Melissa McBride fala sobre os esforços de Carol para lidar com situações difíceis

ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do décimo terceiro episódio da sexta temporada de The Walking Dead, S06E13 – “The Same Boat” (O Mesmo Barco). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.

Carol Peletier está passando por uma crise de consciência em The Walking Dead. A soldada normalmente firme, interpretada por Melissa McBride desde a primeira temporada da série, está começando a se perguntar se matar primeiro e fazer perguntas depois (ou nunca fazer perguntas) é, realmente, a melhor maneira de agir no apocalipse zumbi.

No episódio da semana anterior, Carol ficou para trás, junto de Maggie (Lauren Cohan), enquanto o resto do grupo massacrou múltiplos membros dos Salvadores, o bando de Negan. E, no episódio dessa semana, as duas personagens foram levadas como refém por outros quatro Salvadores, incluindo a líder impiedosa deles, Paula (Alicia Witt).

É claro que Carol e Maggie saíram dessa vivas – Paula não teve tanta sorte assim -, mas a experiência certamente pesará sobre as almas delas, conforme o grupo de Rick se aproxima cada vez mais de encontrar o próprio Negan.

A Variety conversou com McBride sobre o esforço de Carol para fazer a coisa certa, sobre os pontos em comum que ela tem com Paula, sobre a reunião com Daryl e sobre porque – nas palavras da atriz – “há muito mais história a ser contada” nos três episódios finais da sexta temporada.

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Esse foi um episódio incrível, mas o que está acontecendo com Carol?

Melissa McBride: Qual parte? Porque tem muita coisa acontecendo!

Já faz um bom tempo desde que nós a vimos relutante em matar alguém, mas, no início desse episódio, ela atirou no braço de Donnie. Não matar alguém que parecia uma ameaça foi uma escolha intencional?

Melissa McBride: Acredito que sim. Foi uma atitude intencional.

Ela expressa arrependimento em relação à escolha depois, mas essa foi a atitude certa para ela?

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Melissa McBride: A “luta” de Carol é em relação a isso. Ela está realmente se esforçando para descobrir o certo a fazer. Com Paula, ela esperou o máximo possível para decidir o que iria fazer. Isso foi muito diferente para Carol. Geralmente, ela não hesita e simplesmente elimina a ameaça de imediato. Mesmo no começo – elas estavam claramente em desvantagem numérica -, mas ela apenas baixou sua arma. Contudo, ela estava pensando… [Risos.] O que eu considero ótimo em interpretar Carol é que, mesmo quando ela está se esforçando para fazer uma tarefa muito difícil, ela ainda tem um lado pragmático.

O que você acha que está incentivando esses esforços dela?

Melissa McBride: Eu acho que é uma multidão de coisas. O que Morgan trouxe para Alexandria é uma delas. Recuando do ataque dos Lobos até a perda de sua filha, tudo aconteceu sem parar para ela. Carol meio que empurrou tudo isso para trás de sua mente e não lidou com isso, para fazer o que tinha que fazer. Eu acredito que todas essas experiências estão vindo à mente dela nesse período de quietude, o tempo de refletir. Ela está reconsiderando coisas a respeito de si mesma e a respeito desse mundo.

Você mencionou o lado pragmático de Carol – nós deveríamos ver o ataque de pânico dela e o fato de ela segurar o rosário como um estratagema para fazer com que ela parecesse mais vulnerável diante de seus captores, ou existe algo de genuíno nessas duas ações?

Melissa McBride: O maravilhoso é que isso nos faz questionar: aquilo foi verdadeiro ou foi para criar um plano? O rosário obviamente ajudou, mas também poderia ser um grande lembrete para ajudá-la nessa “luta”. Ela olha para Paula com lágrimas nos olhos e diz, “Minha fé me ajudou a lidar com a morte da minha filha.” Não ajudou, não. Eu acho que foi nesse momento que ela perdeu a sua fé. Esse episódio é incrível por ter trazido essas questões à tona, que são um dos motivos que me fazem amar The Walking Dead enquanto espectadora.

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Quanto mais descobrimos sobre Paula, mais coisas ela parece ter em comum com Carol. Será que Carol vê Paula como uma versão refletida de si mesma, como na casa dos espelhos de um parque de diversões?

Melissa McBride: Isso está exatamente correto. Ela vê Paula como uma reflexão especular, exceto porque existe uma diferença. No curso da conversa, é aparente que eles estão todos num mesmo barco – Chelle e Maggie, Paula e Carol, Donnie e Molly estão todos num mesmo barco – simplesmente tentando sobreviver a mais um dia. Somos obrigados a fazer isso, o apocalipse nos tornou diferentes de quem costumávamos ser. Paula estava tentando fazer tudo certo [antes do apocalipse]. No final, ela diz: “Você era um passarinho assustado. Eu também.” Isso as torna diferentes. Mas o que é muito diferente agora, em relação à Paula, é que ela diz que parou de contar quantas pessoas ela matou. Quando você pensa que essas pessoas estão dispostas a matar outro ser humano quando nós estamos lutando, em essência, pela mesma coisa, é trágico. Essa é a tragédia de tudo. Você está a uma pequena distância de não se importar.

