Praticamente um mês após o lançamento do episódio 4 da segunda temporada do jogo da Telltale, a produtora disponibilizou o seu último episódio. Já de início, podemos dizer que a etapa final contempla de forma brilhante tudo aquilo que esperamos e apreciamos do universo de The Walking Dead. Nosso review exclusivo contém spoilers das duas temporadas. Além do review deste Episódio 5 – “No Going Back” (Sem Volta) –, trazemos uma breve análise do que essa segunda temporada nos proporcionou.
No último episódio desta temporada da série da Telltale, descobrimos o destino de Clementine e dos integrantes do seu grupo após o final tenso do Episódio 4 (em que tudo acaba com um tiroteio às escuras, deixando-nos extremamente apreensivos pelo destino e pela vida dos protagonistas do jogo). Após a dura fuga do deck no episódio anterior e da tensão gerada pelo parto de Rebecca, o grupo de Clem se vê em uma grande enrascada: um tiroteio em que praticamente todo mundo atira contra todo mundo! Confesso que esperava mais problemas nesse início de episódio, mas todos do grupo sobrevivem (com exceção da pobre Becca que não resistiu ao pós-parto). No entanto, o grupo dos russos sofre fortes baixas, e o único sobrevivente é o jovem Arvo, que perde sua querida irmã para as balas dos nossos heróis.
Sempre costumo comentar sobre a parte técnica, caso alguém chegue neste review sem ter visto os anteriores, mas, novamente, você pode conferir um pouco do que foi dito nos reviews anteriores da segunda temporada. A atuação de voz continua muito boa, no entanto, este episódio, como no anterior, não há apresentação de novos personagens. Gostaria de reforçar que o review foi feito na plataforma Xbox 360, contudo, usuários de PC e Playstation 3 não devem notar diferenças.
É provável que o meu principal comentário sobre este episódio seja com relação ao desfecho da história como um drama coletivo a respeito da sobrevivência no universo de The Walking Dead. “No Going Back” mostra como Clementine chega (ou pode chegar) ao clímax do drama de perder pessoas queridas e de superar seus medos na luta pela vida em uma situação extremamente difícil. Apesar dos spoilers, buscarei não revelar grandes momentos do jogo. Neste episódio, Clem sem vê em busca de abrigo para o grupo e principalmente para o novo integrante do grupo: o bebê de Rebecca. O conflito interno é, provavelmente, o maior perigo que todos enfrentam nesse episódio e a busca por abrigo revela divergências de opiniões (já iniciadas no episódio anterior) que causam uma cisão clara entre duas vertentes: os que querem continuar em busca de abrigo ao Norte e os que preferem voltar para o Sul, onde certamente há lugares quentes (lembrando que o frio intenso também impede a instalação de tranquilidade em todos). Ainda, em termos de como esse episódio se organiza como um jogo, existe a possibilidade de definir diferentes destinos para Clementine. Nesse ponto, acredito que seja necessário ressaltar como essa variação veio melhorar a experiência dessa temporada da Telltale, pois na Primeira Temporada, independente de como o jogador fizesse suas escolhas, ao final do jogo era nítida a falta de variação do destino final de Clementine e dos outros integrantes, ou seja, o “poder de escolha” do jogador era relativamente ilusório. Neste caso, portanto, o episódio 5 traz uma possibilidade real de obtenção de diferentes desfechos.
Como comentado, o episódio se inicia logo após o tiroteio do Episódio 4 e há muita troca de tiro dos russos contra Kenny e Luke. Clementine está no chão e percebe que o bebê está em risco, no meio dos tiros. Você tem a escolha de salvá-lo ou se esconder, mas, qualquer opção escolhida resulta no salvamento da criança e em Luke recebendo um tiro na perna. Luke sobrevive, os russos morrem, sendo o último deles pelas mãos de Jane, que retorna ao grupo e causa alegria em Clem e desconfiança em Kenny. Luke está ferido, mas consegue acompanhar o grupo, no entanto, isso gera problemas e morosidade no deslocamento de todos. Kenny está cada vez mais fora de si, mostrando-se violento sem grandes motivos e Clementine tem sempre a opção de buscar acalma-lo ou incentivar sua raiva. Arvo, o garoto russo, sobrevive e leva o grupo – em troca de sua vida – ao seu suposto acampamento, onde há suprimentos. Todos esses elementos se orquestram para a divisão do grupo e para a as situações que farão o jogador tomar decisões difíceis e com grandes consequências. Essa dinâmica dramática entre a tomada de decisões moralmente “corretas” ou dirigidas à sobrevivência do grupo marca o brilhantismo desse episódio, resultando em momentos emocionantes e intensos.
Realmente, não há muito que comentar sobre a história sem revelar grandes momentos e acontecimentos do jogo, mas posso dizer que esse episódio se fecha com uma excelente execução em termos da atuação de voz para os personagens e de como as situações ocorrem ao longo do percurso do jogos. Todos os elementos colocados nesse episódio foram muito bem medidos e coordenados para a história de Clementine fosse contada de uma maneira criativa e tocante.
“No Going Back” marca o fechamento dessa brilhante temporada do jogo da Telltale. A produtora organizou de forma envolvente a evolução de Clementine, partindo de uma garotinha indefesa, quase incapaz de sobreviver à Primeira Temporada até chegar praticamente ao papel de líder de um grupo de adultos. Obviamente, a nossa heroína não possuía um poder real sobre as pessoas, mas nossas decisões foram capazes de influenciar muito do que aconteceu ao longo desses cinco episódios. Uma nota 10 muito bem merecida contempla essa etapa final da Segunda Temporada, pois o drama de todos os personagens se fecha em um ciclo de problemas e soluções que mostram o quão difícil é a sobrevivência em um “mundo enlouquecido”.
Certamente recomendamos esse excelente jogo a todos os fãs da série! The WalkingDead: Segunda Temporada, Episódio 5 está disponível para PC, Xbox360 e PS3 via download por $4.99 (cerca de R$12,00) ou, sem custo adicional para quem comprou o SeasonPass ($14.99).
Com relação à Segunda Temporada como um todo, posso dizer que houve uma melhoria clara na parte técnica do jogo. Atenção especial deve ser dada à excelente atuação e voz dos personagens, com destaque para Carver, Clementine e Kenny. Tudo foi muito bem executado ao longo dos episódios. A mudança de ritmo observada do episódio 2 em diante pareceu um fator negativo, por diminuir um pouco a tensão gerada por cenas de ação, no entanto, tudo ficou muito claro no final, quando o drama da sobrevivência e, principalmente, da luta de uma garotinha, foi explorado e construído para que o jogador sofresse com a falta de poder de uma criança, mas, ao mesmo tempo, com a capacidade de influenciar e auxiliar grupos de adultos capazes, bondosos, cruéis e importantes ejetores na criação de um forte drama emocional. Certamente, o jogo da Telltale não é um jogo convencional, pois não foca na jogabilidade ou na habilidade do jogador, mas a proposta baseada no drama e na evolução baseada em escolhas se mostrou um ótimo mecanismo de cativação de jogadores.
Se você ainda não experimentou esse grande título do mundo dos games, não perca mais tempo, aproveite seu tempo com esse prazeroso jogo!
E você que jogou, sofreu e se emocionou com Clementine, o que achou deste episódio? O que acho da Segunda Temporada? Sofreu com as escolhas? Tentou abrir todos os finais? Não vê a hora de jogar a próxima temporada? Venha discutir e curtir conosco!
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