“Filho da p—a” é um dos xingamentos comuns de Abraham Ford que usaremos muito no último episódio da quinta temporada, pelo menos de acordo com o ator que dá vida a Abraham, Michael Cudlitz, que vai ao ar no próximo dia 29 de março (tanto na AMC quanto na FOX Brasil).
“Vai enfurecer vocês”, disse o ator ao Yahoo TV. “Vai ter choro, mas também, mais uma vez, como os roteiristas sabem fazer muito bem, vai dar gancho para um novo começo de uma forma muito, muito diferente.”
Cudlitz, que está completando sua primeira temporada completa em The Walking Dead, também falou sobre o que está motivando Abraham a seguir em frente depois que seus sonhos de Washington foram destruídos, por que Abraham fica mais à vontade quando a vida está um caos, o que ele acha da traição do padre Gabriel, e o quanto ele se deleita nos momentos mais leves de interpretar um dos personagens mais diversificados da série.
Em “Spend”, logo antes dos zumbis atacarem o local da construção Abraham parecia ter um ataque de pânico, ou talvez sentisse que algo estava para acontecer. O que estava acontecendo com ele?
Michael Cudlitz: Acho que foi um pouco de tudo que você mencionou. Ele é sempre atento. Ele não quer mais ficar lá fora, de um ponto de vista bem real. Nenhum deles quer mais estar lá fora e ficar desprotegido. Acho que ele está processando tudo isso. Ele está caindo na real. Isso é algo que ele nunca tinha tido antes [desde o início do apocalipse], e é como se o tempo ocioso não fosse bom para ele, porque ele não quer processar aquilo que ele está processando. Ele prefere seguir em frente. Ele tendo que seguir em frente não importa a missão permite que ele não tenha tempo consigo mesmo e com seus pensamentos. Agora que eles estão em Alexandria e não precisam se preocupar com as necessidades básicas, sobra mais tempo para pensar. O pensar é que vai balançar o barco de Alexandria por várias vezes.
O Abraham fica mais relaxado em batalha do que quando as coisas estão em paz?
Michael Cudlitz: Acho que ele se aterroriza, porque as coisas que em que ele é bom são as coisas em que ele não queria ser bom. As coisas nas quais ele é bom foi o que custou sua família a ele. Ele não se esquece disso.
O que você acha que o motiva mais a esse ponto?
Michael Cudlitz: Acho que suas motivações mudaram e continuam mudando. Uma vez, obviamente, já foi a missão para Washington, e então ela foi destruída. Depois houve um tempo que ele estava completamente sem rumo. Agora estamos em uma fase onde, como ele disse a Michonne na festa de boas vindas, as coisas estão funcionando muito bem para ele. Ele olha para trás e, ok, ele quase se matou. Ele se salvou dessa situação. Agora ele está num momento em que ele vê o potencial que existe em Alexandria. Agora a missão se tornou tentar se encaixar em seu lugar nesse novo mundo. Infelizmente, seu lugar nesse novo mundo é o mesmo que no mundo antigo.
Existem coisas nas quais ele é bom… isso não pode ser negado. E existem coisas que ele provavelmente deseja que pudessem ser negadas. Mas ele está de acordo com isso. Ele com certeza fica mais relaxado. Isso é algo que o showrunner Scott Gimple queria que deixássemos bem claro – você percebe isso bem antes quando Tara diz a ele, “Você estava sorrindo enquanto matava aqueles zumbis”, quando vocês conheceram o Abraham. Ele não tem noção do quão ele fica à vontade e como isso faz parte dele, e com quanta naturalidade ele aciona seu modo matador. Isso é literalmente o que ele nasceu para fazer.
Como você disse, Alexandria potencialmente poderia oferecer segurança, isso começa a mudar para todos. O Abraham poderia se imaginar recomeçando do zero, em termos de criar uma nova família, ou essa ideia é muito dolorosa, considerando o que aconteceu a sua esposa e filhos?
Michael Cudlitz: Acho possível. Uma coisa a qual essa série sempre se segura é na esperança. Acho que todos os personagens têm que ter esperança, porque se alguém desistir ou dizer, “Já chega”, acho que está preparando um desastre para si próprio. Deve haver esperança para o futuro. Mesmo se você acredita que não vai acontecer, existe a possibilidade que aconteça. Então, acho que ele espera, e deseja que seja assim, que as coisas possam ser diferentes, mas bem no fundo do seu coração, e pelo ponto de vista do público do que está acontecendo, não parece que vai mudar. As coisas nunca vão voltar a ser normais de verdade. As pessoas que mais carregam essa esperança agora são as crianças mais novas, porque elas não conhecem o outro lado do mundo, então elas vão aprender a se adaptar e ser feliz nesse mundo, sem saber o que perderam. Acho que os adultos têm uma jornada muito, muito mais difícil, assim como uma difícil transição.
Você acha que existe a chance da relação entre Abraham e Eugene ser reparada?
Michael Cudlitz: Nós veremos. Estávamos falando sobre isso. Alguém disse, “Bem, você tirou a garrafa de água da mão dele porque você ainda se importa com ele.” Então eu disse, “Eu me importo com ele, ou é o costume?” Acho que essas são as coisas bacanas que todos podem, em suas mentes, decidir, e todas essas coisas serão respondidas mais à frente. Acho que essa é uma das coisas fantásticas que [Robert] Kirkman faz nos quadrinhos e que Scott adapta muito bem para a televisão com seu time de roteiristas. Os personagens são tão ricos e seus desenvolvimentos são tão bem feitos que todos se sentem parte dessa jornada com seus altos e baixos. Como o padre Gabriel, onde todo mundo pensou, “Que filho da p—a.”
