Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do primeiro episódio, S08E01 – “Mercy” (Misericórdia), da oitava temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
E lá vamos nós. A estreia da oitava temporada de The Walking Dead começou com um tiro – na verdade, vários tiros – quando a aliança entre Alexandria, Hilltop e o Reino usou explosivos e tiros para atrair zumbis para o Santuário. Enquanto a resistência trouxe tanto a luta e os zumbis para a porta de Negan, também vimos o Rick do futuro com uma bengala, assim como outro Rick com olhos sangrentos proclamando “Minha misericórdia prevalece sobre minha ira”.
O que significam essas palavras? Quanto mais do Velho Rick veremos? E esses easter eggs espalhados por todo o episódio 100? E, mais importante, como uma música do Weird Al Yankovic parou em The Walking Dead? O showrunner e roteirista do episódio Scott M. Gimple falou sobre tudo isso e mais.
ENTERTAINMENT WEEKLY: O episódio começou e terminou com esse grande discurso de Rick. A intenção era sempre brincar com o tempo um pouco e terminar o episódio daquele jeito, com aquele discurso?
SCOTT M. GIMPLE: Lembro-me de brincar um pouco com a edição em algumas coisas, mas acredito que fiz o roteiro desse jeito. Era mais sobre a afirmação, a carga de positividade. Cada um dos grupos se encontra em circunstâncias difíceis de um jeito ou de outro no fim da história. Ainda há uma carga de positividade, de empolgação, de uma estranha alegria por ser capaz de apontar armas contra Negan, então acho que ter isso foi bem importante para a história e para a audiência. Essas coisas ficaram meio misturadas para todos no fim. Eles estão enfrentando grandes desafios, a ideia que eles estão enfrentando esses desafios significa que eles não estão estáticos, e isso é um ponto de comemoração e felicidade para eles, porque mesmo com as coisas podendo dar errado, é melhor que só ficar sentado de braços cruzados.
E aqueles outros finais, como os closes que vimos de Rick com olhos vermelhos. Onde aquilo está se passando?
Scott M. Gimple: Ai, Deus, você quase me pegou, eu quase respondi isso! Não haverá mais sinceridade aqui. Vocês verão depois, faz parte de uma história cumulativa de toda a temporada, como outras coisas também.
No final, Rick cita o islamismo e diz “Minha misericórdia prevalece sobre minha ira”. O que significa?
Scott M. Gimple: Oh Deus, não! Eu não posso falar por causa da história. Aí reside o conto.
Mas a questão que obviamente o espectador vai perguntar é: Significa que Rick vai oferecer misericórdia a Negan ao invés de ira? Assim, você teve a intenção de fazer a audiência pensar dessa maneira, certo?
Scott M. Gimple: Bem, eu certamente fiz coisas para a audiência perguntar isso. Posso dizer que especialmente no começo dessa temporada, teremos a audiência perguntando coisas. Eu quero que eles pensem sobre o que virá depois. Realmente acho que não posso responder nada sobre isso até quando essas respostas forem ao ar, mas admiro sua coragem.
É interessante você por provocação aí. Assim, você nos permite fazer essas perguntas e mapear todas as possibilidades.
Scott M. Gimple: É isso que eu quero, que nós queremos. Todos querem isso porque ao examinar essa pergunta, não só você pode encontrar respostas à série, mas também pode pensar sobre sua própria vida, ou mundo, ou qualquer coisa. Estamos tentando fazer você se prender a isso. Sei que minhas coisas favoritas me prenderam desse jeito, ainda penso sobre o final de Time Bandits e tento descobrir o que aconteceu ali.
Não mexa nisso, Scott. É do mal.
Scott M. Gimple: Sim, exatamente!
Vimos coisas do Velho Rick – claramente se assemelhando a algumas coisas que vimos nos quadrinhos depois do pulo no tempo, especialmente com o festival da colheita. Isso é um futuro real, ou mais uma sequência de sonhos como a cena de Glenn e Abraham na mesa de banquete? Quanto você pode falar, ou vai falar, sobre isso?
Scott M. Gimple: Não posso falar de jeito algum. Eu já te disse isso e você já publicou isso, mas vamos ter respostas para tudo, respostas definitivas, e não terá mais dúvidas de nada. Há um ponto bem importante para a história.
Quando você diz que teremos respostas, quer dizer que isso é algo contínuo?
Scott M. Gimple: Posso dizer que sim. Retornamos a isso, e teremos um contexto ao continuarmos a totalidade da história.
Isso significa que veremos isso durante a série? Retornaremos para isso uma só vez, ou será uma situação onde em cada episódio veremos um pouco mais sobre tudo?
Scott M. Gimple: Não será em cada episódio. Eu não quero quebrar a estrutura da história, mas posso dizer que as cenas serão vistas o quanto devem ser vistas.
Vamos falar sobre algo que você pode falar mais abertamente sobre. Você colocou alguns nós do passado nesse episódio 100, como a recriação da primeira cena da série, agora com Carl procurando por gasolina. O que você pode nos dizer sobre esses pequenos easter eggs?
