A galera do site Den of Geek fez uma releitura das primeiras edições dos quadrinhos de The Walking Dead e contrastaram essas edições com a adaptação delas para a tela, na primeira temporada de The Walking Dead.
É sempre fascinante revisitar os primeiros volumes de The Walking Dead, “Days Gone Bye” (Dias Passados) e “Miles Behind Us” (Caminhos Trilhados), e os comparamos com o que, eventualmente, colocaram na adaptação televisiva na AMC quando o seriado estreou, em 2010. Esses primeiros volumes, que formaram a base para a primeira temporada de The Walking Dead, não são simplesmente um conto de como o mundo virou uma loucura ou um exercício de atrocidade, mas a simples narrativa de um homem determinado a voltar pra sua família e finalmente sobreviver em um mundo em que tudo entrou em colapso. Então, tendo tudo isso em mente, eles examinaram algumas das maiores mudanças que o seriado fez aos quadrinhos para continuar deixando os leitores ansiosos e para contar uma história que se adaptasse mais ao formato televisivo. Cuidado… Se você for novo no mundo de The Walking Dead, haverá SPOILERS adiante.
A morte precoce de Shane
Nos quadrinhos, Shane é um absoluto contraponto, servindo como o inimigo humano de Rick enquanto o xerife tenta salvar sua família e liderar os sobreviventes. Assim que Shane se transforma em zumbi, seu fim é previsto, enquanto, na série, sua transformação acontece lentamente, durando duas temporadas completas. O Shane da TV é muito mais detalhado e funciona como um anti-Rick, enquanto nos quadrinhos, a morte de Shane é uma lembrança de que matar um ser humano não é a mesma coisa que matar um zumbi, e que toda vida é preciosa. A grande tragédia nos quadrinhos é que uma vida humana é desperdiçada, e, até onde os leitores sabem, o grupo de Rick é um grupo de sobreviventes apenas. Quando Shane é baleado na série (por Rick, e não por Carl), o grupo já havia conhecido o pessoal de Hershel e existe a noção de que existem mais sobreviventes. Tenham isso em mente; isso tudo ter sido feito com retrospectiva deixou as coisas muito mais legais.
Originalmente, The Walking Dead era uma simples série de quadrinhos de horror pequenos e de cor preta e branca, que deveria servir fãs hardcore de horror. A audiência estava familiarizada com os tropos e vieram a ler os quadrinhos com certas expectativas, e essas ideias pré-concebidas são o que vendeu os livros. Já que os quadrinhos eram mais um gênero reflexivo do que o espetáculo com zumbis, o volume teve que ser modificado para a TV, de modo que o conflito Shane/Rick/Lori, que foi resolvido em doze páginas nos quadrinhos, durou duas temporadas na TV.
Shane não se foi “exposto” até as páginas de abertura de “Miles Behind Us”, nas quais fica claro para o leitor que Lori caiu nos braços de Shane para se confortar diante da perda de Rick, de seus pais e da civilização. Shane responde com um assustador “Eu quero isso há tanto tempo”, que revela tudo o que o leitor precisa saber sobre a lealdade e a moralidade de Shane. No momento em que Shane se transforma, nos quadrinhos, seu destino está selado. Na série, a primeira e a segunda temporadas inflaram a raiva ardente de Shane, uma característica que, em certos momentos, tornou o personagem o sobrevivente perfeito. Pense no que foi perdido após a morte de Shane, a ausência de confusão para Lori e de contraponto para Rick, conforme eles partem do acampamento inicial. A manutenção da presença de Shane na série também mudou Andrea, tornando-a mais endurecida e preparando-a para o novo mundo dela. O criador de The Walking Dead, Robert Kirkman, disse, em muitas ocasiões, que queria manter Shane vivo nos quadrinhos, mas que a morte desse personagem fornece um estudo fascinante sobre a diferença entre os quadrinhos e a série.
Allen, Donna e os gêmeos.
A ausência mais notável de personagens nos quadrinhos é, certamente, Merle e Daryl, mas existem outros. O seriado não fez menção ao casal que teve um papel importante nas edições de abertura de The Walking Dead, Allen e Donna, e seus filhos gêmeos, Billy e Ben. Donna é uma mulher de meia idade, acima do peso que, mesmo antes de Shane, foi a primeira a causar atritos quando, logo de cara, não gostou de Andrea e de sua irmã.
Allen era um vendedor de sapatos acima do peso, barbado, e o casal e seus filhos correspondiam a uma foto da normalidade no mundo pré-apocalíptico. Allen era uma influência tranquilizadora e um firme apoiador do grupo, ainda que Donna fosse quem parecia “usar as calças”. A perda de Donna, de Allen e dos gêmeos na série fez o grupo perder a noção de pessoas comuns, a esposa mediana e o marido bobo que agora devem sobreviver a um mundo para o qual não foram criados.