Você acha que ele tinha motivos para ir a Deanna para falar de Rick e seu grupo?
Michael Cudlitz: Eu estava conversando com a minha esposa mais cedo e ela falou, “Você pensa ‘É, que filho da p—a’, mas depois para e vê, ‘Mas ainda assim ele tem razão.’” Ele não está mentindo. Ele pode está errado, mas ele sem dúvidas não está mentindo sobre o que aconteceu. Ele disse, “Você trouxe essas pessoas para dentro, e eles estão dominando.” Então você vê Abraham ele está dominando a equipe de construção. Rick está conversando com a Carol sobre Pete e ela diz, “Você vai ter que matá-lo.” Glenn sai com o filho de Deanna e lá ele morre. Aí você pensa, “Mas o que?” Você percebe que em algum ponto você vai se questionar, “Nós estamos torcendo pelos vilões?” Se nosso grupo tiver que passar por cima do grupo deles, nós mataríamos todos. Não confio neles. Eles são perigosos. Eles têm um plano. Você quer vê-los como bons porque conhece o grupo.
Eu sem dúvidas sinto que o grupo de Rick está certo, e nós temos um caso maior para lidar com o mundo exterior, manter todos seguros e seguir em frente, mas em Alexandria você vê que aquelas pessoas não durariam meio segundo do lado de fora. Eles são facilmente manipulados. E Gabriel está querendo jogar alguém para os lobos.
E Gabriel está mais para as pessoas de Alexandria do que para o grupo de Rick, porque ele não teve que lidar com muitas das realidades do mundo exterior?
Michael Cudlitz: Exatamente. Ele ainda não teve que lidar com sua culpa. Ele ainda está tentando processar isso, aí aparecem essas pessoas que sabem tudo sobre ele e sabem o que ele fez. Acho que ele está tentando se livrar dessas pessoas. Ele deve está pensando, “Posso me livrar de todas essas testemunhas.”
Certo, o que faz dele certo tipo de vilão, por todas suas acusações sobre Rick e os outros.
Michael Cudlitz: Absolutamente. Olhe para o que ele fez às pessoas que ele conhecia. Ele trancou todos do lado de fora, mulheres, crianças e todo o resto. Não sei, se você analisar tudo com cuidado, se existe um personagem mais fraco na série.
Abraham, em momentos de leviandade muito necessários, tem algumas ótimas tiradas, muitas até memoráveis. Você as improvisa ou conversa com os roteiristas?
Michael Cudlitz: Todas elas são incrivelmente bem escritas pelos roteiristas. Nós brincamos com algumas coisas. Com o tempo eu comecei a dar sugestões em algumas situações, mas as mais icônicas são especialmente escritas. E tem mais por vir. Vou dizer que mais algumas incrivelmente complicadas estão por vir.
Qual a sua favorita até agora?
Michael Cudlitz: Acho que minha favorita é “liso como golfinho”, ela apareceu num momento super leve, um momento de esperança. Ele estava brincando, como se soubesse que andava um pouco rude com a Rosita, por isso ele falou aquilo. Gosto de todas as falas, mesmo aquelas que na hora não sejam tão memoráveis. Algumas pessoas que vi esse final de semana numa convenção pediam para eu assinar “O mundo vai precisar de Rick Grimes” e eu achei aquilo muito bacana. Então outra pessoa pediu para eu assinar uma foto com “E os mortos vão morrer, e os vivos vão ter esse mundo outra vez”. Foi aí que eu percebi que não são só os xingamentos e “filhos da p—a” que são memoráveis, o Abraham às vezes fala num tom incrivelmente poético que soa estranhamente profético. E acho que isso o distingue. Ele é notável por tudo, pelo bigode, pelo cabelo ruivo, pelo jeito que anda, pelo jeito que fala com as pessoas, e pelo jeito que se apresenta. Ele não tem filtros. “Vocês precisam ver a Deanna”… “Quem é Deanna?” [Risos] Tipo, “Como assim? Cara, vai devagar, vai com calma.”
Seus amigos de elenco riram quando você disse “Quem é Deanna?” Porque já é uma das favoritas dos fãs.
Michael Cudlitz: Sim, eles riram, Eu estava bem atrás e não estava acompanhando a conversa com essas pessoas, e de repente ele ruge. Nós fizemos algumas tomadas e Josh [McDermitt] veio até mim e disse, “Não consigo nem… Eu tive que sair dar um três passos para o lado para sair do enquadramento da cena, porque eu não conseguia parar de rir, porque isso é tão, tão Abraham.” É errado de diversas maneiras e é muito engraçado de se fazer. Entre a maneira que escolheram para ele se vestir e a maneira que ele escolhe aparentar é uma grande diferença, e decidi que vou tirar vantagem disso.
O episódio final da quinta temporada foi expandido para 90 minutos (com intervalos comerciais). O que você pode dizer sobre o episódio e como ele se compara com os season finales passados?
Michael Cudlitz: Amei que eles tenham aumentado o tempo, porque significa que eles vão poder deixar algumas cenas respirarem, algumas que geralmente não têm essa oportunidade, porque a série é cheia de ação e cheia de histórias. Acho que esse tempo extra que tivemos foi excelente para o desenvolvimento dos personagens, porque sei do potencial de algumas cenas que provavelmente não iriam ao ar se tivéssemos ficado com uma hora, e têm alguns momentos líricos. Vai ser muito satisfatório. Vai enfurecer vocês. Vai ter choro, mas também, mais uma vez, como os roteiristas sabem fazer muito bem, vai dar gancho para um novo começo de uma maneira muito, muito diferente.
O último episódio da quinta temporada será exibido no próximo domingo, 29.
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Fonte: Yahoo
Tradução: @OAvilaSouza / Staff Walking Dead Brasil
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