Os fãs de The Walking Dead estão curiosos há bastante tempo sobre os rumos que o universo zumbi tomará desde o desaparecimento de Rick Grimes, levado por um helicóptero da CRM. Sendo assim, todo e qualquer sinal de novidade sobre este enredo já deixa todos animados e esperançosos, uma vez que temos poucas dicas sobre o que, de fato, aconteceu com o protagonista da série. As poucas notícias que temos sobre a prometida trilogia de filmes seguida pelas poucas declarações dos envolvidos no projeto aumentam nossa ansiedade.
Uma dessas novidades que prometeu sanar um pouco essa nossa sede por notícias de Rick ou do que aconteceu com ele foi o anúncio de “The Walking Dead: World Beyond“, segundo spinoff de The Walking Dead, que se passaria em uma grande comunidade e seria focada em um grupo de jovens que cresceu em meio ao apocalipse e tem mais lembranças do fim do mundo do que das formas de vida anteriores. Mas será que foi o suficiente? A série chegou ao fim na 2ª temporada e o fim respondeu alguma coisa?
A resposta, infelizmente, é não. Primeiramente é preciso deixar claro que The Walking Dead: World Beyond nunca se apresentou como uma série sobre Rick Grimes, bem como não prometeu dar nenhuma resposta sobre o protagonista. O carro-chefe da produção era esta comunidade e a CRM, que virou alvo de quatro jovens em busca do pai das duas protagonistas, Hope e Iris, que trabalha para o grupo. No entanto, o anúncio da exploração da República Cívica deixou sim muitos com uma pulga atrás da orelha sobre o que mais seria explorado neste enredo. Além disso, a segunda temporada traz de volta uma personagem que tem fortíssima relação com o desaparecimento de Rick: Jadis (ou Anne). A líder do lixão aparece com um importante cargo militar, cita o xerife indiretamente em duas oportunidades, mas fica por aí. Foi uma peça que serviu mais para prender a audiência, esperançosa por respostas, do que para, de fato, concluir algo sobre alguma história.
Dividida em duas temporadas, que pouco conversam entre si, “The Walking Dead: World Beyond” pode ser considerada uma série que não é completamente essencial para entendermos os caminhos tomados neste universo zumbi. Se no primeiro ano os personagens estão inseridos na fuga e no longo trajeto que os leva de suas comunidades até a CRM, no segundo temos a criação de uma resistência que poderia facilmente ser executada pelos militares da República – e isso não acontece justamente para a história render – e um combate um pouco apelativo e mentiroso, dada a diferença de poder entre os dois lados. No fim, ficamos com mais perguntas que respostas, uma vez que o conflito ainda não foi resolvido e problemas seguiram pendentes.
Atuações: Infelizmente a franquia The Walking Dead se perdeu em alguns pontos, e um dos principais é a quantidade de atores e atrizes que não conseguem entregar um personagem que ganhe o coração dos fãs. E isso acontece com quase todos os personagens de World Beyond, a começar pelas duas protagonistas. Iris é uma menina que gosta de artes e Hope uma jovem mais ousada, que faz bebidas para os amigos. No entanto, nenhuma das duas cativa de fato e a impressão final é que não faz sentido ter duas irmãs com o mesmo roteiro: inteligentes, querem salvar o pai e são alvo da CRM. O que mais marca as personagens são características muito parecidas que poderiam ser encaixadas em um só personagem. Para além, os outros envolvidos também não entregam nada excepcional, com raras exceções, como Felix, Elizabeth e Silas. A impressão, para nossa tristeza, é que se uma das protagonistas morresse, poucos sentiriam falta e pouca coisa mudaria na história. As mortes de Percy e Huck talvez sejam o grande exemplo dessa falta de carisma.
História pouco cativante: por falar na história, tirando a parte da CRM e do retorno de Jadis, The Walking Dead: World Beyond deixa pouco para guardar na memória. Por exemplo, um dos principais conflitos que se desenhou ao longo da primeira temporada pouco – ou nada – é explorado na segunda, que é o fato de Hope ter matado a mãe de Elton quando criança. Essa história é simplesmente deixada de lado, até porque os dois personagens pouco se encontram na segunda temporada.
