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CRÍTICA | The Walking Dead S10E13 – “What We Become”: Família

Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo terceiro episódio, S10E13 – “What We Become”, da décima temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!

Michonne está oficialmente fora de The Walking Dead – pelo menos da série. No entanto, a Samurai vai dar as caras de novo no universo de Robert Kirkman. Isso porque, finalmente, tivemos os primeiros sinais do paradeiro de Rick Grimes, e ela começou a receber as dicas de que o amado pode estar vivo. Assim como na despedida do xerife, a família será ponto importante nas decisões tomadas pelos personagens em “What We Become”.

Rick se despediu da série no quinto episódio da nona temporada. No capítulo, ele afirma recorrentemente que está atrás de sua família e reencontra Shane, Lori, Hershel e outros personagens até concluir que o que ele procurava esteve com ele o tempo todo. Sua família era o grupo que conseguiu formar ao longo dos anos na série, e ele então aceita que cumpriu sua missão antes de se sacrificar por eles.

Para chegar à conclusão de que o amado está vivo, Michonne teve que passar por poucas e boas com Virgil – o misterioso homem que queria voltar para a ilha onde sua família estava esperando. Além disso, ela ainda passou por interessantes epifanias que mostraram qual seria seu destino caso não tivesse resgatado Andrea. O episódio começa com uma cena que remete aos primórdios de The Walking Dead, quando ela, acompanhada dos dois walkers acorrentados – que permitiam que a Samurai andasse sem ser incomodada por outros caminhantes – avista Andrea, que tinha se separado do grupo da fazenda em um ataque de uma grande horda de zumbis no fim da segunda temporada.

Dessa vez, no entanto, Michonne escolheu não salvar aquela que seria sua amiga, e sim deixá-la morrer e pegar os poucos suprimentos que ficaram para trás. Adiante, veremos o que seria dela se, de fato, tomasse essa decisão.

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Em um capítulo cheio de referências, flashbacks e que deixou algumas dúvidas, uma das personagens mais queridas do universo de The Walking Dead deu um adeus que pareceu ser temporário. O foco de Michonne agora não é mais a guerra contra os Sussurradores. Ao fim do capítulo, ela teve que tomar a difícil decisão de deixar os filhos em Hilltop para sair em busca do “Homem Corajoso”.

A ILHA DE VIRGIL

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Logo que chega à ilha, Michonne deixa claro que quer logo as munições prometidas por Virgil porque precisa voltar para casa. Sua prioridade no momento é cuidar dos filhos e ajudar no confronto que está prestes a estourar contra os Sussurradores. O misterioso homem, então, começa a divagar e fazer uma coisa de cada vez.

O jeito calmo de Virgil em um momento importante para as comunidades faz Michonne logo perder a paciência e pedir, agressivamente, mais explicações sobre um prédio abandonado e sobre o verdadeiro paradeiro da família de Virgil. Ele aconselha que ela não chegue perto do laboratório antigo e segue falando sobre sua família. A Samurai logo percebe, no entanto, que nenhuma criança mora por ali e ameaça Virgil, que revela que estão todos mortos. O homem precisa, na verdade, que Michonne vá até onde estão os corpos para que ele possa enterrá-los e seguir vivendo sozinho na ilha.

E Michonne o faz. Antes, Virgil confessa que a ilha estava sem infectados até outras pessoas chegarem, levando violência e, consequentemente, walkers. Como ele não é bom em matar os caminhantes, ele precisa da ajuda dela para limpar a ilha e “resgatar” a esposa e os filhos. Neste momento, por mais que Michonne não esteja de acordo com a forma com que Virgil conduziu a relação entre os dois até então, é possível ver que ela se compadece do homem, que vive ali sozinho e demonstra precisar muito de ajuda para, de certa forma, encontrar alguma paz ao reunir sua família.

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Quando os encontra, Virgil enfim consegue enterrá-los e começamos a pensar que este era o único porém na situação da ilha. Os problemas de Michonne, no entanto, estavam apenas começando.

ALUCINAÇÕES

Quando Michonne começa a querer ir embora, Virgil enrola, muda o assunto e, finalmente, diz que está ficando escuro e ela não vai conseguir voltar para casa por conta da maré. Michonne, então, concorda em passar a noite no local, mas não consegue dormir e começa a explorar. Ela então se dirige ao prédio que despertou sua curiosidade no começo do episódio e lá descobre um grupo de pessoas preso. Virgil a vê e prende.

O grupo revela ser de pessoas que, em algum momento, trabalharam com Virgil na ilha. Eles revelam que ele foi o responsável pela morte da esposa e dos filhos e perdeu o controle sobre si.

A comida deixada por Virgil era regada com estramônio, extraído da horta da esposa e faz Michonne começar a ter as alucinações. O objetivo do homem ali era ajudar Michonne a entender e superar alguma angústia que ela possa sentir, assim como o ajuda a encarar o dia a dia com a culpa de ser o responsável pela morte da família. Nesse momento os efeitos usados pelo episódio servem para mostrar o ponto de vista dela e o que ela sente após tomar o chá.

Até que o principal efeito do alucinógeno começa a aparecer. A angústia de Michonne é o fato de não ter conseguido proteger os que morreram, a começar por Siddiq, vítima de Dante, o Sussurrador infiltrado. Ele insinua que ela não vai conseguir proteger a todos como não conseguiu proteger Rick e Carl, e, com isso, Coco estará em perigo se Alexandria seguir sob sua responsabilidade.

