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Scott Gimple fala sobre seus medos como showrunner e faz uma abordagem “remix” da quarta temporada

O fã antigo (e leitor) dos quadrinhos abre o jogo para o Hollywood Reporter a respeito de como é substituir Glen Mazzara e aprender com seus antecessores: “Eu estou tentando fazer uma abordagem tipo ‘Os Melhores Hits’ e pegar o melhor destes dois diretores, e seguir adiante. Mais do que imprimir uma marca registrada minha, é mais a respeito do que nós já fazemos aqui com as histórias centradas nos personagens.”

The Walking Dead, da AMC, retornará em Outubro para sua quarta temporada e com seu terceiro showrunner nos últimos três anos, com Scott Gimple assumindo o reinado de Glen Mazzara. Sob a batuta deste último, o drama zumbi continuou sua impressionante história de quebra dos próprios recordes como o show de TV número 1 entre adultos de 18-49 anos, com um ritmo desconcertante e um desejo imenso de matar seus personagens centrais.

Gimple, que com Walking Dead estreia na tarefa de showrunner, vem do mundo dos quadrinhos e está na série desde a segunda temporada, trabalhando tanto com Frank Darabont, o primeiro showrunner e que desenvolveu a série, trazendo-a para a TV, como com Glen Mazzara. O típico escritor-produtor tímido, cujos créditos ainda incluem “Flash Forward” e alguns dos mais aclamados episódios de The Walking Dead, diz que sua abordagem será a de fazer histórias mais centradas nos personagens e um “remix” do material criado por Robert Kirkman, que ele tem lido pelos últimos dez anos. The Hollywood Reporter conversou com Gimple e discutiu seus temores, sua abordagem à morte de personagens (RIP Lori, Andrea, Merle, T-Dog…) e se Rick (Andrew Lincoln) perderá a sua mão nesta temporada, um momento que os leitores dos quadrinhos sabem ter sido um divisor de águas.

The Hollywood Reporter: Qual foi seu pensamento após ter sido inicialmente oferecido a você o trabalho de showrunner?

Scott Gimple: Eu tenho uma parcela saudável de temores em minha vida, fazendo lasanha para minha esposa e com qualquer outras dessas coisas. Eu estava assustado quando fiz meu primeiro script aqui [durante a segunda temporada]. Então, quando me ofereceram o trabalho de showrunner eu certamente senti um pouco deste medo saudável. Mas o principal para mim é que eu amo esse show, amo esse elenco, amo essa equipe. Trabalhar com todos aqui sempre foi incrível. Assim, não importando o quanto eu pudesse balançar, minha resposta só poderia ser sim. Minhas preocupações são, como em tudo, querer fazer um bom trabalho, e eu senti que poderia. Eu senti que poderia fazer aquela lasanha para a minha esposa. Eu acho que, se você ficar um pouco nervoso a respeito, isso significa que você se importa e que está determinado a fazer algo grandioso.

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THR: Você é o terceiro showrunner em quatro temporadas. Você tem alguma preocupação de isso ser algo somente de curto prazo?

Gimple: Nem um pouco. Não me preocupo com isso. Trabalhar com a AMC tem sido ótimo. A única coisa que me deixa eufórico é que tenho recebido um grande apoio de todos. Eles querem que esse show seja um sucesso; eles querem que eu seja bem sucedido. E realmente, fazer a coisa certa para eles e para os fãs, é isso.

THR: Como você se preparou?

Gimple: A primeira maneira como me preparei foi há muitos anos, sendo um grande leitor dos quadrinhos. Eu estava lendo The Walking Dead desde o início. Então, acabei por estar no show, e eu realmente tive muita sorte de trabalhar em episódios como “Pretty Much Dead Already” e “Clear.” Eu trabalhei muito também em episódios que não escrevi. Eu os produzi quando estava na Georgia, e isso foi um aprendizado incrível por si. Em outros shows, como Flash Forward – onde trabalhei com David Goyer – eu tentei produzir tudo o mais à minha maneira possível, e comecei em algo grande.

THR: Qual foi seu melhor dia como showrunner até agora?

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Gimple: A semana dada para fazer o primeiro episódio foi louca. Nós estávamos terminando de escrever e se dirigindo à produção, assim como dizendo adeus a todos os escritores por duas semanas e verificar tudo o que estávamos começando. Então, ir para a Georgia, estar com a equipe, estar com (o mestre dos efeitos especiais e maquiagem) Greg Nicotero – que dirigiu o primeiro episódio – e mergulhar nisso. Há algo incrível em sair das páginas escritas e ficar no set com esta equipe e elenco incríveis. Aquela primeira semana de mudança para a produção foi selvagem – tanto como um dos principais caras aqui quanto como fã. Foi incrível.

