ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do nono episódio da sexta temporada de The Walking Dead, S06E09 – “No Way Out” (Sem Saída). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.
Depois de uma midseason finale desapontadora, The Walking Dead pareceu determinada a compensar o tempo perdido em seu retorno em 2016. Isso resultou em um verdadeiro banho de sangue, que teve como vítimas Jessie e seus filhos, Sam e Ron, mortos de uma forma tipicamente brutal; mas que, ao mesmo tempo, pôde satisfazer nossa sede de sangue (pois, na melhor das hipóteses, ninguém gosta de crianças choronas, quanto mais no apocalipse zumbi). Além disso, esse banho de sangue deixou Carl permanentemente mutilado, depois que Ron, horrorizado, tentou atirar em Rick mas, em vez disso, acabou atingindo o filho do ex-policial no olho.
Esses eventos anteciparam uma rápida descida em direção ao caos, que foi gravada com a energia frenética (se é que não podemos falar mesmo em senso artístico) de Greg Nicotero, diretor e produtor executivo da série, que fez escolhas estéticas corajosas durante o episódio cheio de ação. Essas escolhas, no entanto, nem sempre funcionaram. Um desses casos foi a montagem climática dos sobreviventes golpeando os walkers contra um pano de fundo preto, cena que, involuntariamente, distraiu a audiência do momento da batalha sangrenta, provavelmente tendo sido feita para dar a cada personagem uma “tomada de herói/de heroína”, mas que acabou parecendo um daqueles filmes-B bregas dos anos 80 e reduzindo a urgência emocional da cena.
O que esse episódio fez de certo – ao contrário da vagarosa season premiere de Nicotero – foi manter a tensão e a adrenalina em níveis altos do início ao fim. No início, com o encontro sucinto entre Daryl, Sasha e Abraham e os seguidores de Negan no meio da estrada e, em seguida, durante a anarquia que se desdobrou dentro dos muros de Alexandria, que, finalmente, levou o conjunto de sobreviventes anteriormente abrigados nas casas da comunidade a provar seu valor, resultando em um triunfante esforço em equipe que até permitiu que o Padre Gabriel se fizesse útil. A série continua brincando com a afeição que a audiência tem por Glenn (como os produtores vêm fazendo, provavelmente, há várias temporadas) e, mais uma vez, nós vimos o personagem ser encurralado por uma horda de zumbis, só para, depois, ser salvo por Abraham e por Sasha. Mas, depois da propaganda enganosa emocional sobre o destino de Glenn durante a primeira metade da temporada e de sua resolução frustrante com a lixeira, esses “golpes” brincalhões do roteirista Seth Hoffman foram como colocar um dedo na ferida.
Mas o momento de destaque do episódio veio de uma de suas cenas mais simples – um pai apavorado, sentado do lado da cabeceira da cama de seu filho, com Rick implorando Carl para não o deixar. The Walking Dead sempre foi mais forte nessas cenas íntimas e voltadas para a essência dos personagens. Como Andrew Lincoln disse recentemente à Variety: “Me deixa muito feliz que o episódio tenha sido impossivelmente enorme e épico e, então, tenha terminado de uma maneira tão terna, pequena e emocional entre pai e filho. Quando eu vi Greg Nicotero gravar [essa cena], foi tão emocionante, porque existe uma nova família do lado de fora, aguardando, em vigília, e então a câmera vai para o lado de dentro e há o círculo mais íntimo – os originais, a família -, e Michonne na porta. Então, há o círculo mais-íntimo-ainda, do pai e do filho, e eu adorei que todos tenham resistido juntos à crise, o que permitiu que esse garoto conseguisse sair dela.”
A Variety conversou com Lincoln sobre os efeitos emocionais da midseason premiere, sobre como o ferimento de Carl afetará tanto ele quanto Rick futuramente e sobre como a introdução de Negan, um dos vilões mais aguardados da série de quadrinhos, mudará a dinâmica da série televisiva.
Obviamente, o maior de tantos momentos grandiosos dessa midseason premiere foi quando Carl levou o tiro – o que, claramente, terá repercussões duradouras para ele, tanto física quanto emocionalmente. Como essa experiência moldará Rick na segunda metade da temporada, e, talvez, alterará a relação deles?
