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THE WALKING DEAD: Ame-o ou deixe-o

[ATENÇÃO! Texto contendo spoilers sobre o futuro da série e dos quadrinhos.]

“Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.” – Mahatma Gandhi.

Com a frase supra, damos abertura ao debate de um tema polêmico e talvez um tanto desagradável para alguns, mas totalmente necessário para que tenhamos progressão, sucesso e cheguemos mais longe. Não, você não está na página errada e tampouco no site errado e sim, esse texto – como subentendido no título – se trata de The Walking Dead.

The Walking Dead passou por altos e baixos, não propriamente sobre o produto final que vemos às terças-feiras na FOX, mas sobre tudo o que envolve a produção e desenvolvimento da série. Para os fãs mais assíduos e que realmente buscam aprofundar-se nessa loucura, não é novidade que se tratando de showrunner (o termo empregado para aquele que desponta o cargo ligado à produção do show), nossa série favorita é a que, talvez, mais encontrou controvérsias. Até a quinta temporada, tivemos encabeçando a equipe de produtores: Frank Darabont (1ª temporada e primeira metade da 2ª temporada), Glen Mazzara (segunda metade da 2ª temporada e 3ª temporada) e Scott Gimple (4ª temporada até os dias atuais). Três nomes diferentes, três mentes diferentes, cada um querendo levar a série a um “norte” diferente. Com isso nasce uma constante: cada um que assumiu a série teve que “apagar” o que o anterior fizera na temporada anterior para chegar onde queria – ou deveria.

Scott Gimple tem brilhado nesse quesito, conseguiu contornar grandes contradições e lacunas da terceira temporada. Fato é que essas arrumações acabam por desperdiçar tempo, ou seja, Scott podia estar muito mais longe hoje na série se atitudes precipitadas não tivessem sido tomadas na temporada anterior à que assumiu. Gimple é fã incondicional dos quadrinhos de Robert Kirkman, mas tem a sagacidade de entender que nem tudo pode ser exatamente igual na série, para que não seja previsível. Suas pequenas – ou grandes, dependendo da óptica crítica de cada um – alterações no enredo tem agrado à maioria dos fãs e o próprio Kirkman.

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Feito o prólogo explicativo caímos onde esse texto nos levará: as reclamações sobre a quinta temporada e o seu desenvolvimento. O episódio de estreia da atual temporada foi alvo de congratulações gerais, em todos os cantos do mundo, pelo modo que foi tratado. Se pudéssemos resumir em uma curta oração tal episódio, poderia ser algo como: rápido e rasteiro. Quase todas as respostas deixadas da quarta temporada nos foram respondidas ali. Vimos que sim, Terminus era um local onde o canibalismo acontecia, entendemos onde Carol, Tyreese e Judith estavam, assistimos Terminus sendo exterminado – com o perdão do trocadilho – e os esperados reencontros. Tudo indicava que a quinta temporada seria de tirar o fôlego. O segundo e o terceiro episódio, do mesmo modo que o primeiro foram assustadoramente angustiantes. Porém, como era de se esperar, chegamos num ponto onde a história teve que acalmar-se e seguir uma linha mais demonstrativa quanto o que realmente trata a série: socialização em meio ao caos. Sim! Se você acreditava que The Walking Dead tratava-se de uma história de zumbis e de muita morte, enganou-se. Morte e walkers são complementos da trama central, sendo essa basicamente um estudo sobre como as pessoas se relacionam (ou para soar mais proporcional a nossa existência: relacionariam) em meio ao caos.

Cada personagem carrega consigo um passado que deve sim ser exposto e mostrar o quanto isso influência na sua sede por sobrevivência. Dentro dessa trama é que ocasionalmente ocorrem mortes e que vez ou outra aparecem antagonistas – vide Governador. Porém temos que entender que nem sempre isso será a realidade e que grande parte dos episódios tratará unicamente sobre as relações de personagens e de o quanto eles precisam deixar o passado para inserirem-se nesse novo modo de vida. As mortes e as hordas perigosíssimas de walkers apenas ocorrem para dar uma dinâmica à série, um diferencial, porém, esperar que isso ocorra em todos os episódios é o mesmo que ver um navio afundando, lentamente traria desgaste a série, não compreenderíamos o porquê de algumas coisas e logo teríamos um fracasso geral.

