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REVIEW THE WALKING DEAD S08E12 – “The Key”: Portas abertas para o futuro
Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo segundo episódio, S08E12 – “The Key” (A Chave), da oitava temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Não saberia começar essa análise de outra maneira se não empregasse a frase “NOSSA THE WALKING DEAD ESTÁ VIVA!”. De fato, está viva; talvez nunca tenha estado morta e apenas não soubemos interpretar o que estava acontecendo.
A morte de Carl incrivelmente tem dado novo ânimo para a história. Quando tudo testemunhava contra a série, o final dado ao jovem Grimes parece ter reacendido a vontade dos roteiristas de desenvolver o enredo. Talvez a distância gritante que a ausência de Carl traga entre série e quadrinhos tenha possibilitado uma liberdade criativa muito maior e dado asas aos roteiristas que estavam se vendo presos ao enredo da HQ.
Com uma das dualísticas mais bem estruturadas de toda a série, “The Key” traz uma história sobre o futuro visto em diversos ângulos. Nesse episódio vemos contrastes entre o que Negan; Dwight; Simon; Rick; Michonne; Enid e Maggie captam para o futuro, enquanto uma nova personagem traz forma ao porvir pretendido por Carl.
O episódio começa imediatamente no ponto em que o décimo primeiro se encerrou. Negan está deixando tudo pronto para assustar Hilltop e a viúva, vulgo Maggie. Ele continua com seus mistérios e parte disso se deve a ótima atuação do seu intérprete (Jeffrey Dean Morgan) que consegue elucidar claramente um ar de confusão no rosto do personagem. Quem sabe dizer exatamente se Negan sabe ou desconfia que Dwight esteja jogando noutro time? Em certos frames, há a possibilidade de se ter a certeza que o grande líder dos Salvadores está ciente de que está com a custódia de um Judas. Noutros, no entanto, se tem a certeza que Negan é a pessoa mais iludida pelos seus aliados.
Em outro aspecto, vemos Dwight lutando com algo interno. Ele sabe que precisa a todo o custo provar para Rick e seus aliados que está disposto a derrubar Negan. Mas ao mesmo tempo, reconhece que não poderá fazer muito estando nas mãos dos Salvadores.
Algo que rebuscou sentimentos foi à pequena cena entre Daryl e Rick. Aliás, a chegada de Rick à Hilltop num todo foi bastante marcante. Dá para se ver claramente que todos estão apreensivos com o estado do xerife. O olhar de Maggie e Daryl para ele tenta extrair de Rick uma leitura comportamental, para saberem o quão pronto ele está para seguir em frente e se não acabará por se tornar um empecilho na guerra.
Daryl e Rick sempre construíram uma relação muito bonita de amizade na série. E pequenas cenas como a que Rick diz a Daryl que eles são irmãos, lá na quarta temporada, trazem uma riqueza para as relações que supera a simples sobrevivência. Se houve erros na frieza de certos personagens a presenciar Carl sucumbir, a relação Daryl e Rick explorada nesse episódio restabeleceu muitos sentimentos necessários. Interessante ver que assim como o xerife sempre serviu de apoio emocional para o Dixon, o recíproco também acontece. Mais uma vez, Daryl pode demonstrar seu lado humano que estava em falta nos últimos tempos. O único grande porém disso tudo é que todo o personagem que estabelece relação de familiaridade com o protagonista, acaba morrendo. Corra Daryl! Corra!
Simon sempre foi o lado mais odioso dos Salvadores. Seu sarcasmo e autoconfiança mixados com uma soberba imensurável acabam por tornar o personagem alguém fácil de ter asco. Contudo, em grande parte do episódio pareceu que Simon havia sido interpretado de forma incorreta. Tudo levou a crer que seu maior desejo era de sobreviver e se tivesse que abrir mão de seu orgulho para isso e deixar o confronto com Rick de lado para apenas seguir em frente, Simon o faria.
Dwight pareceu até mesmo ter esperanças de que tudo se encerraria bem, porque todos os fatos levaram a crer que se unicamente Negan sucumbisse, os Salvadores liderados por Simon deixariam a guerra morrer, tomariam novos rumos e viveriam de uma forma diferenciada.