Andrew Lincoln: Certamente, se formos repetir a história dos quadrinhos, o que eu espero que façamos, eu acho que esse evento marca um ponto de virada interessante na relação de Rick e de Carl. Se ele sobreviver, o que eu espero que aconteça, nos quadrinhos, ele está desfigurado e, como sabemos, ele é um adolescente. É um garoto e, agora, com um olho, ele se torna uma presença inflexível, e certamente já é difícil o suficiente criar um adolescente – isso é o que me dizem – no milênio, quanto mais no apocalipse zumbi. Essa história não acontecerá sem problemas. Eu também considero, particularmente, a relação – que é quase como um triângulo – entre Negan, Rick e Carl. Acho que esse é um campo de batalha psicológico interessante; uma figura paterna que se importa tão desesperadamente e que poderia dar sua vida pela de seu filho, às vezes, pode ser sufocante e pode não valorizar o filho o bastante ou não escutar o filho como um verdadeiro líder, por próprio direito. Enquanto outra pessoa pode oferecer isso, o que é muito interessante. Tudo isso é o que venho esperando, com certeza, dessa relação. Eu acho realmente interessante; é comovente, na mesma ambiguidade moral do episódio “The Grove” e de episódios como esse. Acho que estamos navegando em águas sombrias, profundas e turvas e, enquanto ator, para o meu gosto, isso me deixa muito animado, estou realmente interessado nessa área. Em resumo, eu acho que as coisas ficarão muito complicadas, bem rapidamente.
Rick também perdeu Jessie essa semana; eles mal haviam começado a se aproximar, mas obviamente tinham uma conexão um com o outro. Como essa perda o afeta, quando considerada sobre todos os outros traumas com os quais ele teve de lidar?
Andrew Lincoln: Quando eu li aquela cena, quando todos nós lemos – Sam sendo mordido, Jessie sendo mordida, Rick tendo de cortar o braço dela, Ron atirando em Rick, mas acertando em Carl, e Michonne apunhalando Ron – nós todos lemos e rimos. Nós todos pensamos, “Essa é uma cena impossível, obrigado! Como é que poderíamos fazer isso?” E eu acho que, na maioria das vezes na série, quando temos que nos colocar em maratonas emocionais, você olha ao redor e todos entram e se comprometem. Somos muito sortudos por todos aqueles atores e todas aquelas atrizes serem brilhantes.
É horrendo. Jessie foi uma das primeiras pessoas em Alexandria a tocar Rick, a fazê-lo se abrir para uma comunidade viável e a fazê-lo sentir empatia por eles e por seus dilemas. Mas ela também permitiu que ele pudesse abrir uma parte de seu coração, que estava fechada havia tanto, tanto tempo, que ele confiasse e ousasse se sentir daquela forma por outro ser humano após a perda de Lori. Então, passar por esse trauma e testemunhar isso de uma maneira tão chocante é espantoso, mas é quase como se isso fosse ultrapassado – tudo fica cada vez pior, tanto que ele precisa passar o que ele considera ser seu filho moribundo para as mãos de uma pessoa que ele nem conhece, e ele está impotente. Eu acho que é por conta disso que ele simplesmente processa tudo e canaliza tudo naquela fúria impotente e precisa soltar aquela energia.
Mas o que é maravilhoso é que mesmo todo esse trauma é superado pelo fato de que todos ficam lado a lado e lutam juntos, tornam-se “irmãos em armas” e é como o confronto final. Todos estão reunidos e é nossa versão de “Sete Homens e um Destino”. E eu acho que essa é a genialidade do roteiro – você meio que fica, “Não! Como é?! Não!”. Eu adoraria ver as pessoas em um bar assistindo ao episódio. Não quero ver o episódio, só quero ver como as pessoas veem o episódio com muitas outras pessoas porque o que acontece é inacreditável, mas me deixa muito feliz que o episódio tenha sido impossivelmente enorme e épico e, então, tenha terminado de uma maneira tão terna, pequena e emocional entre pai e filho. Quando eu vi Greg Nicotero gravar [essa cena], foi tão emocionante, porque existe uma nova família do lado de fora, aguardando, em vigília, e então a câmera vai para o lado de dentro e há o círculo mais íntimo – os originais, a família -, e Michonne na porta. Então, há o círculo mais-íntimo-ainda, do pai e do filho, e eu adorei que todos tenham resistido juntos à crise, o que permitiu que esse garoto conseguisse sair dela. Eu considero tocante falar sobre isso porque… não sei, porque eu nunca vou assistir, mas eu espero que eles não tenham usado os takes com meleca na cena da cabeceira da cama, pois houve muitos. Mesmo os rapazes da câmera diziam, “Limpe seu nariz”.
Rick começou a temporada determinado a manter distância dos Alexandrinos e demonstrando uma mentalidade bastante “nós contra eles”. Como esse posicionamento evoluirá na segunda metade da temporada, agora que eles passaram por todo esse “desafio” juntos?
