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The Walking Dead Deluxe 5 – Letter Hacks: Respondendo aos fãs
Confira o especial “Letter Hacks” da The Walking Dead Deluxe 5 com respostas de Robert Kirkman e sua equipe sobre questionamentos dos fãs.
A The Walking Dead Deluxe 5 foi publicada em 16 de Dezembro de 2020 nos EUA, dando continuidade às publicações das edições coloridas dos quadrinhos.
A edição conta com cartas enviadas por fãs/leitores com comentários e/ou perguntas à equipe e ao próprio Robert Kirkman. Essas cartas foram respondidas durante o lançamento original em preto e branco em uma das seções de conteúdo extra chamada de “Letter Hacks”.
Além da Letter Hacks, um dos outros conteúdos extras e super especiais que tem na The Walking Dead Deluxe é o “Cutting Room Floor“, onde o Kirkman comenta sobre os principais tópicos e o porquê das decisões do roteiro.
Abaixo, está a Letter Hacks de The Walking Dead Deluxe 5 que continua a responder as cartas.
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Letter Hacks – The Walking Dead Deluxe 5
Já é o fim do ano? Diga o que quiser dos eventos históricos de 2020, mas eu acho que daqui há alguns anos será conhecido como o ano em que The Walking Dead finalmente foi impressa em cores. O caos se abriu, e Dave McCaig teve umas ideias e aqui estamos. É assim que os quadrinhos são feitos. Aqui é o Sean, te desejando um Natal feliz e saudável. Além disso, você vai perceber na galeria de capas que nós incluímos a capa original de TWD #3. Por quê? Porque nós erramos e colocamos a capa da #2 na contracapa da #3… e nos sentimos terríveis por isso. Agora, vamos ver o que os leitores e Robert estavam conversando em Fevereiro de 2004… incluindo uma carta de um Mackeiwcz! WTF!
– Sean Mackiewicz
As vendas subiram, as críticas estão boas, a saga está avançando conforme programado, e está fantástica. A vida é boa. Edição cinco… cara, parece que foi ontem que começamos a trabalhar nessa saga, realmente é verdade o que dizem sobre o tempo voar. Espero que tenham gostado dessa edição, acho que foi a que teve mais ação até agora. Certamente, foi muito divertida de escrever. Se você não gostou dela… ainda vai ter muito mais, então espero que a gente compense isso no futuro, em algum momento.
Hora das Cartas!
– Robert Kirkman
Carta 1: Enviada por Cody Shelton
Robert e Tony, a edição três foi incrível. Eu gostei do foco na vida pessoal dos personagens e, conforme o elenco aumenta, fico cada vez mais interessado na história. A arte do Tony Moore fica mais expressiva a cada edição. Fui introduzido a The Walking Dead, assim como Invincible, e Brit pelas cartas no Savage Dragon. Acho que o título faz um ótimo trabalho em criar uma comunidade de leitores com sua própria coluna de cartas, e uma história que, mês a mês, nos entretém e funciona sozinha. Vejo essa mesma comunidade sendo formada em The Walking Dead. A história tem sido divertida até agora, e estou ansioso para a próxima edição. A propósito, ouvi dizer que o preto-e-branco é o novo colorido!
Robert Kirkman: “Preto-e-branco é o novo colorido”. Você, Cody, é um puta gênio!!! Vou usar essa frase no futuro.
Carta 2: Enviada por Thomas Mackeiwcz
Robert e Tony,
Deixe-me começar avisando. Essa é a primeira vez que escrevo para uma coluna de cartas.
A parte triste é o motivo por trás dessa carta. Sim, eu amo essa saga e toda aquela merda que te faz se sentir quente e ensanguentado, mas, porra, algumas pessoas que escrevem para vocês precisam superar essa porra de discriminação dos quadrinhos preto-e-branco. É só uma falta de cores, não uma falta de talento nem de uma boa história. Eles precisam ir comprar alguns lápis-de-cor ou algo assim. Sobre as similaridades com “28 Dias Depois”, vou resumir essa porra. Um cara acorda em um hospital e tem zumbis. Fim das similaridades. Eu leio as suas merdas desde Battle Pope e, como ateísta que é além de toda e qualquer moral, eu me apaixonei pelo seu trabalho. Mas depois de ler Battle Pope muitas vezes, vezes demais na verdade, eu quase comecei a ver esses personagens de Deus e Jesus em uma luz mais simpática. Quase me sinto mal por não acreditar neles. Caramba, depois de ler The Walking Dead, pode ser que eu comece a fazer adoração aos zumbis. Deus te abençoe, cara. Deus te abençoe! Te amo para sempre.
