The Walking Dead 5ª Temporada – Por que o quinto ano da série decepcionou?

ATENÇÃO! O post a seguir contém spoilers extremos sobre a quinta temporada de The Walking Dead. Caso não tenha assistido, não prossiga. Você foi avisado!

A imparcialidade na escrita sobre o mundo de The Walking Dead é algo necessário, formando assim, um campo de visão mais amplo sobre toda a obra, em suas mais diversas mídias. Aviso desde já que esta é uma opinião pessoal, e não expressará a opinião da equipe do Walking Dead Brasil.

Desde a primeira temporada, The Walking Dead nunca havia conseguido me deixar tão apaixonado quanto durante o decorrer do quarto ano. Após os desastres que vieram com a segunda parte do terceiro, estava agindo cautelosamente em relação ao que esperar com a saída de Glen Mazzara. No entanto, Scott Gimple me surpreendeu.

Desde o enredo original para a série sobre o surto da doença, o ataque do Governador (David Morrissey) à prisão, até a segunda parte e seus pequenos núcleos, a tensão e a ânsia por novos episódios me consumiam semana após semana. De longe, a season finale “A” – escrita por Scott Gimple e Angela Kang – é um dos mais belos, ousados, e complexos episódios do currículo da série. E como se tudo não bastasse, o famoso “Eles mexeram com as pessoas erradas” me deixou chocado! Era como abstinência, e não brinco quando digo, fiz no mínimo sete maratonas de The Walking Dead durante o hiatus.

Conforme algumas informações sobre as gravações do quinto ano iam saindo, a ansiedade crescia. Em julho, com o trailer oficial da quinta temporada apresentado no painel da série na Comic Con de San Diego, me senti a pessoa mais sortuda do mundo. Era um presente, desde as cenas de Terminus, até a pequena prévia do que viria a ser o “famoso arco do hospital”.

E outubro chegou! Não posso negar que “No Sanctuary” é uma obra prima, e que, ao meu ver, pode se encaixar bem ao lado de grandes nomes (Days Gone Bye, Better Angels). E não nego quando digo que as expectativas iniciais foram bem sucedidas, e achei toda a trama dos Canibais muito bem trabalhada. Desenvolver um arco em apenas três episódios fora algo de se aplaudir.

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Infelizmente, “Four Walls and a Roof” foi um episódio que me deixou com breve receio. Admito, Glenn (Steven Yeun) e Maggie (Lauren Cohan) nunca foram meus personagens favoritos, mas mesmo assim não deixam de ter meu afeto. Trocar a família com quem viveram por quase todo o surto pós-apocalíptico por três estranhos que conheciam há apenas três dias? Não, realmente não era algo digno para personagens tão ricos. Mas isto é algo que prefiro esquecer, tal como Maggie fez para com sua irmã durante meia temporada.

E foi aí que chegou aquele arco original da série. Se eu poderia escolher uma única palavra para definir o arco do Hospital Grady Memorial? Decepcionante. Minhas expectativas em relação a história de Beth Greene (Emily Kinney) eram altas, arrisco dizer, até mesmo maiores do que ao Terminus em si.

O roteiro de “Slabtown” foi um dos meus favoritos do quinto ano, não só pela sua poderosa e complexa escrita, mas também pela direção (a fuga de Beth e Noah remetendo aos jogos da série é de arrepiar), e o show espetacular dos protagonistas – Emily Kinney, Tyler James Williams e Christine Woods apresentaram uma das químicas mais memoráveis de toda a trama. O final com a chegada de Carol (Melissa Mcbride) ao som deIt’s Nobody’s Fault But Mine” de Blind Willie Johnson ainda me espanta, admito.

E com um profundo aperto no coração, exclamo que os quatro últimos episódios que vimos em 2014 não lembram a minha série favorita, e muito menos condizem com o trabalho excepcionalmente rico apresentado por Scott Gimple.

Não digo que “Consumed” foi ruim, porém nenhum argumento justificaria os 45 minutos inteiramente dados para Carol e Daryl (Norman Reedus), apenas remetendo a uma mesma história da qual o público foi espectador durante quatro anos. Os incontáveis flashbacks espalhados pelo episódio acabam cansativos após um certo ponto, e os quesitos técnicos (e até mesmo lógicos) parecem desaparecer em uma vergonhosa cena envolvendo uma van caindo de um viaduto. Sinceramente, para um canal ao nível AMC, apelar ao público colocando dois personagens lucrativos apenas para impulsionar a audiência – e nada de enredo – é um ponto a ser ligeiramente preocupante.

E “Crossed” chega a ser confuso. Enquanto Rick (Andrew Lincoln) e alguns outros membros do grupo presentes na igreja iam para Atlanta em busca de Beth e Carol, Abraham (Michael Cudlitz) alimentava o incansável plot ajoelhado. Enquanto o hospital não acelerava em nada à trama – a não ser para o desenvolvimento de Beth -, Daryl e Tyreese (Chad Coleman) pensavam no plano da tão polêmica “troca de reféns”. Algumas cabeças de armas depois, o roteiro apelou, tratando Sasha (Sonequa Martin-Green) com tanta estupidez, que prefiro esquecer aquela questão – confiando em policial, somente pelo nome remeter ao ex-namorado, Bob (Lawrence Gilliard Jr). E como fã apaixonado, deixo explícito que The Walking Dead me desapontou.

