aspecto da personagem dela e cheios de insights pessoais. Confira:

Eu assisti ao episódio da noite passada, The Grove, hoje de manhã e ainda estou afetado por quanto ele foi poderoso – deve ser ótimo fazer parte de uma série que está ficando cada vez mais forte conforme se aproxima do final da quarta temporada.

É uma verdadeira benção ser uma parte disso, pois nem sempre acontece desse jeito, então, eu fico muito agradecida por fazer parte disso, é um produto incrível de se fazer parte.

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Um dos elementos mais fortes de The Walking Dead é que demora tempo para desenvolver os personagens. Deve ter sido ótimo finalmente compartilhar aquele vislumbre na história inicial da Michonne através da sequência do sonho nessa temporada.

É, foi muito, muito legal. Eu sabia que nós iríamos fazer algo assim e as pessoas me perguntariam isso e aquilo, mas, na verdade, poder ler aquilo e atuar foi realmente divertido. Esse episódio inteiro realmente foi ótimo de ver e levá-la para um outro lugar foi realmente animador.

Foi preciso muita paciência da sua parte para chegar até aí também!

[Risos] Bem, sim, mas realmente fez sentido pra mim, foi uma progressão autêntica. Eu acho que não há uma maneira de ela ser o tipo de personagem que você deve conhecer rapidamente – que isso não teria sido verdadeiro para ela, se ela fosse totalmente aberta e exposta desde o primeiro episódio em que a conhecemos – então eu acho que foi muito autêntico permitir que ela lentamente descascasse como uma cebola, havia camadas em que eles precisavam chegar e elas não poderiam estar expostas, abertas, desde o início.

Aquela sequência do sonho foi uma das coisas mais perturbadoras que nós já vimos na série. Ainda assim, estou certo de que, no The Talking Dead da semana anterior, você disse que não era uma grande fã do horror, o que é irônico!

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[Risos] É, é, é! Quero dizer, interpretar horror e assistir são duas coisas diferentes para mim! [Risos] Então a ideia de entrar na psicologia do que ela está passando é muito diferente de sentar e assistir ao filme O Exorcista, o que evitarei com a minha vida! Mas só porque eu sou uma medrosa, não porque o filme não seja brilhante.

Mas tudo bem assistir à série?

Oh, a série eu consigo, a minha série eu consigo assistir, é assistir a filmes de horror nos quais eu não sei o que está prestes a acontecer que eu tenho problemas de assistir! [Risos]

É justo! De volta à terceira temporada, o episódio Clear colocou Michonne no caminho de se tornar uma parte do grupo, quando ela saiu com Rick e Carl – certamente se conectando com Carl propriamente pela primeira vez – você acha que foi uma previsão intencional de onde todos vocês estão agora?

Eu acredito que foi, sim, quer dizer, eu me lembro de que Scott Gimple escreveu Clear e que ele também é o showrunner agora e ‘arqueando’ os personagens, então eu acho que era definitivamente o que ele estava visualizando finalmente – mas vocês têm que perguntar pra ele – mas ele é brilhante com o modo que ele representou nossos personagens e particularmente eu realmente adoro que ele tenha colocado Michonne num lugar mais aberto nesse episódio em particular, quando ela estava mais fechada e começou a se abrir mais.

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Esse episódio é muito especial pra mim, provavelmente como meu episódio mais especial da terceira temporada, porque ele realmente permitiu que ela começasse a se abrir para essas duas pessoas e mostrar que ela se importava com eles, então, foi um episódio muito especial e eu acho que ele orientou onde ela está agora.

O que é engraçado é que agora Michonne, Rick e Carl estão juntos, você tem uma falsa sensação de segurança, de que eles fazem um time tão forte, mas a série logo retira isso. Foi assim que me senti quando Beth estava com Daryl e, agora, isso deu errado.

Certo! [Risos] Não fique confortável com nada, certo?

Eu sei, é incrível que The Walking Dead ainda consiga fazer isso após várias temporadas – exatamente quando você pensa que pode lidar com isso.

Você está certo! [Risinhos]

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Eu sempre menciono isso, mas há tantos momentos pequenos que são ótimos para cada personagem –como na semana passada, quando Carl dizia ao seu pai que “deixasse com ele” e você pisca sobre o ombro dele para deixar Rick saber que você ficará de olho nele – quanto do material você coloca nesses momentos?

