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Review The Walking Dead S09E09 – “Adaptation”: O fim do caminho!
Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do nono episódio, S09E09 – “Adaptation”, da nona temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Finalmente The Walking Dead retornou com sua nona temporada nesse domingo – com pré-estreia antecipada para os assinantes do Flox Play, no dia 04 de Fevereiro. Um episódio que cumpriu as vezes de organizar o jogo de xadrez e esclarecer quem seria quem na história trazida dos quadrinhos, já que não temos mais a presença de personagens centrais dos impressos no atual arco da série.
Bipartido entre os momentos que se posporão ao primeiro ataque dos Salvadores contra o grupo de heróis e o estabelecimento de nova liderança em Hilltop em total contraste com cenas de Negan após sua fuga do cárcere, Adaptation (Adaptação) foi um episódio muito bem construído e dinâmico, ao longo de seus mais de cinquenta minutos de tela.
Negan trouxe uma história completamente repleta de referências e significância. Ao adentrar a casa dos Grimes, ele se depara com a cruel realidade de Judith. O desenho inclusive traz muita explicação sobre a garota e sua personalidade. Desde que o salto temporal foi proposto e que a pequena foi inserida em sua versão um pouco mais velha, percebe-se que ela é um somatório de todos os personagens que são parte da família: a arma de Rick, uma mini katana referenciando Michonne, o chapéu carregado por Carl ao longo dos anos e o estilo xadrez de Lori.
Judith intervém na tentativa de Negan em transpassar os muros de Alexandria, mas numa conversa carregada de simbolismo aos quadrinhos, vemos que os anos passados fazem com que Negan seja completamente conhecido por Judith, assim como o antigo antagonista também a conhece. No fim, ela o deixa o partir, como se soubesse que de alguma forma aquela não seria a última vez que se veriam. Negan foge levando a bússola da garota.
Um caminho de desconstrução é proposto para Negan. Para a audiência mais atenta houve um estabelecimento de relações entre o trajeto percorrido por ele nesse episódio com o do Governador, lá em Live Bait (Isca Viva) que foi o sexto episódio do quarto ano da série, e que conta de forma resumida o que acontece nos livros inspirados na história do personagem (A Ascensão do Governador). Em uma clausura de solidão, o marido de Lucille vai percebendo a destruição que sua vilania trouxe ao mundo. Uma das melhores cenas, com certeza, se dá no momento em que Negan cai de joelhos exatamente na clareira na qual esmagou a cabeça de Abraham e Glenn. Ele vomita no local, como se estivesse aos poucos regurgitando quem foi no passado.
Ao chegar na Fábrica, ele vê a derrota que aconteceu na tentativa de fazer sua casa um local tão seguro como Alexandria e Hilltop. Como o Governador, Negan tem um walker de estimação e parece estar decidido a ficar ali, já que constrói uma especie de quarto com móveis como paredes. Mas a bússola dada por Judith acaba o fazendo abrir os olhos, o norte está para trás em direção da garotinha. Negan precisa retroceder, precisa voltar atrás para se encontrar. Ele não é como o Governador que se perdeu em sua caminhada de tentar se encontrar. Negan retorna, Judith cumpre sua promessa de atirar nele, mas ambos seguem juntos para Alexandria. Negan se rendeu, ele sabe que ele não pode mais ser quem era pois tudo o que ele foi levou o mundo à ruínas.
Noutro módulo, temos o desdobramento da morte de Jesus e a descoberta da ameaça de pessoas vestindo a pele dos mortos. A cena dura pouco para corresponder ao cliffhanger que se estabeleceu. Talvez um dos erros desse episódio. Cortes como esses normalmente precisam deixar guardado para sua continuidade um clímax ainda maior do que aquele proposto no momento da interrupção.