Rick prometeu para Daryl que estava bem. Entretanto, não tão bem quanto poderia estar. Estar bem, como Daryl questionava Rick, era na verdade estar pronto para abrir mão de uma vingança pessoal e se focar somente na Guerra. Entretanto, para Rick, estar bem é estar pronto para vingar a morte do filho e acabar com a vida daquele que ele julga ser o culpado de todas as últimas desgraças.
A investida do protagonista contra o atual antagonista nesse episódio foi superior a qualquer outro embate que os dois já tiveram. A mixagem de escuridão, fogo, fumaça, walkers e discursos cheios de entrelinhas trouxeram uma riqueza fenomenal às cenas envolvendo os dois líderes.
Negan descobriu muita coisa sobre Rick e sobre seu próprio grupo. Descobriu que Simon é insurgente e insubmisso e age por conta própria, extrapolando suas ordenanças e dando muito mais razões à Guerra. Descobriu também que nem tudo é culpa de Rick e que ele é alguém que sempre inspirou confiança e esperança nas pessoas e que é isso que ele está fazendo e que o leva a bater de frente com os Salvadores. Talvez se a Guerra não estivesse configurada, Negan e Rick se entenderiam com uma longa conversa. Entretanto, Rick não tem bons resultados em longas conversas com os antagonistas – sua conversa com o Governador não lhe rendeu bons frutos.
Rick acendendo Lucille – com o isqueiro que antes pertenceu a Glenn – foi um dos momentos mais marcantes do episódio. Quem diria que Lucille trairia Negan bem na frente de seu nariz e se deixaria portar pelo seu maior inimigo? Seria uma rápida referência a Dwight e Simon que são aliados de Negan e que o traem de maneira descarada?
Com a provável morte de Negan (nem tão provável assim), Simon e Dwight resolvem encaminhar os Salvadores para aquele futuro distante da Guerra mencionado. Contudo, Dwight é mais uma vez iludido. Quando Simon se autodeclara líder dos Salvadores, também dá ordens de seguir os planos de Negan, mas não apenas de ferir Hilltop e sim, exterminar. Aqui, toda a dúvida sobre Simon cai por terra novamente. Ele é a parte mais insana de Negan. Ele não quer apenas controlar as comunidades, ele quer as destruir.
Enquanto toda essa cena se configura entre os Salvadores, Hilltop continua se preparando para a Guerra. Eles não sabem quando, mas possuem a certeza que serão atacados como Alexandria e o Reino já foram.
Maggie vê um objeto estranho pelo binóculo e determina que Rosita vá busca-lo. Dentro de uma caixa encontram promessas para um futuro diferenciado e um ponto de encontro para fazerem uma troca. A discussão fica entre Michonne e Maggie. Confesso que fiquei perdido nos argumentos de ambas para provarem seus pontos. Maggie começa dizendo que é provável que sejam os Salvadores, Michonne rebate que não são. Maggie diz que podem ser eles e que elas irão morrer, Michonne diz que pode ser uma oportunidade. A líder de Hilltop diz que ninguém sairá dali para correr riscos e a samurai diz que ela irá. Maggie então diz que também irá junto. Poxa, não bastava apenas Michonne dizer que ia e Maggie concordar? Pareceu aqueles amigos que tem medo de magoar e concordam com tudo o que é dito.
Na estrada, as mulheres se deparam com figuras extremamente atípicas. Uma mulher de idade avançada se apresenta como Georgie. Aparência limpa e de quem possui uma estrutura ótima. Isso indica que provavelmente venha de algum lugar grandioso e que está pronto para estabelecer algo diferente no mundo apocalíptico. Georgie é totalmente enigmática. É a pessoa com o rosto mais cheio de esperança que já vi passar pela série. Mas ao mesmo tempo, seu discurso raso que não explica muita coisa levanta dúvidas inevitáveis.
