ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do sexto episódio da quarta temporada, “Live Bait” (Isca Viva).
The Walking Dead revelou a história por trás do Governador (David Morrissey) com um episódio que começou exatamente onde a 3ª temporada terminou, mostrando o vilão caolho na estrada depois do massacre brutal em seu próprio grupo.
Na estrada após seus dois capangas abandona-lo durante a noite, o Governador se estabelece em um acampamento onde um novo grupo permanece enfurnado dentro dos apartamentos do prédio (ainda!) à espera da Guarda Nacional. Lá, ele passa um nome falso (Brian), raspa a barba e o cabelo desgrenhado – os sinais da sua decadência e marca registrada de seu homólogo nos quadrinhos. Ele cria laços com as irmãs Lily e Tara e a jovem Megan, e salva suas vidas depois que seu pai morre e se transforma.
Em última análise, “Brian” e as meninas pegam a estrada juntos em busca de um abrigo melhor e de uma nova vida – como uma nova família para o Governador, após ele queimar a única foto de seus entes queridos.
O Hollywood Reporter conversou com Morrissey para dissecar os acontecimentos do episódio e adiantar o segundo episódio focado no Governador, na próxima semana.
The Hollywood Reporter: O Governador tentou rejeitar companheirismo. Por quê?
David Morrissey: O que vimos no episódio 6 é um louco querendo ser isolado, ficar por conta própria, sem querer ter qualquer responsabilidade. Mas quando ele encontra essa nova família, ele percebe que pode reinventar a si mesmo e seu passado. Ele pode dar a si mesmo a oportunidade de viver como uma pessoa diferente. Isso é uma coisa maciçamente libertadora para ele; ele não quer se envolver com ninguém e ter que se preocupar com eles, ama-los e ter responsabilidade com eles. Ele está lutando contra isso, mas ele perde essa batalha. Ele tem que admitir para si mesmo que ele se importa e que pode amar. A sociedade normal pensaria nisso como uma emoção muito positiva – que ele está envolvido. Mas neste mundo, é uma emoção perigosa, porque se você tem algo a lutar e perder, então você irá se machucar.
The Hollywood Reporter: Porque o Governador queimou Woodbury?
David Morrissey: Há uma sensação de destruição sobre ele que aquele era o lugar que ele construiu. Suas esperanças e sonhos de um outro futuro foram colocados naquela comunidade, que era onde um novo mundo estava se formando. Há algo naquela destruição – dizendo “isso não vai acontecer, então vamos queimar isso e se livrar dele”. Isso nunca existiu pra ele. Há um fechamento sobre seu passado – que Woodbury já não existe, que as pessoas não existem. Há uma escuridão sobre ele a partir de então. É apenas um espaço em branco, e é disso que ele se afasta. Woodbury foi construída e pode ser construída de novo. Ele não quer que ninguém vá a Woodbury. Esse era o seu sonho e sua esperança e sonhos foram colocados naquele lugar. A última coisa que ele quer é Rick habitando aquele lugar.
The Hollywood Reporter: Onde começa a ideia de usar um nome falso?
David Morrissey: Ele vê essa ligação incrível na parede com mensagens de sobreviventes. Essas são mensagens de esperança, mas quando você vê-las escritas juntas elas são realmente mensagem de desespero e de um mundo enlouquecido. Ele as vê como uma prova de como o mundo ficou louco e então ele se reinventa e quando ele fala a história de seu passado, onde ele morava, esse nome aparece em sua cabeça. Isso dá a ele uma identidade e um lugar, porque ele é capaz de dizer o nome de uma pessoal real – alguém que ele sabe que estava na estrada. Ele dá-lhe uma chance real de reinvenção total. Esse nome pode viver dentro dessa esperança.
The Hollywood Reporter: Primeiro, o Governador se dobra sobre sua porção na sua foto de família para depois, finalmente, queima-la. Qual é o seu processo de pensamento lá? Será que ele já não olha mais para si mesmo depois do que ele fez? Ele está dizendo adeus a sua antiga família para dar lugar a uma nova?
David Morrissey: É um pouco de ambos. O que olha é uma visão de bondade: sua esposa e filha em tempos bons – mas ele não pode olhar para si mesmo porque sua visão de bondade já se foi. Quando ele se reinventa, ele está reconhecendo que já se foi e terá que deixar isso de lado. Ele tem de se reconstruir e se reinventar e comprometer-se totalmente daqui pra frente. Seu passado é o local onde há pedras ao redor de seus pés, que só irá arrasta-lo para baixo, e ele tem que realmente investir em sua nova vida. Ele tem de tornar esse outro homem. Ele não pode mais ser Phillip. Ele tem que tirar todos os laços com o passado.
The Hollywood Reporter: Temos um vislumbre de como o Governador era como pai quando ele cria laços com Megan. Será esta uma forma de recuperar sua humanidade?