Entretanto, a trama usou Daryl grandemente para um plano bastante inteligente na hora de descobrir se os walkers que os estavam seguindo eram a fórmula antiga, ou os assassinos de Jesus. Flechando as pernas dos walkers, rapidamente o pequeno grupo de resgate conseguiu render os poucos Sussurradores que estavam desgarrados em meio a um túnel. Na ação, conseguiram uma refém para obter informações necessárias sobre quem eram aqueles que mataram o amigo.
Um pouco antes dessa cena mirabolante, tivemos uma conversa sincera entre Daryl e Michonne que relembraram Rick. O interessante dessa conversa é que ela revela um pouco sobre o período do salto temporal. Aparentemente, os dois nunca deixaram de se gostar e Daryl estava afastado pois queria encontrar o corpo do amigo para entregá-lo à Michonne. O exílio do personagem, então, nada tinha a ver com o rompimento estabelecido entre Alexandria e as demais comunidades.
Já em Hilltop, temos cenas emocionantes envolvendo a chegada do corpo de Jesus. Por mais que o personagem não tenha sido bem utilizado na série, temos que lembrar que para as pessoas de Hilltop ele era importantíssimo, sendo um dos membros fundantes e maiores cooperadores para a longevidade do local. Ver Tara, Enid, Tammy e tantos outros se deparando com a morte de um dos mais fortes sobreviventes foi bastante emocionante.
Rose cobra de Chambler uma posição de liderança agora que Jesus não está mais presente. Tara a promete que ela sera a líder necessária para Hilltop e que fará o que será necessário para descobrir o que matou o sobrevivente mais eficaz em luta corpo a corpo. Assim, Daryl, Michonne e Tara levam a refém para uma das celas de Hilltop com o intuito de tirar dela informações valiosas sobre seu grupo. No entanto, a garota não está disposta a falar. Aliás, é necessário elogiar a grande interpretação de Cassady McClincy, que trouxe uma intensidade tremenda para a jovem sussurradora.
Daryl tem uma conversa com Henry, do lado de fora da cela. O garoto acha que será liberto, mas Dixon o informa que há ainda mais uma noite de pena para cumprir e que aquele momento era apenas o seu horário de banho de sol. O jovem fala que só fez o que fez por estar tentando se encontrar – com uma rosa dos ventos estampada em sua camiseta, remetendo à bússola usada por Negan – já que no Reino ele era o filho dos líderes e em Hilltop ele é apenas mais um entre tantos.
Outro quadro curto, mas interessante, é a relação de Eugene com Rosita. Parece que ele finalmente decidiu assumir sua paixão platônica pela moça. Mas toda a conversa do cientista acaba fazendo com que ela tenha um enjoo e precise sair correndo dali para vomitar. Siddiq que está responsável pelos dois na enfermaria, vai ver o que está havendo com Espinosa e acaba descobrindo que ela está grávida dele, já que os dois tiveram um breve relacionamento antes dela começar a namorar com Gabriel. Eugene, pela janela, consegue ouvir a conversa dos dois.
Michonne exige de Daryl uma posição quanto a jovem sequestrada por eles, já que ela pode significar um perigo, ao mesmo tempo que declara que ele precisa ajudar Tara a liderar Hilltop. Dixon não parece confortável com a situação, mas promete para ela que fará o possível para preservar a comunidade em pé. Maggie e Jesus não estão mais ali e Tara não parece ter um pulso firme para fazer o que tem que ser feito.
Em meio ao velório de Jesus, Daryl entende que é o momento de tentar extrair informações da garota que arrastaram até Hilltop. Com um tom ameaçador, ele parte para cima dela a encurralando com uma faca, mas a garota continua a chorar compulsivamente e trazer informações duvidosas. Henry tenta convencer Daryl de deixar a garota em paz, mas cada fala do garoto parece forçar ele a ser mais agressivo. Ele arrasta a garota da cela dizendo que a levará para ser enforcada, mas ela suplica por sua própria vida enquanto o filho de Carol, desesperado, implora para que Dixon mude de ideia. Daryl parte dali deixando os dois adolescentes sozinhos. A garota agradece a ajuda de Henry e lhe conta seu nome: Lydia. Enquanto isso, o homem da crossbow ouve a conversa deles pela pequena janela. Aparentemente, toda a ação de Daryl foi pensada, já que ele conhece o jovem garoto muito bem para saber que ele conseguiria estabelecer uma relação com a garota se fosse pressionado emocionalmente.