Andrew Lincoln: Esse episódio é um divisor de águas e marca uma verdadeira mudança na liderança de Rick e em seus sentimentos em relação à comunidade de Alexandria, às pessoas que residem nela e, também, ao futuro deles. É um afastamento enorme de onde ele estava… Os momentos finais do episódio quase podem significar o “dia zero”, é quase como se a civilização começasse desse ponto, pela primeira vez. Porque eu acho que o ponto essencial que eles deixaram passar há tanto tempo é a esperança. É a primeira vez que Rick, apesar do trauma e do massacre… a sobrevivência de Carl fez com que Rick se permitisse sentir a primeira sensação de esperança desde que ele levou o tiro há dois anos.
Nós vimos o grupo central de Rick “fraturado” na primeira metade [da temporada], como foi o caso nas temporadas anteriores. Nós veremos o grupo unido nos episódios restantes?
Andrew Lincoln: Sim, os oito episódios restantes são empolgantes e nós nos movimentos muito rapidamente. É diferente e estamos nos dirigindo a uma das season finales mais espantosas e brilhantes que já fizemos. Quando eu li, me senti fisicamente doente e, se tivermos feito direito, vocês também se sentirão. Vocês sentirão náuseas! A narrativa segue muito rapidamente, vocês verão um grupo muito unido, mas o que acontece é que, falando livremente, muitas das histórias dos últimos anos pareceram voltadas para o lado interior, se relacionado à dinâmica do grupo e como nós a assimilamos, quer consigamos ou não fazer isso, essa não é mais uma dúvida. Nós direcionamos nossa visão para o lado de fora dos muros, e, em uma direção, temos uma vista incrivelmente otimista, bonita e animadora. Na outra direção, nós vemos o inferno. [Risos.] O mundo se abre e se torna cada vez mais amplo.
Por falar em expandir o mundo nessa temporada, nosso grupo terá contato com muitas facções diferentes, entre Alto do Morro (Hilltop Colony), os Lobos e os Salvadores. Como você diria que isso afeta o estilo de liderança de Rick?
Andrew Lincoln: Uma das coisas de que eu mais gosto em relação a interpretar Rick é que ele começou – há seis anos na minha vida – como a personificação visível da lei e da ordem, e, enquanto policial, está acostumado com situações em que precisa lidar com pessoas em momentos de pressão e de stress. É natural que as pessoas o procurem nesse “ambiente”. Mas ele foi empurrado em tantas direções diferentes e… Em um lugar em que não há lei ou ordem, aparentemente, e em que as “normas” continuam mudando, como você reavalia isso, e o que é a sociedade, agora? Eu acho que esse é o ponto, isso mudou o compasso moral dele continuamente. Acredito que sempre houve o pai e o marido justo – ele costumava ser um marido – em tudo, mas ele foi pressionado, “empurrado”, torturado e atormentado pelos fatos e perdeu o juízo. Ele tem estado nessa inacreditável montanha russa emocional, e eu acho que o ponto em que vocês o encontram agora é… ele é um líder que tem tudo, mas, com essa confiança, vem, possivelmente, um excesso de segurança. Há uma tendência a acreditar – e eles são um grupo de sobreviventes dinâmico e incrivelmente poderoso, mas, em todos os outros lugares para que olhamos, outras pessoas que restaram são igualmente autossuficientes. Nós conheceremos alguém… Conheceremos algumas pessoas, muitas pessoas – mais pessoas do que você pode imaginar nesses oito episódios restantes – e muitas formas diferentes de sobreviver; algumas boas e outras muito, muito ruins.
Como você compara, estabelecendo uma relação de contraste, o estilo de liderança de Rick com o de Negan?
Andrew Lincoln: Eu não posso realmente dar muitos detalhes sobre isso, mas tudo o que sei é que, nos quadrinhos, ele [Negan] é um líder letal, incrivelmente charmoso e incrivelmente engraçado, e sei que temos Jeffrey Dean Morgan para fazer todas essas coisas, e… Tudo o que eu posso dizer é, eu acredito que as pessoas ficarão muito felizes com a entrada dele…
O que torna Negan diferente dos outros inimigos que o grupo enfrentou no passado, como o Governador, por exemplo?
Andrew Lincoln: Ele é descaradamente psicótico. [Risos.] Não sente remorso sobre sua forma de se expressar e de conseguir as coisas. Ele não sente nenhum remorso, acho que isso é o máximo que eu posso responder.
O que vocês acharam da midseason premiere? Comentem abaixo!
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Fonte: Variety
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