Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo quinto episódio, S08E15 – “Worth” (Valer a Pena), da oitava temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
“Vivam os meus inimigos! Eles, ao menos, não me podem trair.” – Henry de Montherlant.
É com uma frase atribuída a um dos grandes nomes da era romântica da literatura que dou abertura a essa análise.
Um episódio totalmente centrado no peso em que a traição pode trazer. No centro da trama quatro homens que lidam com os benefícios e malefícios de ser um traidor: Eugene, Simon, Dwight e Gregory. Quatro homens que agem com razão e emoção divididas buscando um benefício próprio que talvez seja inalcançável.
Eugene mudou e muito sua postura na sua estadia com os Salvadores. Não podemos negar que ele na atualidade é um homem totalmente diferente de quem era quando sob a tutela de Rick. Por mais que ele continue a ser o mesmo covarde de sempre, soube criar uma aparência de durão o que diferencia do tímido e impotente homem que surgiu ao lado de Abraham e Rosita na quarta temporada.
O plano de Daryl e Espinosa dá certo e eles conseguem capturar o “cérebro” de Negan. A captura tem um propósito ímpar: trancafiar Eugene longe dos Salvadores para que percam sua fonte de inteligência. Mas, aí está o grande erro de Rosita e Daryl que subestimando a capacidade do nerd especificam exatamente seus planos quanto a ele. Por óbvio, isso gera total desejo de fuga no homem do mullet. E, oportunamente, Eugene coloca em prática seu plano de desprendimento dos seus sequestradores. Aliás, o plano mais no sense que já se passou nas telas de televisão. O que os roteiristas estavam pensando quando colocaram aquilo em cena? Pareceu sair diretamente de um filme de besteirol americano – ou do Exorcista.
Passado o susto e o ataque de risos inicial – que durou por longos quinze minutos após a cena -, há de se considerar a cena final de Eugene nesse episódio. Sua chegada ao atelier de munição. Nessa cena há um ar de dúvida deixada pela forma de agir do “cientista”. Depois da pressão que Daryl e Rosita colocaram nele, de alguma forma Eugene deve ter refletido nos seus últimos tempos. A questão central do episódio “Vale a pena ser um traidor?” deve ter pesado em sua mente. Ao chegar ao local de trabalho, Eugene ordena que todos dobrem o serviço e curiosamente pede para que o Padre Gabriel siga cautelosamente todas as ordenanças que ele lhe dará. Será que Eugene está com um plano em mente para manipular as munições de Negan e dar uma chance a Rick e ao seu grupo?
A trama na Fábrica foi bem mais intensa do que um mar de vômito. De inicio descobrimos que na velocidade da luz, Gregory chegou ao lar dos Salvadores – ou o caminho entre Hilltop e a Fábrica é curto demais ou Gregory precisa de uma vaga na Liga da Justiça como o maior velocista do mundo. Sem nenhuma mancha de sangue nas vestes – o que torna ainda mais curioso, já que dado os demonstrativos do ex-líder de Hilltop até aqui ele não é um campeão em sobrevivência e em matar walkers – Gregory conversa com Simon, o autointitulado novo líder dos Salvadores. Simon deixa bem claro para o insuportável senhor que seu plano é destruir o local que ele construiu e que agora é liderado por Maggie. Gregory viverá como escravo de Simon até o fim de sua vida, conforme o “chefe” dos Salvadores informa.
Enquanto isso, Dwight vê o diabo. Não literalmente, mas quase. Negan faz sua aparição para o atual-ex-Salvador. Marcando uma reunião entre ele e os seus capangas de confiança, Negan deixa Dwight alerta para eventuais problemas que suas ações possam lhe trazer.
Dada à reunião, Negan perdoa as falhas de Simon (que não se tratam da chacina do lixão, mas do abandono quando Rick investiu contra o dono de Lucille) e especifica seus planos contra Rick. Liberando todos, ele pede para que Dwight permaneça na sala. Clima de tensão pra nada, só para mais um jogo psicológico do vilão. Ele diz a Dwight que está feliz em tê-lo de volta e que precisa que ele continue a se esforçar na causa dos Salvadores.
