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Scott Gimple fala em defesa de Carl e do mundo dos sonhos de Michonne

ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do nono episódio da quarta temporada, “After” (Após).

Você pensa que Carl, o garoto cowboy rápido no gatilho, é o pior? Quer que Michonne pare de amarrá-lo? The Walking Dead parece ter recebido críticas em “After”, o episódio de estreia da metade da temporada, que liga com o último episódio da temporada, “Clear” (Limpo), focando nos dois personagens que receberam mais queixas que todos os sobreviventes que remanesceram. Depois da queda da prisão, Carl tem criticado Rick por se tornar fazendeiro, ter desistido da ditadura de Rick, ter perdido Judith, deixado Hershel morrer, e basicamente tudo que tem acontecido de errado desde que o mundo foi tomado pelos mortos – mas depois de ter passado um dia por conta própria e ter comido 3,17 kg de pudim de chocolate, ele percebe que precisa de seu pai. Michonne também tenta se virar sozinha, voltando à vida com um par de zumbis sem braços e mandíbulas, depois de um sonho (com Michonne sendo mãe e uma consultora de arte!) tirando ela do modo zumbi.

A Vulture falou com o chefe da série, Scott Gimple, para discutir sobre dar a Carl um episódio só para ele e o talento de deixar qualquer um sem palavras de Danai Gurira.

Escolha corajosa começar com um episódio só do Carl. Eu não acho que ele é irritante, mas há outros, incluindo meus colegas, que acham. Por que ir nessa direção?

Scott Gimple: Eu tive uma ótima ideia da estrutura dessa temporada inteira desde o início, e eu sabia que queria fazer isso como um episódio de volta depois da pausa. A história de Carl é inspirada diretamente na história número 50 dos quadrinhos, que é uma das minhas favoritas e se encaixa perfeitamente com o que fomos direcionados. A primeira parte da temporada foi sobre a relação de Carl e Rick: Rick deixando de lado a brutalidade, deixando de sair pro mundo, deixando de lado sua liderança, principalmente por Carl e Judith. Agora ele perdeu Judith e a prisão. Tudo aquilo que ele fez para não deixar Carl voltar a ser um soldado brutal se direcionou para isso. Pareceu orgânico se inspirar nos quadrinhos, e tirando o piloto, esse episódio foi o mais semelhante com os quadrinhos que conseguimos fazer. O produtor executivo, Greg Nicotero, que dirigiu o episódio, recriou até um dos painéis icônicos, como a mão de Rick enfaixada tentando alcançar algo na escuridão como se ele fosse um zumbi.

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Ainda parece ser uma coisa bem complicada de fazer, dedicar um episódio a um personagem polarizador como Carl. As pessoas ainda estão putas porque ele não fica dentro de casa! E em quase todo o episódio ele age de maneira pretensiosa, tentando provar que é homem.

Scott Gimple: Houve tempos que quase todos os personagens nesse programa foram polarizadores. As pessoas dizem, “Ah, estou irritado com eles”, e depois ficam empolgados com eles. Não vou mencionar nenhum dos personagens, mas eu digo que sempre que estou no set ou que estou falando com Chandler Riggs, que interpreta Carl, eu o vejo crescendo. Eu acho que ele faz um trabalho incrível, e ele possui uma postura inacreditável para alguém de sua idade. Eu sabia que essa história iria se repetir para ele, e sabia que ele estava preparado para isso. Essa foi sua graduação para ser um pequeno homem no programa, e não uma criança.

Foi desafiador escrever o personagem? Carl é jovem e está tentando ser levado a sério, o que pode ser difícil reproduzir em um programa de TV onde se comportar mal pode fazer com que outros personagens morram.

