A história desoladora de Abraham é finalmente revelada enquanto seu grupo sofre um duro golpe

[AVISO: Este artigo contém spoilers do episódio 505 de The Walking Dead, “Self Help”, e dos quadrinhos nos quais a serie se baseia]

The Walking Dead voltou as lentes para um dos mais novos membros do elenco neste domingo, oferecendo uma adaptação praticamente saída-direto-dos-quadrinhos para o passado de Abraham Ford (Michael Cudlitz).

À medida que o ex-soldado marchava para Washington D.C., com seu ônibus de seguidores, incluindo Eugene (Josh McDermitt), Rosita (Christian Serratos), Tara (AlannaMasterson), Maggie (Lauren Cohan) e Glenn (Steven Yeun), flashbacks revelam como Abraham conheceu o homem que alega conhecer a cura para o apocalipse zumbi.

Assim como acontece nos quadrinhos, Abraham deixou sua família com um grupo de homens, e a audiência é levada a crer que eles estupraram sua esposa. Depois de assistir o marido e pai matar selvagemente seus agressores, a esposa de Abraham foge com seus dois filhos. O pior: ele encontra seus corpos, trucidados por zumbis, e coloca uma arma na boca para acabar com sua vida. Mas antes que ele consiga, um Eugene indefeso vem correndo na sua direção implorando por ajuda contra os zumbis que o estão perseguindo. Abraham vai ao seu regate e, como uma forma de evitar seus sentimentos sobre sua agora falecida família, acredita em sua exagerada história sobre saber como curar o surto.

De volta ao presente, Eugene – confrontado com a tarefa de atravessar uma parede sólida de zumbis na tentativa de chegar a D.C. – decide revelar algo em que quase todo mundo acreditava a esta altura: que ele mentiu sobre conhecer a cura para que completos estranhos o protegessem. A revelação faz com que todos voltem ao ponto inicial e obriga Abraham a encarar a dura realidade que ele vem evitando há anos.

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O Hollywood Reporter conversou com Cudlitz para destrinchar o passado de Abraham, o que significa a mentira de Eugene e por que o esquisitão de mullet gosta de assistir o soldado e sua namorada Rosita durante seu, ahn, momento pessoal.

O passado de Abraham foi revelado e é incrivelmente próximo dos quadrinhos. Quanto da história dele você sabia quando assinou o contrato?

Michael Cudlitz: Quando eu assinei o contrato, nada. Eu não sabia para qual papel eu estava fazendo o teste. Quando eu finalmente descobri quem era, eu perguntei para o Scott M. Gimple se eu deveria ler os quadrinhos, já que eu sabia que o show nem sempre era fiel a eles. Eu perguntei se ler os quadrinhos ajudaria ou seria um obstáculo, e ele disse pra definitivamente ler os quadrinhos. Ele não sabia se conseguiríamos combinar isso exatamente quando chegássemos neste ponto, mas o peso emocional da história de Abraham e toda a carga emocional que isso traz estarão conectados com isso. A medida que isso se aproximou, foi na mosca. Tem alguns elementos faltando, mas eles estão lá em evidência, mas não ditos em voz alta como estão nos quadrinhos quando Abraham conta a Rick o que aconteceu no passado. Ele é bem detalhista quando conta a história, e nós fomos um pouco mais vagos sobre isso.

A esposa e os dois filhos de Abraham fugiram depois que ele matou aqueles homens brutalmente. Nos quadrinhos, fica claro que sua esposa e filha foram estupradas e seu filho foi obrigado a assistir. Mas não está tão claro assim no show. Ainda é o caso?

Michael Cudlitz: Estava vago por uma razão. Nos quadrinhos, sua esposa e filha são estupradas e seu filho é forçado a assistir, e quando Abraham finalmente os encontra, o filho e a mãe haviam sido devorados de tal forma que não havia mais nada para se reanimar e ele foi obrigado a atirar no rosto da filha. Eu não acho que seja necessário para nós ver isso, porque a gente entendeu – ele perdeu todo mundo. Está definitivamente sugerido que a mulher apanhou, ela está com hematomas e suas roupas estão rasgadas. Está lá se você procurar. O que nós falamos alto e claro é que ele estava matando aqueles homens em defesa de sua família, e isso é o núcleo daquela história. O que acaba acontecendo, assim como nos quadrinhos, é que ele se torna pior do que aqueles homens aos olhos de sua família. Ele entrou totalmente no modo soldado e eles nunca tinham visto ele como soldado; apenas como pai, marido, treinador e membro ativo da comunidade, mas nunca como soldado.

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Agora que o segredo de Eugene foi revelado, você acha que nós veremos Abraham lidar com as emoções de sua vida pessoal?

Michael Cudlitz: Neste ponto, ele tem muita coisa para processar. Da última vez que o vimos, quando ele estava lidando com essas questões, ele quase estourou seu cérebro. No final deste episódio, ele está literalmente de volta para o final do flashback, onde ele encontra Eugene e Eugene o desperta apenas momentos antes de tirar sua própria vida. Nós estamos de volta a esse ponto novamente. Nós teremos que ver o que irá motivar sua vida agora – se é que existe alguma coisa – e o que pode movê-lo adiante – se é que existe algo.