Simon mais tarde procura pelo marido de Sherry e o intima para uma assembleia que buscará derrubar Negan. Nesta, Simon expõe todo o seu planejamento contra o atual líder dos Salvadores e é surpreendido pelo próprio que surge de trás de um container. Todos os traidores, com exceção de Dwight, Simon e Gregory – que não há motivos para Negan ter o poupado, mas tudo bem -, são fuzilados e caem mortos. Simon então descobre que Dwight o delatou para o líder. Ou seja, o homem da besta dos Salvadores é um duplo traidor.
Negan chama Simon para um confronto de liderança no maior estilo África Selvagem, aquele que sair vivo é o líder definitivo do grupo. É óbvio pra audiência que o maior antagonista que The Walking Dead já teve não morreria num confronto com uma pessoa do seu próprio grupo, então, o perdedor do embate é Simon que morre sufocado por Negan. Enquanto a confusão e burburinho gerado pela batalha dos dois se desenrolam, Dwight ajuda Gregory a fugir do local e o entrega o mapa no qual escreveu o planejamento dos Salvadores para que ele entregue a Rick.
Gregory como uma flecha chega até Hilltop e entrega o mapa para Maggie que o repassa para Rick. Tudo parece maravilhosamente bem para o protagonista, já que agora ele tem como encurralar Negan e seus grupos distribuídos em diversos pontos do mapa e acabar de vez com a guerra entre eles. Mas, como sempre, nada é tão fácil como parece ser.
Negan acompanha Dwight até seu quarto. Lá temos a revelação de quem o vilão encontrou na rua no episódio anterior. Como grande parte da audiência já esperava, Laura foi a pessoa para quem Negan deu uma carona. Dwight finalmente é desmascarado e se torna prisioneiro do antagonista. Na sua queda, Dwight ainda fica sabendo que acabou por condenar Rick e Hilltop a morte, já que o planejamento de Negan era falso e foi passado para ele apenas para que ele atraísse o grupo inteiro para um ponto comum dando chance aos Salvadores de acabarem com todos eles de uma só vez.
Bem, a traição foi o tema central do enredo desse episódio e demonstrou as diversas consequências que podem ser interligadas a ela. Simon traiu Negan que também foi traído por Dwight e que ao mesmo tempo traiu Simon. Aliás, a traição de Dwight foi muito estratégica. Havia ali uma tentativa de eliminar outra ameaça a Hilltop que estava se concretizando. Eugene vinha traindo Rick, mas tudo indica que agora ele trairá os Salvadores. Quanto a Gregory, esse traiu até a ele mesmo como sempre.
Ademais, tivemos pequenas inserções de cenas de Oceanside e a luta de Aaron para atrair as mulheres para a Guerra. É claro que ele conseguirá convencê-las e provavelmente elas serão as salvadoras da pátria chegando ao último momento para o embate e livrarão Rick do pior, mas, a trama de Oceanside se tornou cansativa e repetitiva. Há uma desnecessidade enorme nessa insistência. A audiência é inteligente o bastante para entender o porquê das mulheres não querem lutar, não é necessário cinco vezes eles nos dizerem isso. É a quinta vez que ouvimos delas que elas não lutarão contra os Salvadores pelo que ocorreu contra os homens da comunidade em menos de uma temporada. Há uma subestimação da inteligência do público que é desanimador.
Por fim, às cartas: o episódio começa com Rick lendo a sua carta e termina com Michonne dando voz a carta de Carl para Negan. A insistência em cima da redação de Carl e a todo o seu pedido no nono episódio dessa temporada trazem um final previsível para a Guerra. Fica cada vez mais esclarecido que Negan e Rick não morrerão e que no fim, haverá um selo de paz e uma mudança drástica no rumo do xerife de agir. Uma nova ideologia semelhante à de Morgan provavelmente brotará na mente de Rick e ele reconstruirá um mundo aonde matar é crime.
Então, você percebeu algo que não está esclarecido aqui nessa review? Tem algo a acrescentar? Comente abaixo sua opinião sobre o episódio.
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