THR: E o contrário: qual foi a parte mais difícil de ser um showrunner até agora? Há algo contra o qual você está lutando?

Gimple: Estar no outro lado dele. Em todos os shows que participei, eu manejava diferentes responsabilidades e ainda manejava o tempo. The Walking Dead é uma máquina perfeita, e eu tenho muitas pessoas que podem fazer muitas coisas e muito bem.

THR: Você trabalhou com Darabont e Mazzara. O que você aprendeu com eles e que você está trazendo para o show?

Gimple: Ambos fizeram contribuições incríveis e grandes coisas pelo show. Frank e Glen são ambos incrivelmente apaixonados. Ambos são fãs do gênero, e eu absolutamente captei muitas coisas acompanhando o trabalho deles. Ambos são bem conhecidos por saber assustar as pessoas muito bem, e eu quero poder fazer o mesmo.

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THR: É sua primeira vez como showrunner. Que conselho você recebeu dos demais que já estão no negócio?

Gimple: Ganhei muitos conselhos de alguns dos showrunners em atividade. Falei com David Goyer, que é meu amigo. É realmente tudo a respeito de como lidar com o tempo e honrar o material entregue aos fãs, e trabalhar muito, sem tirar os olhos do todo.

THR: Como foram seus diálogos com o elenco?

Gimple: Foram sobre o show. Foi sobre considerar todas as grandes coisas que estamos fazendo certo. Há uma linha tênue no momento de se falar com o elenco, por que eu realmente quero que eles se mantenham informados tematicamente a respeito de onde estamos indo, sem largar grandes spoilers. Eu tenho fobia a spoilers de todas as maneiras e não quero que o elenco saiba absolutamente nada do que está para acontecer. Mas tivemos conversas intensivas sobre seus personagens e o futuro deles tematicamente. Eles conversaram muito comigo em termos de apoio. Muitas pessoas tem dito – e isso é uma honra – que eles queriam me ver bem sucedido. É como Doctor Who. Eu adoraria ser um Tom Baker [o quarto Doctor da série e o que mais tempo ficou]. Andy deu um grande apoio. Ele realmente acreditou muito no trabalho que eu fiz. “Clear” foi um dos seus episódios favoritos, e ele estava ansioso por mais daquilo. Todos os membros do elenco disseram algo como “me diga o que você quer que eu faça e eu farei”.

THR: Como você aborda o “showrunning” diferentemente dos seus antecessores?

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Gimple: É meu terceiro ano agora, e fui capaz de me beneficiar das lições que aprendemos, e estou apenas tentando aplica-las. Não importa se trabalhando nos roteiros, edição, conversando com a equipe, trabalhando em grandes sequencias, tenho tido muita sorte de ver as pessoas fazendo isso, tanto os triunfos como os erros. A maior coisa que eu sei é que tudo passa pela colaboração, e isso inclui todas as pessoas na Georgia e em LA. Eu estou constantemente no telefone com os demais produtores executivos, examinando seus pensamentos, pedindo por ajuda quando preciso e todos nós juntos fazemos as coisas acontecer.

THR: O estilo de Darabont era o das nuances, enquanto o de Mazzara era um ritmo rápido. Como você vê seu trabalho sendo descrito?

Gimple: Eu tento uma abordagem tipo “Os Melhores Hits’’, pegando o que há de melhor nesses dois tipos de direção. Mais do que imprimir uma marca registrada minha, é sobre o que já fizemos com essas histórias centradas nos personagens e é realmente se afundar nisso, ao mesmo tempo em que temos sustos terríveis incríveis e sequências excitantes, mas tudo a serviço da construção de uma boa história. Uma expressão que uso sempre é “roteiro cumulativo”. É sobre ter tudo encadeado, para que signifique algo. Quando The Walking Dead tem o seu melhor, todas as coisas acontecem ao mesmo tempo: a emoção, ação, horror, sustos. Eu tenho muito orgulho por ter escrito um episódio onde uma garotinha saía de um celeiro após uma horrível execução de zumbis e fez as pessoas chorarem. É uma das coisas que fiz e que mais me orgulho.

THR: Como fã dos quadrinhos, que tipo de relacionamento você tem com Robert Kirkman quando se trata de adaptar seu material original?

Gimple: Kirkman é mais centrado nas despedidas dos quadrinhos do que eu mesmo fui no passado. Sua abordagem é mais tipo “Oh, está tudo bem, já vimos isso nos quadrinhos. Podemos misturar um pouco.” Eu sou mais radical quanto a manter-se fiel à história exata dos quadrinhos. Kirkman tenta me tornar mais relaxado quanto a isso, brincando com coisas diferentes e seguindo direções diferentes. Para falar a verdade, neste ponto em que a história está, qualquer um que seja um grande fã dos quadrinhos pode ver que tivemos que fazer assim. É engraçado, em algumas coisas em que nós nos afastamos dos quadrinhos nós acabamos nos tornando ainda mais próximos a eles, de algum modo. Haverá alguma incursão neles e alguma mistura. É como eu vejo a série, essencialmente: um remix dos quadrinhos.