Scott M. Gimple: Eles servem para ser flagrados, ou então não se chamariam easter eggs. Em alguns, eu acho que você nem precisa procurar por eles. Se você já viu a série, eles estão bem na sua cara, e isso foi proposital. Não era para ser uma procura exploratória ou nada disso, era para sentir o passado da série resoando pelo presente e potencial futuro. Era para fazer as coisas darem um círculo completo. Houve muito diálogo que eu escrevi para o Sr. Yeun (Glenn) na sexta temporada, sobre como ninguém morre de verdade se você continua fiel a sua memória, e que eles são uma parte de você, e uma parte do empreendimento.
Usei a palavra “empreendimento” porque há muito, muito tempo atrás, eu li na revista Entertainment Weekly um artigo sobre as filmagens de “All Good Things”, a parte final de Star Trek: The Next Generation. O artigo começava com Patrick Stewart citando (acho que Robin Skinner, o psicólogo britânico) sobre como a gente precisa cair para subir para o próximo degrau, e dizia algo sobre como o passado e as pessoas que perdemos ainda estão com nós. Eu imprimi essa página, e acho que essa ideia infectou a série. É um resumo de todo o trabalho que todos fizeram durante o caminho, e é a coisa que mais nos seguram. Estava tentando passar essa ideia de uma maneira bem visual, que acredito que a audiência imediatamente lembraria. Não fomos recatados sobre isso aqui.
Você é um grande fã de música, e pensa bastante ao escolher as músicas que usa, então por que colocar “Another One Rides de Bus” de Weird Al como uma das músicas que ouvimos na cena do futuro da família Grimes?
Scott M. Gimple: No sentido da história, tinha que ser uma música que queria que a Judith fizesse parte, mas não queria que fosse necessariamente típico. Queria que fosse distinta. Posso dizer que quando eu era criança, era obcecado por essa música, então isso pode ter influenciado um pouco. Tentei me ver nesses momentos onde eu faço coisas pelos amigos, mas eu coloquei no roteiro, sentei e fiquei pensando sobre isso.
Uma das coisas que mais amo em Weird Al é que não há preocupação em ser legal, e ser legal é a pior coisa de todas. O “legal” infectou meus quadrinhos favoritos e a ficção científica, e isso parte meu coração, então eu queria ter certeza que não começaríamos com algo legal. Também queria que fosse um pouco chateante. O mais engraçado é que quanto mais pensava nisso, ver Rick com aquela barba gigante e manco nesse outro universo de Alexandria, “Another One Rides de Bus” em The Walking Dead era mais chateante que isso. Então, para mim, isso ganhou, e foi o certo a fazer. Inicialmente, pensei que era meu próprio viés e que não deveria fazer isso, mas depois eu pensei “Espere, não. Essa música não é legal e a audiência vai pensar ‘Que diabos é isso?’”, então eu pensei “Ai meu Deus, isso é exatamente o que queremos, isso é perfeito.” Eu fiquei tão empolgado.
Sei que você está permitido a soltar dois, mas somente dois, palavrões por temporada. Também lembro de ver Andrew Lincoln no set fazendo aquela contagem para Negan, e ele falava um palavrão em quase todas as tomadas, e eu fiquei pensando se você ia usar uma das permissões naquele momento, mas não usou.
Scott M. Gimple: Ah, Deus, não. Pense dessa maneira: Há pessoas que estão nessa série há anos, e eles tiveram que desviar de palavrões um pouco. Então posso dizer que existem pessoas na série que estão loucas para soltar uns palavrões por anos, que querem seu momento De Niro, momento Al Pacino, momento Gandolfini. Então é como se eu desse um ticket dourado para alguém falar palavrões nesse incrível elenco.
No final do episódio, vimos uma dedicatória a John Bernecker, o dublê que perdeu sua vida no meio do ano. Mas George Romero também teve uma dedicatória. Como o Romero ganhou ela?
Scott M. Gimple: A dívida que essa série tem com o Sr. Romero – todos meio que pensaram sobre isso ao mesmo tempo. Todos se sentiram do mesmo jeito, na mesma hora, instantaneamente. A série deve uma grande parte a ele e a cultura popular deve muito a ele.
Então, a aliança dá o primeiro golpe, Gabriel está naquele trailer – infelizmente deixou suas calças de cagar em casa. O que você pode nos dizer sobre o que está por vir?
Scott M. Gimple: Haverá três episódios inacreditavelmente intensos e implacáveis, que tomou esforço dos atores, da equipe, dos produtores, de todo mundo. Esses três próximos episódios serão coisa atrás de coisa. Serão bem, bem intensos e terão o ritmo bem acelerado. Quando eu estava com os editores de som, machucamos nossos ouvidos com a música, a intensidade, os zumbis, os tiros e os gritos. Os próximos três episódios talvez sejam os mais intensos que já tivemos na série inteira.
The Walking Dead vai ao ar todo domingo, legendado, às 23h30 e toda segunda-feira, dublado, às 23h15, na Fox.
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Fonte: Entertainment Weekly
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