As qualidades e proezas das personagens femininas do grupo de Rick (Andrew Lincoln) são sempre ressaltadas quando o assunto abordado gira em torno das mulheres da série. Porém, a última temporada destacou a força daquelas que não estavam total ou parcialmente ao lado dos sobreviventes.
Sendo assim, mesmo tendo sido rejeitada a adaptação de Negan em uma versão feminina para série, isso é algo totalmente possível quando se observa o que foi mostrado das mulheres que estavam contra ou em uma posição superior ao protagonista da série.
Na quinta temporada do show, Rick foi de encontro a algumas mulheres que, em sua posição, tiveram algum tipo de autoridade que fez o líder e o grupo ser cautelosos diante delas. Estamos tratando de Mary (Denise Crosby), Dawn (Christine Woods) e Deanna (Tovah Feldshuh).
“As placas eram reais. Era um Santuário. Pessoas vieram e tomaram este lugar. E estupraram e mataram. E riram por semanas. Mas escapamos, lutamos e tomamos de volta. E entendemos o recado. Você é o predador ou é a presa.”
O trauma causado pelo que ela sofreu nas mãos dos vândalos e estupradores que tomaram Terminus torceu a mente de Mary ao ponto de que para ela era explicável torturar e canibalizar as pessoas que chegassem ao local ou até mesmo os moradores.
Mary teve um comportamento de matriarca com os residentes do Terminus, mas apresentou uma frieza quando o assunto era a proteção do lugar. Isso pode ser visto na morte de Alex (Tate Ellington), sem se opor ao observá-lo prestes a ser morto, nem demonstrar emoção ou perturbação depois do ocorrido, já que o corpo dele foi enviado para ser dissecado e servir como comida.
Ela pode não ter sido líder, nem ter ido diretamente contra Rick, mas defender Terminus foi de tamanha importância para Mary, que sua morte foi um dos motivos da vingança do seu filho Gareth (Andrew J. West) contra o grupo de sobreviventes, já que Carol (Melissa McBride) era o alvo principal dos canibais por tê-la matado.
A primeira mulher que o grupo de Rick conhece que apresenta um desejo de vingança, desprezo e insensibilidade quanto à vida alheia, cujo sofrimento de outra pessoa é explicável desde que ela e os seus ideais estejam protegidos, afinal, para Mary, não mais existiam boas pessoas no mundo.
“Aqui, você é parte de um sistema. As enfermeiras mantêm os meus policiais felizes. Quanto mais felizes estiverem, mais se esforçarão para prosseguirmos. E isso não tem sido fácil. Houve acordos, mas está funcionando. Esse é o bem que você faz aqui.”
O apocalipse zumbi moldou uma policial considerada formidável em uma pessoa com uma necessidade extremamente obsessiva de controle de poder que permitia quaisquer atitudes violentas e depravadas que obrigassem os residentes do Hospital a manter o local funcionando até a chegada de um resgate.
As duas facetas da oficial ajudavam no funcionamento do sistema, pois seu lado carismático e suave fazia com que os pacientes acreditassem que ela se importava com eles e por isso lhe deviam favores. Porém, a fachada consistia em violência quando ela ficava sob pressão, tomando medidas de agressões físicas para ganhar controle da situação e retomar a sua posição de autoridade.
Um ponto importante na característica da personagem foi ela sofrer de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) por limpeza, simbolizando que todos, mas, principalmente, Beth (Emily Kinney) e Noah (Tyler James Williams) eram seus instrumentos para eliminar os problemas que apareciam em seu caminho. Ou seja, Dawn não sujava as suas mãos – que eles matassem e limpassem sua sujeira por ela.
Os produtores declararam oficialmente Dawn como a primeira antagonista mulher de The Walking Dead – na série televisiva. Ela agrediu um membro do grupo de Rick e, face a face, pragmaticamente o confrontou usando pouca ação.
O título de vilã foi de tamanha importância que Dawn foi apresentada no trailer oficial da quinta temporada e está com a produtora Gale Anne Hurd a responsabilidade de responder ou fazer qualquer colocação sobre a personagem.
“Essas famílias deveriam ter condições de criar seus filhos em um ambiente seguro. Seu filho, sua filha deveriam ter um lugar para crescerem. O que eu quero? Que nos ajude a sobreviver. Sei que pode nos ajudar com isso.”
Uma mulher extremamente inteligente e respeitável, com habilidades sutis para perceber o que as pessoas pensam e, assim, usa de sua astúcia para comandar Alexandria e que por várias vezes ao longo do seu posicionamento, naturalmente, ganha as posições de superioridade e autoridade sob as pessoas que residem no local.
Com sua experiência no cargo de congressista antes do surto, ela tem um admirável comprometimento com a comunidade e com sua forte natureza persuasiva integra as pessoas e as fazem serem úteis para o funcionamento do lugar.
Porém, todo este sentimento de responsabilidade que ela tem por Alexandria, ao mesmo tempo, a coloca em risco, pois quando uma habilidade pessoal é valiosa, isso pode dar status a uma pessoa, como foi visto em toda a situação envolvendo o médico Pete (Corey Brill), pois sua profissão fazia a líder ser negligente diante das atitudes agressivas dele.
Apesar de suas qualidades impecáveis, Deanna tem esta falha e, também, em sua posição utópica quanto ao futuro de Alexandria, o que deixa a ela e aos demais em uma posição de vulnerabilidade e alheios a realidade do que acontece fora dos muros do local.
Deanna é a primeira pessoa na série que, firmemente, está em uma posição superior a Rick na liderança e tomada de decisões dentro de uma comunidade. Apesar de ter que acatar as decisões de Hershel (Scott Wilson) na fazenda e de um conselho na prisão, esta é a ocasião em que o protagonista não tem de forma real a autoridade sobre uma comunidade – ele é mais um membro contribuinte dela.
Mesmo com as trágicas perdas, Rick conseguiu superar Mary e Dawn e, em breve, a liderança de Alexandria poderá mudar de mãos e, provavelmente, será por um ato de humildade de Deanna. Mas, o importante a se observar é que mesmo estando contra ou ao lado do protagonista, estas mulheres tiveram seus momentos marcantes, mostrando na última temporada a força feminina dentro da série.
The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com a sexta temporada em Outubro de 2015 na AMC e na FOX Brasil. O trailer da temporada, bem como a data oficial de lançamento, será divulgada durante a Comic Con de San Diego em Julho.
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