5ª Temporada
As palavras do público nos diálogos do episódio “Slabtown”
Onde está Beth? Quem levou Beth? Estas foram às perguntas que por meses ficaram rondando entre as especulações sobre o paradeiro da personagem da atriz Emily Kinney na série The Walking Dead. Finalmente, no quarto episódio da quinta temporada da série, “Slabtown”, já conhecedores de que ela estava em um hospital, ficamos sabendo apenas um pouco do local e das pessoas que comandam o tal “sistema”.
O hospital foi mostrado superficialmente e, talvez, tenha sido esta mesma a intenção dos roteiristas do episódio e dos produtores da série, já que o local será o destaque da midseasonfinale (oitavo episódio) da temporada.
Visivelmente, “Slabtown” tinha outro foco: a própria Beth. A personagem teve todas as suas frágeis características apresentadas nos diálogos dos personagens de destaque no episódio. Parecia que o roteiro tinha sido escrito em cima de tudo o que já foi dito sobre a personagem através do próprio público da série. O interessante a se observar é que ali estavam exatamente as mesmas palavras que definiam Beth para os fãs do drama zumbi.
O Caravaggio:
Segundo o Doutor Steven Edwards (Erik Jensen), a bela pintura foi encontrada na rua, feito lixo, afinal a arte no mundo apocalíptico não se tratava de sobrevivência. “Não há mais lugar para ele.”
“Eu canto. Ainda canto.” Esta é a resposta de Beth, mostrando a mais forte característica da personagem e quem nunca ouviu ou escreveu críticas à sua arte. A adolescente que canta na prisão enquanto os demais lutam pela sobrevivência nas cercas e fora dela contra pessoas e zumbis, é como o quadro do famoso pintor, descartável no apocalipse zumbi.
O porte físico:
“Acham que eu sou magrelo. Acham que sou fraco…”. Noah (Tyler James Williams) é o personagem que trás a tona outras características de Beth identificadas nele próprio e nas demais pessoas que são mantidas no hospital.
Muitos fãs da série acham difícil imaginar Beth segurando uma arma de grande porte e lutando ao lado de Maggie (Lauren Cohan) ou Michonne (Danai Gurira), afinal ela é muito frágil fisicamente, incapaz para esta tarefa.
“Mas eles não sabem nada de mim. Do que sou. Do que você é.” Em um dos mais significativos diálogos do episódio, e, talvez, um dos mais fortes relacionados à Beth no show, Noah diz o que “Slabtown” que passar para o público da série: apesar do que dizemos, não sabemos do que Beth é capaz.
A luta corporal:
É realmente um fato que quando a integridade física de Beth foi ameaçada na série, ela era imediatamente protegida por alguém e retirada do local. Foi assim na fazenda e em todos os maus acontecimentos ocorridos na prisão.
Dentro dos padrões da série, o fácil assédio contra a integridade física de Beth foi trazido de forma cuidadosa pelo ator Cullen Moss, que deu vida ao policial Gorman, tanto na atuação corporal com Emily (que disse ser o ator realmente assustador), quanto nas palavras dele: “Sorte minha que você não é uma lutadora.”
Luta corpo a corpo com um zumbi? Este assunto nunca ficou de fora dos comentários do público em relação à Beth! A fragilidade corporal dela sempre foi assunto (por vezes irônico) quando mencionada uma possível participação de Beth em cenas de luta.
Porém, foi trazida para a série em sua pior forma, o assédio sexual, já que é este o momento que os personagens passam na temporada: a luta contra as pessoas e não contra os zumbis.
A fraqueza e o pouco valor de Beth:
A interpretação da atriz Christine Woods como a policial Dawn, foi de uma forma tão arrebatadora e comovente que realmente trouxe toda a fragilidade que o público vê em Beth, através das suas palavras e lágrimas nos olhos de ambas as atrizes.
“Você não é forte o bastante… Quantos arriscaram suas vidas para te salvar?” A cicatriz do quase suicídio cometido por Beth na segunda temporada da série é trazida novamente à tona por Dawn, para mostrar o lado fraco de Beth e como ela precisava de pessoas para protegê-la.
“Esse é o bem que fazemos aqui. Esse é o bem que você faz aqui. É o que te faz ter algum valor. Mas lá fora, você não é nada. Fora ser o fardo de alguém.” A fragilidade nas palavras francas de Dawn e a paralisia de Beth diante da verdade. Que momento!
Naquela cena, tudo o que o público já falou ou escreveu em seus comentários sobre Beth, foi jogado “na cara” da personagem através das falas de Dawn no roteiro de “Slabtown”.
Também ali, aconteceu a catarse da personagem que segue em busca de uma fuga e vendo a quantidade de zumbis, em um rápido olhar para o estado de Noah, decide abrir o caminho entre os errantes, para que uma pessoa pouco conhecida, pudesse ter o êxito em sua já planejada fuga.
É interessante quando novamente vemos que os produtores estão atentos a opinião do público fiel de The Walking Dead e gratificante ao tomar conhecimento que eles levam em conta tudo o que escrevemos sobre o show e seus personagens e levam ao ar um episódio repleto de nossos próprios pensamentos, usando-os para transformar uma personagem.
O episódio foi imediatamente aclamado pela crítica internacional, Emily Kinney aplaudida após a exibição e nas entrevistas no dia seguinte, bateu o recorde do quarto episódio da quarta temporada (“Indifference”), superou em um milhão a audiência do episódio anterior, “Four Walls and a Roof”.
Na mesma noite de exibição do episódio, um animado Chris Hardwick, apresentador do Talking Dead, enterrou a antiga Beth e fez questão de apresentá-la da seguinte forma: “Erguida por Hershel, treinada por Daryl, conheça a nova Beth Greene.” E o melhor para o público (fã da personagem ou não)? É que isso aconteceu com a nossa ajuda!
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