Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo sexto episódio, S09E16 – “The Storm”, da nona temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
A fórmula Kang é totalmente diferenciada do que os showrunners anteriores vinham aplicando nas temporadas de The Walking Dead. Angela dilacerou a metodologia de primeiro, oitavo e décimo sexto episódio estrondosos e os demais mornos. Com histórias de meio bem construídas e muito mais surpreendente, por vezes, do que os marcos finais e inicias, apostou em espantar o público e construir uma trama totalmente atada. Nada foi descartado, nem uma cena foi mera enrolação. No final, tudo fez sentido.
The Storm veio para encerrar o nono ano da série zumbi mais aclamada de todos os tempos. Trabalhando um cenário nunca visto antes, inovou, inserindo os personagens em um meio desconhecido do público: a neve. É claro que durante os anos os heróis já haviam passado pelo inverno e, provavelmente, pela nevasca – a própria Michonne cita isso para Ezekiel. Ocorre que pela primeira vez a audiência pôde ver a sobrevivência nesse meio.
Não foi só a temporada que se encerrou. O Reino, uma das comunidades, também viu seu fim no último episódio do nono ano. Além de parecer terminar um ciclo para Ezekiel, o fim dessa locação também facilita o ritmo da história a partir de agora. Diferentemente dos quadrinhos, que temos cinco comunidades amigas, aqui teremos apenas três – Alexandria, Hilltop e Oceanside – o que facilita a distribuição da trama (nos quadrinhos, apenas duas das comunidades são frequentes, as demais ficam mais de vinte edições, as vezes, sem aparecer ou influenciar na história).
Angela, inclusive, construiu a queda do Reino desde o salto temporal no sexto episódio. Desde lá nós vemos que os prédios onde os súditos de Ezekiel estão morando, caminham para uma deterioração. Além disso, os problemas com os dutos de água foram recorrentes na trama. Cenas que pareciam apenas jogadas ali para promover o encontro de personagens e desenvolver um diálogo, se expandiram para o fim da comunidade.
Ver Ezekiel e Carol tendo que fechar as portas e se despedir de tudo o que construíram – de Shiva a Henry – foi de cortar o coração. Ali estava o investimento e esforço (e morte) de muitos para manter o local. Fechar as portas significa que tudo deverá ser recomeçado em outro lugar. A partida dali foi bonita.
Carol segue abalada pela morte de mais um filho. Lydia se sente culpada pelas várias pessoas que morreram pelas mãos de sua mãe. Ambas são pessoas em sofrimento e trabalho de luto e que precisam lidar com suas dores. A relação entre elas é trabalhada no centro desse episódio – assim como várias outras relações – e é um chamativo acalentador.
Imitando a cena em que Carl fica observando um walker atolado no pântano lá na segunda temporada (que consequentemente leva à morte de Dale), Lydia encontra um morto vivo afundado em uma poça de gelo. Querendo dar fim à sua própria dor, a garota oferece o pulso para que seja mordida. Entretanto, Carol aparece e a observa. Isso acaba a impedindo.
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Mais tarde, quando tentam atravessar sobre um rio congelado, Lydia aproveita a distração de todos para fugir novamente. Carol se responsabiliza em encontrá-la. E aí Melissa e Cassady demonstram o quão grande podem ser juntas. A emoção escorre pelos olhos e Lydia pede para que Carol a mate, já que é fraca e não pode suportar viver com a dor da perda e da responsabilidade pelas mortes. Entretanto, a garota desconhece que súplica para alguém que sabe exatamente o que ela passa. Carol se nega a fazer e diz que a menina não é fraca.
Isso é, se Carol admite que Lydia é fraca, admite também a sua própria fraqueza. Se há alguém que sabe o que é ver pessoas amadas morrendo e se sentir responsável e culpada por isso, é Carol. Então, sabendo o que cada dor a fez crescer e se tornar forte, Carol entende que precisa ensinar Lydia a viver com isso.
A relação de Negan e Judith não vem de hoje. É algo que é trabalhado desde que a menina era um bebê. E nesse final de temporada a exposição aos riscos que ele se colocou por ela demonstram o quão verdadeiro é o amor e a admiração que o antigo antagonista tem pela menina.
Judith, querendo salvar a vida de Cão, se arrisca na nevasca, mas acaba sendo afetada pela hipotermia. Então, temos uma das cenas mais bonitas envolvendo ela e Negan: o homem tirando seus casacos e se expondo à temperatura negativa para aquecer o corpo da menina.
