Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo primeiro episódio, S09E11 – “Bounty”, da nona temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Angela Kang é o nome da showrunner que tem mudado o destino de The Walking Dead. Em seguida à sua nomeação para o cargo, as notícias eram desanimadoras e acabavam com qualquer esperança de que Kang poderia fazer algo pela série. Visto que Andrew Lincoln estava se desligando, assim como problemas contratuais afetavam a permanência de Lauren Cohan. Ocorre que, assim como vinha sendo, Bounty vem demonstrar o quão flexível a showrunner e seus roteiristas conseguem ser. Mesmo em uma trama com um fundo de enredo monótono, o episódio nos deu momentos memoráveis.
Bounty conta duas histórias paralelas: de um lado Alpha tentando resgatar a filha e de outro o Reino trabalhando pela feira que se aproxima. Em síntese, o maior foco narrativo se dá ao enredo de Hilltop e o primeiro confronto com os Sussurradores. Imediatamente após a chegada da líder dos mascarados na comunidade, vemos a irredutibilidade de Daryl em entregar Lydia. Contudo, a fria sussurradora tem uma proposta para os heróis: Lydia em troca de Luke e Alden. Em virtude de estarem impossibilitados de negar o acordo, Daryl cede e vai em busca da garota refém.
Nesse meio tempo, prevendo que as coisas não terminariam bem, Henry e a jovem fogem para a cabana que posteriormente o levou ao aprisionamento. Enid se propõe a convencer o garoto a abrir mão da nova amizade, mas ele parece estar decidido a não desistir. Nesse ínterim, a própria Lydia se oferece à Enid, dizendo reconhecer que precisa voltar para a mãe. Finalmente ela se depara com Alpha e ao demonstrar fraqueza emocional, recebe como cumprimento um tapa no rosto.
Também é nessa linha de história que temos a demonstração do exímio trabalho conjunto que exerceram o roteirista (Matt Negrete) e a diretora (Meera Menon). Toda a cena que envolve a frieza de Alpha quanto ao bebê que constituí seu grupo, o abandono e o resgate de Connie ao impúbere são obra considerável. Dou destaque à cena que faz a audiência vivenciar a experiência da personagem surdo-muda. Os momentos de tensão que a irmã de Kelly vive com o bebê no colo tentando desviar dos mortos dentro do milharal acompanhados do silêncio são arrepiantes. A cena entra para uma listagem restrita daquelas que fazem o espectador estar na pele do personagem. A empatia da audiência com a personagem deficiente auditiva demonstra o quanto Angela e seus cooperadores têm sido assertivos.
É a primeira vez que The Walking Dead trabalha nesse ângulo. A montagem de cena, o enquadramento das câmeras, o silêncio somado a um baixíssimo ruído, quase inaudível, trazem à vida um icônico momento que provavelmente se perpetuará como um marco de cenas mais bem escritas e dirigidas da série.
É detestável ver um adolescente apaixonado fazendo burrices por amor, arriscando a própria vida e a de muitos outros. Mas, nada distante do que é o mundo real e o quão inconsequentes são os jovens na busca da maturidade. A trama de Bounty se constrói substancialmente nos quadrinhos. Embora com personagens desassociados aos impressos, parece que a história consegue construir momentos marcantes daquele. Da mesma forma que mantém porcentagens de exclusividade.
Ao final do episódio vemos que Henry não está contente com o destino de Lydia e acaba decidindo ir atrás da garota para resgatá-la. Daryl, que já carregava culpa por não ter sabido resolver a situação de forma equilibrada para ambos os lados, e para cumprir a promessa feita a melhor amiga, parte na direção do garoto. Connie – que acompanha a saída de Dixon – se oferece para seguir com ele, numa cena bastante explícita que demonstra seu comprometimento e caráter idôneo. Assim, um trio composto pelo homem da crossbow, a mulher surdo-muda e o Cão, seguem em busca de um horizonte inexplorado sem saber a quais riscos estão se expondo.
Um arco totalmente coerente com os quadrinhos de Robert Kirkman. E isso mais uma vez demonstra o quanto a produção tem sabido lidar bem com suas perdas.
