Série

Sasha – A única morte com honra de The Walking Dead

Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo sexto episódio, S07E16 – “The First Day of the Rest of Your Life” (O primeiro dia do resto de sua vida), da sétima temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!

Estou me preparando emocionalmente para as possíveis críticas que surgirão após a publicação desse artigo. Destarte, deixo expresso que Sasha jamais foi uma personagem que tenha chamado realmente a minha atenção. A sétima temporada terminou tragicamente para a irmã de Tyreese. Em uma mistura frenética de flashbacks e cenas fora de ordem cronológica, Sasha teve seu fim dado pela sua própria decisão.

Ela surgiu na terceira temporada junto ao irmão e um pequeno grupo de sobreviventes. Ganhou real destaque no quarto ano da série quando já dentro da prisão era parte do Conselho – quando Rick abdicou de sua liderança – tomando decisão por todos. Uma personagem de personalidade forte e única, que nunca baixou a cabeça e deixou que alguém lhe dissesse o que deveria fazer. Diferente do irmão, Sasha nunca foi alguém que necessitava pensar muito para fazer. A sobrevivência sempre falou mais alto.

O motivo de eu estar aqui redigindo um texto sobre a personagem é uma forma de honrar a grande pessoa que Sasha foi ao final de sua vida. Até agora nenhum personagem havia morrido com tamanha honra. Sei que há pessoas que citarão T-Dog, Merle, Andrea ou até mesmo Jim (lá da primeira temporada).

T-Dog realmente salvou a vida de Carol. Realmente ele permitiu que a nossa senhora das chamas chegasse até aqui, mas devemos lembrar que ele já havia sido mordido, não havia escapatória. Ele já estava condenado. Novamente, ele foi sim um herói para Peletier, mas morreu não por decisão e sim porque a morte já era iminente, irrefutável. O mesmo serve para Jim que já havia sido mordido e estava prestes a morrer.

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Merle por sua vez realmente morreu por decisão. Mas, devemos considerar que sua decisão foi a de salvar a vida de Daryl, não do grupo. É heroico, mas, dentro de um limite, é o que se espera de uma família que sempre – desde antes – foi família. Importante notar que provavelmente o Dixon primogênito não faria o sacrifício pelo grupo se Daryl já estivesse morto àquela altura.

Andrea é uma personagem controvérsia, de um lado há quem defenda argumentando que ela só se uniu ao Governador por falta de conhecimento de sua índole e por estar separada do grupo. Doutro modo, quem a condena diz que era impossível não ao menos desconfiar do chefe de Woodbury depois de vários acontecimentos contraditórios. Mas, ao final ela tentou redenção quando foi ao encontro do grupo de Rick sendo, entretanto, capturada e morta antes de efetivamente conseguir concluir sua missão. Poderíamos dizer que foi tão grandioso quanto Sasha, contudo, Andrea nunca teve a intenção de acabar morta no fim de sua missão.

Depois de alguns exemplos, vamos à pessoa central do texto: Sasha. Bem, desde a morte de Glenn e Abraham, chegamos a uma parte da história onde os personagens não estão mais apenas sobrevivendo. Eles estão finalmente construindo um futuro, não importando se o caminho que deva ser trilhado para esse horizonte acabe os matando. Vimos essa conversa entre Michonne e Rick (no episódio do cervo de paint) e de forma tácita, na forma de agir de todo o grupo.

Um dos grandes pontos que comprovam a grandeza da decisão da personagem é o paralelo com o atual enredo de Eugene. Eugene está disposto a qualquer coisa para continuar sobrevivendo. Não importa princípios, moral e ética, o que lhe importa é acabar vivo. Enquanto um grupo pode protegê-lo, ali ele está. Quando não mais esse grupo o protege, ele estará subordinado ao inimigo. Claro que como audiência nós estamos apedrejando o cientista, mas com toda a certeza sabemos que se fosse conosco, agiríamos da mesma forma.

Sasha tinha toda a oportunidade de sair viva da situação. Bastava que ela seguisse tranquila dentro do caixão e saísse no momento em que Negan a chamasse, mostrando a Rick que tudo estava bem e que quem se subordina ao líder dos Salvadores tem grande chance de sobreviver. Uma pessoa morreria para pagar a rebeldia de Alexandria, e a vida da personagem seguiria. Mas não, ela decidiu que realmente alguém precisava morrer e para que não fossem seus amigos os pagadores da dívida, ela resolveu que seria ela que perderia a vida. Sasha sabia que para os planos de Rick para um novo futuro não serem frustrados a única opção era sua morte.

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Ao relembrar da pessoa de Abraham, ela teve coragem e tranquilidade em decidir que morrer por todos era a única forma de ser por uma boa causa. Morrer lutando pela própria sobrevivência é apenas uma forma egoísta de morrer, mas morrer para o futuro daqueles que ela ama é a boa causa que Abraham citava.

Em todas as cenas da personagem ficou claro que havia uma grande luta dentro de Sasha – e isso graças à interpretação impecável de Sonequa Martin-Green -, o medo e o amor pelos demais travavam uma batalha colossal.

Comecei o texto falando que Sasha não era uma das minhas personagens favoritas, mas com toda a certeza entre todas as mortes a dela foi a que mais me deixou reflexivo e que de alguma forma mexeu com o meu interior. Ela podia não morrer, mas optou pela morte. Ela podia apostar num futuro árduo e longo, mas optou não pelo seu futuro, mas pelo futuro da humanidade. O fim de Sasha revelou finalmente quem ela realmente era: uma grande mulher, uma grande força, tão grande que eu só pude notar após a sua ida.

Sasha, de agora em diante eu lembrarei sempre que todas as conquistas do grupo são por sua coragem e pelo seu amor. Lembrarei que se não fosse você, nada melhoraria para ninguém e o bom futuro nunca chegaria. Obrigado por ter sido quem você foi até o final. Você estará sempre guardada no coração dos fãs.

Agora, deixe seu comentário com a sua opinião sobre o final de Sasha. Ela realmente teve uma morte digna e foi honrosa com o grupo até o final? Você concorda ou discorda de algo?

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The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com a oitava temporada em Outubro de 2017 na AMC e na FOX Brasil. O trailer da temporada, bem como a data oficial de lançamento, será divulgada durante a Comic Con de San Diego em Julho.

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Carlos Knewitz

Gaúcho, nascido na primeira metade dos anos 90 e com memória fotográfica. Estudante de Direito e extremamente viciado em escrever. Aficionado pelos quadrinhos de Robert Kirkman, fã de The Walking Dead e Fear the Walking Dead. Apaixonado por Carol Peletier e Alicia Clark e, sucessivamente, por suas intérpretes.

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