Scott Gimple: Na verdade, eu gostei de escrever para ele (risadas). É um mundo muito carregado, e crescer não é sempre bonito. Carl é definitivamente mais durão que eu, então escrever para ele é como escrever para um herói que eu gostaria de ser. Eu acho que mesmo na primeira metade da temporada você pode ver seu crescimento. Ele reconhece o que seu pai estava fazendo por ele. Eu escrevi “Pretty Much Dead Already”, esse último episódio da metade da segunda temporada, e nesse episódio fiz que Carl confrontasse Shane por procurar por Sophia. Eu lembro que fiz ele jurar, o que foi um trabalho de muitos padrões e práticas, quando ele disse a Shane que desistir de procurar Sophia era um erro. Eu me lembro de estar nesse dia e conversar com Chandler, ele tinha entre 11 e 12 anos, e me lembro de pensar “essa criança é muito madura”. Eu acho que ele lidou com tudo isso de uma maneira ótima.

Michonne se vira sozinha nesse episódio, e ela passa por uma transformação significativa durante o percurso de sua hora quase inteiramente sem diálogos. Como isso se encaixa? Isso também foi algo inspirado nos quadrinhos?

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Scott Gimple: A história de Michonne não veio dos quadrinhos, e eu estava tão empolgado que isso se encaixou. Inicialmente estávamos fazendo somente o que seguia a edição 50, mas sabíamos que queríamos fazer uma história para Michonne, e sabíamos que queríamos que ela se encontrasse com Rick e Carl por causa das coisas que vem depois. Na primeira metade da temporada, ela estava sempre saindo da prisão, fugindo de se aproximar das pessoas novamente. Ela estava tímida. E depois, no momento que ela decide entrar com tudo, foi o momento que tudo vai por água abaixo. A mensagem do universo foi: Fique com pessoas, se machuque. Então no começo do episódio ela decide voltar a ser como era antes de ter conhecido Andrea, e assim podemos contar essa história basicamente sem palavras.

Exceto seu sonho, é claro. Ou melhor, pesadelo.

Scott Gimple: Certo, e mesmo assim as palavras do sonho não foram muito importantes. Elas só eram parte da mistura surreal de memórias ilustrando a relação que ela tinha com esses caras. Embora a troca final de palavras seja bastante importante.

O namorado de Michonne, Mike, pergunta qual é o sentido de viver.

Scott Gimple: Algo muito terrível aconteceu ali. Eu posso dizer que Danai Gurira, que interpreta Michonne, estava muito empolgada por fazer essa cena. As coisas se tornam terríveis muito rapidamente, mas ela pôde usar um vestido e maquiagem. Ela estava segurando uma garrafa de vinho e um prato de queijos. Ela teve uma coisa boa rolando por um tempo.

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Michonne teve outra matança de zumbis, e eu amei como eu senti que isso era inteiramente diferente da vez que ela foi para a cidade em uma jaula de zumbis em Woodbury. Essa vez não foi só sede de sangue.

Scott Gimple: Isso foi tudo de Danai. Sem dizer uma palavra, ela vai de “Ok, agora estou rejeitando pessoas, vou voltar a ser como era antes” para “Meu deus, eu estou vivendo como uma pessoa morta, agora preciso voltar a viver.” Vê-la chegando nesse ponto de uma maneira explosiva e catártica é exatamente o tipo de momento que eu amo no programa – a altura da ação encontrando a altura da emoção. Foi assim em “Pretty Much Dead Already” quando Sophia saiu do celeiro. Quando Michonne está aniquilando aqueles walkers, é o clímax da mudança.

Da última vez que nos falamos, você disse que essa metade da temporada envolveria experiências com a estrutura dos episódios. O teaser do episódio da semana que vem mostra que irá envolver mais personagens que o dessa semana. O que mais você pode dizer sobre isso?

Scott Gimple: O próximo episódio tem uma estrutura muito legal, que é algo que veio da sala dos escritores quando estávamos conversando sobre como iríamos contar todas essas histórias de uma vez. Permite ter várias informações e muitas histórias diferentes que acontecem de uma vez. Veremos muitas pessoas em diferentes pares. É bastante diferente desse episódio, que foi a fundo em duas histórias. Foi talvez um dos episódios mais calmos depois do piloto. Posso dizer que o episódio do próximo domingo não é tão calmo. Há muita agitação nele.

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Fonte: Vulture
Tradução: @LaisYes / Staff Walking Dead Brasil

Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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