Bem, interessantemente, alguns deles são lindamente colocados na página e alguns nós encontramos na interpretação, então, na verdade, é realmente uma ótima colaboração das duas coisas – há pequenos momentos, bonitos, que são perfeitamente representados na página e eu acho que talvez por eu ser roteirista, eu realmente absorvo cada pequena nuance que o roteirista coloca e realmente quero sentir exatamente no momento certo. Então, em muitas vezes, é algo que eles colocam na página e às vezes encontramos coisas realmente legais enquanto estamos encontrando a cena e isso acaba sendo parte disso.

E ter o tempo de expandi os personagens e se desenvolver com eles, deve permitir que você reaja às situações mais naturalmente…

Sim e o que tem sido realmente divertido é que você começa a encontrar diferences nuances conforme vai em frente e elas começam a ser aquelas que são absorvidas na representação – essa é sempre a alegria de poder interpretar um personagem durante um período longo de tempo.

Por falar em Carl e em Michonne e no laço deles – ele ficou bastante isolado da maioria das pessoas, por causa do trauma pelo qual passou – porque você acha que eles dois têm uma conexão tão forte?

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Eu acho que eles alcançaram um entendimento. Eu acho que há algo realmente ótimo em como Michonne entende Carl e ela realmente tem um coração forte em relação a ele, porque ele é o rapazinho que, talvez, seu filho nunca conseguiu se tornar, mas ele também é um rapazinho que realmente descobriu como lidar consigo mesmo nesse mundo realmente hostil, então, ela tem um coração maciço em relação a ele e quer o melhor pra ele e quer que ele seja… Quando ela saiu para encontrar o Governador, ela estava trazendo de volta qualquer coisa que ela pudesse encontrar para manter a vida dele de uma maneira em que ele pudesse ter alegrias e coisas que poderiam iluminar o fardo que ele tem que levar nesse lugar, mas ela também respeita como ele lida consigo mesmo, então, é uma verdadeira amizade, pois ela tem respeito por ele e acho que ele também sente isso.

Ele sente que ‘ela não está me tratando como criança’, e eu acho que a ideia de que ela foi capaz de compartilhar sua história com ele mostra o quanto – sabe, antes ela não tinha compartilhado sua história com mais ninguém, inclusive com a Andrea, ninguém mais tinha ouvido o que ela contou a ele naquele episódio e eu acho que essa é a representação real da amizade verdadeira que existe ali. Você terá que perguntar pra ele porque gosta da Michonne, mas eu acho que eles realmente têm uma conexão ótima e verdadeira, e que ambos entendem que passaram por algumas coisas e agora ele realmente a entende também, quando ela perdeu pessoas próximas dela, assim como ele também perdeu, e acho que isso é algo que ele realmente consegue conectar com ele. Mas eu acho que o fato de ela não o tratar como criança, numa certa extensão, e acho que ele realmente gosta disso.

Sim, especialmente porque ele sofre muito com isso com seu pai e tentar provar constantemente que é um homem…

É, não há nenhuma batalha com ela, você tem que ter essa batalha com seu pai enquanto você tenta se descobrir quando é adolescente, mas ele não precisa ter essa batalha com a Michonne, sabe, é sempre mais difícil com o pai – o pai sempre vê o pior lado do filho, não importa o quanto eles se esforcem! [Risos]

Você mencionou Andrea e sempre que eu falo com alguém da série, eu sempre me sinto inclinado a perguntar sobre o impacto de perder membros do elenco com quem você trabalha tanto – de quem você sente saudade da série?

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Bom, eu sinto saudade de todos eles, mas ao mesmo tempo, nós ainda somos uma família e ainda saímos juntos. Eu estava com Andre… com a Laurie há algumas semanas e nós ainda nos vemos, então, não é uma perda completa, nós construímos uma amizade verdadeira além da série, então é sempre um presente e uma benção e a experiência compartilhada que nós sempre teremos. Mas, sim, foi difícil, sempre é difícil, é um processo difícil e foi difícil perder Scott Wilson agora e esse episódio foi muito doloroso de assistir por causa disso.

Posso imaginar, já que foi difícil assistir. E você acha que nós veremos mais do tempo que Andrea e Michonne passaram juntas com flashbacks?

Nós teremos que ver, fale com o Senhor Gimple! [Risos]

Coloque a ideia na cabeça dele!

Certo!