Na contramão, temos o enredo construído para o Reino nesse episódio. Embora aparentemente protelatório, a encenação tem um sentido: discutir a unificação das comunidades. A cena de introdução no pré créditos, inclusive, demonstra isso. Apesar de Michonne ter se esforçado para desenvolver um estatuto, parece que ela desistiu da ideia ao romper com Hilltop.
Acompanhamos Carol e Ezekiel na busca por um reflexo do mundo pré-apocalíptico: apresentar um cinema na feira das comunidades. Em todo o momento o Rei se mostra esperançoso com a presença de Alexandria em suas terras para comemorar o fechamento de mais um ciclo. Carol, no extremo oposto, se mostra realista e tenta abrir os olhos dele para que não se iluda com a ideia de um futuro equilibrado.
No entanto, o otimismo de Ezekiel acaba influenciado sua esposa em meio a ação na busca da lâmpada de projeção. E no final, Carol parece compreender que no presente eles tem passado por grandes dificuldades, mas que isso os possibilita construir um ponto de caminhada para a unificação. É nesse momento que o simbolismo dá as caras novamente e vemos um quincôncio (veja a explicação completa aqui) ser focado pela câmera.
Com a música de Eddie Harris, It’s all right now (Está tudo bem agora), nós tivemos uma pausa em meio ao caos. Enquanto Hilltop vivia momentos de extrema tensão, o Reino deixava a música embalar seus corpos enquanto a usavam como forma de atrair os mortos para longe do cinema. Tal estratégia não é novidade na série, já que Glenn usou o mesmo artifício na primeira temporada. Ao mesmo tempo que dirigia um camaro vermelho pelas ruas de Atlanta, deixava o som do carro atrair os indesejados.
Ver os personagens dançando e cantando a música chegou a ser cômico – ainda mais se somarmos a reação de Carol. É algo bastante raro em The Walking Dead, na verdade. Poucas são as cenas que investem na carga de leveza e humor. Constantemente a audiência é levada a acompanhar o tom de pesar na luta da sobrevivência. Foi feliz a escolha de adicionar os momentos dentro da trama do Reino nesse episódio. Coopera para a esperançosa direção que Ezekiel quer seguir e demonstra que a dor do presente não precisa ser a do futuro.
Enfim, fica totalmente expresso durante toda a construção dessa crítica que o episódio foi agradável e atingiu seus objetivos. Como dito, ao mesmo tempo que não trouxe fatos relevantes, há intrínseco em toda sua narrativa sua necessidade. Serviu como propulsor de momentos futuros e seguiu a trama dos quadrinhos.
Bounty não é um daqueles episódios para se classificar na lista de melhores da série. Entretanto, é objetivo e assertivo como um módulo de transição entre momentos marcantes. Desenvolve psicologicamente e emocionalmente vários aspectos e personagens. Cada vez mais fica evidente o modus operandi de Alpha e seu grupo. A atuação de Samantha Morton brilha mais uma vez e se equilibra com a de Melissa McBride no outro extremo da história. Igualmente, a piada pronta de Jesus “voltando à vida” no terceiro episódio após sua fatídica morte – fazendo alusão ao terceiro dia – foi algo que ficou nas entrelinhas.
Como discutido acima, direção e roteiro convergiram para um ponto comum e se construíram perfeitamente. As cenas de ação foram totalmente coerentes e não soaram apelativas. Sonoplastia – e a ausência dela – também somaram uma carga de perfectibilização ao episódio.
O medo de que Angela Kang errasse a mão está cada vez mais declíneo. Os Sussurradores chegaram de maneira bastante equiparada aos quadrinhos e não tem decepcionado em corresponder as expectativas dos fãs. Mesmo com personagens centrais ausentes, a showrunner tem sabido adaptar e não desperdiça cenas. Por exemplo, a cabana visitada por Henry e que o levou à prisão, reparecendo para encerrar o cárcere de Lydia.
E você, sentiu o mesmo por Bounty? Conte para nós seus sentimentos e pensamentos quanto a trama do décimo primeiro episódio da nona temporada. Aproveite e classifique o episódio em nossa enquete:
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