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THR: Durante a direção de Glen, a série matou alguns dos seus principais personagens. Qual a sua abordagem?

Gimple: O DNA está em como eles morreram nos quadrinhos; eles sempre serviram à história. Se for apenas para chocar, isso é um fracasso. Precisa significar algo. Não quer dizer que tenha quer simplesmente sair do nada só por que acontece algumas vezes neste mundo.

THR: O que faz você perder o sono?

Gimple: Eu tenho muitos medos nessa vida; eu posso ser um pouco preocupado demais. Uma das coisas que me tiram o sono foi uma das cenas que fizemos. Foi um momento, e eu culpo Greg Nicotero por isso. Eu estava fechando meus olhos e vendo-a diante de mim, e não foi agradável. Não será agradável, Na verdade, eu diria que foi tão desagradável que os últimos segundos tiveram de ser cortados por que não seria legal para ninguém. Não vou falar a respeito, mas é a execução de uma cena incrível. É um momento gigantesco por que tu tens que podá-lo um pouco. As pessoas que estão assistindo verão se realmente chegamos lá. Não será uma coisa bonita. Mas nós não estamos exatamente o jogando no rosto do público.

THR: Você está fazendo sua estreia como showrunner na Comic Con, no Hall K. Como você está se preparando para as perguntas dos fãs?

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Gimple: Eu vou à Comic-Con desde 1994 a e fui muito ao Hall H, mas na plateia, olhando para o palco. Eu estou realmente entusiasmado, por que me sinto confortável lá. Não estou assim tão nervoso, além do mais estarei lá com mais 12 pessoas que eu realmente aprecio. O fato é que estou nervoso por que Norman Reedus (Daryl) estará lá falando, e eu estarei lá sentado, ouvindo-o e esquecendo o que eu deveria dizer [risos]. Estou ainda encarando como um fã. E há muitos painéis que eu quero assistir, vou ter que ver quais serão meus compromissos. Estou realmente curioso a respeito dos fãs e suas perguntas, pois eles sempre tem as melhores. Não querendo desencorajar [o moderador e apresentador do Talking Dead] Chris Hardwick, que eu adoro.

THR: Muitas pessoas ficaram furiosas no final da terceira temporada, com a fuga do Governador e a morte da Andrea. No que a quarta temporada será diferente?

Gimple: Eu espero que todas essas pessoas fiquem entusiasmadas com o que está vindo nesta nova temporada. Talvez alguns dos conflitos com Michonne, Rick e o Governador não foram totalmente esquecidos. É tudo parte de uma história maior, porque ela ainda continua. Tudo isso irá afetar o futuro.

THR: Há alguns momentos que foram divisores de águas nos quadrinhos e que aconteceram entre o Governador e Rick – incluindo a perda de sua mão. Como você vai abordar estes momentos?

Gimple: Retornando à ideia do remix, haverá grandes momentos dos quadrinhos que serão vistos em um contexto muito diferente, que os fãs serão capazes de reconhecer, que não muito diferentes na continuidade da história. Há muitas coisas que estão diferentes neste momento da história, comparado aos quadrinhos. O Governador na TV é diferente do Governador da HQ. Você irá reconhecer vários destes grandes momentos nesta temporada, mas você também verá que eles não são exatamente como nos quadrinhos, e você saberá por que em função de onde a história está agora. Daryl Dixon é uma parte enorme do show e ele não está nos quadrinhos. As histórias que acontecem o envolvem enormemente e ele, enquanto personagem, muda estas histórias. Isso acontece de tantas maneiras ao longo da história. O legal é que nós podemos entrar nesses momentos, temas e dinâmicas, mas eles acontecem de maneira diferente, em momentos diferentes e às vezes com personagens diferentes. É tão legal para mim, como fã, quando fazemos isso. E é uma maneira de pegar algo que os fãs dos quadrinhos conhecem bem e apresentar de uma outra maneira, idealmente com um contexto emocional diferente, mas de maneira tão poderosa como nos quadrinhos. Então, você ainda tem algo novo, mas que serve à história, da maneira como falamos.

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A quarta temporada de The Walking Dead estreia em Outubro na AMC e o trailer oficial será divulgado durante a Comic Con de San Diego, na próxima sexta-feira (19/07).


Fonte: THR
Tradução: @BinaPic / Staff Walking Dead Brasil

Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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