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Quando nós conversamos com David Morrissey, ele estava falando sobre como ele é amigo de Andrew Lincoln, mas que eles tiveram que manter certa distância quando tiveram que se enfrentar – Michonne tinha um ódio tão intenso do Governador, vocês dois ficaram separados antes de gravarem?

Eu amo o David! Quer dizer, amo, sim, e nós brincamos muito um com o outro e é tão interessante porque havia cenas em que eu tinha que ir e me isolar, não era por causa dele necessariamente, era por causa do fato de que eu tinha de ir a um lugar onde eu queria assassiná-lo e assassinar uma pessoa. Então eu tinha que me isolar. Eu teria que ficar com meus headphones, pulando corda e mantendo meu corpo intensamente vivo entre os takes, mas eu posso brincar com ele de um momento para outro! [Risos]

Deve ser realmente estranho ter todas essas ótimas amizades e então precisar ser tão intensa…

Mas eu acho que, ao mesmo tempo, existe algo muito confortável nisso, sabe? Eu tenho um nível de conforto, então, podemos ir a lugares extremos e intensos, porque eu sei que, abaixo disso, nós tomamos conta um do outro e isso nos dá a liberdade de sermos tão intensos e sacanas quanto precisarmos ser! [Risos] Sabe, as coisas que precisamos fazer às vezes são loucas, mas a cena em que eu e David estamos tentando matar um ao outro em sua sala foi louca!

Foi muito intenso, mas nós estamos cuidando um do outro ao mesmo tempo e estou muito agradecido pelo elenco com que eu trabalho, porque existe essa experiência dual de ter alguém tomando de você e ficar muito intenso simultaneamente, então você sente segurança quando vai a lugares muito, muito sombrios.

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Você mencionou como Michonne é uma personagem que foi revelada pacientemente, mas foi muito difícil ir diretamente, porque, como telespectador, foi muito difícil se conectar com ela por algum tempo, especialmente porque ela se afasta tanto dos outros?

Foi desafiador e às vezes divertido. Às vezes, é bom interpretar uma personagem que não se importa se gostam ou não dela, então eu pensei, “Quer saber? Eu não sou do tipo que agrada as pessoas.” – E isso foi Michonne falando, mas, na verdade, Danai também não é do tipo que agrada as pessoas, então eu acho que eu sou um pouquinho mais do tipo que agrada as pessoas do que ela, e um pouquinho mais preparada pra manter as pessoas à vontade do que ela é… mas eu adorei isso, eu adorei poder interpretar uma personagem de que ‘vocês não vão gostar no início, e tudo bem’ – não estou me esforçando para que gostem de mim agora. [Risos]

Então eu estava tranquila com isso e porque eu sabia que isso estava no arco, foi animador fazer isso, mas, sim, foi um desafio também, porque você quer expressar coisas que ela não expressaria, mas isso também permitiu que ela mudasse quem ela era e trata-se dela ser exatamente quem ela é, e eu amei que isso era algo que estava dentro dela, que ela está escolhendo isso, e então um dia ela ficou cansada de escolher afastar as pessoas. Então, houve paciência, mas houve momentos em que eu gostei porque ela não liga a mínima, não está tentando ser sua amiga e há algo de maravilhoso em ser esse tipo de garota! [Risos]

E finalmente – pergunta boba – você sente saudade dos seus pets?

Enquanto Michonne – não, porque, como vimos no final do episódio em que ela tem o flashback, eles não são uma parte boa de seu passado e mesmo ter pets novos seria retroceder a um modo de ser que ela precisava parar de fazer, era algo em sua vida de que ela precisava se livrar.

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Eu adoro os caras que interpretaram meus pets, às vezes era esquisito puxar os caras por aí com as correntes. Mas nós nos tornamos bons amiguinhos, então ficou tudo bem! [Risos] O máximo que pôde ficar bem!

Mas enquanto Michonne, eu gostei de criar meus novos pets no episódio nove, eu pensei que era uma coisa realmente interessante, é claro que ela faria após ver a devastação e todos terem partido e haver walkers em todos os lugares, é claro que ela iria e faria isso. Então foi divertido gravar mas, ao mesmo tempo, estou feliz que ela tenha se livrado deles no final e isso foi o fruto de ter libertado sua própria alma.

Danai Gurira, muito obrigado!

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Fonte: Den of Geek
Tradução: Lalah / Staff Walking Dead Brasil

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Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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