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Por quem eu torcerei quando Carol se for?

O desenvolvimento de Carol PeletierMelissa McBride – em The Walking Dead é evidente e o maior dos “haters” há de convir que a personagem é até então a que teve maiores alterações em sua história original (vide HQ), por vezes dando a parecer que a trama se desenvolve em torno deste crescimento e não quanto a Rick e Carl. Melissa, com o dom que tem, vem conquistando um número crescente de fãs e isso se dá por dois fatores principais e já citados: o seu talento e o crescimento da personagem ao qual dá vida.

Carol era uma mulher delicada, tímida e até mesmo indiferente ao resto do grupo, sua história de vida talvez – anexa a de Daryl Dixon – seja a que mais compreende a infelicidade, visto os abusos que sofria da parte de seu marido. Pode parecer ousado afirmar, mas talvez essa vida dura a que esteve exposta colocou Carol um passo à frente dos outros, já que esses levavam uma vida feliz e harmoniosa antes de tudo se transformar e tiveram suas maiores perdas nesse novo cenário, já ela era acostumada a dor, ao descaso e a infelicidade. Verdade que foi devastador para essa mulher perder Sophia, mas talvez, se fosse outra nessa situação o desenrolar da trama seria diferente, Carol soube superar e dar um novo rumo ao seu futuro. Se tornou fria e desenvolveu uma inteligência estratégica surpreendente, uso como exemplo todo o enredo do primeiro episódio da quinta temporada.

Não houve quem não odiou Rick por sua decisão de banir ela do grupo e não houve quem não comemorou com seu retorno surpresa que evitou uma grande tragédia – para a felicidade de Judith. Sua indiferença ao ser questionada por Lizzie quanto a morte de Sophia mostra o quanto a dor já é algo com o qual ela sabe lidar, o que mais uma vez faz dela a personagem mais a frente, já que os outros ainda estão aprendendo a conviver com tal sentimento. É verdade que em alguns momentos Carol ainda demonstra fraqueza, visto no episódio “The Grove” quando é obrigada a dar término ao que já previa, os desvios de caráter de Lizzie e a inocência de Mika. E isso, traz um mix interessante na personagem, um alguém que está acostumado com o que vive no presente junto à uma boa parcela de humanidade intrínseca a ela.

A genialidade que o enredo de Carol traz se deve a diversas bandeiras que essa tem levantando durante o desenrolar da história, principalmente com o crescimento nos últimos anos do feminismo que vê nela força para seus protestos. Ela não baixa mais a cabeça para ninguém, ela não deixa mais que haja diferença entre homem e mulher, ela é independente e pensa por si, age de maneira própria e faz o que tem que ser feito sem medir consequências.

Regressemos a dissertar quanto ao primeiro episódio da quinta temporada. Quão grandioso foi ver essa mulher, com um histórico tão longo, sendo mentora de um dos melhores planos de salvamento da série (se Carol tivesse sido levada a Woodbury, saía de lá com Maggie, Glenn, Andrea e a cabeça do Governador fincada em uma estaca, desconfio). Usou com veemência as táticas de sobrevivência, das quais muitas vezes foi menosprezada (sendo atribuídas a ela as funções de dona de casa) por pensarem não ter. Salvou aquele que um dia havia duvidado de suas capacidades e de quebra protagonizou uma das mais emocionantes cenas de reencontro do mundo da dramaturgia – créditos a Norman Reedus cabem aqui também.

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Tudo isso nos classifica frente a uma grande questão: Carol já não foi longe demais? É, é preocupante uma personagem desenvolver-se de forma abrupta como essa se desenvolveu. Porém, penso que os fãs das HQ’s devem já ter identificado o quanto de Andrea dos quadrinhos há em Carol na série e, como sabem, Andrea continua dando às graças e teve seu histórico muito parecido ao de Carol. Contudo, seria errado garantir que ela sobreviva só por conta disso. Devemos esperar por uma morte precoce sim, em qualquer momento, em qualquer episódio que pareça o mais pacífico possível. Eles gostam de nos surpreender e com Carol não será diferente.

Vindo ao encontro desse último episodio, “Slabtown”, novas preocupações surgem com a personagem. Em questões de segundos o jogo parece virar para a destemida personagem. Porém, nesse episódio, há uma frase de Noah (Tyler J. Williams) à Beth (Emily Kinney) que me conforta, ao explicar sobre o porquê de ter sido escolhido ao invés do pai, Noah afirma que eles optaram por ele pelo fato de parecer mais fraco, pois sabiam que o pai poderia causar problemas. Sendo essa a real justificativa, o grupo do hospital está totalmente enganando quanto as aparências de Carol (Gareth que o diga).

Não esperemos que ela encontre um par – se sim, “Caryl’s” já possuem seu candidato – tenha filhos, crie cães e more numa casa de dois andares com vista pro mar. A história dela será sempre essa, de dor e sofrimento, pois essa é Carol e ela não pode se desvencilhar disso, é quase como se fosse impossível ela ser feliz sem ser triste.

Quando o dia dela chegar, espero que não tão logo, há de ser um dia preocupante, pois senão tratarem disso logo, não teremos um personagem com uma boa história para ocupar seu lugar, deixando muitos personagens mal desenvolvidos (vide Tara, Rosita e o tão novo Gabriel) e então terei unicamente um questionamento: para quem eu torcerei agora?

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Carlos Knewitz

Gaúcho, nascido na primeira metade dos anos 90 e com memória fotográfica. Estudante de Direito e extremamente viciado em escrever. Aficionado pelos quadrinhos de Robert Kirkman, fã de The Walking Dead e Fear the Walking Dead. Apaixonado por Carol Peletier e Alicia Clark e, sucessivamente, por suas intérpretes.

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