Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo episódio, S09E10 – “Omega”, da nona temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Diferentemente do que eu costumo fazer em minhas críticas – uma narrativa de cena a cena mesclada com a análise – tentarei ser mais sucinto nessa semana. Não por achar que o episódio não valha o esforço de seus antecessores, mas justamente por saber que se eu mantivesse o padrão estabelecido nas semanas anteriores, o presente artigo se estenderia por uma cansativa redação, dada a profundidade intrínseca ao que pudemos presenciar nessa semana.
Omega, o décimo episódio do nono ano de The Walking Dead foi uma obra de arte que elevou os padrões estabelecidos desde a estreia da série em 2010. A forma como Channing Powell o escreveu somado a direção pontual de David Boyd trouxe um resultado espetacular. Dentro dos minutos em tela, Omega fez com que a audiência fizesse parte da distorção paratática que Lydia sofria desde a primeira infância.
No inicio do episódio, quando começamos a acompanhar o passado de Alpha e no como Lydia tinha uma relação próxima a ela e vimos que Frank era um homem rude e ególatra, rapidamente me foi formada a imagem de que a mulher apenas havia se tornado um ser humano ruim por ter passado por traumas no seu casamento. Ou seja, a audiência foi levada a se afeiçoar por Alpha e ter empatia por ela. Ocorre que ao desenrolar do episódio pequenas pistas nos são deixadas e começam a desconectar a montagem do passado de Lydia que tínhamos antes. De repente, quem canta para acalmar Lydia é Frank e é ele que carrega o nome dela tatuado no bíceps. A pacifica mãe se torna em uma mulher hostil que sufoca um homem com um olhar demoníaco. Frank que antes havia raspado a barba, aparece com o rosto novamente coberto de pelos e Alpha, com a cabeça nua. Por um momento, a confusão mental da garota ecoa na audiência: alguma coisa está errada no que Lydia vê como passado.
Da empatia com a mulher, passamos a nos perder em nossos sentimentos e ao final do episódio compreendemos que a essência de Alpha sempre foi péssima. Como o próprio Henry questiona Daryl, o que leva uma mãe a fazer que a filha cresça acreditando que foi responsável pela morte do próprio pai?
Dentro dessa temática, ainda temos a exploração de momentos cruciais dos quadrinhos sendo adaptados de forma inovadora. Mesclar Daryl ao arco do aprisionamento de Lydia foi bastante perspicaz, já que há um ponto de identificação dele naquela situação. Daryl já foi preso e torturado nas temporadas passadas. Ele sabe exatamente o que aquilo significa para o psicológico de uma pessoa. Além do mais, a história trazida por Lydia é bastante semelhante a que Daryl viveu na infância. Ele compreende inteiramente o que significa crescer em um núcleo familiar que não expressa sentimentos e tudo é resolvido à base da pancada. Lydia é o espelho de Daryl e ele sabe que tudo o que a garota precisa no momento é de pessoas que realmente se importam com ela.
Ainda nesse ponto, temos Henry dentro da história representado um arco dos quadrinhos assumido por Carl. Aqui, eu aproveito o espaço para honrar a atuação feroz que os atores envolvidos nas cenas – desde o passado contado por Lydia, até a própria garota e Henry – trouxeram ao roteiro de Powell. Não sei se Chandler Riggs teria tanta conectividade com o arco quanto Matthew Lintz vem apresentado. Henry foi odiado pela audiência pela forma como se envolveu com a garota do grupo inimigo e como agiu estupidamente ao lhe confiar informações sobre o Reino, seus pais e, ainda, por decidir deixar que a garota fizesse um tour por Hilltop no meio da noite. Ocorre que, talvez, tenha fugido dos olhos de quem assistia o fato de que o garoto foi fortemente influenciado desde pequeno – e através da técnica do aikido – a considerar toda a vida preciosa e confiar intensamente na bondade humana. Henry tinha uma proximidade gigantesca com Morgan e aprendeu suas filosofias as levando para a vida adolescente. Então, os atos do menino são muito mais pelo seu caráter inclinado a confiar no ser humano do que tecnicamente em uma vontade de prejudicar as comunidades.
Por fim, não tem como não citar o fato de que a nona temporada tem nos apresentado arcos dos quadrinhos de forma bastante coerente. Adaptando e usando personagens distintos, temos visto um valioso trabalho exercido por Angela Kang. A forma como os Sussurradores vêm sendo inseridos e, principalmente o drama de Lydia e a apresentação de Alpha na cena em que tivemos o fechamento do episódio, deixam claro que temos o potencial de presenciar um momento histórico para a série: a superioridade aos quadrinhos. Isso porque, se analisarmos os vilões anteriores – Governador e Negan – teremos a certeza que os impressos estão em vantagem enorme ao que foi demonstrado na série. Mas, desde que os Sussurradores vem se inserindo na história e a feroz aparição de Alpha gritando aos portões de Hilltop, há um fator x que muito se diferencia das fórmulas anteriormente usadas. Espero que continuem acertando nesse arco e que a mistura de terror e drama – que pela primeira vez parece dar certo na série – continue a ser utilizada na medida correta.
E dentro desse mesmo aspecto, preciso salientar que o grupo de Magna é outro grande motivo de congratular os produtores. Nas HQs após sua inserção, Magna e seus companheiros se tornam personagens totalmente apagados e figurativos na história. Diferentemente – talvez pelas perdas tidas e a existência de espaço – temos visto na série a construção de personagens interessantes e com uma presença bastante marcante. Todo o comprometimento das mulheres com o resgate de Luke e as cargas do passado que os ligam tem formado um enredo com profundidade, saindo da esfera superficial que existe nos quadrinhos.
Pela forma como o texto foi utilizado nesse episódio, somado a momentos de terror, drama e aprofundamento, ouso dizer que facilmente entraria para uma lista de dez melhores episódios da série. Ao mesmo tempo que não foi carregado de ação, mantendo uma história monótona, conseguiu usar corretamente de seu espaço para construir uma narrativa marcante e emocionalmente constante. Os vínculos formados e a forma como a audiência foi levada a ver a nova vilã de um extremo ao outro ( do alfa ao ômega) montaram uma coesão espetacular na história. E sem contar que novamente a sonoplastia se mostrou assertiva, colocada nos momentos corretos para conduzir a audiência aos sentimentos necessários em cada quadro.
E você? Gostou do episódio? Concorda ou discorda de algo? Deixe um comentário abaixo com a sua própria crítica, será um prazer ler opiniões semelhantes ou diferentes da nossa.
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