Robert Kirkman: Ahn… de volta para você… Thomas. Se a falta de cor está impedindo as pessoas de comprar essa saga, isso é realmente infeliz. Com os mangás, e Sin City, e todos os BILHÕES de livros de qualidade em preto-e-branco por aí (como Battle Pope), é uma vergonha que as pessoas prefiram perder isso. Quem sai perdendo são eles. Porque… você sabe… preto-e-branco é o novo colorido.
Carta 3: Enviada por Daniel Weissenberger
Queridos senhores Kirkman e Moore,
Eu comprei a primeira edição de The Walking Dead sem saber nada sobre ela, só comprei porque sou devoto ao gênero de zumbis e compro tudo desse assunto. Gostei bastante do trabalho de arte, nunca tinha visto nada do Sr. Moore antes, mas vou ficar de olho no trabalho dele no futuro.
No entanto, eu fiquei decepcionado com a lentidão da história, e os objetos de história muito óbvios. A história, até onde está, consiste principalmente do personagem principal vagando por uma cidade arruinada (amei a arte dessas cenas), e depois tendo a história explicada para ele. No entanto, mais desconcertante é o estado físico de Rick ao longo da história. Supõe-se que ele está em coma por mais de um mês e, mesmo que ele se apoie nas paredes em algumas cenas, ele é capaz de correr e lutar pela sua vida incrivelmente rápido. Depois, ainda tem toda a questão de quem estava medicando ele depois que o hospital foi abandonado, porque a bolsa de soro parecia estar pela metade. No entanto, a edição acabou bem, com um objetivo bem claro para o personagem.
Apesar desses problemas, eu decidi ler a segunda edição, para eu ter uma ideia de para onde a história estava indo. De novo, a edição estava com problemas de lentidão extrema. Em uma edição de vinte e duas páginas, só tiverem três eventos: 1. Ele pega um cavalo; 2. Ele chega em Atlanta e é atacado; 3. Um estranho o leva para sua família. A velocidade da edição pareceu prejudicada, com um discurso estranho que parece ter sido feito só para mostrar para os leitores a força da conexão de Rick com a família. O discurso parece falso, no entanto, porque a audiência, naturalmente, supõe que o pai ama a família, e não foi nada que não tivéssemos visto dezenas de vezes antes.
Eu também fiquei incomodado pela constante falta de lógica, e erros de continuidade. Talvez Rick não seja o homem mais esperto do mundo, mas por que ele entraria em uma casa estranha sem ter uma arma a postos? A suposta falta de força que ele devia estar sofrendo continuou me incomodando, com ele correndo, cavalgando, e lutando com facilidade, apesar da suposta falta de saúde dele. E ainda tem o maior dos problemas: se o governo fez esforços para proteger a cidade, onde estão as provas disso? As estradas bloqueadas, os veículos do exército, pilhas de corpos na beira da estrada? Depois, ao fim da edição, Rick já tinha encontrado sua família e, mesmo que seja legal ter um final feliz, a procura pareceu dar muito trabalho e, ao terminar essa edição com o reencontro da família, você tem algo que é como o fim definitivo. O que motiva o leitor a ir para a próxima edição?
Ainda não decidi se vou continuar lendo a saga, só queria deixar aqui essa carta para sugerir algumas coisas que podem ser melhoradas no futuro. Posso perguntar, tem algum editor trabalhando na saga? Eu não vi nenhum na página de créditos, e parece que as coisas de que eu reclamei (lentidão, lógica, etc) são, normalmente, o tipo de coisa que um editor de roteiro habilidoso seria capaz de corrigir.
Boa sorte com essa saga.
OBS: Eu não ficaria tão irritado sobre “28 Dias Depois” (um filme que eu NÃO amei) se eu fosse você. Afinal, eles roubaram a abertura deles de “The Day of the Triffids”.