Isso se torna óbvio quando Donna é morta por um zumbi enquanto está limpando a casa, no início de “Miles Behind Us”. Allen cai numa profunda depressão e se torna um peso para o grupo. O destino de Allen foi selado depois (na prisão), mas o acréscimo desse personagem ao grupo foi uma constante lembrança do que foi perdida e da força necessária para sobreviver nesse mundo, força essa que Donna e Allen, infelizmente, não tiveram. Donna, junto de Allen, apareceria na série como membro do grupo de Tyreese, na terceira temporada.
Sem Merle e Daryl
Substituindo Donna e Allen no grupo de sobreviventes da série televisiva estão os amados Merle e Daryl. Imaginar The Walking Dead sem Daryl é como imaginar os X-Men sem o Wolverine, mas essa é a realidade dos quadrinhos. Até Tyreese aparecer no início do volume 2, o quadrinho tem poucos lutadores de verdade. Daryl e Merle fornecem uma oportunidade para uma narrativa centrada na ação, e são dois personagens que manterão os leitores interessados na série, já que são novas personalidades a serem exploradas.
Também ausente dos quadrinhos está T-Dog, outro personagem forte do grupo, deixando a disputa pelo papel de macho alfa para Rick e Shane. O seriado instantaneamente traz diferentes raças e classes para discussão com o resto do grupo, vendo Merle e Daryl como “lixo branco”, enquanto Merle olha T-Dog (que é afroamericano) com superioridade.
É claro que, sem Daryl, não há nenhum interesse amoroso para Carol que, no início dos quadrinhos, é como uma mensagem codificada, e não uma esposa que sofreu abusos, como é mostrada na série. Carol não faz muitas coisas nos volumes iniciais, mas, na série, a atração dela por Daryl é um elemento chave para a morte de seu marido. No início, muitos dos sobreviventes dos quadrinhos são muito similares, sendo personagens sem muita ação, como Donna, Allen e Carol, o que provavelmente levou os showrunners a inserirem dois personagens absolutamente fodões, como Daryl e Merle.
A entrada de Tyreese… muito mais cedo
Na série de TV, os telespectadores não conhecem Tyreese até que o grupo chega à prisão. Nos quadrinhos, Tyreese, sua filha e seu futuro genro são introduzidos pouco depois da morte de Shane. Tyreese recebe o papel de Daryl nos quadrinhos, um guerreiro no comando, no controle, que serve o grupo com seu coração e sua vontade. Tyreese substituiu Shane como o verdadeiro co-líder e rapidamente desenvolve laços amorosos com Carol, outra história paralela com Daryl.
É interessante que os showrunners não trouxeram Tyreese mais cedo enquanto muitos eventos ocorridos com o grupo na fazenda de Hershel e na prisão foram moldados pelas ações de Tyreese nos quadrinhos. Sua lealdade e sua força foram divididas entre Daryl e T-Dog enquanto ele fez a maior parte do trabalho pesado para o grupo de Rick. A chegada de novos personagens não foi um presságio para Allen e para Donna, mas Tyreese e seu grupo trouxeram uma excelente dinâmica para os quadrinhos muito antes de qualquer um ter ouvido o nome “Woodbury”.
Não existe CDC
O final da primeira temporada mostrou o grupo indo ao CDC, onde eles aprenderam um pouco sobre a praga zumbi e como funcionava a fisiologia dos zumbis. Essa foi uma parte efetiva do drama explicativo que mostrou ao telespectador uma dica do que estava acontecendo entre o grupo. A série precisava dessa parte porque, num drama televisivo, um telespectador vai querer saber a origem dos zumbis, para fazer a câmera recuar para ver melhor o mundo de The Walking Dead. Nos quadrinhos, Kirkman controla a câmera e ele escolhe centrar-se na família Grimes e Cia.
The Walking Dead, os quadrinhos, é uma peça do gênero, um tributo afetuoso a Romero e a todas as criaturas abomináveis que destruíram o mundo tantas vezes, de tantas maneiras diferentes, durante a história do gênero. Nos quadrinhos, ninguém precisa saber como o mundo acabou, os fãs já viram isso em filmes incontáveis e em livros, o que importa são os personagens nas páginas. O seriado deseja ir além das legalidades do gênero e dar uma história anterior para um mundo que não é tão familiar para os que não são fãs desse gênero. Quando o CDC é destruído, entretanto, é uma mensagem dura e chocante para os telespectadores que diz: Não há mais respostas, não há mais ajuda, não há mais ciência, vocês estão sozinhos.
Para você ver mais comparações da série com os quadrinhos, nós temos as análises de todos os episódios da série de tv no quadro “Série vs. HQ”, que você pode conferir clicando aqui.
The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com dezesseis episódios na quarta temporada, em 13 de Outubro de 2013 na AMC e 15 de Outubro de 2013 na FOX Brasil. Confira o trailer oficial da temporada e uma análise detalhada dele.
Fiquem ligados aqui no Walking Dead Brasil e em nossas redes sociais @TWDBrasil no twitter e Walking Dead Br no facebook para mais informações sobre a quarta temporada.
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Fonte: Den of Geek
Tradução: Lalah / Staff Walking Dead Brasil
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