A grande duvida que fica é se o sorriso dado por Lydia – ao revelar seu nome – se dá porque na verdade era o que ela queria, estabelecer uma ligação com eles de confiança para depois os tornar mais vuleráveis à sua mãe, ou se o sorriso significa um alívio da garota por encontrar algo que ela nunca teve: alguém que se importasse com ela e que expressasse sentimentos. Nem tudo o que ela falou para Michonne, Daryl e Tara deve ser uma mentira, com certeza ela vive uma vida selvagem ao ponto de negar sua própria identidade, tornando-se apenas uma criatura e não uma humana. Talvez aí esteja o modus operandi dos Sussurradores que Daryl tanto queria entender.
Ainda, há o pequeno momento de Alden e Luke no episódio. Os dois que saem para resgatar o grupo de Jesus, acabam se encontrando em uma conversa bastante divertida sobre música. Luke é totalmente musical, tanto é que quando encontra as flechas de Yumiko as segura como se fosse uma batuta de maestro. Aliás, ele contraria um pouco a fala de Magna para Enid ao tentar confortá-la dizendo que Luke é um ótimo e experiente sobrevivente. Na verdade, ele se mostra péssimo em matar zumbis e quase é morto com facilidade por um deles.
Ao perceberem um walker vindo na direção deles, Luke se responsabiliza por matá-lo, mas ele e Alden percebem que há algo de estranho no comportamento do morto. De repente eles se veem cercados por mortos que se mantém paralisados os encarando. Então, a walker que Luke havia visto atira uma flecha de Yumiko em seus pés e aponta uma arma para eles e dizendo-lhes que o caminho tinha acabado para eles.
O episódio em seu título fala de adaptação e é exatamente isso que ele demonstra. Vemos a adaptação de Negan ao fim da sua vilania; a adaptação de Hilltop na tentativa de fixar uma nova liderança; a adaptação de Henry como um membro qualquer em uma comunidade desconhecida e a de Lydia em um ambiente que talvez nunca tivesse conhecido, repleto de amor e cuidado. O episódio trabalhou bem suas subtramas – ainda que as cenas de Negan tenham recebido críticas (bom, foi melhor do que haver um episódio solo dedicado a contar a história que se resumiu em 15 minutos) – e trouxe uma organização no enredo correlacionado aos quadrinhos. Com a ausência de Rick, Carl e Maggie era difícil de entender como as coisas aconteceriam, mas parece que Angela Kang colocou as peças no tabuleiro e arriscou. Até agora tem sido xeque-mate.
Ainda há uma breve preocupação com a forma como essa segunda metade irá apresentar os Sussurradores ao passo que explica o motivo do X nas costas dos personagens e o que afastou as comunidades. Será que os Sussurradores não mereciam um espaço só deles, ou Kang está com medo de arriscar uma história solo como foram os Salvadores e acabar tornando a trama desinteressante? Será que é só uma jogada para que os Sussurradores consigam estender seu enredo por mais tempo, já que serão intercalados com flashbacks dos seis anos do salto temporal? Como isso irá se organizar?
Uma das coisas pouco elogiadas, mas que precisam ser destacadas, é o trabalho de trilha sonora da série. O episódio pareceu saber alocar muito bem as músicas de tensão com as emotivas e trazer carga dramática sempre que foi preciso. A sonoridade foi sempre pontual e serviu para fazer o fundo necessário em cada cena.
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