Robert Kirkman: Sim, eu nunca tinha ouvido falar de “The Day of the Triffids” até que as pessoas começaram a escrever isso. Vou ter que me informar sobre isso. Sobre a pouca força do Rick (ou a falta de uma pouca força), chega um momento que se inicia a questão de precisão versus valor do entretenimento. Rick teria um cateter na uretra que não poderia ser removido sem assistência médica, mas ao invés de lidar com isso e de ficar várias páginas explicando como ele conseguiu… eu só ignorei. É surreal? Sim. Vai saber quanto tempo se passou entre os quadros das primeiras páginas da edição #1. Rick pode ter ficado sentado ali na cama por dias, mexendo as pernas e tentando criar forças para andar… Eu poderia ter mostrado isso… mas seria horrível. Então, ao invés disso, eu fiz ele ficar tropeçando e caindo… e pensei que seria suficiente. Sobre a bolsa de soro… Qualquer pessoa com pelo menos metade de um cérebro sabe que aquela bolsinha dura, no mínimo, seis meses. Desenvolveram essa tecnologia para pacientes em coma nos anos 60. Você vai ver o tanque na edição #4. Não vimos na edição #2 porque ele não andou muito pela cidade. Sobre o Rick achar a família… Eu sou ruim. É simples assim. Próxima carta.
Carta 4: Enviada por Jim Grimwood
Oi.
Não sei bem como decidi começar a ler TWD. Eu costumava assistir filmes de terror e ler livros de terror quando era mais novo, mas acho que meus gostos mudaram com o passar do tempo. Comecei a acha-los previsíveis ao ponto de entediantes, e desagradáveis (Tudo bem, essa segunda parte é uma qualidade que faz sentido no gênero do terror, mas perdi o gosto). Acho que foi isso que me fez pular a primeira edição. Fiquei interessado quando vi no Previews por ser diferente do modelo comum da Image (a única HQ da Image que eu li foi “Powers”), mas o cenário de zumbis causou uma reação de rejeição em mim. Passando pela sinopse da segunda edição, comecei a ter a impressão de que essa seria mais uma história movida pelos personagens, com os zumbis sendo um MacGuffin para gerar eventos e desenvolvimentos subsequentes, do que uma história cheia de sangue sem história. Então, decidi encomendar na pré-venda e também comprei a #1.
Por causa da demora nos pedidos, eu só li até a edição #3 (apesar de ter lido as sinopses da #4 até a #6 no Previews), mas não me arrependo da minha decisão. A história está se desenvolvendo bem, com possibilidades de roteiro interessantes e bons desenvolvimentos de personagens, e não coloca o leitor em uma situação depressiva cheia de intestinos e cabeças explodindo. O formato monocromático ajuda a deixar as cenas de gore ocasionais menos angustiantes para nós, que temos almas sensíveis (A saga “Justiceiro” do Garth Ennis costuma ser o limite que tolero de violência).
Gostei da ideia de não saber desde o começo o que causou tudo. Espero que leve um tempo até o Rick descobrir a verdade, e que vá juntando pedaços da história enquanto o grupo de sobreviventes viaja por aí. Espero que essa história de detetive seja um dos roteiros em desenvolvimento. Mas imagino que as opções sejam uma combinação de natural/artificial e terrestre/extraterrestre, o que ainda deixa muito espaço para surpresas.
Teve o problema do fornecimento de eletricidade para o qual sua explicação não foi muito satisfatória. Mas tem uma outra “falta de lógica” ainda mais significante para a qual eu não vi uma explicação ainda, e tem me incomodado desde a primeira edição. Pensei em perguntar sobre isso. Ou eu estou perdendo algo que é óbvio para todo mundo, ou você tem uma explicação muito inteligente preparada, ou nós temos um problema.
Desde o começo no hospital (retomando o livro de ficção científica de 1950 de John Wyndham, “The Day of The Triffids” e acrescentando zumbis, é claro) e dado o grau de abandono lá fora, além da grama estar alta e dos detalhes de tempo passado mencionados nas edições seguintes, parece que Rick ficou sem cuidados, em um coma, por pelo menos 3 semanas (apesar da deterioração de alguns prédios sugerirem ainda mais tempo, mencionam um intervalo de um mês na edição #2). Como ele sobreviveu? O soro dele teria acabado bem rápido, então ele nem estaria recebendo líquidos, o que seria fatal depois de… Quanto? Alguns dias? Ao invés disso, apesar de cambalear um pouco no começo, ele está, não só vivo, mas muito saudável. Essa é difícil de engolir.