David Morrissey: Há uma grande quantidade daquilo que estará sempre lá, é uma coisa inata. Ninguém é todo cinza e ninguém é totalmente mau. Somos uma mistura dessas coisas o tempo todo. O Governador não está dizendo: “O que seria ser bom para essa menina?” É um estado natural para ele, tão natural como outro material sujo que ele fez. Ele fez despertar uma grande responsabilidade nele para com a menina, sua mãe e irmã. Ele odeia ter responsabilidade, mas ele é um homem que trabalha bem com isso. Falando em cuidar das pessoas, ele realmente gosta e faz o seu melhor, não é algo fabricado. O que eu gosto dessa cena é que ele está realmente fechado, ele não vai falar ou se envolver com ninguém. A grande coisa sobre as crianças é que elas são contadoras da verdade. Elas não contornam polidez. Todo mundo quer perguntar-lhe: “O que aconteceu com seu olho?” mas é preciso que esta menina diga “O que aconteceu com seu olho”? Porque ela faz uma pergunta direta que pega-o desprevenido, mas de repente ele volta a ser uma pessoa brincalhona. Quando ele diz que é um pirata, ela fica logo na defensiva e ele começa a rir – e se quebrando ao mesmo tempo, porque ele pode rir, chorar e amar. O que ele queria, mais do que tudo, era a construção de uma cela acolchoada no seu imaginário de modo que ninguém poderia toca-lo, e alguém tocou seu coração, e desde então está desmoronando.
The Hollywood Reporter: Lily e “Brian” meio que estão juntos. Como ele vai lidar com esse romance de uma maneira diferente do de Andrea?
David Morrissey: Ele é um homem diferente. Com Andrea, ele tinha todos os tipos de segredo, a fim de manter Woodbury viva. Ele tinha um ego diferente: ele estava em seu santuário e ele tinha todos os atributos de sucesso e estava bêbado com o poder. Ele não tem isso agora e é um homem sem nada. Ele é um cara sem teto. Ele é um homem muito mais vulnerável em todos os sentidos. Ele é mais emocional. Ele é muito mais aberto, de certa forma. Mesmo ele tentando manter as pessoas longe dele, há algo em como elas o tocaram de uma maneira diferente. Ele está olhando para Lily e Megan como se ele estivesse olhando para sua própria esposa e filha. Há um elemento onde ele queima o seu passado para poder investir no futuro e nas novas pessoas em sua vida. Ela é uma mulher diferente: Andrea era uma lutadora e tinha visto coisas terríveis e estado em batalhas; Lily ficou isolada em um apartamento e ela precisa se proteger de uma maneira diferente.
The Hollywood Reporter: Martinez (José Pablo Cantillo) e Shumpert (Travis Love) – as únicas testemunhas das atrocidades do Governador – abandonaram-no, mas ele acaba cruzando o caminho de Martinez no final. Como o “Brian” irá explicar quem ele realmente é para Lily, Tara e Megan?
David Morrissey: Seu verdadeiro problema é que ele passou o episódio inteiro reinventando-se com essas pessoas e, em seguida, alguém de seu passado caminha de volta para sua vida. Esse vai ser seu problema no episódio 7, a partir de então – como ele pode ser Brian quando ele encontra alguém que conhece tudo sobre seu passado? Como ele irá jogar isso? Esse será seu dilema daqui pra frente. A questão é quanto tempo ele manterá esse ritmo nessa temporada. De agora em diante, a dança que ele tem que dançar é sobre qual pessoa ele vai ser. Quem vai vencer? Será Brian ou o Governador? Ou um outro personagem entre esses dois personagens, que andam na corda bamba entre duas emoções – que é o seu dilema ao longo da temporada. É por isso que é importante não antecipar porque ele está fora da prisão. Nós gostamos de pensar que ele está lá fora para criar morte e destruição, ser a versão do Governador dos quadrinhos. Mas ele pode não ser essa pessoa. Pode haver outra reviravolta nesse homem e sua humanidade e como ele negocia sua sobrevivência.
The Hollywood Reporter: Carol – assim como Abraham (Michael Cudlitz), Eugene (Josh McDermitt) e Rosita (Christian Serratos) – estão todos lá fora. Quais são as chances do Governador entrar em contato com algum deles?
David Morrissey: As pessoas me perguntam isso o tempo todo, e isso não é algo que eu posso dizer.
The Hollywood Reporter: Com o que a próxima interação entre Governador e o grupo do Rick irá parecer?
David Morrissey: Todo mundo está aprendendo lições sobre sobrevivência. Onde é que encontramos confiança entre essas pessoas? Nesta temporada, vemos uma nova ameaça acontecendo com todo mundo: Somos mais fortes juntos ou separados? O Governador está lá e talvez ele tenha um plano diferente sobre esta prisão e como ele entrará lá. Talvez ele esteja lá para lavar alguma coisa. Nós não sabemos realmente. A real linha tênue é poder haver confiança entre Michonne e o Governador? Rick e o Governador? O que será negociado? Nós vimos na vida real – na nossa vida – que você tem que negociar com seu inimigo mais feroz para ficar bem. A vingança é geração e geração de miséria. Há um ponto onde algumas gerações se reúnem e dizem: “Chega disso. Não vamos mais negociar com o inimigo”. Isso pode muito bem acontecer em The Walking Dead.
The Walking Dead vai ao ar todo domingo às 00h (horário brasileiro de verão) na AMC e às terças-feiras às 22:30 na FOX.
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Fonte: Hollywood Reporter
Tradução: @LuanaSieb / Staff Walking Dead Brasil
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