É por esse motivo que Carol está disposta a deixar Paula ir embora? Ela diz para Paula correr, algo que ela não fez com o Lobo.

Melissa McBride: Carol está resistindo o máximo possível, explorando aquela área cinzenta. “Desde que não tenha que fazer isso, eu não farei. Deixe-me ver como isso funciona.” Mas Rick está certo, eles sempre voltam.

Em uma parte relativamente mais feliz, Carol e Daryl finalmente têm uma cena juntos. Eu não acho que você tenha estado na tela com Norman Reedus durante toda essa temporada, certo?

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Melissa McBride: É, e eu imagino que isso tenha sido difícil para ambos [para Carol e para Daryl]. Se Carol está tentando criar essa imagem de dona de casa feliz de sweater – Eu tenho certeza de que, em essência, eles ainda estão ligados, pois passaram por muitas coisas juntos e têm uma história em comum – mas, para Daryl, é difícil vê-la desse jeito. E é difícil para Carol ser desse jeito com ele olhando-a. Eu não posso falar por Daryl, mas imagino que seja muito difícil e, ainda assim, eles têm uma compreensão silenciosa que ainda está presente, com certeza.

Quando Maggie se reúne com Glenn, ela diz para ele, “Eu não posso mais fazer isso”. Carol poderia se sentir da mesma forma ou ela está comprometida demais com a causa de manter todos em segurança?

Melissa McBride: O conflito é precisamente este: tentar manter todos em segurança e ter a consciência do que isso pode implicar, a qualquer minuto. Você sente que não quer mais fazer isso, mas precisa fazer. Às vezes, nós temos que fazer isso. Então, existe a pergunta, “Quando temos que fazer isso?”. Nós tínhamos que sair e matar [os Salvadores] enquanto eles estavam dormindo? Para que nós tenhamos que nos prevenir de que algo aconteça, é tão inevitável assim que essas pessoas vão morrer e que precisem morrer? Essas são perguntas muito duras e suas respostas são mais duras ainda.

No episódio anterior, pareceu que Carol havia encontrado algum tipo de paz em Alexandria. É concebível que ela simplesmente ficaria para trás e deixaria o resto do grupo fazer o “trabalho sujo”?

Melissa McBride: Eu não sei. Eu meio que penso que isso a deixaria louca. Se existe uma luta a ser enfrentada… Isso acaba voltando para a questão do esforço dela em fazer uma tarefa muito difícil. Havia uma parte dela que talvez não quisesse se envolver na combinação de encontrar o arsenal e matar todas aquelas pessoas, devido aos pensamentos e aos sentimentos que ela tem tido. Mas eu não sei, isso [ficar para trás] talvez a deixasse louca. Essa realmente seria ela? Todas essas são facetas [de Carol], mas… então, ela pensa, “Esses caras estão lá fora, talvez eu possa ajudar.” Ela nunca dormiria. Já tem dificuldade o suficiente para dormir.

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No fim do episódio dessa semana, Primo disse para Rick que ele era Negan e Rick atirou nele à queima-roupa. Carol não parece feliz com isso. O que está passando pela mente dela?

Melissa McBride: Acho que, depois de tudo o que aconteceu no episódio com essas mulheres e as revelações que Carol teve, os esforços dela, ter de jogar aquele cigarro aceso para queimar aqueles caras vivos – Eu acho que ela está chocada. Ver Rick atirar no cara – eu nem mesmo tenho palavras para isso – é “ainda mais chocante”?! Quando Chelle diz para Maggie, “Vocês não são os mocinhos.”, aquilo foi imenso. É para isso que [Carol] está olhando. Nós não somos os mocinhos.

E ela já ouviu os Salvadores declararem, “Nós todos somos Negan”. Ela também está pensando a respeito disso?

Melissa McBride: [Ela imagina] O que isso significa? É uma filosofia? Com o que eles estão lidando? Existem mais deles? Mas ela também pensa, “Em que nós nos transformamos?”. Quando está apertando aquele crucifixo na mão, ela, inadvertidamente, se corta com ele – alguma coisa está acontecendo e há muito mais história a ser contada. Eu não posso revelar demais.

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Fonte: Variety

Elayne Gonçalves

A Primeira do Seu Nome, Rainha de Atlanta, Terminus e Alexandria, Senhora das Entrevistas e Protetora dos Spoilers.

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