Pensei nisso por bastante tempo e cheguei a uma explicação radial que, se estiver certa, significa que você não pode imprimir minha carta. Mas se estiver errada, você pode imprimir e eu vou ficar parecendo idiota. A resposta é que ele não poderia ter sobrevivido e não sobreviveu mesmo. Ele está infectado com a mesma doença que os zumbis mas, como estava em um coma quando contraiu a doença, a mente dele não foi afetada (os detalhes do porquê ficaram um pouco confusos aqui). Um fato que suporta essa teoria é que a esposa dele percebe o machucado do soro na mão dele, na edição #3. Por que (no seu ponto de vista) colocar esse pequeno fato (a não ser que seja para deixar as reações da Lori mais plausíveis)? Esse machucado vai curar? Se não, eu provo o meu caso. Se sim, eu nego toda responsabilidade por essa carta e culpo o meu irmão gêmeo maligno.
Tchau, tchau.
Robert Kirkman: Cara, todo mundo sabe que, desde a segunda guerra mundial, foram feitas mágicas de vodu nas bolsas de soro que fizeram elas durarem mais de 13 meses. Vocês estão começando a me fazer pensar que vocês nunca leram um único livro. Esse livro é TÃO REAL QUANTO A VIDA, simples assim. Se acontece aqui… pode acontecer na vida real, independentemente se você acha que pode. Isso é algo que vocês vão precisar aceitar, se quiserem continuar lendo essa saga.
Carta 5: Enviada por Jeremy Ritter
Caros Rob e Tony,
Certo, tudo bem. Depois de passar por essa saga no Previews e ouvir todos os fãs de HQ e de terror no mundo falando como ela é ótima, eu consegui achar as três primeiras edições para comprar. Isso foi graças ao pessoal do site khepri.com. Ótimo site, pessoal! Comprem algumas coisas lá, e talvez eu ganhe algum desconto. ?
Às vezes, quando um livro, filme, CD, etc está com muito hype, eu fico em pânico porque, geralmente, é inferior às expectativas. Então, graças a Deus por The Walking Dead que, na verdade, supera as minhas expectativas! Ao contrário de muitos escritores das cartas aqui, eu não sou muito familiarizado com seus trabalhos anteriores. Eu li a edição grátis de “Battle Pope” (e adorei) no Dia Das HQs Grátis, mas foi só isso. Foi mal.
Sou um grande fã de terror e de zumbis, apesar de gostar do Romero e do Fulci, então entenda isso como quiser. TWD parece ser um ótimo filme ou, até mesmo, uma série da HBO. Tem tantos detalhes já nas três primeiras, que dão a entender que teremos, pelo menos, 50 edições incríveis. Além disso, meu amigo Rob, você sabe colocar umas reviravoltas e tanto! Sinceramente, achei que demoraria muito para o Rick encontrar sua esposa e filho. Mas essa descoberta funciona bem porque abre enormes possibilidades para as mais de 50 edições que acabei de comentar. Lendo as edições, comecei a tentar adivinhar como esses personagens vão interagir e, provavelmente, brigar ao longo da saga. Nossa, cara, sabe há quanto tempo não fico assim desde as primeiras edições? Na verdade, nem eu sei há quanto tempo, então leve isso como um elogio.
Não se sinta deixado de fora, Tony. Sua arte é simplesmente fantástica. A cena de uma página inteira na edição #3 em que o Rick acorda e abraça a família foi comovente. E, apesar de não ser uma história apenas sobre zumbis, a profundidade do Tony nas cenas nojentas conseguiu me enganar bem. Se o Romero chegar a fazer um quarto filme de “Night of the Living Dead”, ele devia falar com o Tony para trabalhar no design.
Desculpe por ficar tão animado, pessoal. Mas não fico tão admirado com uma HQ desde que li “The Goon”. Os fãs de terror agradecem a vocês, e os fãs de HQs também.
Só uma reclamação. De tantas cartas de pessoas que se dizem fãs do Romero, por que eu sou o primeiro que parece ter gostado que o nome do filho do Morgan Jones é Duane? (Claro, eu ainda não li a quarta edição. Talvez, alguém já tenha percebido.)
Enfim, até que o Danny Boyle te processe por direitos autorais, vou aproveitando a saga The Walking Dead. (Brincadeira sobre a história de “28 Days Later”, pessoal. Por favor, não me matem. Por favor!)
Robert Kirkman: Sério? HBO?! Alguém ligue para esses desgraçados logo!
E com isso, nós encerramos as cartas dessa edição. Isso demorou pra caralho… e sendo honesto, estou um pouco cansado. Então, sem nenhuma despedida engraçada. Até a próxima edição cheia de zumbis. Está muitooooo boa.