Nós também descobrimos que Eugene salvou Abraham de se suicidar após encontrar os corpos devorados de sua família. Quanto de sua missão para D.C. era sobre retribuir aquela dívida e quanto Abraham estava de fato evitando sua dura realidade?

Michael Cudlitz: Eles estão de mãos dadas. Era bem mais fácil enterrar isso na missão, é por isso que a missão era tão importante. A missão é o propósito, a missão é a razão para viver e não pensar no que aconteceu. Ela serve completamente ao propósito de enterrar aquela memória. Mas isso volta à tona. Não são sempre momentos ativos, às vezes quando ele está sozinho com seus pensamentos você percebe isso. A metáfora do sangue em suas mãos e a antiga ferida abrindo. Está por toda parte.

Eugene finalmente revela que ele não conhece a cura para o surto, o que coloca Abraham em uma espiral. O que ele está pensando quando cai de joelhos?

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Michael Cudlitz: É simplesmente uma perda total. Tudo cai sobre ele de uma vez só e tudo aquilo que ele não consegue processar totalmente quando está sentado com sua família, é tudo daquela perda, é tudo da mentira de Eugene. Eugene fala sobre as pessoas que morreram durante essa missão e tudo que Abraham consegue pensar são todas as pessoas que ele matou por essa missão. Pessoas mortas por coisas estúpidas, mortas porque entraram no caminho e tinham que ser eliminadas porque eram uma ameaça para a missão. É tão carregado: tudo que ele fez nos últimos dois anos foi uma completa mentira. Se ele não fosse impedido, teria matado Eugene. E Rosita faz um ótimo trabalho ao falar com ele em um nível completamente binário de soldado com sua mão na arma. Isso corta tudo e ele precisa parar. Isso traz Abraham de volta para um plano mais nivelado do que aquela ira. E Eugene fala tudo aquilo – incluindo que ele é mais inteligente que Abraham – que é um grande “vá se f****”. Porque de muitas maneiras Eugene é, mas de muitas maneiras ele não é, porque Abraham deixa tudo ir e escolheu não ver os sinais porque ele escolheu acreditar em algo ao invés disso. É um enorme comentário sobre a sociedade, é como nós operamos. Nós compramos uma ideia 100 por cento, e se não fizermos isso, você pode ver as falhas e então tudo começa a desenrolar.

Rosita e Abraham, assim como nos quadrinhos, são um casal. Neste ponto ele a ama? Ela parece ser a única pessoa que consegue enfrenta-lo neste momento.

Michael Cudlitz: Isso serve a dois propósitos. Eu acho que ele a ama, mas também é um relacionamento de conveniência para ambos. É tempo de guerra, e cada dia pode ser o último. Você não sabe o que acontece em tempos de guerra com soldados além do mar. Você está f**endo e matando, é a sua vida e você quer estar vivo. Teria muito mais disso acontecendo no mundo se fosse um mundo real. Existiriam mais Shanes (Jon Bernthal) e Andreas (Laurie Holden) mandando ver no carro no meio da rua como fizeram na segunda temporada. Esse é o tipo de coisa que estaria acontecendo. Haveria pessoas fazendo amor, tenho certeza, mas haveria muita gente f**endo. (Risadas)

Por que Abraham deixa Eugene assistir seus encontros íntimos com Rosita?

Michael Cudlitz: Ele é tipo “tanto faz”. Também é uma coisa de macho alfa. Eu não posso me identificar pessoalmente com isso, mas é meio que uma coisa de cara de fraternidade: “F***-se, você quer me assistir f****? Então me assista f****!”. Eu não acho que Abraham se importa com quem está assistindo. Ele diz para Glenn “Eu preciso transar!”. Ele poderia dizer que estava indo dormir. Ele simplesmente não se importa. Tudo sobre ele está gasto. Tudo é aberto. Se ele está aborrecido, ele te fala; se ele está aborrecido com você, ele te fala; se ele vai f**** Rosita, ele te fala. Não tem uma agenda; tudo foi tirado dele e ele não tem mais nada para esconder de ninguém.

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Para onde o grupo deles irá agora, considerando que existe uma parede sólida de zumbis diretamente à frente e a igreja está 15 milhas para trás?

Michael Cudlitz: Não existe mais missão. O que é dar a volta? Não existe dar a volta porque não existe mais um destino para ir em frente. Isso vai tomar um bom tempo para Abraham processar. Tomara que ele saia dessa, porque da última vez que algo assim caiu sobre ele, ele quase tirou a própria vida. Agora nós veremos se realmente existe algo pelo qual valha a pena viver e se as coisas que ele enfrentou em sua vida desde então tiveram um impacto sobre ele. Veremos o que ele considera valioso ou válido.

Que tipo de impacto emocional a confissão de Eugene terá sobre Abraham? Ele poderia abandonar sua posição de liderança considerando quanto sangue ele tem em suas mãos?

Michael Cudlitz: Possivelmente. Isso faria qualquer pessoa questionar tudo. Eu imagino que ele vai levar um tempo para se recuperar disso. Tem muito para ser curado, se é que isso é possível. Ele está muito machucado a essa altura.

O que você achou do passado de Abraham? Deixe sua opinião nos comentários abaixo.

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Fonte: Hollywood Reporter
Tradução: @Ivyleca / Staff Walking Dead Brasil

Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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