Nessas condições, Maggie resolve levar ela e suas duas acompanhantes para Hilltop para decidir o que fazer. Enid está disposta a pegar os alimentos que com elas estão e se necessário, dar um fim nas mulheres. Michonne está crente naquilo que elas prometem.
Maggie ouve Michonne e leva em consideração o que Carl falou sobre o futuro. Assim, entrega os vinis que as mulheres pediram e em troca surpreendentemente recebe alimentos – que confirma ainda mais que elas são de algum lugar estruturado, porque nas condições em que Hilltop se encontra é claro que nas ruas está difícil de localizar suprimentos; elas só entregam os seus para Maggie porque sabem que de onde vêm há fontes inesgotáveis de comida. Além dos suprimentos, Georgie entrega para Maggie a “Chave para o Futuro”. Uma obra escrita por ela que ajudará Maggie a reestruturar Hilltop, tornando o local uma cidadela autossustentável e trazendo perspectivas de dar um restart na civilização.
Enfim, descobrimos que Negan conseguiu fugir das mãos de Rick, mas caiu nas mãos de alguém ainda pior: Jadis. Sim, ela está bem e conseguiu se desfazer do lixão por completo. Jadis está vestindo novas roupas (limpas, pasmem) e parece bem alimentada. Quais são as pretensões dela com Negan? Ela irá se vingar dele ou descobrirá que ele não tem relação nenhuma com o que Simon fez ao lixão? Será que ela irá se aliar ao líder dos Salvadores contra Rick? Mas qual seria o peso disso, já que ela é apenas uma pessoa e isso não faria diferença alguma para os números de Negan. Qual é o plano de Jadis? Atrair Rick para Negan e matar dois coelhos numa cajadada só? Ou ao menos tentar. Seria um tema interessante termos que ver Rick e Negan se ajudarem para sobreviverem nas mãos de Jadis.
É importante ressaltar um detalhe visto por poucos, mas muito interessante para essa trama: Jadis estava no Santuário quando Negan e os Salvadores saíram para Hilltop no começo do episódio. A montagem das cenas tenta nos fazer acreditar que era Negan observando os Salvadores partirem com seus carros, mas numa breve comparação das botas que aparecem com as botas que Jadis usa no episódio em que Simon extermina o grupo do lixão, podemos ter a certeza que é a Rainha da Sucata que foi até o Santuário atrás do líder dos Salvadores.
Enfim, o episódio elevou o nível da temporada. Explorando as perspectivas de futuro de vários ângulos, nos fez refletir sobre muitas coisas: Negan não é o culpado de todo o mal que há no mundo; Rick não tem culpa pelos problemas que acontecem ao seu redor; Dwight quer mesmo ajudar Rick, mas descobre que Negan não é o maior dos problemas; Simon é a pior pessoa do mundo; Jadis está viva e tem algum plano e por fim, há algo muito maior do que Hilltop, Reino e Alexandria. Existe uma comunidade muito mais estruturada que pode aparecer tanto por agora, quanto daqui algumas temporadas. Talvez Georgie apenas volte a dar as caras novamente depois de muitos anos.
Eu confesso que ainda me restaram poucas dúvidas após esse episódio: qual é o problema de Oceanside? Eles possuem um buraco negro sugador de personagens? Primeiro Heath e agora Aaron. Onde está o Rei Ezekiel? Porque não foi citado mais em nenhum momento? Existe um planejamento para Guerra envolvendo os remanescentes do Reino que estão fora de Hilltop? Como Maggie pretende lidar com os Salvadores que estão em cativeiro? E se no momento do confronto com os de fora, os que estão presos no interior de Hilltop se rebelarem e acabarem por ser uma distração a mais para eles? Como Rick vai lutar sozinho contra os Salvadores pelo lado externo de Hilltop?
Tem a resposta para alguma dessas perguntas? Ficou algo fora da análise que você gostaria de acrescentar? Comente aqui embaixo para que a gente possa ter uma discussão saudável sobre o episódio dessa semana.
SUA OPINIÃO SOBRE O EPISÓDIO:
The Walking Dead vai ao ar todo domingo, legendado, às 22h30 e toda segunda-feira, dublado, às 22h30, na Fox.
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