[ATENÇÃO!! ESTE CONTEÚDO CONTÉM SPOILERS DO EPISÓDIO S05E09 – “WHAT HAPPENED AND WHAT’S GOING ON“!]
“What Happened and What’s Going On” (O que aconteceu e o que está acontecendo) foi um episódio de The Walking Dead diferente de qualquer outro: imagens de flashback, imagens de flashfoward, alucinações e, finalmente, uma morte. Sim, tivemos que nos despedir de Tyreese, mas não antes de vermos seus últimos momentos com uma luta interna encenada através de conversas com personagens já mortos e enterrados.
A Entertainment Weekly conversou com o homem que dirigiu o episódio, Greg Nicotero, para obter a sua opinião sobre essa parte trágica.
EW: Vocês já mostraram alucinações antes, mas nunca nessa medida. Você também fez essas imagens estranhas de flashbacks e de flashfoward. Comece me contando como você dirigiu algo assim?
Greg Nicotero: Nós chamamos este episódio de nosso Terrence Malick. Quando Scott havia escrito e nós estávamos falando sobre isso, nós conversamos sobre a Árvore da Vida e sobre essas imagens evocativas que contam a história do Tyreese. Assim, vemos o esqueleto na floresta com flores que crescem pra fora do peito, vemos a imagem da casa pitoresca. E a medida que avançamos no episódio, começamos a perceber que tudo isso são coisas que ele viu nos seus últimos momentos, quando ele está tentando entender a luta com a decisão de ficar ou não neste mundo.
Então, pra mim, todas essas imagens tinham que ser muito artístico e evocativa, e foi um desafio. Mas ter a oportunidade de explorar todas essas pequenas coisas que eram pequenos detalhes que estavam na perspectiva de Tyreese sobre a brutalidade do mundo real em relação ao tipo de pessoa que ele é, você sabe, o cara não-violento que se recusa a matar. E que todo o caminho de volta do episódio 1, quando ele está falando com Karen na cerca e eles estão matando os zumbis e ele está tipo “Eu não gosto de mata-los na cerca” e em seguida, eles saem para o supermercado e Zack morre, e ele volta e diz a Karen “eu não gosto de mata-los lá fora também”.
Então, claramente, tem sido um arco de história desafiador para Tyreese porque ele não pode levar-se a fazer isso e, em seguida, a mulher que ele ama é morta e logo depois, as meninas. Portanto, uma vez que ele está mordido, ele meio que passa por essa pequena viagem, e ele está acompanhado de imagens e alucinações das pessoas que tiveram um impacto sob ele – o Governador, Martin, Beth e claro, as meninas. Então todas essas coisas realmente servem para nos ajudar a chegar dentro da mentalidade de Tyreese neste momento.
Como você descobriu o quão longe se desviar da realidade – em termos de alucinação, mas também mantê-lo um pouco realista?
Greg Nicotero: Foi complicado, porque houveram momentos em que nós queríamos ter certeza de que a realidade é sentida cinematograficamente, mas com o fato de que nenhuma dessas pessoas estão, de fato, no quarto com ele. Então, para vê-los em momentos diferentes foi muito desafiador. Tínhamos feito uma cena onde cortamos através do plano geral onde ele está de pé na sala, conversando e não há ninguém com ele lá e ele está apontando o braço para frente e refutando o que todos eles têm dito. Visualmente, usamos essas pista, você sabe, inclinando-se uma foto no chão com o sangue dele até Martin e depois ver Lawrence na cama. Então, inicialmente, não descolamos nenhum deles para trás. Gostaríamos de voltar a filmar Tyreese e depois cortar para o próximo, então nós nos sentimos como se não soubéssemos o que iria acontecer a seguir. Tudo foi realmente difícil de fazer, mas a beleza da coisa é que Chad ficou marcado em seu personagem. Nós filmamos essa cena durante um período de dois dias com David Morrissey, Kyla e Brighton e foi incrível ver o desempenho de Chad, porque ele não queria ver isso como uma triste partida do show. Eu acho que Chad sentiu que ele tinha uma grande história e que esta era uma maneira fantástica de levar seu personagem, então ele estava totalmente comprometido e realmente colocou tudo para fora e foi realmente incrível de ver.
Fale um pouco mais de Chad, porque ele como ator, porque ele para envolver nessa mistura de realidade e alucinações. Ele está interpretando diferentes coisas para personagens diferentes, por isso é uma batalha interna contra pessoas que não estão lá. Isso não é uma coisa fácil de fazer.
Greg Nicotero: Não, especialmente quando o episódio começa e ele está falando com Noah no carro e está tentando dizer a Noah: “Olha, você está com a gente agora. Podemos viver, podemos sobreviver e nós podemos fazer isso”. E, em seguida, ele é mordido enquanto ele está de pé no quarto dos gêmeos e ele está olhando as fotos na parede e olhando para isso tudo, percebendo a sensação de perda que essas pessoas têm experimentado e, no último segundo, quando ele se vira e percebe que se virou tarde demais. Mas, a partir daquele momento, ele se senta e tem um debate com pessoas que ele tinham conflito ou um relacionamento com ele. Ele está sentado lá conversando com Martin que diz: “Se você não tivesse me matado, Bob provavelmente não estaria morto e nós nunca teríamos rastreado vocês até a igreja”.