Parece pouco, mas a relação de ambos fala muito sobre o que Carl e Rick criam antes de partir. Como Negan falou ao final do episódio para Michonne, as pessoas ruins nem sempre querem ser ruins, elas só estão tentando dar um jeito de serem boas, mas escolhendo formas contrárias para isso.
Quando falamos do relacionamento de Carol e Daryl como amigos, irmãos ou seja lá como você queira encarar isso, não há nada mais puro e bem fundamentado em toda a história da série. Nem Rick com Michonne; nem Glenn e Maggie; nada é capaz de ser superior a divisão de tela entre ambos. Isso se desenrola desde a primeira temporada com a morte de Ed; se estende com Sophia e se perpetua com o reencontro deles após o Terminus.
A amizade com ele é inegociável. Qualquer coisa que ouse tentar destruir o vínculo afetivo é ligeiramente cortado. Carol não pensa duas vezes entre escolher Daryl ou Ezekiel. Nesse episódio isso fica totalmente esclarecido. Por mais que ela ame o Rei, o vínculo não consegue ser profundo o suficiente para superar o que Dixon significa para ela. Tudo o que passaram juntos, toda a simetria e leitura de olhar e expressões é insuperável.
Quando Carol sugere que talvez esteja se perdendo novamente, Daryl é rápido em sugerir que ele leve Lydia para longe. Mas se a presença da garota a leva para a perdição, estar longe de Daryl a leva para um lugar desolador ainda inexplorado. Então, Carol prefere se sentir ameaçada por o que Lydia representa a ter que lidar com a ausência de sua pessoa no mundo.
A cena em que os três nomes principais chegam à Alexandria e se reúnem dentro do mesmo muro depois de tantos anos novamente, seguida por todos brincando em uma guerra de neve ilustra o quão bonita pode ser a vida mesmo em meio às dificuldades. Ali estão todos, esquecendo suas diferenças e brincando como crianças. Sorrisos e diversão.
Ainda temos a cena de Negan e Michonne que é bastante significativa. Anos atrás, no mesmo leito, no mesmo quarto, Rick e Michonne diziam que a pena de Negan era perpétua. Agora, sozinha com o antigo inimigo que acabara de salvar sua filha da morte certa, ela confronta seus próprios sentimentos quanto a ele.
Carol está de volta para a cidade de onde ela um dia fugiu e quer se reconstruir. Ela sabe que sua responsabilidade agora é manter Daryl perto e trabalhar para que Lydia se entenda como parte da comunidade.
Um final merecido para uma ótima temporada. Mesmo sem nomes centrais na trama, Angela se mostrou capaz de fazer uma linda história. Os dezesseis episódios possuem particularidades e são marcantes. Depois de muitos anos, The Walking Dead consegue formar uma temporada completa que não será esquecida pelo público. Isso porque Kang se importou com a trama, fundamentou-a e a planejou do inicio ao fim. Ouviu as críticas do público e deu respostas.
Com um episódio atípico para o fim de uma temporada e trazendo uma roupagem diferenciada, vimos momentos emocionantes que abrem espaço para novas histórias no décimo ano. Tudo o que esperamos é que Angela consiga manter os pés no chão como manteve nessa temporada e execute uma trama ainda mais complexa e profunda.
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A curta cena de Alpha e Beta nesse episódio também deixam a entender que veremos ainda mais da ameaça que os Sussurradores são para os heróis. Muito sofrimento está adiante, mas por enquanto descansemos o nosso coração com o leve clima gerado por The Storm. Contrariando o dito popular, a calma veio durante a tempestade.
Aliás, os walkers congelados nesse episódio e as pequenas referências como a do zumbi na poça de água já citada e uma walker muito parecida com a famosa morta viva da bicicleta, ilustraram para o público o quanto as condições climáticas podem auxiliar ou prejudicar no cenário apocalíptico. Direção e roteiro souberam usar o clima ao seu favor.
The Walking Dead se mostra capaz de respirar ainda, por mais que muitos tentem dizer o contrário. Sem os braços de Rick e Carl, a história conseguiu andar sozinha e crescer em um vértice totalmente diferenciado, com um tom bastante diferente. Se Angela Kang vai continuar o ótimo trabalho que fez nessa temporada na próxima, vida longa à ela.
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