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Análises

Analisando The Walking Dead: O caminho de redenção para Carol Peletier

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Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo quarto episódio, S08E14 – “Still Gotta Mean Something” (Ainda tem que significar algo), da oitava temporada de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!

Não imagino um cenário mais vilipendioso para uma mãe do que a responsabilização pela morte de seus filhos. Quando digo mãe, trato daquela força natural que se desdobra em quantas for preciso para atender as necessidades dos filhos. Indiferente de ter sucesso ou não em todos esses desdobramentos acredito que uma mãe nunca se sente suficiente. Se isso significa um peso social ou uma cobrança excessiva de si mesma, eu jamais entenderei. O fato é que mães lidam com cobranças eternas impostas pelo exterior e pelo interior. E quando uma mãe poderá se perdoar por falhas? Acaso uma mãe pode simplesmente seguir em frente, livre de toda a culpa quando um filho precisa dar adeus?

Carol Peletier finalmente respondeu muitas dessas questões no episódio “Still Gotta Mean Something”. Uma frase de Morgan definiu Carol em toda a sua essência: “Você é isso. Você salva pessoas. Você vive, pois você as salva.”. Não importa o quão psicótico Morgan tem estado, mas nessa afirmação ele foi completamente feliz. Carol é a alma de mãe, o ser protetor e instintivo que abre mão de seus princípios e pudores por amor daqueles que estão em sua tutela. Nenhuma figura na infância é mais heroica que uma mãe e Carol tem sido o herói do grupo em diversos momentos. Por vezes cordeiro, por vezes lobo. Insensível e ríspida quando de repente amor e carinho.

Carol já pareceu fria e calculista; inconsequente e imoral quando sem muitas explicações resolveu matar dois hóspedes da prisão. Ela já foi forte quando precisou sozinha exterminar uma fortaleza canibal para salvar todos os seus amigos – que haviam lhe virado as costas por ter em suas visões “falhado” ao tentar livrá-los de uma doença mortal. E então Carol foi interpretada como uma assassina fria e pronta para matar quem se colocasse em seu caminho. Entretanto, seus sentimentos se tornaram questões e ela entendeu que enquanto fosse mãe, teria que matar. Em um momento de negação de si mesma, tentou se afastar, mas não pôde.

Veja, Carol não matou Karen e David porque julgou a vida deles menos importante. Ela matou porque sabia que essa era a única forma de defender os seus. Carol não executou Lizzie por achar que ela era um perigo para ela, mas porque compreendeu que mães às vezes precisam entender o ponto de dizer adeus e permitirem que os filhos encontrem o destino que necessitam. Lizzie não era mais parte desse mundo e iria destruí-lo se continuasse nele. Seu lugar era junto de seus pais e irmã num plano muito além do mundo real.

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Ela chegou ao ponto de duvidar de sua capacidade. Ela ouviu a autocrítica e a crítica social (representada na época por Morgan e sua filosofia) e se julgou incapaz de continuar a ser mãe. Mas a nobre Carol não compreendeu que ser mãe talvez não fosse uma incumbência capaz de ser negativada, mas uma personalidade impar impossível de ser apagada. Quando menos esperava, já estava enredada novamente aos sentimentos. Um filho nem sempre procura uma mãe, mas uma mãe sempre procurará um filho. Se não pôde ser com Sophia, tentou com Carl; Lizzie e Mika; com as crianças da prisão; com Sam em Alexandria; com Rick e todo o grupo; com Henry.

Finalmente ela assumiu: estava na hora de dar mais um passo importante em sua vida. A verdade é que Carol culpava a si mesma pela morte da filha Sophia durante todo esse tempo. Questões como: “Eu não fui capaz de ter feito algo e dependi dos demais”; “Ela morreu porque eu não estive lá”; “Será que Sophia estaria aqui agora se eu tivesse sido mais forte do que fui? Será que ela estaria aqui se eu tivesse a ensinado a se defender?”, estavam presentes na mente dela até agora. O desenvolvimento de Carol para uma mulher forte e destemida não se dá porque ela simplesmente se conformou com a situação de que devia matar, mas sim porque ela queria buscar a mãe perfeita para livrar Sophia dos walkers que a levaram a morte.

Carol conseguiu. Projetando em Henry a vida de Sophia, ela finalmente conseguiu descobrir qual seria o final da filha se ela houvesse se embrenhado na mata durante a noite. Finalmente, numa situação semelhante, ela conseguiu dar salvação. Ela pôs um ponto final na situação da jovem Peletier. Naquele momento ela estava pronta para ser a mãe que Sophia necessitou naquele dia e assim pôde salvar a vida de Henry.

Tudo isso é fortificado pela escolha de ator para interpretar Henry. Henry é interpretado pelo irmão da vida real de Madison Lintz, interprete de Sophia. Então, é óbvia a predisposição de todos os roteiristas a dar um final feliz ao arco da mãe que busca se desculpar pela falha cometida.

Era incumbência de Carol carregar essa dor e se exigir ser uma mãe melhor? Não, não era. Mas ela optou por esse caminho. Ela escolheu suprimir a dor que sentia por Sophia e adotar todo o grupo como partes suas. Ela imprimiu em cada um deles durante todo esse tempo a imagem da filha perdida. Com acertos e tropeços, Carol mostrou a luta que milhões de mulheres mães travam no dia a dia para exprimirem o seu melhor.

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A mensagem de Carol foi passada: não carreguem culpas desnecessárias. Vocês podem buscar serem mães melhores no que vocês acham que devem ser, mas não se culpem se no meio desse caminho vocês cansarem ou tropeçarem, porque falhas podem nos levar a novos lugares e nos fazer mais fortes do que seríamos se seguíssemos um caminho perfeitamente traçado. Às vezes os seus próprios filhos não entenderão as medidas que você tomará para defendê-los, mas as voltas que a vida dá os levarão a compreender o quão valorosa você é.

Carol absolutamente não é mais a frágil mulher que vinha sendo no pré-apocalipse, mas sua essência de mãe não se perdeu. Ela desenvolveu valentia, força e inteligência. Tornou-se tudo aquilo que precisou, não só por ela, mas por todos que estavam sobre sua tutela. Indiscutivelmente Melissa McBride dá vida com sua brilhante atuação a mais bem desenvolvida e aproveitada personagem de The Walking Dead. Acredito que nem mesmo Rick tenha sido tão bem explorado em sua jornada. Toda a saga de Peletier parece ter sido a única estrategicamente pensada até então, é como se desde o primeiro episódio da primeira temporada eles sonhassem com toda a sua linha-temporal e soubessem exatamente por quais caminhos trilhar para trazê-la até aqui.

Eu sonho por dias bons para Carol. Dias em que ela se livrará de toda a culpa e se permitirá ser feliz por ela mesma. Dias em que ela assuma para ela mesma que ela é completa em si. Eu sonho em uma vida longa a essa personagem, visto que sua ausência seria drástica demais para toda a trama. Não que a série se torne The Walking Carol, mas que todos os outros personagens possam ser atingidos por essa roteirização incrível de Carol.

Vida longa à Rainha! Vida longa à mãe! Vida longa à força da natureza! Vida longa à salvadora de vidas! Vida longa à Carol Peletier em toda a sua forma e essência.

E você, o que achou da construção da personagem? Concorda totalmente com o artigo redigido ou discorda veementemente? Deixem nos comentários seus questionamentos, opiniões e perspectivas sobre o assunto ou qualquer outro que ache válido citar.

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The Walking Dead vai ao ar todo domingo, legendado, às 22h30 e toda segunda-feira, dublado, às 22h30, na Fox.

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