Final sem respostas: o último episódio prometeu a explosão do conflito entre os grupos, mas no fim o que vimos foi uma fuga bem elaborada, a CRM recuando em suas intenções de matar os resistentes e os dois grupos estudando seus próximos passos, que serão explorados nos filmes – esperamos. A cena pós-créditos é um bom aperitivo para o que vem aí, mas a história desenrolada ao longo de duas temporadas termina sem ser concluída. É mais um enredo para ser explorado no futuro, somada às tantos outros que temos nas outras séries.
Exploração da CRM: talvez este seja o grande ponto explorado por “The Walking Dead: World Beyond”. Queríamos saber mais sobre a República Cívica e a série nos atende neste sentido. A segunda temporada se passa quase toda em torno da comunidade, explora seu autoritarismo, as formas de poder desenvolvidas lá dentro, as experiências bizarras feitas com os walkers e as diferentes camadas que existem dentro deste universo militar. Todas comandadas por aquele que, aparentemente, será o vilão dos filmes de Rick: o general Baele, citado diversas vezes por Anne, e que parece ser o líder geral da CRM.
Major-general Beale: apesar de não aparecer na série, o general Baele foi pauta em muitas discussões sobre The Walking Dead. Parece ser ele a figura por trás de todas as atrocidades realizadas pela CRM. Baele também foi o protagonista da principal teoria de TWDWB: a de que o cruel líder militar seria Rick Grimes. Essa estória dizia que o xerife perdeu a memória e foi galgando, aos poucos, seu lugar no local até tomar o poder. Sendo assim, o confronto final de toda a saga seria entre um grupo liderado por Michonne, Daryl, Carol e companhia limitada e o grupo do Rick-vilão. Esta teoria foi desmentida quando Mason, um dos estudantes da CRM, revela ser filho de Baele, o que seria impossível dada a idade do rapaz e o tempo de desaparecimento de Rick.
Anne/Jadis: a grande aposta de “The Walking Dead: World Beyond” para a segunda temporada, Jadis apareceu no trailer e já deixou malucos os fãs mais ansiosos. No entanto, Pollyanna McIntosh só dá as caras na segunda metade da temporada, ocupando o cargo de Elizabeth Kublek e cometendo erros graves na condução da crise gerada pelo grupo que tentava fugir na CRM. Ao fim da série, Jadis despontou também como uma candidata a vilã nos filmes, uma vez que ela prende a ex-chefe e aparece se comunicando com Baele, que, pelo visto, tomará a frente na busca por Iris, Hope e companhia.
Cena pós-créditos: outro ponto que empolgou bastante os fãs. Pessoalmente fiquei pouco impactado pela sequência, mas ela pode sim ser o ponto de partida para uma nova era em The Walking Dead. Na cena, uma cientista na França encontra gravações de Edwin Jenner, o cientista do CDC que “ajuda” os sobreviventes em Atlanta na 1ª temporada de The Walking Dead. Enquanto ela copiava arquivos para um HD, ela é confrontada por um desconhecido que acaba a matando. A novidade, nesse caso, é que ela se torna um walker aparentemente mais rápido e agressivo, o que pode indicar uma nova variante do vírus ou uma forma diferente circulando na Europa. A ver.
Por fim, é importante dizer que The Walking Dead: World Beyond tem bons momentos, como a metade final da primeira temporada e o desenrolar da tensão entre Huck e Jadis na segunda. No entanto, o saldo não é positivo. A série apresenta personagens principais que pouco entregam, uma valentia jovem que não convence e um final fraco. Para uma produção que começou com grande expectativa dos fãs, o resultado final desanima.
E a sensação final é uma só: não produzir duas temporadas de uma série para contar o que foi contado em WB. As principais histórias, como a apresentação da CRM e o retorno de Jadis, poderiam ter sido contadas, por exemplo, em Fear, que já apresentou a comunidade com Isabelle e absorveu outros personagens da série principal, como Morgan, Dwight e Sherry. Os produtores ainda têm a chance de consertar erros e responder o que muitos querem saber, mas é bom agirem logo, antes que a produção se perca e mais fãs percam a paciência.
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