Mal sabia que o pior ainda estava por vir. E foi aí que, em 30 de novembro de 2014, foi ao ar o tão esperado midseason “Coda”. Parece que aquilo que fizeram com Andrea (Laurie Holden) no final da terceira temporada não havia ensinado uma grande lição: mortes para chocar não convencem. Atacar uma policial armada, usando apenas uma tesoura? Aquela não era Beth.

A tentativa de responder tudo em última hora não foi correspondido com o roteiro de Angela Kang (dona de episódios fenomenais, como “Secrets” e “Still”), e ainda sinto pela desonra com a qual Emily Kinney e sua personagem foram tratadas. O silêncio vindo por parte dos produtores em relação aos eventos trágicos também me incomoda, tal como a falta de cuidado com os furos apresentados durante o menor episódio da quinta temporada: Maggie finalmente se importou com a irmã depois de lembrar dela duas vezes desde a queda da prisão? Após cair de um viaduto dentro de uma van, ser atropelada, e ficar em estado de quase-morte, Carol saiu caminhando? Não, vejo isso como algo inaceitável.

A falta de cuidado com uma trama original para a série de TV é inadmissível. As especulações sobre o sistema do hospital me deixaram inquieto, e no final as expectativas não condisseram com o que esperava. Agradeço a Andrew Lincoln, Norman Reedus, Emily Kinney, Christine Woods e Lauren Cohan em particular, por suas performances dignas de qualquer prêmio, e por terem salvado o oitavo episódio da quinta temporada de algo pior.

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Realmente, não sabia o que esperar da segunda parte do quinto ano. Como todo fã da obra original de Robert Kirkman, esperei por Alexandria com muita ganância, e estava com medo de qualquer desvio inconsciente que pudessem tomar.

Com muito orgulho, digo que a segunda parte da temporada me fez esquecer aquilo que havia acontecido ainda na 5A. Scott Gimple encontrou o caminho certo novamente, e toda a trama da Zona Segura foi memorável.

O nono episódio, dedicado a morte de Tyreese, está entre os meus 10 favoritos facilmente. Seja pela direção espetacular dada por Greg Nicotero, ou pelo roteiro majestoso de Gimple, ver a morte pela visão de um personagem foi algo novo em The Walking Dead, e o modo como isso foi trabalhado me deixou enternecido, de uma maneira incomparável.

Entretanto, nenhum outro episódio na temporada me deixou tão marcado quanto “Them”. Desde quesitos técnicos, roteiro, até atuações, o décimo episódio foi majestoso em todos os sentidos. Ver o sofrimento emitido a cada cena envolvente com os personagens ainda me deixa atônito, e Rick Grimes realmente ganhou o pódio de melhor personagem da história com seu discurso “We are The Walking Dead”.

A cena da tempestade é um show a parte, onde vemos, explicitamente, o grupo inteiro reunido batalhando por um único propósito: a sobrevivência. Honestamente, ainda sinto calafrios ao lembrar da chegada de Aaron (Ross Marquand), e de toda a sequência que culmina com o toque da caixinha de música. Fenomenal.

Outro ponto a ser bastante discutido com a chegada em Alexandria, foi o desenvolvimento dos personagens, tal como suas relações. Eugene (Josh Mcdermitt) assumindo a Tara (Alanna Masterson) sobre sua covardia foi um momento lindo, tal como ver Michonne (Danai Gurira) conversando com Abraham e Rosita (Christian Serratos), Daryl em sua parceria com Aaron, ou até mesmo encarar os surtos de sofrimento vindos de Sasha e Padre Gabriel (Seth Gilliam).

Por sua vez, um dos mais chocantes momentos da segunda parte do quinto ano ocorreu mais precisamente no episódio 14, Spend”. A visão de Glenn chorando, enquanto via Noah ser estraçalhado e devorado na sua frente, foi de partir o coração. Aplausos para a atuação de Steven Yeun, tal como a química com Tyler James Williams para o grande momento.

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E seguindo assim, a história dos Anderson, que culminou na morte de Pete (Corey Brill) e Reg (Steve Coulter), foi como uma adaptação perfeita dos quadrinhos. Ver a obra de Kirkman ganhar vida na tela é algo que, como fã, sempre esperei – pelo menos até certo ponto. Entretanto, temo sobre a previsibilidade que isso pode vir a trazer para a série com o passar dos tempos. Por sorte, os Wolves (Lobos) parecem um novo desvio, tal como a chegada de Morgan (Lennie James) neste ponto. Logo, é um novo truque da mente brilhante que nosso fidedigno atual produtor executivo já provou ser dono.

E então, outubro se aproxima, e a ansiedade está alta, tal como minhas totais expectativas para a nova temporada. Se eu ainda amo The Walking Dead? Afirmo positivamente. Com toda a minha sinceridade, espero uma temporada nos níveis da primeira e da quarta, cujo as mesmas me deixaram apreensivo do início ao fim, orgulhoso e sem mínimo receio, repleto de roteiros inteligentes e célebres.

Relembrando, esta foi inteiramente uma opinião de cunho pessoal, e aceito qualquer posicionamento contrário, desde que apresente argumentos válidos e uma exposição respeitável nos comentários.

The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com a sexta temporada em Outubro de 2015 na AMC e na FOX Brasil. O trailer da temporada, bem como a data oficial de lançamento, será divulgada durante a Comic Con de San Diego em Julho.

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Vinícius Castro

Praticamente a versão real de Brick Heck, Sam Weir e Adam Goldberg. Aliás, sou terrível com autoapresentação.

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