The Walking Dead: The Game voltou aos consoles e ao PC para a sua segunda temporada de aventuras, emoções, sustos e tudo o que esse universo pode oferecer. O primeiro episódio, intitulado “All That Remains” (Tudo o que restou), traz novidades, como Clementine no papel principal, e algumas inovações na jogabilidade, mas alguns pontos negativos ainda permanecem. Será que vale a pena gastar o seu suado dinheirinho em um jogo de Walking Dead? Vamos descobrir!
AVISO: Este review contém spoilers da primeira e da segunda temporada.
Primeiramente, vale ressaltar que este review foi feito na plataforma do Xbox 360. Os usuários de PC e Playstation 3 não devem notar muita diferença, mas fica o aviso de que outras plataformas não foram testadas.
Falando da parte gráfica, como na sua temporada anterior, o jogo não brilha, mas faz um bom trabalho. A produtora adota um estilo cartunizado, muito bem desenhado e com cores bem escolhidas. Os ambientes são imersivos e bem feitos, mas bastante simplificados. No entanto, há que se destacar a qualidade da expressão facial dos personagens. As emoções são muito bem passadas para o jogador; até mesmo um cachorro (pois é!) foi muito bem representado.
A parte sonora permanece muito semelhante à da primeira temporada. Com efeitos bons, mas nada muito sofisticado. A atmosfera do mundo apocalíptico é bem retratada e o som do ambiente muito bem montado. A atuação dos dubladores é, provavelmente, o grande destaque técnico do jogo, com ótimas performances, principalmente por parte da menina Clementine, interpretada pela atriz de voz Melissa Hutchison.
A jogabilidade sofreu pequenas mudanças. O sistema de “point-and-click” continua o mesmo: o jogador deve explorar o ambiente, buscar itens, desencadear ações e escolher falas. Alguns eventos de “quick time” foram adicionados. Por exemplo, em cenas nas quais Clementine precisa fugir de zumbis, o jogo exige que você pressione o direcional em sentidos adequados para escapar a tempo dos ataques. Nada muito inovador, mas é legal ver que os produtores tentaram manter a jogabilidade fresca. Os ícones de interação também foram remodelados e o jogo parece mais fluido do que na temporada passada.
E falando em temporada passada, quem já passou por ela, verá que as suas decisões são contabilizadas pelo sistema. Na verdade, não encontrei nenhuma situação, até o final do primeiro episódio, que remetesse à primeira temporada, por isso, ainda não sei avaliar o quanto ela influencia na segunda. Mas logo no início, a introdução do jogo mostra suas principais decisões tomadas, em um pequeno “recap”, o famoso “previously, on The Walking Dead…”
Agora vamos falar da experiência: jogar como Clementine é realmente diferente. Eu estava bem indeciso sobre se isso seria algo bom ou ruim, mas posso dizer que fiquei surpreso com o trabalho da equipe da Telltale. Eu jogo com uma cabeça de adulto, mas é nítida e necessidade de ver as situações no papel de uma criança (Clementine cresceu, mas ainda é bem jovem) para entender como as situações vão se desenrolar. Por exemplo, quando alguém a confronta, as opções de fala ou reação que aparecem na tela, normalmente levam para o lado da inocência infantil, com raras opções de mentira, ou de revide de acusações. As opções de fala são, muitas vezes, simplesmente aquilo que ela tem vontade de falar. Por exemplo, quando Christa fala sobre a necessidade de se aprender a sobreviver, o jogador tem simplesmente as opções de falar sobre Lee, sobre Omid ou sobre ir embora do local. Além disso, ainda que ela procure mostrar maturidade, as pessoas não a encaram com seriedade imediatamente, sempre buscando tirar a razão da menina por causa da sua inexperiência. Ela é encarada como ameaça por algumas pessoas, por isso, muitas vezes, fiquei realmente me sentindo encurralado e sem opções de defesa e ataque. Obviamente, o jogo contorna essas situações, pois outros personagens se identificam com Clementine e passam a protegê-la.
Levando em conta o universo de “The Walking Dead”, o jogo, novamente, faz um excelente trabalho. Tive que tomar decisões rápidas e difíceis. Pessoas morreram por causa das minhas decisões. Fiz amigos e inimigos. Tive que correr de zumbis, tive que buscar comida. Tudo isso cria uma ótima atmosfera apocalíptica, muito semelhante àquela sentida nos quadrinhos e na série de TV. Nesse ponto, o jogo tem sucesso por conseguir prender a atenção do jogador e fazer com que ele se identifique com os personagens e com o destino deles.
Talvez o ponto alto do episódio ocorra logo depois de Clem ter sido mordida por um cachorro, sozinha na floresta. A partir desse momento, passei a ficar tenso e preocupado, pois uma garotinha com fome e ferida não duraria muito tempo sozinha. Ela então encontra um grupo de pessoas e nesse momento, tudo parece que vai melhorar. Mas, não, aqui é “Walking Dead”! Clementine é vista como uma possível ameaça, pois a mordida em seu braço é confundida com a mordida de um zumbi. Ela precisa de um curativo e de cuidados, mas, em vez disso, é presa em um abrigo, onde aguardaria até o dia seguinte, pois o grupo que a encontrou temia por uma transformação em zumbi. Situações assim me pegaram de surpresa e me fizeram correr contra o tempo (apesar de não haver tempo no jogo), pois a heroína mirim precisava de cuidados. Isso mostra como a história e o excelente trabalho de interpretação dos atores são muito bem orquestrados em um jogo tão simples, mas tão cativante. As suas respostas e confrontos com as pessoas do novo grupo passam a gerar reações e o seu destino solitário no mundo parece chegar a um fim, contudo, ao mesmo tempo, parece trazer problemas e conflitos.
O jogo não é perfeito, apesar da sua qualidade de enredo. Um “problema” da última temporada parece ainda persistir: as decisões tomadas ao longo do caminho têm consequências imediatas, mas elas não afetam o resultado final das histórias dos personagens. Por exemplo, (SPOILER FORTÍSSIMO) na primeira temporada, não importa se você salva Doug ou Carly, pois no capitulo 3, Lilly acaba matando qualquer um deles que esteja vivo, ou seja, não importam os seus esforços e alianças para manter seus personagens queridos vivos, eles vão morrer pelo script do jogo. Neste episódio da segunda temporada, Clementine encontra um cão sozinho na floresta, independente da sua atitude, o cão ataca para pegar a comida da garota. Ao final, você precisa escolher entre ajudar um de dois personagens, e não importa a sua decisão, a garotinha vai gerar desconforto no grupo. Acho esse o ponto mais fraco dessa série, pois, de fato, os destinos dos personagens estão praticamente definidos. No entanto, a tensão e o impacto no momento das decisões tomadas é que fazem do jogo uma experiência divertida e emocionante.
O primeiro episódio tem uma duração de pouco menos de 3 horas. Ao longo desse tempo, não encontrei bugs ou tive travamentos. Na temporada anterior, tive problemas com os arquivos de save, sendo que o jogo não reconheceu adequadamente meu progresso quando fui passando de um capítulo para o outro. Espero que isso não aconteça nesta temporada!
“All That Remains” já está disponível para PC, Xbox360 e PS3 por US$4,99 (no marketplace americano) ou por R$10,00 (no marketplace brasileiro). É possível comprar um “season pass” por $14,99 (Xbox Live), que dá direito aos 4 episódios restantes da segunda temporada (o primeiro episódio deve ser comprado separadamente).
Espero que tenham gostado do review! Se você já jogou, comente abaixo as decisões tomadas e quem você acha que Clem encontrou nas “cenas do próximo episódio”.
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