A quinta temporada – conforme os acontecimentos da HQ – está sendo um divisor de águas e entraremos agora num novo momento da história de The Walking Dead. Coisas que acontecem nesses episódios, dos quais muitos dos fãs impacientes têm reclamado, serão usadas mais pra frente. Esse é o modelo de Scott, tudo tem um motivo (o sequestro de Beth e o banimento de Carol, por exemplo) e posteriormente isso trará algum peso para a história. Então, esperar que o showrunner faça a grande besteira de tornar a série em carnificina pura em todos os episódios é esperar que The Walking Dead perda sua essência, é esperar assistir outra série. Se a calmaria dos episódios que seguiram nas últimas semanas incomodaram alguns fãs, imaginem quando chegarmos ao arco anterior a Negan em Alexandria onde “tudo é calmaria”, se comparando com momentos mais brutais da história. Cada vez mais o tema inicial da série que é a adaptação ao novo mundo será derrubado, porque cada vez mais os personagens estão se adaptando ao novo ciclo de vida. Mortes acontecerão para frente, mas serão cada vez mais raras porque em algum momento não haverá mais como inovar nos acontecimentos que levaram a morte e então estaremos rodando no mesmo enredo com personagens diferentes e como a frase lá do início dizia: “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.”. Obviamente Kirkman, Gimple e todos os que estão envolvidos diretamente com a série querem que ela progrida e, só pode dizer-se fã aquele que do mesmo modo, espere um crescimento e um desenvolvimento à trama. Se nós nos prendermos em acontecimentos ao invés de nos prendermos no enredo como um todo, acabamos por sermos fãs apenas dos acontecimentos (morte e etc.) em troca de sermos fãs da série em si. É mais fácil procurarmos então vídeos na internet sobre cenas de tragédia do que perdermos tempo assistindo uma série de caos instalado.

Podemos preferir um personagem a outro? Sim. Podemos gostar mais de episódios explosivos – isso se Carol sobrevier -, sanguinários, amedrontadores? Sim. Mas nisso temos que compreender que não podemos viver só de um personagem, que não podemos ver só sangue e terror o tempo todo. Precisamos de uma balança bem equilibrada para que não haja um naufrágio histórico na trama. Cada temporada é diferente e é quase impossível haver comparação, porque cada uma vem com novas perspectivas e em cada passagem os personagens vão se adaptando melhor ao mundo zumbi. Então precisamos saber de nossos gostos para determinarmos se realmente gostamos da série.

Não, não é errado preferir uma temporada ou outra, mas alguns acabam por sugerir que há uma ou outra temporada padrão e as outras são totalmente dispensáveis. Mesmo a terceira temporada tendo sido uma das mais incoerentes, tem grandes dramas muito bem realizados, como a morte de Lori e Andrea – tudo bem que era preferível que Andrea mantivesse-se na série e se tornasse a grandiosa personagem homônima da HQ – que foram um grande “baque” e que causaram, querendo ou não, uma grande dinâmica à quarta temporada. Precisamos compreender que a história é linear e que precisa seguir em frente e ainda mais, necessita ser diferente a cada vez que surge na TV. Para sermos fãs completos, precisamos ter visão de que a série não é só o que acontece nos quarenta e cinco minutos da grade televisiva, mas que, ela precisa sim de altos e baixos para seguir em frente.

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Abaixo, nos comentários, você pode demonstrar suas opiniões respeitando as divergências. Nos diga quais são suas perspectivas sobre o futuro da série e qual é sua escolha: Amar ou deixar?

Carlos Knewitz

Gaúcho, nascido na primeira metade dos anos 90 e com memória fotográfica. Estudante de Direito e extremamente viciado em escrever. Aficionado pelos quadrinhos de Robert Kirkman, fã de The Walking Dead e Fear the Walking Dead. Apaixonado por Carol Peletier e Alicia Clark e, sucessivamente, por suas intérpretes.

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