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Mas talvez a principal luta de Michonne seja para se desgarrar da mulher que foi logo que entrou na série, cercada por dois walkers que a protegiam e que optou por salvar Andrea. É aí que entra o arco mais interessante de “What We Become”: o que seria de Michonne caso tivesse deixado a amiga morrer.

Michonne teria incontáveis destinos nesse caso, mas o episódio escolhe o mais adequado para a audiência: ela sendo resgatada por Negan e se tornando uma Salvadora de confiança do chefe. Aqui conseguimos rever personagens que já não estão mais na série, entre eles, Glenn, Heath (quem lembra? Cadê ele?), alguns Salvadores, Rick e Carl. Nesse cenário, Michonne é responsável pela morte daqueles que hoje são seus amigos. Mas o resultado final da guerra é o mesmo: vitória de Alexandria, e nesse caso, Michonne é morta por Daryl e Rick.

O mais legal vem também nessa cena: Michonne é encarregada de matar um dos sobreviventes de Alexandria na famosa cena de introdução de Lucille. Aqui o episódio teve um cuidado muito legal com o espectador ao reconstruir alguns diálogos do ocorrido. A transformação de Michonne em vilã também merece destaque, tanto no figurino quando na atuação de Danai Gurira.

A vítima escolhida por Michonne acaba revelando-se ser ela mesma (lembre-se que isso é uma alucinação). O que significa que o cenário em que ela não é resgatada por Alexandria terminaria, inevitavelmente, com sua morte.

O HOMEM CORAJOSO

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Ao acordar, Michonne consegue lutar com Virgil, escapar e libertar os prisioneiros. Quando conseguem capturar o homem que os prendeu, ela os convence de poupar a vida de Virgil usando talvez o principal legado deixado por Rick: ter misericórdia e entender que essa morte não mudaria em nada o que aconteceu e faria com que eles perdessem parte do que são. Manter traços de sua própria humanidade em tempos de apocalipse é uma luta que The Walking Dead trava (ou travou) durante um bom tempo.

Resgatar quem você era antes do apocalipse. Esse era o objetivo de Virgil com os chás. Em suas alucinações ele conseguir se reunir com a família e, nesses momentos, se esquecia da culpa e até mesmo que eles estavam mortos. Michonne, que a esta altura já zerou sua cota de misericórdia, pede que Virgil devolva suas coisas para que ela vá para casa com o grupo que resgatou, mas tudo muda quando ela reconhece um par de botas.

Michonne nunca duvidou que Rick estivesse morto, mas talvez nunca tenha se convencido 100% da ideia. Essa incerteza, somada com o fato de ter que levar adiante o legado de Rick para Judith e R.J. levou-a a criar o mito do Homem Corajoso. Foi através dessa figura que ela contou para os filhos sobre ao feitos do pai. Após 29 episódios, The Walking Dead dá o primeiro sinal de que Rick pode estar vivo: o par de botas que ele usava no fatídico dia em que explodiu junto com a ponte está em um depósito onde Virgil guarda algumas coisas. Michonne imediatamente reconhece o item e questiona onde ele encontrou as botas. O homem diz que elas estavam em uma embarcação que apareceu na ilha após uma tempestade e ela começa a, desesperadamente, procurar por mais pistas neste navio.

Lá, Michonne encontra pistas de onde o barco veio, quando aparece o principal indicativo de que Rick sobreviveu à explosão. Rick desenhou no que parece ser um celular antigo as figuras dela e da filha Judith. Michonne então começa a questionar e teorizar que Virgil sabia da existência das comunidades através de Rick, e apareceu em Oceanside atrás dela e da filha. O homem, no entanto, mostra que nem chegou a conhecer o xerife, mas dá a ela a esperança de que ele pode estar vivo.

NOVOS ARES

Michonne é então apresentada ao conflito de voltar para casa e para os filhos, e deixar para depois a chance de encontrar Rick, ou deixar Judith e R.J. com o “tio Daryl” e seguir para a inesperada missão. A filha mais velha, então, volta a ser a voz da razão em The Walking Dead e, pelo rádio, conclui que, se o pai estiver vivo, pode estar precisando de ajuda mais que eles, uma vez que, aparentemente, os Sussurradores foram derrotados com a morte de Alpha (o que sabemos que não é verdade).

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A Samurai então parte para o norte em busca de sua família, neste caso, Rick. Virgil fica sozinho na ilha para cumprir a promessa de dar flores à esposa todos os dias (mais uma referência à família) e o grupo resgatado por ela também segue outros caminhos.

Uma das principais e mais queridas personagens de The Walking Dead se despede da série de maneira muito semelhante à que entrou. Munida de sua espada e protegida por dois walkers acorrentados, ela encontra uma dupla de sobreviventes pedindo por ajuda e, novamente, faz a escolha de auxiliar quem precisa. No fim, o novo trio avista o que parece ser uma formação militar com muitas pessoas prestes a se movimentar. Os dois resgatados por Michonne revelam que foram deixados para trás por eles e pedem ajuda para se juntar novamente ao grupo. E é lá que ela vai começar sua nova missão.

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Bruno Favarini

Mineiro de Belo Horizonte, jornalista perto dos 30 que, naturalmente, adora escrever. Me mantive fiel a The Walking Dead nos piores momentos, e agora me pego na esperança de colher os frutos de uma série cada vez melhor.

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