Então, é tudo um monólogo interno do tipo “Bem, talvez eu deveria ter matado Martin, mas eu não podia fazer, porque isso não é quem eu sou”. E então nós vemos Bob, que diz “isso é besteira. Não dê ouvido a ele”. E então, vemos as meninas falando “Você sabe o quê? Nós estamos em um lugar melhor agora”. Então todas as coisas que ele projetou para aquelas pessoas estão sendo ditas de volta para ele, e foi surpreendente ver Chad fazendo isso. Sempre havia uma demora para eu gritar “Corta” porque o seu ímpeto deixou sua performance hipnotizante e eu não queria cortar.
O que nós fizemos quando trabalhamos no final do episódio foi que queríamos levar ao público um pouco da jornada – tipo, ok, então ele desmaia e em seguida, eles cortam o braço e então eles o levam para fora e em seguida ele desmaia de novo, então eles levam-no para o carro e cabeças de zumbis caem sobre eles. Então, nós realmente queríamos levar o público nessa jornada de tipo “eles não vão conseguir fazer isso. Oh, tem outra barreira na frente deles. Mas espere um minuto, eles conseguiram!”. E em seguida, tem outra barreira. E, então, no final, ele só olha a bela imagem do sol através da janela e faz a decisão de fechar os olhos.
Eu falei para Andrew Lincoln que o episódio pareceu como um poema – um poema muito triste e comovente.
Greg Nicotero: Ah, sem dúvida. E foi trabalhado num modo radicalmente diferente de qualquer outro episódio que eu nunca tive a oportunidade de abrir minhas asas e ir além. E era interessante fazê-lo porque houveram momentos no set em que estávamos como “Nós nunca fizemos algo desse tipo, mas vamos em frente”. Eu acho que Scott realmente queria este episódio para se sentir assim. Eu acho que um poema é a descrição perfeita porque é um evocativo de imagens e emoção, e isso é realmente o que o episódio falava. É sobre a jornada emocional que Tyreese está concluindo e esses recursos visuais evocam a emoção.
Como foi voltar a trabalhar com pessoas como David Morrissey, assim como todos os outros que você mencionou?
Greg Nicotero: Foi incrível. Este show é tão único que cada pessoa que vem e trabalha no show é bem-vinda de volta a esta grande família. Então, quando David voltou, ele estava tão emocionado. Foi quando nós trouxemos Rooker de volta na 2ª temporada e quando trouxemos Jon Bernthal de volta na 3ª temporada. Nós estabelecemos essa ligação pois estamos todos juntos. David tinha uma explosão. Quando ele saiu, ele disse:”Bem, me falem se vocês precisarem de mim para qualquer outra coisa”
Vamos falar sobre algumas coisas brutais, como a cena do corte do braço.
Greg Nicotero: Foi importante para mim que nós cortássemos nesse momento de paz com as meninas, porque visões têm uma maneira de acabar abruptamente para brutalidade em que o mundo se encontra. Como quando o Governador está se lançando em direção a ele e, em seguida, corta para o zumbi no quarto. E ao mesmo tempo com as meninas, elas estão puxando suavemente o braço de Tyreese e ele lança um olhar doce para elas e, em seguida, cortamos diretamente para Rick e Michonne. Eu não queria que fosse gratuito como na perna do Hershel. Eu só queria que fosse rápido e chocante. Essa foi a cena desse episódio em que queríamos que fosse chocante.
E sobre as cabeças de zumbis que voaram para fora da caminhonete? Isso deve ter sido muito divertido no set.
Greg Nicotero: Isso é algo que vamos começar a explorar um pouco mais. Sendo um pouco Scott Gimple, essa foi a nossa primeira provocação e vamos tentar aprender mais sobre isso e ver como se desenrola a cada episódio.
Foi interessante de ver que, ao invés de ir direto para a música final, quando os créditos aparecem, nós ouvimos apenas o som da escavação do túmulo. Quem teve essa ideia?
Greg Nicotero: Gostaria muito de levar o crédito por isso, mas Avi Youabian – que é um dos nossos editores – que em uma de suas edições, colocou isso e ele estava um pouco nervoso sobre isso. Quando eu assisti, achei fantástico. Veja, este episódio é um sonho tanto para um editor como para um diretor ou um escritor – por ser capaz de criar essas imagens e colocar essa história juntas. Por que ele salta ao redor de todo mundo e do lugar em que está se passado. Você está no presente e em seguida você está no passado. No início, nós pensamos que é o funeral da Beth, mas mais tarde percebemos que é o funeral do Tyreese. Então, Avi fez um trabalho de edição fantástico nesse episódio.
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Fonte: Entertainment Weekly
Tradução: @LuanaSieb / Staff Walking Dead Brasil
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